São Paulo era uma cidade de passagem, sem muitos atrativos como Rio de Janeiro, Bahia ou Recife. Seus recursos parcos faziam que as casas e outros edifícios fossem construídos com o que se tinha à mão, ou seja, barro e paus recolhidos nas matas que deram origem as construções de “sopapos”, ou seja, uma armação de varas entrelaçadas preenchidas com barro para a formação das paredes. Mais tarde essa técnica foi evoluindo constituindo as armações de taipa, de paredes grossas, por vezes mais de um metro de espessura, piladas, levando por vezes pedras que compunham com o barro essa estrutura, resultando o que comumente chamamos de taipa de pilão.
Por volta de 1750, Tebas ganhou fama em seu ofício de construtor, sendo o responsável na cidade de São Paulo pela construção do Chafariz de Tebas, no Largo da Misericórdia (1793), sua obra mais conhecida, de fachadas das principais igrejas paulistanas da época, como a da Ordem Terceira do Carmo (1775-1776), a do Mosteiro de São Bento (1766 e 1798), a da velha Catedral da Sé (1778), a da Ordem Terceira do Seráfico São Francisco (1783).
Antiga Igreja Matriz da Sé. Tebas construiu
a torre em 1750 e executou a reforma do prédio entre 1777 e 1778
Alforriado entre 1777 e 1778, aos 57 anos de idade, Tebas morreu no dia 11 de janeiro de 1811. O velório e o sepultamento foram realizados na Igreja de São Gonçalo, na Praça João Mendes.
O Chafariz da Misericórdia
Ali fora instalado em 1793 o Chafariz da Misericórdia, no governo do Capitão Geral de São Paulo, governador da capitania, Bernardo José de Lorena que contratou o astrônomo e geógrafo português Bento Sanches D’Orta, em 1791, para analisar a qualidade da água para consumo público em São Paulo, que possuía alto índice de insalubridade, mas nenhuma providência foi tomada para melhoria de sua qualidade.
A
construção do chafariz ficou a cargo do mestre de obras, alforriado por seu
senhor, Joaquim Pinto de Oliveira Tebas, contratado como jornaleiro por 600
réis, para edificar em pedra de quatro lados para abastecer a sedenta população
sendo o primeiro chafariz público da cidade de São Paulo.
Igreja e
Chafariz da Misericórdia (Chafariz do Tebas)
Desenho
de José Wasth Rodrigues
O Chafariz da Misericórdia, também conhecido como Chafariz do Tebas, era abastecido das águas que afluíam da formação na nascente do ribeirão Anhangabaú, que ficava no antigo Morro do Caaguaçu, onde na atualidade se situa a Avenida Paulista, na região do Paraíso. As águas eram recolhidas em barricas e depois transportadas para as residências locais por cativos que serviam seus senhores ou por homens livres denominados “aguadeiros” que se serviam deste afazer diário ao preço de 40 réis o barril de 20 litros em pipas carregadas por carroças de burros, podendo encarecer dependendo da dificuldade de fornecimento da água.
Hoje, 20 de novembro de 2020, Dia da Consciência
Negra, Tebas Arquiteto, recebe justa homenagem com a inauguração da obra na
praça Clóvis Beviláqua, em São Paulo, dos artistas plásticos Francine Moura e
Lumumba Afroindígena.