Uma Capela deu o Nome a um Bairro
A Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está na origem do Socorro, oficialmente registrado por “Capela do Socorro”, um título que a região recebeu em vista da construção de uma pequena capela dedicada à Virgem do Perpétuo Socorro no começo do século XX.
Em depoimentos populares tem-se que o nome anterior do bairro era Porto, devido
a diversas lagoas existentes no local, com extração de areia nas margens do Rio
Grande de Jurubatuba.
Histórico da Criação da Capela
No ano de 1938 um terreno foi doado por Claudino Pires e em 1949 a imagem de
Nossa Senhora voltou para o Socorro, entregue pelo Padre Caetano Felipine.
Houve procissão e queima de fogos, sendo responsável pela volta da santa a
senhora Ester de Moraes Hemmel. Em 1951 devotos alugaram uma garagem na Avenida
De Pinedo, por 3.000 Réis mensais, com missas dominicais presididas pelos
padres do Verbo Divino, da Chácara Santo Antônio.
Em 1954 o Padre Afonso de Moraes Passos veio para Santo Amaro e juntamente com Dom Paulo Rolim Loureiro, bispo auxiliar de São Paulo, providenciavam tomar posse do terreno doado por Claudino Pires, mas o terreno doado estava em uso e a família doou outro, onde foi construída uma Capela de madeira.
Em 28 de janeiro de 1960 foi empossado o primeiro padre, o vigário Manuel Antonio Tacla, que com a colaboração da comunidade foi construída a atual paróquia.
O Bairro Capela do Socorro
Um aldeamento já era existente onde hoje se situa a Capela do Socorro, fazendo
parte da Vila de Santo Amaro, São Paulo e teve sua evidência no Estado quando
se construiu a Represa de Santo Amaro, de 1906 a 1912, hoje a conhecida com
Represa de Guarapiranga, área que atualmente está incluída nos mananciais
abastecedores da Capital e área de lazer em uma orla anteriormente de 34
quilômetros quadrados, mas que já perdeu muito de sua extensão.
Nessa mesma época foi construída a Capela Nossa Senhora do Perpetuo Socorro,
marco principal de quando se atravessava a Ponte do Rio Grande. Em 1º de julho
de 1938, pelo decreto 9280 o bairro passou a distrito de paz de Capela do
Socorro, com a implantação do Cartório do Registro Civil e Notas, que por muito
tempo fixou-se na Rua dos Italianos, atual Amaro Luz, nº 155, esquina da
Avenida Atlântica, que teve a marcante do senhor Antônio, que além de suas
atribuições casamenteiras com a outorga de juiz de paz, era também diretor da
banda da localidade.
Fica criado no município e comarca da Capital o distrito de paz de Capela do Socorro, desmembrado do distrito de paz de Santo Amaro, cujas divisas são as seguintes:
"Começam no Largo de Nossa Senhora do Socorro, na margem esquerda do Rio Jurubatuba, que está sendo canalizado pela Cia. Light, descem pelo seu lado esquerdo até a desembocadura do Rio Guarapiranga, no lugar denominado Morro da Barra, onde viram à esquerda e em linha reta seguem até encontrar a estrada do M. Boi-Mirim, onde faz encruzilhada com a antiga estrada do Itupu, seguem pelo lado esquerdo da estrada M. Boi-Mirim até o ponto sobre o Rio do mesmo nome, nas divisas com o município de Itapecerica, seguem à esquerda dividindo com Itapecerica até encontrar as divisas com o município de Conceição de Itanhaém, as quais seguem até as divisas com o município de São Bernardo, as quais seguem até a margem esquerda da represa nova da Cia. Light as quais seguem pelo seu lado esquerdo até o açude da mesma que segue até o canal respectivo, o qual desce pelo seu lado esquerdo, até encontrar o ponto de partida, onde tiveram início estas divisas.”
Muitas Chácaras, clubes de campo e náuticos prevendo o grande potencial para ser implantado hotéis para suporte balneários, como previa Luís Romero Sanson, engenheiro-empresário reconhecido por ter construído a “Auto Estrada Sociedade Anonima”, hoje denominada Avenida Washington Luís, ligando São Paulo ao Socorro, e ter construído o Aeroporto de Congonhas, a Cidade Satélite de Interlagos e o Autódromo José Carlos Pace.
O Último Prefeito de Santo Amaro antes de tornar-se bairro era “socorrense”
Isaías Branco de Araújo nasceu em 13 de janeiro de 1879, sendo filho de Pedro Branco de Araujo e de Rosa Branco de Moraes.
Depoimento popular de quem viu o desenvolvimento local em 2010
Foram se chegando ao local em franca expansão as famílias de Paulo Vaz, Amaro Branco, João Hessel, também conhecido por Ambura, Silvano Klein, Cristina Luz, Antonio Alves, Amaro Ferreira, Guilherme Ficher, os da família Ponjulippi, Saturnino de Moraes, José Lameira, Cavalcanti, Martins Pelúcio, Eliseu Gusbert, Virgílio Pavanelli, Orlando Bercari, Júlio Pires, Mauro Branco Jacinto, Adão Reimberg, que os amigos chamavam de Garça, por se magro e de pernas finas, e somando a todos e que era representativa e extremamente respeitada, por muitos era a professora Amália.Seu João Zillig da Silva, com a calma dos grandes sábios, nascido em 9 de
outubro de 1927, parece eternizar aquele momento que ressalta os primeiros
encontros religiosos na casa do senhor Adão Reimberg, que cedia gentilmente, na
rua empoeirada do que um dia se tornaria a avenida De Pinedo. Descreve o balão
do bonde próximo ao largo onde a Capela possuía a imagem de Santa Terezinha,
que depois foi enviada para Embu Guaçu, dando lugar a Nossa Senhora do Socorro,
na década de 1950, onde passaram sacerdotes que demarcaram a história local:
Manoel, Tadeu, Natal, Olívio, Albino, Mario Ganezzi, Alcides, Simão Benedito,
Simão Bento, Plácido de Almeiro, Antônio Lima, Marson. Seu sobrinho Acácio
Zillig da Silva e sua esposa Maria Amélia reforçam detalhes, citando pessoas
que por contingências da vida viviam como andarilhos na região com seu
Honorato, a negra Luiza, que antes era eximir cozinheira, mas perdeu o sentido
do racional, não conseguia ter a concentração da juventude, além do personagem
Big que perambulava sem destino pelos arredores de Santo Amaro.
Memória naquele instante não faltava, começando as recordações do senhor
Jeremias Homero Bhering, nascido em 31 de outubro de 1929, por muito tempo
servindo com farmacêutico, profissão aprendida com Pascoal Militelo na
“Pharmacia Internacional”, na Avenida De Pinedo, nº 145.
As lembranças das manadas a circular vindo pelo caminho do Embu Guaçu, na
estrada da boiada, onde a Light em meados de 1946 fez a ponte e que depois
disto a atual Guarapiranga ganhou pavimento deste ponto até o Largo do Socorro,
num custo aproximado de 200 mil cruzeiros(referência monetária na época). Todo
serviço era feito em carroças atreladas aos burros, como as de Alfredo Leitão,
que chegando no local com seixos ou terra destravava a amarra “basculando” a
carga, uma inovação extraordinária para a época. Antes disso, era necessário
contornar pelo Bairro da Comporta, o Mercadinho para ter acesso ao sentido do
Largo do Socorro. Um belo dia, vindo uma manada desenfreada, desgarrou vários
bois pelos charcos, alguns foram recolhidos pelos tropeiros, mas um após a
passagem da manada ficou no local, e se tornou atração, sendo batizado de
Tenório, esse boi desgarrado de uma pelugem preta, vagava pelo local e
tornou-se integrante da farra juvenil que saciava sua sede com cerveja, que,
aliás, era sua bebida preferida!!!
Por muito tempo o local ficou com características interioranas pelo afastamento
da cidade e por este motivo era natural a cooperação entre os moradores,
facilitando ainda mais a conservação dos usos e costumes nos núcleos que
repercutiam nas festas do Divino, nas juninas, que eram animadas pelas famílias
de Benedito Fogueteiro, Pedro Mariano, que ganhavam o socorro dos barqueiros,
Orlando Candiani, e de Joaquim Capinzeiro, que abastecia o mercado da pequena
indústria de forragem de colchão com capim abundante próxima as lagoas e rios
da região.
O fato é que pelas dificuldades da época o pioneirismo desfrutou de grande
suporte popular, onde todos se ajudavam entre si, com normas de ações próprias
como um autogoverno ficou no espírito da população que forjou a saga pioneira
da Capela do Socorro.
Outros:
A
Administração Pública de Isaías Branco de Araújo na Cidade de Santo Amaro
https://carlosfatorelli27013.blogspot.com/2010/08/administracao-publica-de-isaias-branco.html
Oralidade
dos Moradores da Capela do Socorro e o Monumento da Travessia do Atlântico
https://carlosfatorelli27013.blogspot.com/2010/07/oralidade-dos-moradores-da-capela-do.html
[1] Segundo uma antiga tradição, o quadro de
Nossa Senhora Consolata foi trazido da Palestina na metade do século V por
Santo Eusébio, que o doou a São Máximo, Bispo de Turim. Este, no ano 440, o
expôs à veneração num altarzinho da igreja do Apóstolo Santo André na cidade de
Turim. Maria começou a distribuir muitas graças e o povo começou a invocá-la
com os títulos de “Mãe das Consolações”, “Consoladora dos Aflitos”, e
“Consolata” (forma popular italiana de “Consoladora”).