sexta-feira, 29 de setembro de 2017

BRASILEIROS EMBRUTECIDOS E LAPIDADOS

Uma junção de vários elementos: O brasileiro
Claro que muitos já estudaram a formação do povo brasileiro, que parece ainda em formação em um cadinho efervescente de amálgamas, uma mistura constante de várias etnias, de povos muitas vezes sem alternativas de vida em outros países que resolveram imigrar para desbravar um novo horizonte.

Muitos que aqui chegaram deram o tom daquilo que hoje chamamos de brasileiros com resquícios de seus antepassados. Uma coisa podemos expor: essas gerações que precederam não são mais portugueses, nem espanhóis, nem vários eslavos da parte oriental da Europa, nem japoneses, nem sírios, nem turcos, nem italianos, nem africanos, nem uma porção de gente que imigraram um dia por serem considerados, muitas vezes estorvo aos governos locais que viram a oportunidade de “limparem a área” e não despenderem em uma mão de obra vagante.

O Brasil apareceu como uma grande oportunidade de expandir desses povos que não sabemos como todas essas línguas diversas se entenderam no início numa “terra estranha”.

Aqui aprendemos a comer mandioca e o milho moído virou farinha, fizemos o “sarrabulho”[1] tornar-se feijoada, muito sarapatel e mocotó e da “paella”[2] espanhola fizemos pratos de muitos peixes abundantes dos rios e oceanos, e assamos a carne de um modo primitivo e expandiu assim o churrasco e o guisado virou cabidela.

Não dançamos mais a “tarantela” e o “vira”[3] ficou lá na “Santa Terrinha”, e nasceu o frevo e o samba, e das músicas de muitos povos formou-se fandangos, catiras e tantos rodopios que nem damos conta de classificar.

O que dizer da língua “inculta e bela” em constante mutação da qual falamos hoje a “língua brasileira” cheia de nuances de outras, somadas ao tupi guarani, herdeiros natos, que por pouco não falávamos o “nheengatu”[4] da base catequética!

Se foram “embrutecidos” pela lida da vida nômade ou bárbara em suas terras natal, agora estão sendo aqui “lapidados” a ferro e fogo para formar uma Nova Roma[5], um novo povo, duro como o aço forjado na pancada do martelete da prensa!

O que faremos disso tudo neste belo Brasil, só nós devemos ter a resposta um dia qualquer, desta formação histórica em construção de identidade e pertencimento!





[1]Prato típico minhoto, feito com esse sangue, miúdos de porco e condimentos (ex.: sarrabulho limiano). = SARRABULHADA *"sarrabulho", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/sarrabulho [consultado em 29-09-2017].
[2] O prato mais conhecido da culinária espanhola, feito de arroz condimentado com açafrão e cozido com carnes, crustáceos, peixe, hortaliças etc.
[3]Dança e música popular, usual especialmente no Norte de Portugal, do ciclo das danças de roda, de compasso 6/8 e andamento em geral não muito vivo.(O acompanhamento é feito geralmente por cavaquinho, rabeca, viola, ferrinhos e tambor.) *"vira", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/vira [consultado em 29-09-2017].

[4] Nheengatu é uma palavra indígena que define a Língua Geral Tupi, que foi sistematizada pelos jesuítas, falada até o século XIX por tribos que habitavam o litoral do Brasil, e ainda hoje falada por tribos da Amazônia.


[5] RIBEIRO, Darcy . O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo, Editora Cia das Letras, 1996


1 comentário:

Val... disse...

Olá, Carlos Fatorelli..
Ao tentar fazer uma pesquisa junto aos meus alunos fui descobrindo a dificuldade de encontrar registros históricos do bairro de Campo Limpo, zona Sul, e encontrei vários registros em seu nome. Estou frustrada e me questionando sobre o porquê de não encontrar. Você poderia nos ajudar?? Seja citando fontes de pesquisa com fotografias antigas, etc. Seria possível um bairro sem registros pra conhecermos sua história/origem?