Esses tempos musicais aflorados,
faz a gente se lembrar dos pais. O meu velho tinha um rádio americano enorme de
nome Bell, ele só era sintonizado em músicas caipiras, logo bem cedinho, nem o
galo no galinheiro estava acordado.
(Hoje se comemora o aniversário da criação ocorrida em 13 de fevereiro de 1946, da Rádio das Nações Unidas, data depois
estabelecida pela UNESCO como o Dia Mundial da Rádio)
Depois o pai partiu para o Pai,
mas o som caipira ficou dentro da minha “cachola” e isso me trouxe em buscar
entender esse som lá dos tempos em que meu pai trouxe do interior de
Taquaritinga para São Paulo, onde um dia desembarquei, da barriga de minha mãe.
Um dia entrei em um sebo de
livros e esbarrei no livro “Meu Samburá, Anecdotas e Caipiradas de Cornélio
Pires” e assim fui atrás das coisas que saiam do rádio de meu pai, naqueles
idos tempos, onde Tonico e Tinoco prevaleciam.
Isso fez-me gostar desse som da
viola, de acordeom, mas só pelo prazer de escutar, pois de música mesmo não
entendo “bulhufas”.
Em Santo Amaro, três pessoas, de
vasto conhecimento da história local citaram o nome de um artista que era de
Santo Amaro. Um destes senhores era seu Amaro, que foi administrador do “Campo
Santo” por 15 anos e músico. Também Roberto Pavanelli, respeitado no campo
administrativo, embasado pelo terceiro, seu João Elias. Todos citarão o músico
Mario Gennari Filho, que tinha um controle enorme do instrumento acordeom
(sempre fico a pensar como alguém possuiu tão magnifico “acordo mental” de
fabricar esse instrumento).
Eu nunca levei adiante essa
informação preciosa e como as informações ficam “presas no cérebro” e a
imaginação não flui para que entendamos os momentos da história no tempo e
espaço, esqueci até o momento atual e fui procurar matérias para pesquisar.
Hoje, terça feira, último (???)
dia de folia, resolvi pular Carnaval nos meus papeis amarelados, em
“alfarrábios” escondidos, tão bem guardados que nem sabia onde estava, mas
felizmente encontrei.
Em suas muitas crônicas, o
santamarense da Capela do Socorro, Roberto Pavanelli diz:
“Mario Gennari Filho, elevou ao
alto o nome de nosso Bairro, no meio artístico brasileiro”.
Então você descobre que mesmo
que não haja como segurar o tempo entre os dedos, houve naquele espaço em Santo
Amaro, também o senhor Mario Genari, pai do artista, que com seu irmão do
Alberto tiveram na década de 30, o primeiro salão de beleza para atendimento
masculino e feminino, na Pça. Floriano Peixoto.
Isso é uma malha histórica
magnifica, em que se encontram linhas para formar um tecido bem elaborado no
salão de beleza da vida. Deste modo Santo Amaro recebeu de mão beijada um
grande formador de cultura tão decantada atualmente e que se “chama” MARIO GENNARI
FILHO, que essas linhas não conseguem transmitir sua grandeza artista em poucas
linhas biográficas, com a pergunta:
Afinal quem foi Mario Gennari Filho?
Mario Gennari Filho nasceu em
Santo Amaro, São Paulo, em 7 de julho de 1929. Foi compositor, tocava acordeom,
violão, piano, guitarra havaiana. Foi professor de música e criou um
conservatório de acordeom em São Paulo em parceria com a acordeonista Rosani M.
de Barros. Enxergava música como ninguém, apesar de sua deficiência visual, era
perfeito em sua atividade artística.
O início de sua carreira
aconteceu com apenas 8 anos de idade apresentando-se na Rádio Bandeirantes, no
programa do famoso” Capitão Barduino”.
(Capitão Barduíno era o nome
artístico de Pedro Astenori Marigliani, filho de italianos, que desde criança
se encantava pelo rádio e onde iniciou carreira em 1937, levado por Ariowaldo
Pires. Em 1939, foi contratado pela Rádio Bandeirantes de São Paulo, onde
comandou o programa "Brasil Caboclo".)
Esse início de Mario Gennari
Filho elevou seu nome e aos 14 anos, realizou sua primeira gravação pela
Columbia Discos, fazendo dupla de acordeom com Ângelo Genaro. Gravaram as
músicas: “Sempre Alegre” e o maxixe” Rã na Frigideira”.
Mário Gennari Filho trabalhou a
partir de 1944, pela gravadora Continental onde permaneceu com sucesso por
muitos anos.
A Continental Discos foi a gravadora nacional que participou da
história de boa parte da diversidade musical brasileira entre as décadas de 40
e 90.
Nas décadas de 40 e 50, Mario
Gennari Filho, tocava nas Emissoras Associadas de Rádio Tupi e Difusora. Na
Tupy permaneceu com seu profissionalismo por 13 anos, com o programa “Sucessos
de Mário Gennari Filho”, e também se apresentando em programas televisivos da
emissora como Clube dos Artistas e Almoço com as Estrelas.
O Troféu Roquete Pinto que
premiava os melhores artistas em variadas atividades foi lhe agraciado nos anos
de 1951, 1952 e 1953.
Com a inauguração da Rádio
Nacional, transferiu-se com outra artistas para a emissora, onde participou em
programas e permaneceu por 7 anos, Fez parte do Musical Aliança com Hebe
Camargo e Antonio Rago, um dos mais importantes violonistas da história da música
brasileira!
Pela historiografia encontrada,
Mário Gennari Filho gravou 62 discos, com repercussão até no Exterior.
Teve seu passamento terreno
ocorrido em São Paulo, em junho de 1989.
Obs:
Crônica
sujeita a revisão sem aviso prévio.
Crédito de
imagens em pesquisa.
Ref.:
https://www.recantocaipira.com.br/duplas/capitao_barduino/capitao_barduino.html
https://www.recantocaipira.com.br/duplas/mario_gennari_filho/mario_gennari_filho.html
https://dicionariompb.com.br/artista/antonio-rago/