segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A IMIGRAÇÃO e MIGRAÇÃO JAPONESA COM SANTO AMARO NO CAMINHO

A EXPANSÃO DE SÃO PAULO : Os imigrantes japoneses

Entre o século 19 e 20, o Brasil receberia seus primeiros imigrantes, incentivados por acordos bilaterais entre os governos do Brasil, ainda no IMPÉRIO, e governos da Europa e Ásia para que a mão de obra excedente em alguns países viessem satisfazer o desenvolvimento insipiente brasileiro. Em 1895 é assinado o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre o Brasil e o Japão[1]. Um ano antes, Tadashi Nemoto, deputado representando o governo do Japão, estivera no Brasil e recomendou o envio de japoneses ao Brasil[2]. Em 1908 muitos imigrantes japoneses assumiram a responsabilidade de ajudar a construir uma nação de vários povos. Em 18 de junho de 1908, aportava em Santos o Kasato Maru com 781 imigrantes japoneses a bordo, que saíram do porto de Kobe numa viagem de 52 dias.

Em Santos foram divididos em seis grupos e enviados para a Hospedaria dos Imigrantes, no bairro da Mooca, em São Paulo, onde se estabelecia as regras de envio para as fazendas de café.

Uma geração corajosa assumiu o desafio, e dela surgiram os descendentes que fizeram no interior de São Paulo as colônias que desbravaram o sertão paulista.
Este é um breve relato dos tempos difíceis da lavoura, feito por Nikichi, conhecido no Brasil como Miguel e Dona Ekico Yoshida, que nasceu em 1929, em Pederneiras. A sua família era formada por sete irmãs e cinco irmãos. Primeiramente foram para o pontal do Paranapanema, na região de Presidente Wenceslau.
Os pais plantavam algodão e resolveram mudar para o norte do Paraná, ainda mata virgem onde estava a Colônia Esperança, formada por 100 famílias japonesas católicas e dividida em sete seções, sendo que a família Yoshida morava na seção 2. Nesta Colônia havia somente cultura, costumes e o idioma japoneses. A Colônia era assistida por Frei Xisto, natural da Alemanha, que falava fluentemente a língua do Sol Nascente e se desenvolvia através de relações da cultura importada da terra natal, onde as moças formavam o grupo de dança local, e muitas ainda participavam do escotismo e eram “bandeirantes”. Ainda havia grupos escolares brasileiros, porém as crianças aprenderam a língua portuguesa de forma decorada, sem conhecer o significado das palavras. Dona Ekico, formou-se em enfermagem[3] e trabalhou na Santa Casa até 1956. Voltou ao Paraná para ajudar no cafezal dos pais e dirigir a caminhonete da família para transportar sacas de café.
Seu Niikichi Mori, era da cidade de Nagasaki, no Japão, onde nasceu em 1927 e veio para o Brasil em dezembro de 1935, ainda criança, com apenas 7 anos, chegando no Porto de Santos, no

Hawai I Maru, em 22 de setembro de 1934.

Aos olhos de uma criança tudo era lindo, sendo que a aventura continuou no trem quando seus pais, Rie Mori e Kikushiro Mori, foram para a região da Mogiana, na cidade de Orlândia, onde era tudo uma grande floresta. Seu Nikichi, entrou no seminário de Guaratinguetá onde permaneceu até 1956, recebendo instrução teológica por 4 anos, e sua formação assim foi completada e somada com o método educacional das famílias japonesas, forjou o homem. Seguiu para Maringá fazendo baldeação de trem e depois de 12 quilômetros chegou à Colônia Esperança.

Nesse tempo, com 28 anos de idade, Nikichi, no Brasil chamado por Miguel, foi conhecer Ekico no norte do Paraná. Viajou para Arapongas, indo para a Colônia Esperança. Eles se casaram conforme os costumes antigos japoneses, ou seja, com o conselho e a confiança da família, se conheceram somente na véspera do casamento. O enlace matrimonial ocorreu em 28 de fevereiro de 1957 no Paraná. Dona Ekico passou a assinar Mori, que significa “floresta”. Brinca, dizendo que a junção dos sobrenomes Mori e Yoshida completava o sentido de “floresta que está em terra boa”. Desse matrimônio frutificou descendentes nisseis: Vera Lúcia, José Carlos, Edna Maria, Cláudio Luis e Cristiana. A família ampliou-se com os netos sanseis: Anderson, Fabiano, Débora, Dayana, Cláudia, Isabel Cristina, Amanda, Gabrielle, Helena e Larissa e, ainda um bisneto yonsei, Enzo.

100 ANOS DE IMIGRAÇÃO: VALE DO ANHANGABAÚ

Quando a guerra teve início todas as colônias que se fixaram no Brasil e tinham relação de conflito bélico com Alemanha, Japão e Itália tiveram um controle rígido do governo do presidente do Brasil, Getúlio Dornelles Vargas obrigando ao uso da língua portuguesa nas relações entre as colônias[4].
Do Paraná resolveram vir para a capital para início de uma nova vida. A cidade São Paulo era ainda pequena, mas já estava em ritmo de expansão. Não havia muitos lugares lúdicos e as diversões estavam relacionadas em ir às sessões de cinema, que na década de 50 eram a grande atração dos fins de semana ou irem a um lugar aprazível como as represas da região sul, ou os rios vários para nadar ou pescar algum bagre, costume quase que religioso do povo japonês, que tem uma relação muito grande com a natureza e por vezes reunir-se em alegres “convescotes” debaixo das árvores frondosas do lugar. Assim os Mori chegaram a Santo Amaro e conheceram o local da Represa de Guarapiranga, uma maravilha com um “Monumento bonito na entrada”, era um cartão de visita da Represa!!! Um pouco mais a frente havia um loteamento da Companhia Paulistana de Terrenos, no bairro insipiente do Jardim São Luiz, onde adquiriram uma residência depois do Rio Pinheiros, o mais próximo de Santo Amaro e que foi município independente até 1935. Dona Ekico entrou para o ramo de armarinhos, que ficou conhecido no bairro como “Bazar da Dona Cecília”, e onde havia grande procura, pois “tinha de tudo” e foi referência por 26 anos.

Senhor Miguel extremamente metódico, querendo aprender o ramo metalúrgico, estudou mecânica e entrou na ferramentaria da FAE S.A., que se localizava na Rua Américo Brasiliense, na Chácara Santo Antônio, onde se usinava os comandos de válvula da Volkswagen, empresa fixada no Brasil desde 1956.
Tornou-se exímio profissional, concorrido pelas grandes empresas de Santo Amaro, onde era um dos maiores parques industriais do Brasil, anterior a expansão do ABC, e hoje restam apenas galpões vazios ou grandes estruturas “desendustrialização” de Santo Amaro é visível, que estão sendo demolidas para dar novo padrão ao local que expande o setor imobiliário.
Um símbolo demolido de Santo Amaro: METAL LEVE Matéria Gazeta de Santo Amaro de 24 de julho de 1970
RIO TIETÊ: VIDA?

A tão decantada Represa de Guarapiranga que atraiu muita gente, hoje é um remedo de lugar limpo, e sua água que ainda abastece São Paulo com 30% de demanda corre o risco de tornar-se tão fétido como sua ligação principal com o Tietê, o rio Pinheiros, que foi a porta de entrada ao sertão paulista e de onde migrou para São Paulo a família Mori.

Atualmente os filhos fazem o caminho inverso dos genitores e buscam melhores oportunidades no Japão, são os chamados dekasseguis, trabalhadores estrangeiros do Brasil no Japão!

PERSEVERANÇA E RESPEITO PELA NATUREZA: OBJETIVOS A ATINGIR
Vide Complemento:
Culturas misturadas: Jardim São Luiz
http://www.saopaulominhacidade.com.br/list.asp?ID=1697
A saga japonesa e o laboratório em Santo Amaro http://www.saopaulominhacidade.com.br/list.asp?ID=3859
NOTAS:

[1] Kaigai Kogyo Kabushiki Kaisha Companhia de Fomento Industrial do Além-Mar conhecida K.K.K.K.


[2] O Tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre Brasil e Japão foi assinado em Paris, em 5 de novembro de 1895, pelo então Presidente da República do Brasil o paulista Prudente de Morais. Somente durante o governo do Presidente Affonso Penna (15/11/1906 a 14/06/1909), que se efetivou a primeira imigração japonesa, devidamente organizada, para o Brasil. O Governo Federal, juntamente com Governo do Estado de São Paulo, incentivou a imigração japonesa, como clausula: O Governo de São Paulo reivindicava mão de obra eficiente para a cultura do café.

[3] Em 1949 apareceu a oportunidade de estudar em uma escola de auxiliar de enfermagem em São Paulo. Esta escola era a primeira escola de Enfermagem reconhecida pelo governo federal, em 1940, pertencendo a Santa Casa de Misericórdia, centro de São Paulo, na Rua Cesário Motta. O frei da colônia a trouxe para São Paulo descendo na Estação da Luz no ano de 1949. Entrou no internato da comunidade São José, na Rua Martinico Prado, nº 71, referência da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, onde permaneceu de 1949 a 1951. Frei Bonifácio, do Largo São Francisco, apoiava e incentivava as novatas auxiliares de enfermagem que, juntamente com a diretora irmã Maria Gabriela Nogueira, ainda viva com 88 anos, reforçava o incentivo, pois para o estrangeiro a adaptação da língua é a maior dificuldade. A professora de português era exigente e obrigava o estudo constante, pois as calouras de enfermagem precisavam acompanhar as aulas de anatomia, fisiologia, bacteriologia orientadas na língua local. Sofreu muito por não entender e não falar o português direito. As colegas e as irmãs a ensinavam com paciência. Estudou muito e demorou a aprender a pronúncia e o sotaque da língua portuguesa. Com muita garra e determinação, ela se formou em 1952, juntamente com 25 formandas, na primeira turma de Auxiliares de Enfermagem da Santa Casa de Misericórdia.

[4] Em 1938, o Governo Federal começou a limitar as atividades culturais e educacionais dos imigrantes. Em dezembro, decretou fechamento de todas as escolas estrangeiras, principalmente as de japonês, alemão e italiano, começaram a sentir os sintomas do conflito iminente. Em 1940, todas as publicações em japonês tiveram a sua circulação proibida. Até o fim da guerra, os japoneses viveram um período de severas restrições, inclusive com confisco de bens.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

DATAS HISTÓRICAS: SANTO AMARO, CAPELA DO SOCORRO E OUTRAS

O OFICIAL E O OFICIOSO

Quem produz documento é o poder! Assim muitas coisas que por muito tempo existiram torna-se visíveis com a criação de documento que comprove sua existência.
A história do Brasil esta recheado de vilarejos que nasceram bem antes de sua constituição oficial. É notório que para se averbar precisa-se materializar o corpo, e isto é formalmente “fabricado” pelo Estado. Muitos locais foram constituídos com o modelo de “deixar chegar primeiro o bang-bang e depois de amadurecido como núcleo de habitação e constituído o local, manda-se o xerife”.

Há uma pendenga histórica e disputas ferrenhas quanto à idade de Santo Amaro e da Cidade de São Paulo. Falam que jesuítas e homens da expedição exploradora vinda com Tomé de Souza, após transpor exaustos a Serra do Mar, em 1552, resolveram edificar uma capela que receberia o nome de Santo Amaro, sem entrar no mérito se o lugar foi “batizado” por uma imagem em poder dos religiosos ou de um casal devoto.

Por uma contingência, estes primeiros exploradores entraram andando pela mata ou navegando em barcaças rudimentares dos “índios bons”. Parece ter havido ordens superiores do prelado para não se fixarem e atingirem mais a frente indo ao encontro dos que haviam subido pelo caminho do Padre José ou o que seria mais tarde a Calçada Lorena. Este caminho foi o primeiro escoamento da “Capital de São Paulo” para o litoral, onde estava o irmão do cacique da região de Ibirapuera (Santo Amaro) a aldeia de Piratininga do cacique Tibiriçá, em um local mais alto do planalto paulista contrário aos baixios de muita água de Santo Amaro.

Uma curiosidade que os “deões santamarenses” formalizam constantemente que a edificação da fachada e a porta de entrada da Matriz foi voltada para o Rio Jurubatuba, da aldeia de Caiubi em Pindorama pois era por onde se chegava vindo da atual Estação do Largo 13 da CPTM.

Outra localidade informal foi o lugarejo implantado por João Ramalho, casado com Bartira, irmão dos caciques citados, que foi obrigado a “destruir” sua Fortaleza da Borda do Campo, que parece ser outra referência que não a atual São Bernardo do Campo e seguir com o grupo que entrava na boca do sertão ainda intransponível para dentro da aldeia “fundar” São Paulo, localidade que já existia como aldeia de Tibiriça, onde se localiza o Pátio do Colégio na atualidade, e de onde se controlava entradas e saídas em observatório mais alto.

Outro questionamento leva a referências da expedição exploradora de Martim Afonso de Souza trouxe como ferreiro Bartolomeu Fernandes, também conhecido por Gonçalves e Carrasco, contratado por dois anos, para prover as necessidades de ferro da expedição e da colônia. Terminado o contrato fixou-se em solo paulista, tornando-se proprietário do sítio dos Jeribás e instalando, nas margens do Jurubatuba, afluente do rio Pinheiros, em Santo Amaro, a primeira forja do Brasil para produção de aço, menção de Anchieta em escritos de 1554 que já por si é documento de constituição de Santo Amaro anterior a primeira missa “oficializada” em 1560 pelo beato, este um documento válido pela aproximação do Estado com o Estado Religioso, ambos produtores de documentos “oficiais”, embora se conteste ambas datas, exigindo-se que Santo Amaro é mais “velho” que São Paulo no mínimo em dois anos, mas sem comprovação “oficial”.

Mais à frente, em 1607, alguns homens “fundaram” uma usina de ferro no Morro da Barra, em Santo Amaro, onde havia minério de baixa densidade edificando um forno catalão com malhos para forjar e fabricar alguns utensílios básicos, como enxadas, facões que facilitariam abrir picadas e penetrar na mata selvagem. O rei de Portugal somente, mandou edificar um Engenho de Araçoiaba, a Real Fábrica de Ferro São João do Ipanema, ou Fundição Ipanema, em Iperó, na região de Sorocaba, criada pela Carta Régia de dom João VI, em 4 de dezembro de 1810, e assim esqueceu-se as “oficiosas” usinas de ferro de Santo Amaro as margens do Rio Pinheiros; assim como pouco se falou que o primeiro veio aurífero do Brasil foi encontrado no Pico do Jaraguá a mando de Afonso Sardinha, o patrono da siderurgia no Brasil.

Depois já no século vinte o prefeito da Cidade de Santo Amaro de 1917 a 1928, Isaías Branco de Araújo, nasceu próximo a Igreja Santa Rita, na antiga Rua Manoel Preto, depois denominadas Avenidas Rio Bonito que passa a ser chamada mais a frente por Olívia Guedes Penteado.

Em depoimentos o citado prefeito falava sempre ter nascido no Socorro, não confundir com a cidade do interior paulista, sem se ater a extinção do município de Santo Amaro ao decreto numero 6983, de 1935, por intervenção federal de Armando Salles de Oliveira que expunha seus interesses na região formalizado em documento:

"Considerando que o Estado de São Paulo se dispõe a não só incrementar em Santo Amaro a criação de hotéis e estabelecimentos balneários que permitam o funcionamento de cassinos, como também já destinou verba para melhorar as estradas de rodagem que servem aquela localidade, facilitando-lhe os meios de comunicação rápida e eficiente com o centro urbano, decreta, artigo 1ª: Fica extinto o Município de Santo Amaro”.
Para enfraquecer o poderio econômico e financeiro de Santo Amaro, pois participava ativamente da produção e estava no trajeto da Ferrovia Companhia Paulista dos administradores da família da matriarca Veridiana Valésia da Silva Prado, grandes produtores de café, que escoava a produção para porto de Santos, foram aos poucos desmembrando Santo Amaro em regiões menores com administrações próprias e muitos interessados em administração política local incentivou-se os atos de 09 de outubro de 1938 que definia o distrito Capela do Socorro, depositária do abastecimento hídrico das represas que fornecia energia elétrica e potencial de abastecimento de água para a Cidade de São Paulo.

Entre os lagos Billings e Guarapiranga o urbanismo do engenheiro Luiz Romero Sanson, idealizou Interlagos ligada pela Auto-Estrada, hoje Washington Luís, e também o Aeroporto de Congonhas operado desde 1936. Interlagos também é anterior a sua data comemorativa, pois já era denominada de Cidade Satélite Balneária de Interlagos, sem entrar no mérito de anúncio jornalístico do local como aprazível.

Outro modelo do oficioso e o oficial é a Capela do Socorro, município atual de quase 490 quilômetros quadrados. Já em 1829 chegavam os primeiros colonos alemãs na Colônia Paulista.

Também houve a construção da represa Guarapiranga em 1906 que após seu término forneceu as condições para implantação da linha de bonde em 1913 que substituía as máquinas a vapor alemã Tramlok Krauß BN 2 da Companhia Carris de Ferro São Paulo a Santo Amaro, financiada com capital exclusivamente de administradores da Cidade de Santo Amaro, e abrangia 19 quilômetros indo até a Liberdade abastecendo a Cidade de São Paulo com carne, lenha, batatas e outros tantos viveres pela ferrovia operada de 1885 a 1913 quando a Light and Power, adquirente das linha a vapor Tramlok Krauß, substituído pelos bondes eletrificados.
Muitos que nasceram na região sempre tiveram uma participação ativa muito anterior à oficialização local. O povoamento de qualquer localidade acontece antes da produção de documentos pelo poder do Estado.

Desmembrar para melhor controlar faz parte de uma estratégia administrativa, quanto menores as áreas físicas maiores são as possibilidades de controle administrativo, político e financeiro.

Para fazermos um questionamento quanto datas:

Os hidroaviões  que desceram na Represa de Guarapiranga na Primeira Travessia do Atlântico com os comandantes João Ribeiro de Barros e Francesco De Pinedo amerissaram no interior de São Paulo, na Cidade de Santo Amaro, no distrito da Capela do Socorro, em 1º de Agosto 1927, quando ainda não existia a referência Capela!!!

Entre o Oficioso e o Oficial Há um Grande Hiato Histórico!

“O SABER” NÃO POSSUI DONO E NEM TUDO É “PROGRESSO”

EVOLUIR, INVOLUIR E PROGRESSO DA CAIXA DE PANDORA[1]

O que importa “o saber” e o que importa saber se “meu saber” constituirá um momento ínfimo na existência humana que acarretará alguma transformação. Há indivíduos que contribuíram enormemente para um fato histórico, mas minha importância ou relevância deste saber foi conseguida pelo esforço anterior de algum acontecimento transformador.

Não devemos ter mais importância que a obra em si, mas completá-la de tal maneira que de continuidade a uma seqüencia de objetos culminando com o beneficio de muitos. Construir já é por si um objeto transformador, mas também não destruir é um objetivo a ser alcançado por toda humanidade. A transformação do indivíduo deve estar presente em suas intenções, para acarretar movimentos importantes numa seqüência de benefícios de uso comum.

Devemos cuidar para não confundir termos ligados ao cotidiano de um curto período de existência ao esboçar que acarreta nisso uma “evolução”, nem tudo atinge uma seqüência constante ao sair da “inércia” é progresso embora progressivo , nem é “este ponto” o marco zero dos fatos, ele já estava presente e iria caminhar de qualquer maneira não importando quem terá a honra da paternidade.

Uma doença também “evolui” ou “involui”, recolhe-se em uma bolha para novamente “explodir” num vai e vem constante do movimento histórico, algo vivo, que irá estabilizar-se em determinado momento e nem por isso considerado algo útil ao “corpo vivo gerado”, nem se deve expor como “progresso”, pois muita descoberta possui um desenvolvimento próprio desde que aberta a “Caixa de Pandora”, há inicio de causa.

O “progresso” é um termo que se deve cuidar o uso da expressão, pois é um processo que tem um trajeto por um tempo que depois possui uma “involução” natural de retorno ao inicial, nunca igual ao princípio, mas voltando ao estático; se houver degradação não caminha progredindo, mas transforma-se em algo novo. No processo sempre haverá este momento de estabilização que por vezes será completado em outra instância em outro momento histórico, num outro tempo e outro espaço da existente daquilo que se move.

Os desastres devem ser considerados conseqüência de ações físicas, uma ação compelida por uma reação de mesma intensidade e força que gerou esta energia, podem ser inerente do que não se controla, pois as forças são maiores que o poder de retenção da “involução”.

O desastre é por si um “estado ativo transformador” por que tem capacidade de mudar por completo o que não era anteriormente. As interferências externas sempre ocorrem em determinado principio ativo encadeando a ação que gera conseqüências de interferências no meio existente. O macro universo gera micro-universos que se completam e se chocam para gerar a energia necessária da explosão transformadora que pode recriar uma situação nova e diferente da atual.

Não existe nada estático nem o nada não é nada é algo muito grande considerado incompreensivo, algo imensurável, que em determinado tempo implodirá para dar outra dimensão de uma energia libertadora.

Assim caminha o registro da história humana!

[1] Este texto foi fruto de um processo que “evoluiu” e involuiu”, num efeito elástico da crítica promovida pela amiga Neuza Meneghello, a quem agradeço as reflexões sobre a historiografia que “gerou” o Retorno a Represa de Guarapiranga do ”Monumento aos Heróis da Travessia do Atlântico” ocorrido em 1927 e promovida pelos aviadores Francesco De Pinedo e João Ribeiro de Barros e que recolheu "o saber" da população local.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Paradeiro dos Monumentos ao Início da Colonização em São Paulo e Busto ao Primeiro Bandeirante Japonês

Monumento ao Colonizador e Busto do Fundador do Jardim Nakamura, São Paulo

Por que os Monumentos ao Início da Colonização em São Paulo, mais precisamente na Colônia Paulista, localizado entre Santo Amaro e a Serra do Mar não foi realizado e o busto em “Homenagem Ao Primeiro Bandeirante Japonês” parece não se saber o paradeiro?

A representação dos Monumentos destes dois povos imigrantes da Alemanha e Japão, parece ser uma incógnita a ser desvendada por uma investigação cientifica, com caso onde o crime não possui materialidade?
1) “MONUMENTO AO INÍCIO DA COLONIZAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO”

Os enganos e as urdiduras políticas fazem com que caiam no esquecimento as lutas sociais, ou por pouco interesse ou por realmente querem apagar de uma vez o que é história:
Santo Amaro foi o primeiro sitio de ocupação de colonos em São Paulo em 12 de fevereiro de 1829, foram assentados os primeiros colonos na região, e este dia foi instituído como “Dia do Inicio da Colonização”. Em matéria da Gazeta de Santo Amaro, de 13 de janeiro de 1967, era anunciada a comissão em prol do “Monumento ao Início da Colonização do Estado de São Paulo” que não foi edificado por dificuldades jamais sabidas.

2) “HOMENAGEM AO PRIMEIRO BANDEIRANTE JAPONÊS”
Matéria Gazeta de Santo Amaro vinculada em 28 de novembro de 1969

A matéria dava ênfase ao busto do “Primeiro Bandeirante Japonês de Santo Amaro” inaugurado em 23 de novembro de 1969 (domingo) onde estavam presente altas autoridades e o presidente da União Cultural Nipo-Brasileira João Branco, senhor Seije Uehara.

Na matéria da época consta:

“João Branco, apesar de uma pessoa simples, soube compreender a necessidade de se dar apoio aos imigrantes que estavam chegando e cujo traço físico era completamente diferente dos moradores e, porque não dizer curioso.com o arredio do povo, que se recusava em vender-lhes terras, branco, para se mostrar sua confiança, fez-se amigo dos amarelos.”

“Tosuke Kahora, conhecia bem a agricultura. Compreendeu que a terra era excelente e junto aos seus compatriotas incentivou-os para que superassem a indiferença dos moradores e começassem a cultivar, pois os frutos a serem colhidos seriam bons. Kahora introduziu a plantação de batatas na região, tornado-se assim o primeiro a cultivá-las pelas bandas de Santo Amaro.” Tosuke Kahora foi o fundador do Jardim Nakamura, região de Santo Amaro, hoje distrito do Jardim Ângela.

Crimes históricos a desvendar ou como sempre acontece(u) as testemunhas nada sabiam e por insuficiência de provas serão arquivados, e, outro caso insolúvel contra o patrimônio público?



Dia do Historiador: 19 de Agôsto, para quê?

No Dia do Historiador homenagem a Joaquim Nabuco!

“Aprovado pelo senado no dia 9 de setembro de 2008, o Dia do Historiador é comemorado no dia 19 de agosto para homenagear Joaquim Nabuco, que, além de diplomata, escritor, político, jornalista, abolicionista e um dos pais da Academia Brasileira de Letras, era historiador”.

No "Dia do Historiador" não há o que se comemorar quando o descaso aos feitos históricos não condizem com o interesse do poder, abandona-se a verdade relegando-a ao esquecimento num modelo “gelo siberiano”.

O poder produz documento, logo produz a sua versão historiográfica.

A historiografia reflete o interesse do vencedor, que custeia uma obra de enaltecimento; nunca escrevem a versão do vencido, amordaçado e negada sua fala!

Quanto ao reconhecimento do profissional historiador, se calam todos, pois os museus e outras instituições diversas tornaram-se “bicos” daqueles que foram para a reserva outorgando-lhe “recompensa por serviços prestados”.

Inúmeras profissões secundárias são reconhecidas, que não me compete enumerá-las, mas a insensatez não permite aos egrégios representantes aprovarem o óbvio, ficando mancomunados em trocas de favores de bancadas, do tipo “você aprova o meu” que “eu aprovo o seu”, enquanto uma classe fica a mercê destes larápios e o povo engolindo uma falsa historiografia do Brasil!

Não queremos paliativos do tipo “Dia do Saci”, com todo respeito ao folclore, queremos propostas concretas para desenterrar a história dos porões do poder, numa linha investigativa séria!

Se a intenção foi homenagear Joaquim Nabuco criassem o dia para o emérito ilustre:“Dia Joaquim Nabuco, 19 de Agôsto”


Vide texto postado neste blog:

A Profissão de Historiador, a Política e a Comissão de Assuntos Sociais do Senado: Projeto de Lei PLS 368 de 2009.

http://carlosfatorelli27013.blogspot.com/2010/04/profissao-de-historiador-politica-e.html

OS IMIGRANTES E AS “FAZENDAS” NA REPRESA DE GUARAPIRANGA

UM TRABALHO DURO E DE MUITA PERSISTÊNCIA

Ladino é um apelido que representa relacionamento com algo próximo da esperteza com o comércio, a capacidade de barganhar qualquer coisa, nome usual ao homem de boa sorte aprendida dos árabes quando assumiram a Península Ibérica em 711 da Era Cristã.

Na pequena aldeia da Ilha dos Açores, em Potugal, vivia uma família tipicamente rural, que mantinham as tradições.O patriarca, senhor José Couto, morava em residência de grossas paredes dos tempos imperiais, vivia do sustento da terra, das vinhas, terreno plantado de videiras a enveredar pelas serras. Deste lugar retirava-se todo o sustento, das coisas que advém do local e também o meio de subsistência, maior que é a "Providência" oferecia.

A vida dificil da Europa do pós-guerra, fê-lo decidir-se em imigrar para o Brasil e juntando todas as economias com a venda das terras formou-se pequena “renda”, não muita, guardada na algibeira para acertar sua vinda onde o aguardava seu primo Francisco Souza, que lhe forneceu a carta de recomendação às autoridades e que já havia aqui se estabelecido, tocando uma pequena “mercearia de secos e molhados” com o sobrinho Fausto Couto, na confluência da Avenida Santo Amaro com Brigadeiro Luís Antonio. Do lado mais ao sul havia adquirido uma gleba de seis alqueires nas margens da Represa de Guarapiranga. A família tinha o tino comercial e outro Couto, Francisco, abriu um bar na subida da Alameda Santo Amaro, ao lado da sapataria do Toninho Engraxate, um bricalhão benquisto por todo santamarense e que morava em uma data(um lote de terreno) nas imediações da Penhinha.


José Francisco Pacheco do Couto – Trabalhou nas Indústrias de Santo Amaro - depoente

Enviada a carta de chamada pelos idos de 1951, e se desfazendo das terras por poucos escudos, moeda corrente de então, “male male” cobria as despesas de viagem, toda a familia partia no “vapore” para o Brasil. Os paquetes[1] eram divididos em classes 1ª; 2ª e 3ª que tinham cabines conforme sua categoria e uma última reservada a imigrantes fixados nos porões mal iluminados que vinham superlotados para o Brasil e também outras localidades da América do Sul.
Como consequência desta aventura, a família encontrou o lugar para reiniciar a vida. Começava assim uma luta incessante pela subsistência, comum a maioria dos imigrantes aqui chegados, que para recuperar-se, “encaixava-se” a trabalhar incessantemante em qualquer serviço disponível, pois a realidade era totalmente diferente.
O mar, a aldeia a casa ficaram para trás, mas pareciam eternizadas na paisagem natural local, parecendo fazer parte do universo tardio das vilas onde foram cercadas, por séculos, pelos mesmos processos produtivos passados por gerações, sem se interessar pela modernidade, um tempo parado, atemporal. Transformar este modelo fixo, de uma cultura tradicional, desenraizando costumes nõo se conseguia com facilidade da noite para o dia no Brasil; os costumes eram outros. Pelo mar deixava-se para trás o velho continente e a família dos Pacheco formada pelo patriarca José Luciano do Couto, seguido de mulher Maria Alice Pacheco sentia os ares da nova vida que se poderia ofertar aos filhos, Victor Manuel, o primogenito grande artista e fabricante de luminosos; José Francisco, Nuno Augusto e das Irmãs Marias: Helena, Eduarda e Fátima.
Tudo o que acontecia ao redor fazia parte de um todo e unidos precisavam ajudar-se mutuamente ligados a toda ação conjunta tinham o seu lugar determinado como indivíduo na família, fazendo parte do meio fisico. Cultivavam nas terras do primo as margens da Represa de Guarapiranga usavam a experiência dos Açores, das terras “nunca dantes cultivadas” tiravam milho, feijão, batatas e alguma leguminosa, todos viviam deste modo, de um trabalho relacionado ao esforço de todos.

Tudo parecia rude e tosco, mas não assustava o tratamento brusco, próprio daquele estado local peculiar, conformidade ao estilo de vida em Santo Amaro caipira, que possuia ares interioranos e mostrava a beleza refletida na paisagem. Algumas nêsperas, ameixas amareladas por vezes selvagens e azedas; ou um pé de caqui que fornecia o “convescote” de alguns encontros regados a almudes de vinho de uma serra brasileira ainda buscando o aroma e adaptação, sendo ainda aprimorado ao ambiente local recordava a “vinha” européia, uma árvore mantenedora das tradições locais, pois uma videira pode passar nas mãos de muitas gerações, e sempre estará dando frutos, reunindo-se para a poda e o esmagar dos lagares. A terra cortada com o “bico de pato” fincava na terra jogando a “marola” ora a direita ora a esquerda, e a charrua antiga sulgava ao fundo a terra removida.
Bem no costado da Represa de Guarapiranga, após o Clube Atlético Indiano, próximo ao Parque, estes seis alqueires da família Couto fazia vizinhança com a Fazenda Vera Caravellas, onde haviam criadores de animais de leite acompanhados por tratadores das ordenhas de vacas holandesas, por Cyro Mascarenhas de Campos que abastecia o laticínio e produzia leite“classe A".
Cyro Mascarenhas de Campos(adestrador) depoente e ao fundo quadro do artista Cássio M'boy, seu tutor

Quanto aos animais de montaria eram cuidados pelo seu irmão, adestrador de cavalos, no inicio de 1950, Felisbino Mascarenhas de Campos. O único acesso para o local era descer no “ponto final” o extremo da linha do bonde do Largo do Socorro que vinha da Praça da Sé, caminhar até as margens da barragem na Avenida De Pinedo com João (Ribeiro) de Barros onde permanecia a espera um barqueiro que fazia o transporte cotidianamente dos trabalhadores.

LOCAL DA FAZENDA EM 2010

A Fazenda Caravellas era um modelo de administração e mantinha a escola primária de crianças orientada pela professora Nicéia de Paula Assis, evitando que as crianças precisassem se locomover para o lado oposto da Represa.

ESCOLA DA FAZENDA EM 2010

Os animais se abasteciam com as águas límpidas da Represa de Guarapiranga, e também mitigava a sede humana! Com o tempo foi feito loteamento da área e a fazenda perdeu seu apogeu e deixou de existir e a água límpida da Represa de Guarapiranga, que ficou imprópria para consumo.

A mata era tão fechada que todos andavam com uma “caçoleta”, espingarda rústica que ascendia por meio de uma pederneira faiscando o pavil, usado de lado para qualquer eventualidade; errando o tiro, tratasse de correr pois de caçador virava caça de algum animal selvagem que também foi aos poucos rareando.

A família Pacheco queria ganhar sua indepedência e se establizar na nova terra; na mesma época Santo Amaro era um “burburinho” de indústrias dos mais variados seguimentos em seu vasto território de mais de 640 quilometros quadrados cobiçado pelo urbanismo que no instante oportuno apoderaria-se de sua grande estrutura de produção. Deste modo vendo que havia campo de trabalho enorme na região resolveram, em 1954, mudar-se para Chácara Santo Antonio, na Rua Julio Ribeiro, atual Alexandre Dumas, onde os filhos encaixaram-se no ramo industrial e no seleto sistema bancário, outros na estrutura comercial, muito forte também na região. Pagavam aluguel e a família resolveu buscar outro espaço para evitar o custo transpondo o Rio Pinheiros, compraram um terreno da Companhia Paulistana de Terrenos e em 1956 mudaram se para o bairro de operários do Jardim Sao Luiz.

As Romaria ao Bom Jesus de Pirapora fazia nosso amigo Pacheco recordar-se da sua meninice da Ilha dos Açores agora distante; quando as cantorias ao Divino Espirito Santo ecoavam durante um mês inteiro, sendo o mesmo coroado, passando de casa em casa até ser solenemente transportado para a Matriz. Tudo isto era completado com grande festa de violeiros regada a vinho e carnes de animais abatidos somando a refeição broas que se deixavam a cozer.
Obra Santa Ceia de Victor Manuel Pacheco-Matéria da Gazeta de Santo Amaro de 24 de janeiro de 1969

Mas os desastres são inerentes e seu irmão Victor, grande artista que desenhava com grande precisão com letras das teclas de uma máquina de escrever obras de autores famosos, imagens belissimas, por exemplo a Santa Ceia, foi ceifado em um desastre juntamente com seu cunhado Dourival, na antiga Avenida São Luiz, atual Avenida Maria Coelho Aguiar, no Bairro Jardim São Luiz. Não cabia mais a vida pacata do lugar e o progresso vinha rápido a trazer o infortúnio.
Sair desta condição faz parte do novo modelo de vida, parece dificil, mas não para o patriarca, que precisa viver e para isso estava disposto a ser “vendedor de tremoços” para ajudar, dependurava ao braço um cesto de vime, tampado com um pano alvo, com a medida certa recolhida por uma caneca que fornecia um volume certo, “nem mais nem menos”. Por vezes por falta de mercadoria trocava-a por amendoim salgado, que era mais próximo do paladar brasileiro, contrário aos patrícios que apreciavam os “benditos tremoços”.
Não possui “medos” que lhe afastasse do trabalho, tendo ao lado vigilante a patroa ajuizando a todos em sua condição de matriarca, controlando os impulsos da juventude dos filhos que ela se orgulhava em dirigir bem sua “casita”.
“De lá para cá não vem mais os braços fortes de outrora meu amigo”, dizia em sinal de profecia! Os tempos são outros e as máquinas motrizes se sobressaem ao homem do campo sulcando a terra ao seu limite de esgotamento, outrora das pareias atreladas a sangrar a terra para produzir, descansando de tempos em tempos.
Ponderemos uma semelhança com a expansão paulistana atual no campo imobiliário onde a expansão da cidade demanda prédios de alto luxo edificados em áreas nobres espoliando aqueles que tinham direito a estas áreas pela permanência de longevidade. São Paulo é um vasto canteiro de obras de alto padrão, nunca fizeram edificações descentes para a classe operária[2], proliferando aglomerados humanos nos morros e mananciais em favelas.

Como um lamento declama a trova em tom de saudade:

“Seu bisavô fora guardador de gado,
Guardador de gado seu avô, seu pai;
Criou filhos e netos como foi criado,
E morreu ditoso porque o seu cajado
Seu rebanho ainda pastorando vai!”

(Não ma pergunte de quem a trova é, que eu cá nem sei!)

Depoimentos recolhidos:

José Francisco Pacheco do Couto – imigrante da família da Ilha dos Açores

Cyro Mascarenhas de Campos – Adestrador da Fazenda Caravellas

Werena Çukurs – Depoimento sobre a Fazenda Caravellas e Represa Guarapiranga
NOTAS:

[1] Navio de comércio, sempre a vapor, que transporta correspondência, passageiros e mercadorias.

[2] Deste modelo apressado de formação resultou uma mão de obra braçal deslocada há décadas de várias regiões do Brasil para expandir o pólo industrial de São Paulo, mas sem planejamento e preocupação pela baixa qualificação desta mão de obra de reserva. Sem políticas de planejamento sustentável, perdeu-se nestes últimos anos quase todo seu parque industrial, mas a mão de obra que sustentou o giro das máquinas permaneceu incontinenti em regiões que foram altamente industrializadas e não foi remanejada nem aproveitada. São agora forçosamente empurradas por empreendimentos imobiliários, não para cobrir déficit de casas populares, mas para padrão de alto nível que nunca estão em crise, pois possuem financiamentos generosos para “expansão do progresso”

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A Administração Pública de Isaías Branco de Araújo na Cidade de Santo Amaro

“SE FIZ ALGO ERA MINHA OBRIGAÇÃO E PARA ISSO FUI ELEITO”

Em pesquisa sobre Santo Amaro recorremos a vários meios informativos para completar uma lacuna que era a administração de Isaías Branco de Araújo na Cidade de Santo Amaro em uma época conturbada de conflitos e interesses políticos que resultou na perda de autonomia, pelos acontecimentos de 1924, 1930 e 1932 acarretou intervenção no Município de Santo Amaro em 1935, uma retaliação, no entender santamarense em represália as posições assumidas. Disto resultou esta pesquisa de um homem público que sem dúvida contribuiu muito para o desenvolvimento local.
-Além do “Álbum de Santo Amaro: A História dos Santamarenses”, de João Netto Caldeira, compendio de 1935, cedido pelo seu sobrinho Lourenço Borba, foram ainda recolhidos alguns depoimentos, graças o magnânimo registro jornalístico da Gazeta de Santo Amaro de 10 de novembro de 1960; 07 de setembro de 1962 e 07 de julho de 1967 que nos forneceu toda as condições de sublimar parte da história de Santo Amaro, recolhida ao longo de 50 anos de matérias jornalísticas de seu diretor responsável Armando da Silva Prado Netto e muitos que colaboraram para que este registro não se perdesse, pois até sites municipais não constam a bibliografia de Isaías Branco de Araújo.
Gazeta de Santo Amaro[1], 10 de novembro de 1960 e 07 de setembro de 1962 -

O Coronel Isaías Branco de Araujo nascido na Capela do Socorro diz:
“Nasci em 13 de janeiro de 1879 num velho casarão não mais existente ao lado da Capela de Santa Rita. Foi construído pelos meus avos, Francisco Branco de Araujo e Ana Rocumback, que haviam trazido a imagem da Alemanha. Esta era idolatrada por toda a família e meu avô achou que deveria o povo, também merecer a proteção da santa e mandou erigir a pequena capela. É para mim motivo de orgulho ver que hoje o lugar tem o nome da santa benfazeja e no lugar do minúsculo templo, ergue-se hoje uma bonita igreja.”
Isaías Branco de Araujo possuía armazém de secos e molhados, chegou a vender fazendas (tecido), pescava e vendia peixes.
“Posso me considerar professor em redes e covos de pescaria. Montei três serrarias: M’ Boi Guassú, Santo Amaro e Itapecerica. Depois montei uma fabrica de macarrão”.
Em 1918, já como prefeito, enfrentou o flagelo de uma epidemia que assolou em Santo Amaro, foi denominada “gripe espanhola” e comenta, orgulhoso do feito, “gastei do bolso”:
800$000 réis ao doutor Brenha Ribeiro
4.297$000 réis ao farmacêutico Artur Franco Martins
8.094$500 réis a farmácia Santo Amaro
974$600 réis a Henrique Fernandes Lameira, em gêneros alimentícios
593$000 réis a Jeremias de Souza, em gêneros alimentícios
388$000 réis a Ângelo Chaplin pelo aluguel de aranha[2]. “Eu ia de aranha distribuir ao povo alimento e remédios”.

As realizações foram se expandindo ao longo de sua administração, prestando grandes serviços e obras que ainda hoje servem ao povo santamarense. Há alguns destaques em estradas que ligaram Santo Amaro ao extremo sul que compreendia a região de Marsilak, Parelheiros e Colônia.

Além do exposto acima consta como realização a Capela e Portal do Cemitério de Santo Amaro, o Matadouro Municipal, pois anteriormente o abate era feito totalmente a descoberto e o galpão existente foi levado por um grande temporal. Foi desta maneira que se idealizou modernas instalações na Rua Borba Gato, “coberto com telhas fabricadas em Santo Amaro por João Lang”.
Foi idealizada a Câmara Municipal[3] que já com idéia avançada desmembrou-se a Câmara transportando a cadeia para mais próximo do Largo 13 de Maio. O salário de um prefeito era de 200$000 réis, e para completar a verba a prefeitura explorava um porto de areia para equilibrar o orçamento e que rendia 300$000 réis. Foi sócio fundador, diploma número 69, da Santa Casa de Misericórdia de Santo Amaro em 1896, e com orgulho falava ter sido jurado do tribunal de justiça entre 1924 a 1937.
“Uma coisa que não gostaria de esquecer foi à construção do corpo da Matriz e o meu convívio com um grande homem, o padre José Maria, que, ergueu a Matriz e quase em vésperas da inauguração foi transferido pela casa paroquial, o que provocou lágrimas em milhares de pessoas. Foi minha maior emoção ver padre José Maria, quando compareceu a inauguração, não como vigário, mas sim como paroquiano. Em sua homenagem dei o nome à rua que hoje leva aos campos esportivos municipais”[4].

As promoções de eventos já era uma marca em Santo Amaro que promovia corridas de cavalos, as parelhas que originou o nome de Parelheiros, alem de touradas adaptadas ao local e as disputas de barcos a vela na represa.

Festividade em Santo Amaro: Festeiros do Divino Espírito Santo
Em 1930, Isaías Branco de Araujo foi escolhido como festeiro do Divino em Santo Amaro, sendo assim responsável pelos preparativos dos festejos do Divino Espírito Santo. (Santo Amaro-Escorço histórico-1932, p.120)
Entronização do Divino (Paróquia São Luiz Gonzaga-Jardim São Luiz, 2010)

O festeiro era o imperador do Divino, figura principal dos ritos e da organização da festa. O casal de festeiros era escolhido entre devotos ao Espírito Santo, além de indicados por festeiros anteriores, sendo submetidos à aprovação final do bispo diocesano ou por sua instituição, delegar a função ao sacerdote local. Além das tarefas de angariar recursos para organizar os festejos. Os festeiros devem percorrer os sub-impérios, singelos altares residenciais, aonde vai promovendo a divulgação da festa.
Na casa dos festeiros ficava o Império, representação do Altar do Divino que poderia estar também localizado em tabernáculo frontal a Praça da Matriz da cidade. No altar em louvor ao Espírito Santo eram expostos a coroa do Imperador, seguido do cetro, um Bastão das insígnias representando o poder soberano do Divino e a bandeira, símbolo sagrado representando o Espírito Santo para os devotos, de cor vermelha, simbolizando o fogo, forma pela qual o Espírito Santo se manifestou aos apóstolos no cenáculo.

Sempre de cor vermelha e com um desenho de pomba branca no centro com fitas de cada um dos SETE DONS do Divino: Os Carismas se enraizam dos 7 dons de santificação:

Azul – SABEDORIA; prata – ENTENDIMENTO; verde – CONSELHO; vermelho – FORTALEZA; amarelo – CIÊNCIA; azul escuro – PIEDADE; roxo – TEMOR DE DEUS.

Há o capitão da festa que deve providenciar a nova bandeira retangular que o mastro ostenta. No entardecer do Sábado anterior ao Pentecostes, os 50 dias depois da Páscoa e quando os dons do Espírito Santo são absorvidos pelos apóstolos que deste momento saem a pregar a Boa Nova. Os devotos traziam bandeiras e começavam chegar à casa do Capitão, que assumia o cortejo em direção ao largo da Catedral, local onde o mastro era levantado.

Isaías Branco de Araujo recorda ainda em depoimento:

“Nosso partido era o PRP[5]. Em Santo Amaro o presidente do diretório era Tiago Luz, e eu era o vice presidente. Outros Lulu Schmidt, José Guilger, Senhor Oscar Stevenson, Herculano de Freitas, João Ambrosio, Mimi Mariano e muito mais”
“Em 1924[6] aqui se tornou asilo de muita gente da capital. O povo santamarense começou a passar necessidade. Peguei meu Fordinho, indo até o quartel general dos revolucionários. Debaixo de balas consegui chegar. Voltei para cá com os mantimentos que fora buscar para distribuir em Santo Amaro. Neste tempo foi tomada a prefeitura. Fui com minha família para o mato, pois cheguei a ser ameaçado de morte. Atravessamos o rio e nos refugiamos no sitio do doutor Herculano de Freitas. Um mês depois voltei para tomar posse outra vez”.

Quanto ao feito histórico da Travessia do Atlântico, em 1927, pelos comandantes aviadores De Pinedo e João Ribeiro de Barros recorda haver recepcioná-los e as lembranças do hidroavião JAHÚ pousando na águas da Represa de Guarapiranga. Depois recepcionou o Conde Matarazzo, que em nome do Circolo Italiano, manteve contato com administração para que houvesse providências para instalação do Monumento aos Heróis da Travessia do Atlântico, e que o prefeito Isaías Branco de Araújo interferisse junto á Light, concessionária canadense para que aprovasse a medida. Sobre a revolução de 30 expõe no depoimento: “Com esta revolução começou meu descanso político. Fui preso político, ficando na Imigração durante 15 dias, meus companheiros de cela eram: Lulu Schmidt, Mimi Mariano, João Ambrósio, e outros”.

Álbum de Santo Amaro A História dos Santamarenses, João Netto Caldeira - p.88

Tomou posse em 1926 a Câmara que deveria gerir os destinos do município até 1928, tendo a seguinte constituição: senhor Manoel Rodrigues Fontes Pereira, Isaías Branco de Araújo, José Schmidt, Frederico Hessel Sobrinho, José Pereira da Silva e Tertuliano Branco de Miranda.
Foi francamente auspicioso par Santo Amaro o ano de 1927, demarcador do início de uma era de prosperidade que conduziu o município para novos horizontes, assinalados por inúmeros melhoramentos.
A constituição, com capitais paulistas, da S. A. Auto Estrada, para a fatura de ótima rodovia, revestida de asfalto, ligando a capital à represa da Light & Power[7] foi seguida da resolução nº 211, da Câmara Municipal, em data de 3 de outubro de 1927, concedendo autorização por 20 anos ao senhor gastão Lopes Leal, com isenção de impostos, para construir moderna estação balneária nas vizinhanças da represa, compreendendo hotel, restaurante, parque de diversões e outros melhoramentos. A resolução nº 214, de 9 de novembro do mesmo ano, concedeu iguais favores ao senhor Oswaldo Costa, com os mesmos objetivos.

Dias antes, em 6 de outubro, a prefeitura havia firmado contrato com o senhor Olyntho Simonini, Giusto de Giuglio e Paulo Cafalli para a construção e exploração de um matadouro modelo. Mais tarde, em 4 de junho de 1928, essa concessão foi prorrogada por cinco anos.
Atendendo à proposta da sociedade anônima Derrom-Sanson[8], representada pelo sócio senhor Derrom, a Câmara, pela lei nº 61, de 2 de janeiro de 1928, concedeu-lhe o direito de exclusividade e exploração, por 15 anos, de uma super-estrada revestida de concreto que continuando, do Córrego da Traição em diante, o trecho iniciado na capital, fosse até a Represa.
Álbum de Santo Amaro A História dos Santamarenses - p.160

Isaías Branco de Araujo, bondade e inteireza de caráter, são os traços que predominam na personalidade do senhor Isaías Branco de Araujo, homem estimadíssimo nesta cidade, sendo descendente de ilustre família de santamarenses cheios de serviços à causa pública.
Aqui nascido a 13 de janeiro de 1879, é filho do senhor Pedro Branco de Araujo e da excelentíssima senhora dona Rosa Branco de Moraes, ambos falecidos.
Operoso e dedicado, o senhor Isaías Branco de Araujo, sempre demonstrou o máximo interesse por seu torrão natal, tudo sacrificando em favor da grandeza de Santo Amaro. Reconhecendo-lhe tais predicados o eleitorado colocou-o na Câmara Municipal, como vereador, em 1911 e, em conseqüência de sucessivas reeleições, só deixou o posto com a revolução de 1930 que extinguiu, automaticamente, todos os governos municipais do país. Eleito prefeito municipal em 1917, permaneceu à frente do executivo santamarense até 1928.
Neste grande espaço de tempo, demonstrou excepcionais qualidades de administrador, devendo-lhe o município os mais assinalados serviços. Durante o movimento revolucionário de 1924 agiu com desassombro invulgar, prestando à população todos os socorros para que não sofresse a falta de víveres ou a ausência de garantias.
O “Matadouro Modelo” é conseqüência de sua intervenção e o grandioso Paço Municipal representa o resultado de sua atividade, constituindo esse soberbo edifício, por si só, motivo bastante a impor a gratidão dos santamarenses. Colocado na presidência da câmara no biênio de 1929 a 1930, coube-lhe entregar o patrimônio municipal por ocasião da vitória revolucionária deste último ano.

O senhor Isaías Branco de Araújo consorciou-se em 27 de abril de 1901 com excelentíssima senhora dona Rufina Branco de Araujo, tendo os seguintes filhos: excelentíssima senhora dona
Eva,Gerino e Isaías.

Gazeta de Santo Amaro, 07 de julho de 1967

Isaías Branco de Araújo, filho de Santo Amaro desde o dia 13 de janeiro de 1879, dia em que o casal Rosa e Pedro Branco de Araujo recebeu a grata visita da cegonha e o cumprimento de todos os parentes e amigos. Aos 22 anos, exatamente no dia 27 de abril de 1901, levou ao altar a senhorinha Rufina que passaria a ser a senhora Branco de Araujo e lhe presentear os três filhos: Eva, Gerino e Isaías Junior.
Homem de luta e muito apegado a sua terra, Isaías Branco de Araújo, Tenente Coronel da Guarda Nacional[9], conseguiu grande prestígio no extinto Município de Santo Amaro, graça a sua coragem e denodo, sendo levado a edilidade em 1911, reeleito para o exercício de 1914-16 sendo eleito Presidente da Câmara de vereadores. Em 1916 atingiu a posição de Prefeito Municipal de Santo Amaro, ficando neste posto até 1928. Novamente eleito vereador em fins de 1928, ocupou a cadeira de Presidente até 1930, quando explodiu a revolução e com a vitória das hostes getulinas, foram extintos os governos municipais.

Em homenagem ao vulto trabalhador e destemido homem público que foi o coronel Isaías Branco de Araujo, a subprefeitura municipal suspendeu seus serviços na segunda feira passada, lembrando as obras executadas pelo extinto, como a construção do paço municipal, na praça marechal Floriano Peixoto ocupada pela subprefeitura. As linhas telefônicas, em 1919, serviço existente em raras capitais brasileiras. Rasgou muitas estradas e melhorou outras, facilitando o acesso de quase toda a região. Com pulso firme e coragem invulgar, manteve a cabeça fria durante a revolução, organizando o serviço de abastecimento de viveres quase normal, apesar da crise gerada pela convulsão político-social. Por volta de 1913, conseguiu a instalação de luz elétrica, inauguração dos bondes pertencentes à The São Paulo Light and Power e, de modo decisivo, influiu na construção do Matadouro da Rua Borba Gato, abertura da Auto-Estrada Washington Luís, entre outros melhoramentos, até hoje elogiados pelos santamarenses.
Isaías Branco de Araujo, de uma geração que deveria sempre ser olhada como exemplo, deixou uma lacuna quase impossível de preencher, já pelos seus dotes de homem publico, já pela coragem e dedicação sempre colocadas a serviço do progresso da terra que muito amou.

“Fui prefeito da Cidade de Santo Amaro de 1917 a 1928, portanto 12 anos à frente do município. Fui vereador por 21 anos. naquele tempo os vereadores elegiam o prefeito e muitas vezes, recebi aquela honrosa indicação”
Procurava evitar falar de obras e melhoramentos: “se fiz algo era minha obrigação e para isso fui eleito”
Faleceu em 2 de julho de 1967, aos 88 anos, sendo sepultado no Cemitério de Santo Amaro, edificando a lápide do campo santo e o torrão que tanto amou, Santo Amaro.

NOTAS:
[1] Créditos: Reportagem de Maria do Carmo e foto de Eleutério Prado
[2] Espécie de cabriolé descoberto, carruagem leve de duas rodas para um só cavalo
[3] Abriga na atualidade o Espaço Cultural Julio Guerra.
[4] Na atualidade onde se situa o Terminal de Ônibus de Santo Amaro, eram os campos de futebol de várzea.
[5] Partido Republicano Paulista (PRP) foi fundado em18 de abril de 1873 durante a Convenção de Itu,sendo o primeiro movimento republicano no Brasil. Seus adeptos eram chamados de perrepistas, predominava no estado de São Paulo durante a República Velha. Seus quadros compunham-se das chamadas classes liberais como advogados, médicos, e, sobretudo, por importantes proprietários rurais paulistas, cafeicultores partidários da imigração européia para as lavouras e fasvoraveis a abolição da mão de obra escrava. O PRP, através de seu ideólogo Campos Salles com a sua "Política dos Estados", conhecido como “Política dos Governadores”, foi decisiva no afastamento dos militares da política no início da República, garantindo autonomia administrativa aos estados sem interferência do poder federal e por sua vez os governos estaduais não interferiam na política dos municípios, garantindo-se lhes a autonomia administrativa.O PRP elegeu todos os presidentes do Estado de São Paulo na República Velha. A Revolução de 1930 depôs Washington Luís e Júlio Prestes não tomou posse, pois havia vencido as eleições pelo PRP com 90% dos votos válidos no Estado de São Paulo. O Dr. Washington Luís foi um modernizador do PRP, instalando uma administração técnica, tanto na Secretaria de Justiça e Segurança Pública, (polícia sem política) quanto na prefeitura e no governo do estado de São Paulo. Na Revolução Constitucionalista de 1932 o PRP e o Partido Democrático se uniram no combate à ditadura do "Governo Provisório". Em 1933,o PRP participou das eleições para a Assembleia Nacional Constituinte através da "Frente Única por São Paulo Unido." Praticamente todos os membros do PRP tiveram suas carreiras políticas abortadas pela Revolução de 1930. Os próceres políticos do PRP adquiram fama de bons administradores e homens probos, sendo que vários foram considerados estadistas.
[6] O ataque mais sério ao poder de PRP foi a “Revolta Paulista de 1924”, que fez o presidente Carlos de Campos refugiar- se no interior de São Paulo, e organizasse batalhões em defesa da legalidade, conseguindo retomar o poder. Muitos membros importantes do PRP vestiram fardas da Força Pública de São Paulo, hoje denominada Polícia Militar do Estado de São Paulo, organizando e comandando a resistência contra os revoltosos. Este episódio do movimento de militares de baixa patente, resultante da Revolução de 1924 reivindicava reformas no sistema político brasileiro dos anos 20. Derrotados os tenentes organizaram no ano seguinte a Coluna Prestes, chegando ao poder, à frente da revolução de 1930 empossando Getúlio Vargas a presidente que havia concorrido pelo Partido Democrático como candidato de oposição. Ironicamente, seriam alguns desses mesmos tenentes os responsáveis pela repressão do movimento de 1932.
[7] The Light & Power Co. Ltd, à época gerenciada pelo engenheiro residente Mister Luiz Toftd’ ahl(Caldeira, p.170)
[8] Louis Romero Sanson era engenheiro inglês, nascido no Caribe, formado em Caracas, Venezuela, foi responsável pela construção do Aeroporto de Congonhas e a Auto Estrada que ligava São Paulo a Santo Amaro que depois seria denominada Avenida Washington Luís, além da construção do Autódromo de Interlagos, o Clube de Campo São Paulo, trabalhou junto com o engenheiro canadense A. Billings colaborando com o projeto da usina elétrica de Cubatão( referências: O ESTADO DE SÃO PAULO, relato de Jean Sanson, filha de Sanson concedido a José Maria Mayrink em matéria publicada em 29 de julho de 2007)
[9] Uma das primeiras medidas da Regência Trina Permanente, que assumiu o governo imperial após Dom Pedro I abdicar em favor de seu filho Pedro II, que pela tenra idade do sucessor, foi a criação da Guarda Nacional, em 18 de agosto de 1831,que se baseou na experiência francesa, de transferir a segurança do país aos próprios cidadãos, extinguindo os antigos corpos de milícias e ordenanças regidos pelo Imperador. As forças liberais que apoiavam a Regência Trina viam no Exército um dos pilares de sustentação do despotismo de dom Pedro I e um instrumento em favor da possível restauração. Na medida em que as forças locais eram extremamente influentes, era necessário conciliar os interesses do governo imperial com os dos mandatários locais. Foi nesse contexto e em razão desses motivos, portanto, que a Guarda Nacional foi criada. O alistamento para a Guarda Nacional era obrigatório a todo brasileiro com renda mínima para ser eleitor, pois na época, o voto só era permitido às pessoas que possuíssem renda comprovada, nos valores estabelecidos pelo governo (censitário). O alistamento era aberto aos homens sadios que tivessem entre 18 e 60 anos. Não estavam incluídas no alistamento as autoridades administrativas, judiciárias, policiais, militares e religiosos.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

PROCESSO HISTÓRICO e INVESTIGAÇÕES

JULGAMENTO: Crimes Contra o Patrimônio Histórico

RÉU: O Poder do Estado

VÍTIMA: A História
O FIM NÃO JUSTIFICA OS MEIOS[1]

Com investigação levado diante da promotoria pública, reitera-se sobre crime praticado pelo “PODER DO ESTADO” contra “A HISTÓRIA do Brasil”[2], que temerária pela violência praticada, sem direito a proteção, preferiu o silêncio, embora sempre coagida.
O criminoso sempre aparenta boa aparência e é por demais galante, com verbalização prezada pelo requinte, esconde uma crueza, constantemente presente em seus altos. Tudo corrobora as investigações fortalecendo dossiê complexo é muito consistente as provas contra o réu, que passou de investigado, e, pelas provas concretas, indiciado. As mesmas foram reunidas ao longo da investigação sem se ater aos holofotes dos midiáticos que insistem em proteger o criminoso com elogios rasgados. O investigado compra a consciência da critica, mas sem dúvida os vestígios do crime são visíveis e permanecem no local da cena, que pelo motivo não seria necessário reconstituição, pois "os cadáveres falam”[3].
Para a vítima nunca houve defesa quando agredida, além da agressão ser por motivo torpe. As provas seguem o direito processual dando solidez as operações, com critérios que não geram dúvidas e muito menos situações injustificadas que abalariam os fundamentos da ação,[4] identificadas pela pericia como maus tratos.

A vítima suportou por longo tempo as agressões, mas os limites foram transpassados e quebrou-se o silêncio e agora são produzidas provas suficientes que iram ser recolhidos no processo e que dará embasamento para que haja um julgamento disponível com júri popular e que a opinião pública se acerque dos fatos e enxerguem o monstro- O PODER DO ESTADO -, que será levado aos tribunais para julgamento juntamente com seu comparsa tão atroz quanto o criminoso: O PODER ECONÔMICO. Ambos possuem uma rede de influências paga com dinheiro extorquido e farão de tudo para prevalecer à mentira sobre a verdade para beneficiar e impedir o cumprimento da lei. Não irão jamais colaborar com as investigações, não promovendo provas contra si mesmo.

Foram checados dados, registros, nada aleatoriamente, mas com o requinte de detalhes comprovando a culpa do réu - O PODER DO ESTADO - de promover ação criminosa e formação de quadrilha com provas reunidas nos autos. Maiores referências correm em sigilo de justiça, mas o que é evidente e que se trata de crime organizado, através da corrupção, moral, ética e financeira. A defesa recorre à mídia com bla-bla-bla e nhem-nhem-nhem, mas as provas são consistentes.

Privam o acesso a documentos comprobatórios dos crimes, fabricados pelo próprio réu[5]. O supremo acatará medidas preventivas emitira a reclusão do réu, que oferece perigo a sociedade sem direito a recurso de habeas corpus ou a responder em liberdade, pois a acusação comprova a formação de quadrilha, e entre tantas agravantes o atentado contra a vida da vítima- A HISTÓRIA.


"MONUMENTO AOS HERÓIS DA TRAVESSIA DO ATLÂNTICO"
Foi criada a COMISSÃO EM PROL DO RETORNO DO MONUMENTO para resgatar o que é um direito histórico, pois foi na Represa de Guarapiranga que houve o feito histórico da travessia do Atlântico.
O custo de retorno em 2010 foi de
R$ 394.992,77, enquanto que o custo de traslado de 1987, não foi fornecido e é incógnito!!!

Lápide deixada no lugar do Monumento em 1987 pela Prefeitura de São Paulo na esquina das Avenidas De Pinedo e João(Ribeiro) De Barros-Capela do Socorro-SP:
"Monumento aos Heróis da Travessia do Atlântico"
Neste local erguia-se, desde 1928,a obra de Ottone Zorlini lembrando os feitos históricos de aviadores italianos e brasileiros.
Em 1987 o Monumento foi restaurado e transferido para Nossa Senhora do Brasil por determinação do Prefeito Jânio Quadros
Há indícios que os crimes foram praticados em outras localidades, ainda não investigadas. A índole criminosa parece ser formada de geração a geração onde o avô passa aos filhos a má reputação que por sua vez passa ao nome dos filhos para não interromperem o ciclo, assim o Junior continuará os efeitos nocivos em Q.G. camaral. Não se trata de ficção é fato é esta disponível ainda como prova criminosa das oligarquias do Estado que controlam os pontos do trafego (embora também possa ser incluído o tráfico!) de influências, colocando nas devidas áreas das repartições seus coronéis. irá ao banco dos réus e com certeza receberá o veredito de culpado. Não se trata de nenhuma investigação tipo Sherlock Homes, não é ficção, são crimes reais. Silenciaram os órgãos competentes por uma deficiência da morosidade dos processos e também os jurados ameaçados por coação.[6]

Abriu sindicância que por sua vez formalizará o inquérito para que haja o veredito após reunirem-se todas as provas cabíveis da culpa do réu: a defesa do réu- O PODER ESTADO-até a presente data não se pronuncia, preferindo o silêncio para criar o esquecimento da opinião pública, mas esses argumentos usados no passado não cabem mais como defesa. Ainda assim buscam outros álibis insustentáveis pondo a culpa em outros co-autores dos atentados, para ganhar tempo e diminuir a pena, mas os crimes não prescrevem. A tese da defesa é tênue e sem consistência e que por si só não possuem sustentabilidade. Além disso, mexeram no local do crime para apagar vestígios e atrapalhar e confundir as investigações, mas os elementos probatórios são evidentes.
Sede do Sítio Itaí(tupi:seixo pequeno)

Remonta a 1846, quando era propriedade de Anna Joaquina Duarte Ferraz. Em 1896 passou as mãos do General Couto de Magalhães que depois, através do espólio, tornou-se propriedade de Leopoldo Couto de Magalhães, que era conhecido por Bibi, que iniciou o loteamento da área.
De 1918 a 1921, sediou o Abrigo de Santa Maria que passou a partir de 1922 ao médico Brasílio Marcondes Machado que edificou o Sanatório Bela Vista, até 1980. A casa da fazenda ficou abandonada, em 2008 a área de 20 mil metros quadrados foi adquirida por investidores internacionais por R$ 25.000,00 o metro quadrado.
Tanto o mandante- O PODER ESTADO - e o cúmplice - O PODER ECONÔMICO - mancomunados na trama devem ser ambos, acusados pelo crime contra a vitima-A HISTÓRIA, um crime contra muitos. Este crime somara nos autos, pois o criminoso usurpou paras si o que não lhe pertencia, neste caso considerado furto e o beligerante ladrão, a punição no caso deve ser exemplar para desencorajar outros, a promotoria diante de tanta prova inconteste vai requerer prisão perpetua dos acusados.
O juiz deve proceder com o veredito da culpa do acusado, pois lhe foi dado à outorga pelo contrato social de administrar os bens que lhe foram disponibilizados como fiel depositário e o - O PODER ESTADO - violou o direito. O inquérito corre em segredo sub-judice, pois a lei usa o código do direito criminal e não pode julgar antes que haja a sentença transite através do judiciário[7]. Mesmo sendo O PODER ESTADO transitório, um que assuma sua competência não invalida o crime do anterior, pois são comparsas da trama, todos possuem a culpa sem excessão e devem ser condenados também pelo crime de nepotismo dos pares e obrigação em ressarcir as faltas pelo ilícito e dos indícios evidentes. O processo corre em vara competente e parece que incriminar O Poder do Estado, requer habilidade para salvar a História.

NOTAS:

[1] NOGUEIRA, Ataliba. O Estado É Meio e Não Fim. São Paulo, Edição Saraiva, 1955.
[2] Sententia debet esse conformis libello :A sentença deve ser conforme o libelo (pedido)
[3] Thesis propanda: Objeto da prova (racional)
[4] O Código Civil da França, Berço da Revolução pelas liberdades em artigo 1315: Quem reclama o cumprimento de uma obrigação, deve prová-la. A forma acusatória impõe o ônus ao acusador, conforme o principio: NEMO JUDEX SINE ACTORE( NÃO HÁ JUIZ SEM AUTOR)
[5] Da mihi factum, dabo tibi jus: Dá-me o fato, dar-te-ei o direito
[6] A imparcialidade do juiz é uma garantia de justiça para as partes.
[7] Audiatur et altera pars: O princípio do direito de defesa, núcleo inicial da garantia do contraditório

domingo, 1 de agosto de 2010

UMA IMAGEM VALE MAIS QUE MIL PALAVRAS: “MONUMENTO AOS HERÓIS DA TRAVESSIA DO ATLÂNTICO”

LIMPEZA DO "MONUMENTO AOS HERÓIS DA TRAVESSIA DO ATLÂNTICO"

Esmurras o ar em sinal de Vitória!!!
O andaime esta montado;
Palanque suspenso no ar.
O Fuste Romano merece ser RECUPERADO na altura de sua IMPORTÂNCIA!
Jateamento ou Lavagem Sobre Pressão?
Autoridades máximas... as crianças, e, a história que a elas iremos deixar, que, nós pais, temos a obrigação em transmitir como legado!!!
"O DIFÍCIL FAZEMOS AGORA, O IMPOSSÍVEL DEMORA UM POUCO MAIS!"
PARABÉNS ÀQUELES QUE "OUSARAM OUSAR" POR LONGOS 23 ANOS PELA VOLTA DO MONUMENTO!!!