sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Os Ônibus de Emílio Guerra e a Empresa Nossa Senhora Aparecida, nos limites de Santo Amaro/SP

Emílio Guerra foi um empresário em São Paulo do ramo de transporte coletivo, proprietário  Empresa Nossa Senhora Aparecida.

Essa empresa ligava o extremo sul de São Paulo pela Estrada de Itapecerica com outros distritos que faziam limites territoriais com a região de Santo Amaro, que até 1935 possuía autonomia administrativa, depois se tornando um bairro da Cidade de São Paulo.

O ESTADO DE SÃO PAULO: 26 DE ABRIL DE 1938

No final da década de 1930 detinha as linhas que ligavam São Paulo, Cotia, Itapecerica/Embu(das Artes), São Roque, Piedade, Taboão, Caxingui, Morro Grande e Santo Amaro. Completava o raio de ação de seus coletivos o percurso feito de São Paulo a Una, hoje Ibiúna[1], pela estrada da Capital a Capão Bonito que tinha seu ponto final em Pinheiros.


O ESTADO DE SÃO PAULO: 24 DE SETEMBRO DE 1933 - PAG. 6

Sua frota possui ônibus do fabricante americano Chevrolet, que eram montados em São Paulo pelo modo CKD[2].

Tornou-se prefeito de Cotia de 4 de janeiro de 1948 a 30 de janeiro de 1951, tendo sido deputado estadual de 1955 a 1959 exercendo um segundo mandato como prefeito de 31 de janeiro de 1960 a 30 de janeiro de 1964. A cidade de Cotia tem sua oficialização como município em 2 de abril de 1856, e que foi Arraial a partir de 1723 nas terras antes pertencentes a Estevão Lopes de Camargo com o nome de Nossa Senhora de Monte Serrat de Cotia.

Contraiu matrimônio com Maria de Lourdes Santos Guerra, tendo o casal os filhos Dirceu Guerra, Jaime Guerra, Rubens Guerra, Emílio Júlio Guerra. Maria de Lourdes faleceu em 1965.


Emílio Guerra contraiu segundas núpcias com Leila Reny Bechara Guerra, tendo as filhas Mônica de Fátima Bechara Guerra e Patrícia Christina Bechara Guerra.

Foi atuante também na 3ª Legislatura[3], como deputado estadual (ALESP) de 1955 a 1959, onde apresentou vários projetos voltados para as regiões que representava.

Emílio Guerra contribuiu enormemente com sua atividade participando da emancipação de vários municípios paulistas, interligando-os por meio de sua empresa de transporte coletivo.

Emílio Guerra depois de muito trabalho veio a falecer em 23 de fevereiro de 1992.

 

Abaixo "aerofotos" de 1939/40 localidades mencionadas nesse artigo.

O trabalho foi realizado a mando do Governo Federal, sob supervisão do IGG (Instituto Geográfico e Cartográfico) pela empresa ENFA (Empresa Nacional de Fotos Aéreas) elaborados em cumprimento do Decreto Federal 311 de 2 de março de 1938. (https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1930-1939/decreto-lei-311-2-marco-1938-351501-publicacaooriginal-1-pe.html)


                                                 Santo Amaro na zona sul de São Paulo


Itapecerica da Serra, no sudoeste da Grande São Paulo


Região do Centro Urbano de Cotia em 1939



 

 

Referências:

https://www.al.sp.gov.br/alesp/pesquisa-proposicoes/?direction=inicio&lastPage=0&currentPage=0&act=detalhe&rowsPerPage=10&currentPageDetalhe=1&method=search&natureId=1&author=11563

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_prefeitos_de_Cotia

Viaduto Prefeito Emílio Guerra https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/1992/lei-7961-16.07.1992.html

https://cotiamemoriaeeducacao.blogspot.com/2015/02/memoria-prefeito-emilio-guerra.html

https://jornalcotiaagora.com.br/contos-causos-de-cotia-uma-foto-de-75-anos-e-muitas-historias/

https://camarajandira.sp.gov.br/historia-de-jandira/

http://www.cotianet.com.br/caucaia/cotihist.html

https://www.ibiuna.sp.leg.br/institucional/historia/historia-do-municipio



[1] Pelo decreto-lei estadual nº 14334 de 30 de novembro de 1944, o Município Paulista de Una passou a denominar-se Ibiúna.

[3] 3ª Legislatura (1955 a 1959) ALESP: Projetos de Lei de Emílio Guerra

Projeto de lei 1288/1958, de 30/07/1958
Retifica item da 
Lei nº 3735, de 17/01/1957 (Lei de Auxílios).

Projeto de lei 611/1958, de 02/05/1958
Cria uma escola industrial em Cotia.

Projeto de lei 610/1958, de 02/05/1958
Cria uma escola industrial em Santana do Parnaíba.

Projeto de lei 461/1958, de 22/04/1958
Criação de escola de iniciação agrícola em ibiúna.

Projeto de lei 460/1958, de 22/04/1958
Criação de escola de iniciação agrícola em Piedade.

Projeto de lei 459/1958, de 22/04/1958
Criação de escola de iniciação agrícola em São Roque.

Projeto de lei 457/1958, de 22/04/1958
Criação de uma escola de iniciação agrícola em Itapecerica da Serra.

Projeto de lei 345/1955, de 16/06/1955
Cria um grupo escolar no distrito de Itapevi, município de Cotia.

 

Padre Edmundo da Mata da Freguesia do Ó ao Jardim São Luiz/SP em 25 de outubro de 1964

Natural da Ilha da Madeira, possessão de Portugal, Pérola do Atlântico, o menino Edmundo da Mata veio ao mundo em 15 de fevereiro de 1935, através de duas famílias portuguesas tradicionais, sendo irmão gêmeo de Feliciano da Mata.


Sua mãe, Angelina Jorge, possuía fervorosa devoção e intensa religiosidade. Seu pai, homem prático, vivia na lida diária. Deste modo o casal constituiu uma família numerosa com vários filhos: Feliciano, Helder, Lucinda, Antônio, Mafalda, Alda e Orlando.


A conturbada situação econômica da Europa, prestes a eclodir a 2ª Guerra Mundial, fez com que a família decidisse rumar ao Brasil, onde aportou em 1939, indo residir na Vila Gumercindo, em São Paulo.


Seu pai, Antônio da Mata Júnior, além da grande jornada de trabalho era homem presente em relação à família. Nas madrugadas paulistanas dirigia-se ao Mercado Municipal da Cantareira, distribuição do celeiro alimentar de São Paulo, margeado pelo Tamanduateí, e onde, o Antônio “Botinudo”, este era seu apelido, transportava hortaliças, frutas e produtos dos mais variados segmentos.


Os irmãos gêmeos trabalharam no Largo Paissandu, em frente à igreja da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, com tabuleiro de frutas, mas ambos quase faliram o pai: comiam mais do que vendiam!


Foi enviado para o Seminário Menor Metropolitano do Imaculado Coração de Maria, em São Roque, estado de São Paulo. Começava ali a árdua caminhada de serviço religioso para servir a Deus juntamente com outros rapazes que formaram através dos anos as amizades que se eternizaram, e, registraram para sempre o “Morro do Ibaté”, em “ECHUS” inesquecíveis de lembranças memoráveis.


Padre Edmundo da Mata ordenou-se em 08 de dezembro de 1963, em Pleno Concílio Vaticano II, iniciado pelo Papa João XXIII e terminado em 1965, pelo Papa Paulo VI. O seu derradeiro aprendizado ainda seria completado no Seminário do Ipiranga, na Avenida Nazaré, preparando-se para sua longa jornada.


Sua primeira missão religiosa como sacerdote foi na Freguesia do Ó, na atual Matriz de Nossa Senhora da Expectação, local de grande entusiasmo religioso e onde ainda na atualidade se apresenta a bonita Festa do Divino.


O padre Edmundo deixou um dia de ser “óiense” para fazer parte da caipiragem “jardinense” e foi transferido para o bairro do Jardim São Luiz, lugar afastado nos arrabaldes da antiga cidade de Santo Amaro, mata fechada, verdadeira “boca de sertão”, e que aparecia nos mapas com o nome de “Coruroca”, trajeto indígena. Ainda no hodierno há resquício deste tempo no nome indígena na Rua Nova do Tuparoquera, reminiscência deste passado.


O referido bairro nasceu pelo decreto nº 3.079, em 15 de setembro de 1938, sendo o 30º subdistrito de Santo Amaro, primeiro bairro do lado oposto ao Rio Pinheiros, em relação a Santo Amaro, atrás do “Morro da Barra”, onde a historiografia registrou ter sido edificada em 1607, a primeira Usina de Ferro das Américas.

No final da década de 1950, a imagem de São Luís Gonzaga, padroeiro da juventude, vinha em procissão do Seminário da Rua Verbo Divino, na Chácara Santo Antônio, em Santo Amaro, para as capoeiras do Jardim São Luiz em um andor enfeitado.


Neste local iniciou-se o maior desafio do jovem Padre Edmundo, a partir de 25 de outubro de 1964, quando chegou, tendo ajuda de alguns fiéis, na consolidada Paróquia São Luís Gonzaga pelo Decreto de Criação de 21 de abril de 1960 por providência do arcebispo metropolitano Dom Carlos Carmelo de Vasconcellos Motta. Assim unia-se a juventude e a força da gente jardinense para edificar o maior projeto comunitário, quando pouco ou nada se falavam de ações sociais.


Deste modo surgia as Associações Amigos de Bairros, para reivindicações de bem feitorias locais. Nascia para o bairro Jardim São Luiz, aquele que tomaria à frente das causas inerentes da Comunidade, somando nesta trajetória incomum de meio século de vida religiosa e atuação no bairro.


Hoje a Paróquia São Luís Gonzaga, localiza-se em local privilegiado, sobre uma área construída de aproximadamente mil e quinhentos metros quadrados. Padre Edmundo sempre esteve à frente das festas patrocinadas pela colônia portuguesa, tanto as do Continente quanto das Ilhas, sendo sempre convidado em muitas cerimônias lusitanas.


Em 2004, a Câmara Municipal de São Paulo, Palácio Anchieta, outorgou-lhe o “Titulo de Cidadão Paulistano” e em 2011 a mesma Casa, homenageava-lhe com a honraria “Salva de Prata”, por serviços prestados à comunidade jardinense.


Essa trajetória foi coroada com o reconhecimento da Igreja e Padre Edmundo foi recebido pelo Papa João Paulo II, em Roma.


Pertenceu a Venerável Irmandade de São Pedro dos Clérigos da Arquidiocese de São Paulo. Padre Edmundo da Mata e a Paróquia São Luís Gonzaga confundem-se com toda a história do bairro Jardim São Luiz, hoje tendo à frente para preservar toda essa identidade religiosa do bairro, Padre Luciano.

Fotos de parte de sua trajetória: