Amadeu da Silveira Saraiva: Laços
de família e relações sociais
Amadeu da
Silveira Saraiva nasceu em 1889, e provavelmente falecido
em 1987, em São Paulo, quase centenário com muita participação na vida social
paulistana.
Filho de Severo Alonso Domingues e Virgilia da Silveira Domingues (nascida Alonso em 22
de maio de 1871).
Bisavós Virgínia e Thomas Alberto Alves Saraiva,
moraram em Amparo deslocando-se depois para São Paulo. Pode ter participado do
conselho fiscal da Moinho Santista.
Amadeu da
Silveira Saraiva tinha as irmãs Leonor (casada com Georg Przyrembel arquiteto polonês, 1885-1956)e Carmen da Silveira
Saraiva Bettenfeld (casada com Marcel Nicolas Bettenfeld)
A família fixou residência nas proximidades da Praça
da República, em um palacete existente demolido pelas obras da gestão municipal
Prestes Maia, na implantação na década de 1940, do Anel de Irradiação do Plano
de Avenidas, sendo alargada a avenida nesse processo. A residência foi demolida e conforme
depoimento ficava nas proximidades do Edifício São Thomaz, esquina da Avenida
São Luís com Avenida Ipiranga. (endereço residencial Rua São Luís, 18).
Esta gleba da Avenida São Luís pertenceu ao Coronel
Luís Antonio de Souza, sendo um caminho que se denominava de Beco Comprido. Em
1890 essas terras foram repartidas entre a família do coronel, sendo
subdividido em 16 grandes lotes em outro inventário após o falecimento da viúva
do coronel, em 1920. Em 1930 este local já possuía 17 Palacetes e a Vila
Normanda.
Amadeu
da Silveira Saraiva e a Aviação
Em 1917 foi formada a primeira turma de aviadores
entre eles estavam os tenentes Raul Ferreira Vianna Bandeira, Tenente Antonio
Augusto Schorcht, Tenente Victor de Carvalho e Silva. Em 1919, Orton Willian Hoover
foi contratado para treinar pilotos da Força Pública de São Paulo. Veio para o
Brasil em setembro de 1919 como representante da Curtiss Airgraft e foi indicado para elaborar a
pista de Pouso do Campo de Marte , na região de São Paulo, em Santana. Assim
foi fundada a “Escola de Pilotagem Hoover”, que funcionou até 1922. Depois foi
para o Rio de Janeiro onde fundou a Escola de Pilotos do Ar, que funcionou até
1924, quando regressou aos Estados Unidos.
Foi amigo de Santos Dumont a partir de 1926, quando
resolveu “brevetar” pelo Aero Clube da França. Foi proprietário de um avião
Klemm Salmson (dúvida se era motor Daimler). Tornou-se membro da Sociedade Aero
Civil de São Paulo.
Endereço da Sociedade
Aero Civil de São Paulo
Filiado ao Ae.C.B.
(FAI)
Sede: Rua
Xavier de Toledo, 9, 1º andar
Telephone
4-5797 – Caixa Postal 150
Campo Aero
Civil, Ponte Grande
O Estado de São Paulo, 12 de abril de 1966
O Sr diretor Amadeu da Silveira Saraiva, Diretor
Presidente do Museu Aeronáutico de São Paulo, foi agraciado com a “Medalha da
Aeronáutica” do Ministério dos Exércitos da França por decreto do dia 21 de
março –ultimo.A comunicação a respeito foi feita pelo senhor Joseph Frantz em
carta do seguinte teor:
“ Paris, 4 de abril de 1966; “Les Vieilles Tiges”: Sr. Amadeu da Silveira Saraiva, Presidente-Diretor Presidente do Museu Aeronáutico de São Paulo”.
Meu prezado
camarada é com a mais viva satisfação que acabei de saber que, em seguida a
nossa proposta, a Medalha da Aeronáutica lhe foi atribuída pelo Ministério dos
Exércitos (Ministère des Armées) (decreto de 21 de março de 1966 ser publicado
no próximo boletim de medalhas e recompensas) estou feliz em poder exprimir-lhe,
por tal motivo, minhas mais cordiais felicitações e as das Vieilles Tiges por
esta distinção tão merecida.
Aceite meu
prezado camarada, os protestos de minha maior consideração.
Nota: A medalha é concedida pela Association Amicale de Pionniers de L’Aviation, com sede em Paris e o comandante foi eleito para o Quadro de “Les Vieilles Tiges” onde consta nomes brasileiros como Alberto Santos=Dumont, Jorge Muller, Edu Chaves, Cícero Marques e Celso Torquato Junqueira.
Tornou-se também presidente da "Associação dos Pilotos Primeiros Brasileiros".
A Comissão de Aero-Clube do Brasil habilitou em 21 de fevereiro de 1923 o piloto João Ribeiro de Barros pelas mãos de Mauricio Lisboa e Amadeu da Silveira Saraiva.
O Estado de São Paulo, de 15 de maio de 1965 publica a Diretoria da Fundação Santos Dumont, sendo sua primeira sede à Avenida Ipiranga, 84, sobreloja, Fone 36-6202.
Presidente in memorian, Henrique Dumont Villares
Presidente Amadeu da Silveira Saraiva
1º Vice-Presidente Jacob Polacow
2º Vice-Presidente Ismael Ribeiro de Barros
1º Tesoureiro João de Moraes Barros
2º Tesoureiro Romeu Corsini
1º Secretário Joaquim Eugenio de Lima Neto
2º Secretário José de Oliveira Orlandi
O Museu da Aeronáutica da Fundação Santos Dumont foi
fundado em 1956, na comemoração do voo em Bagatelle, Paris, em 1906.
Pavilhão de História do Ibirapuera, 1965
Diretor: Piloto Aviador Amadeu de Silveira Saraiva
Conselho Supremo: Dr. Arnaldo Dumont Villares
(sobrinho de Santos Dumont)
Direção: Dr. José Ribeiro de Barros, irmão de João
Ribeiro de Barros
Amadeu da Silveira Saraiva e a Hípica Paulista
A HÍPICA REALIZA
DOMINGO UMA CAÇA A RAPOSA (26 de janeiro)
Diário da Noite, 21 de janeiro de 1930 (matéria condensada nesta crônica)
Diário da Noite, 21 de janeiro de 1930 (matéria condensada nesta crônica)
A Sociedade Hípica Paulista organizou para domingo próximo uma caça à raposa, cujo percurso abrangerá os campos de Pinheiros, Butantan e Lapa, numa extensão de 15 quilômetros, com difíceis e interessantes obstáculos naturais a transpor. Para essa corrida, em que tomam partes cavaleiros e amazonas da Hípica, foram convidados os comandantes e oficiais da 2ª Região Militar do Exército e da Força Pública do Estado.
A reunião dos caçadores
dar-se-á na sede de campo da Sociedade Hípica às 7 e meia horas e a partida
será dada ás 8 horas em ponto de onde partirão incorporados até o Monumento a
Bilac, na Avenida Carlos de Campos (nome da Avenida Paulista de 1927 a 1930,
sentido Consolação) que será o início da corrida. Servirá de raposa, o
cavaleiro da Hípica, Sr. Amadeu
da Silveira Saraiva, que acompanhou várias corridas do gênero na Europa,
está organizando com grande habilidade o percurso para a caça à raposa que terá
o traje clássico da casaca vermelha, usada no Velho Mundo.
Assim subindo a rua
Anna Cintra até o ponto da reunião, para a partida da caça, um meio cento de
cavaleiros. Imediatamente a chegada de todos o capitão Amadeu da Silveira Saraiva, montando “Sans-Parole”,
partiu a galope, levando no braço esquerdo o laço de fita simbólico de “raposa”,
correndo vertiginosamente pelo campo do Pacaembu, ora sumindo no mato, ora
saltando riacho, de galope sempre, até desaparecer ao longe, por detrás de um
morro. Após a Torre do Depósito da Água do Sumaré, foi dada
pelo comandante Salgado, a voz de caça livre.
Logo se dividiram em dois grupos
que na vanguarda tinham: Dr. Paulo Goulart; Celso C. Dias; Dona Yolanda Penteado da Silva
Telles(depois sra. Matarazzo) e dona Candinha Prates.
O outro grupo tinha na ponta:Tenente Coronel
Salgado; E. Forssell, Dona Dinah de Almeida, Fernando Prestes Neto e Dona Marietta
Meirelles. Esse último grupo logra retirar a fita da raposa acuada
Após a
caçada os concorrentes seguiram em direção a Vila Pompéia e Lapa, para o
Anastácio Country Club, em Pirituba, onde haveria uma partida de golf e onde
lhes seria oferecido um “churrasco”.
Amadeu
da Silveira Saraiva e a Fazenda Empyreo
Amadeu da
Silveira Saraiva foi amigo de Yolanda Penteado, proprietária
da Fazenda Empyreo, em Leme, situada entre Via Anhanguera e o Riacho da Fazenda
Empyreo, onde havia encontros da sociedade paulistana e por vezes usada como
campo de pouso de audazes pilotos aviadores. O local foi cogitado, no final da
década de 1950, para a implantação dos “Campos Novos do Empyreo”, local voltado
a exposições e para tornar-se a Capital do Folclore Brasileiro, por incentivo de
Renato Almeida acompanha de Edson Carneiro, Rossini Tavares de Lima, Oswald
Andrade Filho e Lourdes Borges Ribeiro. (Diário da Noite, 06 de março de 1959)
Matéria do Diário da
Noite, 21 de janeiro de 1930
Amadeu
da Silveira Saraiva e a Esgrima
Em 10 de outubro de 1929 o esportista Amadeu da Silveira Saraiva, Aparece na
Seção de Esgrima do Portugal Club, com sede no Edifício Martinelli, inscrito pela
União Brasileira de Esgrima, que à época tinha como presidente o senhor José Costa
defendendo-se com florete, espada e sabre. Havia na mesma competição o Senhor
Gastão Saraiva, que não conseguimos ter o vinculo entre ambos pelo sobre nome.
Em 1924, talvez como presidente da Federação Paulista
de Esgrima, Amadeu da
Silveira Saraiva entra no Campeonato Civil de Esgrima defendendo-se com
espada; e no mesmo campeonato há o militar Amadeu defendendo-se com sabre. Em
1925 no Portugal Club está inscrito no mesmo campeonato de defesa com florete e
sabre e depois em 1926 aparece somente inscrito na modalidade sabre.
Amadeu
da Silveira Saraiva e o Boxe
Amadeu da
Silveira Saraiva foi um “paladino do boxe paulistano e
incansável do esporte”.
Em 11 de novembro de 1929 Amadeu da Silveira Saraiva presidiu como
juiz da 5ª luta entre Manini(66,5 kg) versus Amado (65,5 kg)
Em 24 de novembro de 1929 presidiu como juiz da 4ª
luta entre Rodrigues (68,5 kg, foi aluno do treinador Caversazio) versus
Amado(66 kg) com vitória deste último por pontos.
No mesmo dia presidiu como juiz da 5ª luta entre
Laurino Armando (76,5 kg) versus o polonês Gerbich (76,5 kg), sendo este último
vencedor da luta.
Depois deste evento pugilístico Amadeu da Silveira Saraiva
em 24 de dezembro de 1929 pediu demissão para dedicar-se a aviação
A Gazeta de 13 de novembro de 1929
Amadeu
da Silveira Saraiva e o Clube Atlético Paulistano
Sócio do Clube Atlético Paulistano, Rua Columbia, Nº
1, Jardim América
Notícia do Diário Nacional de 15 de novembro de 1929
Domingo vindouro 17 de novembro de 1929, por ocasião
da Taça “Correio da Manhã” o Clube Atlético Paulistano (alvi-rubro) e o atleta
Lúcio de Castro vão ser alvo de uma significativo e justa homenagem.
Amadeu Saraiva resolveu oferecer um artístico troféu
ao Club Atlético Paulistano e homenagear também Lúcio de Castro. Saraiva
resolveu sair pilotando um avião e passar por cima do campo do Jardim América
jogando o troféu preso em para quedas ( que custou 350$000 réis).
No troféu constará: “AO GLORIOSO C. A. PAULISTANO
SAUDAÇÕES DO AEROCLUBE DE SÃO PAULO)
Lúcio de Castro: Atleta de salto com vara, onde atingiu a altura de 4,095 metros, sendo preparação para as Olimpíadas de Los Angeles de 1932.
No evento do Clube Atlético Paulistano havia platéia
de 2500 pessoas que pagaram ingressos a 5$000 réis tendo arrecadação de um
pouco mais de 12 contos.
Antonio Prado Junior à época era presidente do Clube
Atlético Paulistano, sendo também o prefeito do Distrito Federal (Rio de
Janeiro)
Diário Popular de 18 de Março de 1930
Amadeu da
Silveira Saraiva era presidente Honorário do Paulista
Moto Clube, que foi fundado em 12 de outubro de 1926, com sede social à Rua
Libero Badaró, 24, 3º andar. As provas eram realizadas nos terrenos da
Companhia City, Alto da Lapa.
No período de 7 a 15 de setembro de 1929 houve a 3ª
Conferência Nacional de Educação e demonstração
de Cultura Física do Estado de São Paulo. A comissão patrocinadora era
representada por: Dr Fábio de Sá Barreto, secretário do Estado dos Negócios do
Interior; Dr. Salles Junior, secretário da Justiça e Segurança Pública; Dom
Duarte Leopoldo e Silva, arcebispo de São Paulo; General Hanstinphilo de Moura,
comandante da 2ª região militar; Dr. Mario Bastos Cruz, chefe de polícia e Amadeu da Silveira Saraiva
que à época representava como presidente a Federação Paulista de Esgrima. As
exposições foram realizadas à Rua (avenida) Ipiranga, 24.
Amadeu
da Silveira Saraiva e o Remo
Pela primeira vez de disputava os páreos para
concorrer ao troféu, mas só poderiam disputar os “nacionaes”.
Amadeu
da Silveira Saraiva e o Ciclismo
Sobre ciclismo o Diário Nacional, publica em 22 de
janeiro de 1929:
Taciano de Oliveira foi um dos fundadores em 1925 da
Federação Paulista de Ciclismo, tendo exercido o cargo de secretário geral na
gestão de 1925 a 1926. Amadeu Saraiva e Manecão (Américo Neto?) foram baluartes
para levantamento do motociclismo e ciclismo. Amadeu Saraiva foi eleito no ano
referido acima, porem deixou a Federação tendo que se ausentar até 1929,
residindo na Suíça.
Os filiados da Federação nos primórdios foram:
Paulista Moto Clube; Brasil Esporte Clube; Esportiva
Paulista, Sociedade Bom Retiro, Perdizes, Velo Clube Ardanuy, São Paulo Moto
Clube e Cyclo Paulista.
Em 29 de outubro de 1928 houve uma das primeiras
provas ciclísticas onde foram juízes: Taciano de Oliveira, Oscar Silva, Alberto
Pucci, M Bingsbell e Guido Caloi.
Amadeu
da Silveira Saraiva e nomes da sociedade paulistana de então
Fritz de Souza Queirós
Conde Robert de Billy
Maria de Lourdes da Silva Prado
Cecília Alves
de Lima
Yolanda
Penteado
da Silva Telles
Roberto Alves de Almeida
Bia Coutinho
Christina Suplicy
Wanda de Campos
Maria Helena Queirós
Beatriz de Souza Queirós
Carmen Alves
de Lima
Heloisa da Cunha Bueno
Marília Camacho
Lauro Cardoso de Almeida
Horácio Lafer
Guilherme de Almeida
José Assunção
Jaime Teles
Jorge Pacheco e Silva
Netinho da Cunha Bueno
Edgar Batista Pereira Saraiva
Vide mais sobre essa epopeia em:
SONHOS E
REALIDADES DA AVIAÇÃO EM SÃO PAULO NO FINAL DE 1920
PIONEIROS DA
AVIAÇÃO CIVIL NO CAMPO DE MARTE EM SÃO PAULO
http://carlosfatorelli27013.blogspot.com/2011/08/pioneiros-da-aviacao-civil-no-campo-de.html
A
“Fundação Santos Dumont” e os restos mortais de Bartolomeu Lourenço de Gusmão
http://carlosfatorelli27013.blogspot.com/2013/07/a-fundacao-santos-dumont-e-os-restos.html
Georg Przyrembel: https://pt.wikipedia.org/wiki/Georg_Przyrembel (acesso em 26 de fevereiro de 2019)
Breve história da Avenida São Luís: http://www.historiaspaulistanas.com.br/index.php/avenida-sao-luis/ (acesso em 26 de fevereiro de 2019)
Avenida São Luis em São Paulo: passado, presente e futuro. Aline
Ollertz
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/05.058/3126(acesso
em 26 de fevereiro de 2019)
Boué Soeurs RG 7091 A biografia cultural de um
vestido, Rita Morais de Andrade. Tese de doutorado PUC-SP. São Paulo. 2008
Depoimento de
seu sobrinho neto Roland Pierre Julien
Jornais vários da época, anotados na crônica.
Nota importante: