terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Amadeu da Silveira Saraiva: Um Mecenas dos Esportes Esquecido da História Paulistana

Amadeu da Silveira Saraiva: Laços de família e relações sociais

Amadeu da Silveira Saraiva nasceu em 1889, e provavelmente falecido em 1987, em São Paulo, quase centenário com muita participação na vida social paulistana.
Filho de Severo Alonso Domingues e Virgilia da Silveira Domingues (nascida Alonso em 22 de maio de 1871).
Bisavós Virgínia e Thomas Alberto Alves Saraiva, moraram em Amparo deslocando-se depois para São Paulo. Pode ter participado do conselho fiscal da Moinho Santista.
Amadeu da Silveira Saraiva tinha as irmãs Leonor (casada com Georg Przyrembel arquiteto polonês, 1885-1956)e Carmen da Silveira Saraiva Bettenfeld (casada com Marcel Nicolas Bettenfeld)

A família fixou residência nas proximidades da Praça da República, em um palacete existente demolido pelas obras da gestão municipal Prestes Maia, na implantação na década de 1940, do Anel de Irradiação do Plano de Avenidas, sendo alargada a avenida nesse processo.  A residência foi demolida e conforme depoimento ficava nas proximidades do Edifício São Thomaz, esquina da Avenida São Luís com Avenida Ipiranga. (endereço residencial Rua São Luís, 18).

Esta gleba da Avenida São Luís pertenceu ao Coronel Luís Antonio de Souza, sendo um caminho que se denominava de Beco Comprido. Em 1890 essas terras foram repartidas entre a família do coronel, sendo subdividido em 16 grandes lotes em outro inventário após o falecimento da viúva do coronel, em 1920. Em 1930 este local já possuía 17 Palacetes e a Vila Normanda.

Amadeu da Silveira Saraiva e a Aviação

Em 1917 foi formada a primeira turma de aviadores entre eles estavam os tenentes Raul Ferreira Vianna Bandeira, Tenente Antonio Augusto Schorcht, Tenente Victor de Carvalho e Silva. Em 1919, Orton Willian Hoover foi contratado para treinar pilotos da Força Pública de São Paulo. Veio para o Brasil em setembro de 1919 como representante da Curtiss Airgraft e foi indicado para elaborar a pista de Pouso do Campo de Marte , na região de São Paulo, em Santana. Assim foi fundada a “Escola de Pilotagem Hoover”, que funcionou até 1922. Depois foi para o Rio de Janeiro onde fundou a Escola de Pilotos do Ar, que funcionou até 1924, quando regressou aos Estados Unidos.

Foi amigo de Santos Dumont a partir de 1926, quando resolveu “brevetar” pelo Aero Clube da França. Foi proprietário de um avião Klemm Salmson (dúvida se era motor Daimler). Tornou-se membro da Sociedade Aero Civil de São Paulo.

Endereço da Sociedade Aero Civil de São Paulo
Filiado ao Ae.C.B. (FAI)
Sede: Rua Xavier de Toledo, 9, 1º andar
Telephone 4-5797 – Caixa Postal 150
Campo Aero Civil, Ponte Grande

O Estado de São Paulo, 12 de abril de 1966

O Sr diretor Amadeu da Silveira Saraiva, Diretor Presidente do Museu Aeronáutico de São Paulo, foi agraciado com a “Medalha da Aeronáutica” do Ministério dos Exércitos da França por decreto do dia 21 de março –ultimo.A comunicação a respeito foi feita pelo senhor Joseph Frantz em carta do seguinte teor:

“ Paris, 4 de abril de 1966; “Les Vieilles Tiges”: Sr. Amadeu da Silveira Saraiva, Presidente-Diretor Presidente do Museu Aeronáutico de São Paulo”.
Meu prezado camarada é com a mais viva satisfação que acabei de saber que, em seguida a nossa proposta, a Medalha da Aeronáutica lhe foi atribuída pelo Ministério dos Exércitos (Ministère des Armées) (decreto de 21 de março de 1966 ser publicado no próximo boletim de medalhas e recompensas) estou feliz em poder exprimir-lhe, por tal motivo, minhas mais cordiais felicitações e as das Vieilles Tiges por esta distinção tão merecida.
Aceite meu prezado camarada, os protestos de minha maior consideração.

Nota: A medalha é concedida pela Association Amicale de Pionniers de L’Aviation, com sede em Paris e o comandante foi eleito para o Quadro de “Les Vieilles Tiges” onde consta nomes brasileiros como Alberto Santos=Dumont, Jorge Muller, Edu Chaves, Cícero Marques e Celso Torquato Junqueira.

Tornou-se também presidente da "Associação dos Pilotos Primeiros Brasileiros".

A Comissão de Aero-Clube do Brasil habilitou em 21 de fevereiro de 1923 o piloto João Ribeiro de Barros pelas mãos de Mauricio Lisboa e Amadeu da Silveira Saraiva.

O Estado de São Paulo, de 15 de maio de 1965 publica a Diretoria da Fundação Santos Dumont, sendo sua primeira sede à Avenida Ipiranga, 84, sobreloja, Fone 36-6202.

Presidente in memorian, Henrique Dumont Villares
Presidente Amadeu da Silveira Saraiva
1º Vice-Presidente Jacob Polacow
2º Vice-Presidente Ismael Ribeiro de Barros
1º Tesoureiro João de Moraes Barros
2º Tesoureiro Romeu Corsini
1º Secretário Joaquim Eugenio de Lima Neto
2º Secretário José de Oliveira Orlandi
O Museu da Aeronáutica da Fundação Santos Dumont foi fundado em 1956, na comemoração do voo em Bagatelle, Paris, em 1906.
Pavilhão de História do Ibirapuera, 1965
Diretor: Piloto Aviador Amadeu de Silveira Saraiva
Conselho Supremo: Dr. Arnaldo Dumont Villares (sobrinho de Santos Dumont)
Direção: Dr. José Ribeiro de Barros, irmão de João Ribeiro de Barros

Amadeu da Silveira Saraiva e a Hípica Paulista

A HÍPICA REALIZA DOMINGO UMA CAÇA A RAPOSA (26 de janeiro)

Diário da Noite, 21 de janeiro de 1930 (matéria condensada nesta crônica)

A Sociedade Hípica Paulista organizou para domingo próximo uma caça à raposa, cujo percurso abrangerá os campos de Pinheiros, Butantan e Lapa, numa extensão de 15 quilômetros, com difíceis e interessantes obstáculos naturais a transpor. Para essa corrida, em que tomam partes cavaleiros e amazonas da Hípica, foram convidados os comandantes e oficiais da 2ª Região Militar do Exército e da Força Pública do Estado.

A reunião dos caçadores dar-se-á na sede de campo da Sociedade Hípica às 7 e meia horas e a partida será dada ás 8 horas em ponto de onde partirão incorporados até o Monumento a Bilac, na Avenida Carlos de Campos (nome da Avenida Paulista de 1927 a 1930, sentido Consolação) que será o início da corrida. Servirá de raposa, o cavaleiro da Hípica, Sr. Amadeu da Silveira Saraiva, que acompanhou várias corridas do gênero na Europa, está organizando com grande habilidade o percurso para a caça à raposa que terá o traje clássico da casaca vermelha, usada no Velho Mundo.

Assim subindo a rua Anna Cintra até o ponto da reunião, para a partida da caça, um meio cento de cavaleiros. Imediatamente a chegada de todos o capitão Amadeu da Silveira Saraiva, montando “Sans-Parole”, partiu a galope, levando no braço esquerdo o laço de fita simbólico de “raposa”, correndo vertiginosamente pelo campo do Pacaembu, ora sumindo no mato, ora saltando riacho, de galope sempre, até desaparecer ao longe, por detrás de um morro. Após a Torre do Depósito da Água do Sumaré, foi dada pelo comandante Salgado, a voz de caça livre. 

Logo se dividiram em dois grupos que na vanguarda tinham: Dr. Paulo Goulart; Celso C. Dias; Dona Yolanda Penteado da Silva Telles(depois sra. Matarazzo) e dona Candinha Prates. 

O outro grupo tinha na ponta:Tenente Coronel Salgado; E. Forssell, Dona Dinah de Almeida, Fernando Prestes Neto e Dona Marietta Meirelles. Esse último grupo logra retirar a fita da raposa acuada

Após a caçada os concorrentes seguiram em direção a Vila Pompéia e Lapa, para o Anastácio Country Club, em Pirituba, onde haveria uma partida de golf e onde lhes seria oferecido um “churrasco”.

Amadeu da Silveira Saraiva e a Fazenda Empyreo

Amadeu da Silveira Saraiva foi amigo de Yolanda Penteado, proprietária da Fazenda Empyreo, em Leme, situada entre Via Anhanguera e o Riacho da Fazenda Empyreo, onde havia encontros da sociedade paulistana e por vezes usada como campo de pouso de audazes pilotos aviadores. O local foi cogitado, no final da década de 1950, para a implantação dos “Campos Novos do Empyreo”, local voltado a exposições e para tornar-se a Capital do Folclore Brasileiro, por incentivo de Renato Almeida acompanha de Edson Carneiro, Rossini Tavares de Lima, Oswald Andrade Filho e Lourdes Borges Ribeiro. (Diário da Noite, 06 de março de 1959)
Matéria do Diário da Noite, 21 de janeiro de 1930

Amadeu da Silveira Saraiva  e a Esgrima

Em 10 de outubro de 1929 o esportista  Amadeu da Silveira Saraiva, Aparece na Seção de Esgrima do Portugal Club, com sede no Edifício Martinelli, inscrito pela União Brasileira de Esgrima, que à época tinha como presidente o senhor José Costa defendendo-se com florete, espada e sabre. Havia na mesma competição o Senhor Gastão Saraiva, que não conseguimos ter o vinculo entre ambos pelo sobre nome.
Em 1924, talvez como presidente da Federação Paulista de Esgrima, Amadeu da Silveira Saraiva entra no Campeonato Civil de Esgrima defendendo-se com espada; e no mesmo campeonato há o militar Amadeu defendendo-se com sabre. Em 1925 no Portugal Club está inscrito no mesmo campeonato de defesa com florete e sabre e depois em 1926 aparece somente inscrito na modalidade sabre.

Amadeu da Silveira Saraiva e o Boxe

Amadeu da Silveira Saraiva foi um “paladino do boxe paulistano e incansável do esporte”.

Em 11 de novembro de 1929 Amadeu da Silveira Saraiva presidiu como juiz da 5ª luta entre Manini(66,5 kg) versus Amado (65,5 kg)

Em 24 de novembro de 1929 presidiu como juiz da 4ª luta entre Rodrigues (68,5 kg, foi aluno do treinador Caversazio) versus Amado(66 kg) com vitória deste último por pontos.

No mesmo dia presidiu como juiz da 5ª luta entre Laurino Armando (76,5 kg) versus o polonês Gerbich (76,5 kg), sendo este último vencedor da luta.

Depois deste evento pugilístico Amadeu da Silveira Saraiva em 24 de dezembro de 1929 pediu demissão para dedicar-se a aviação
A Gazeta de 13 de novembro de 1929

Amadeu da Silveira Saraiva e o Clube Atlético Paulistano

Sócio do Clube Atlético Paulistano, Rua Columbia, Nº 1, Jardim América
Notícia do Diário Nacional de 15 de novembro de 1929
Domingo vindouro 17 de novembro de 1929, por ocasião da Taça “Correio da Manhã” o Clube Atlético Paulistano (alvi-rubro) e o atleta Lúcio de Castro vão ser alvo de uma significativo e justa homenagem.
Amadeu Saraiva resolveu oferecer um artístico troféu ao Club Atlético Paulistano e homenagear também Lúcio de Castro. Saraiva resolveu sair pilotando um avião e passar por cima do campo do Jardim América jogando o troféu preso em para quedas ( que custou 350$000 réis).

No troféu constará: “AO GLORIOSO C. A. PAULISTANO SAUDAÇÕES DO AEROCLUBE DE SÃO PAULO)

Lúcio de Castro: Atleta de salto com vara, onde atingiu a altura de 4,095 metros, sendo preparação para as Olimpíadas de Los Angeles de 1932.
No evento do Clube Atlético Paulistano havia platéia de 2500 pessoas que pagaram ingressos a 5$000 réis tendo arrecadação de um pouco mais de 12 contos.
Antonio Prado Junior à época era presidente do Clube Atlético Paulistano, sendo também o prefeito do Distrito Federal (Rio de Janeiro)

Diário Popular de 18 de Março de 1930

Amadeu da Silveira Saraiva era presidente Honorário do Paulista Moto Clube, que foi fundado em 12 de outubro de 1926, com sede social à Rua Libero Badaró, 24, 3º andar. As provas eram realizadas nos terrenos da Companhia City, Alto da Lapa.

No período de 7 a 15 de setembro de 1929 houve a 3ª Conferência Nacional de Educação  e demonstração de Cultura Física do Estado de São Paulo. A comissão patrocinadora era representada por: Dr Fábio de Sá Barreto, secretário do Estado dos Negócios do Interior; Dr. Salles Junior, secretário da Justiça e Segurança Pública; Dom Duarte Leopoldo e Silva, arcebispo de São Paulo; General Hanstinphilo de Moura, comandante da 2ª região militar; Dr. Mario Bastos Cruz, chefe de polícia e Amadeu da Silveira Saraiva que à época representava como presidente a Federação Paulista de Esgrima. As exposições foram realizadas à Rua (avenida) Ipiranga, 24.

Amadeu da Silveira Saraiva e o Remo

Em 8 de dezembro de 1929 a Federação Paulista da Sociedade de Remo, realizará hoje a primeira disputa do Troféu “Preparação Olímpica” nas piscinas da Atlética na Ponte Grande (A.A. São Paulo). O referido troféu foi ofertado por Amadeu da Silveira Saraiva. A associação Athletica São Paulo, foi fundado em 26 de julho de 1914, com sede na Avenida Tiradentes, 290; fone 4-2224, caixa postal 1435. Os clubes inscritos foram: C.R. Tietê; Clube Esperia, A.A. São Paulo;Clube Natação Estrella; C.R. Ssaldanha da Gama, de Santos.
Pela primeira vez de disputava os páreos para concorrer ao troféu, mas só poderiam disputar os “nacionaes”.

Amadeu da Silveira Saraiva e o Ciclismo

Sobre ciclismo o Diário Nacional, publica em 22 de janeiro de 1929:
Taciano de Oliveira foi um dos fundadores em 1925 da Federação Paulista de Ciclismo, tendo exercido o cargo de secretário geral na gestão de 1925 a 1926. Amadeu Saraiva e Manecão (Américo Neto?) foram baluartes para levantamento do motociclismo e ciclismo. Amadeu Saraiva foi eleito no ano referido acima, porem deixou a Federação tendo que se ausentar até 1929, residindo na Suíça.
Os filiados da Federação nos primórdios foram:
Paulista Moto Clube; Brasil Esporte Clube; Esportiva Paulista, Sociedade Bom Retiro, Perdizes, Velo Clube Ardanuy, São Paulo Moto Clube e Cyclo Paulista.
Em 29 de outubro de 1928 houve uma das primeiras provas ciclísticas onde foram juízes: Taciano de Oliveira, Oscar Silva, Alberto Pucci, M Bingsbell e Guido Caloi.

Amadeu da Silveira Saraiva e nomes da sociedade paulistana de então

Fritz de Souza Queirós
Conde Robert de Billy
Maria de Lourdes da Silva Prado
Cecília Alves de Lima
Yolanda Penteado da Silva Telles
Roberto Alves de Almeida
Bia Coutinho
Christina Suplicy
Wanda de Campos
Maria Helena Queirós
Beatriz de Souza Queirós
Carmen Alves de Lima
Heloisa da Cunha Bueno
Marília Camacho
Lauro Cardoso de Almeida
Horácio Lafer
Guilherme de Almeida
José Assunção
Jaime Teles
Jorge Pacheco e Silva
Netinho da Cunha Bueno
Edgar Batista Pereira Saraiva


Vide mais sobre essa epopeia em:

SONHOS E REALIDADES DA AVIAÇÃO EM SÃO PAULO NO FINAL DE 1920

PIONEIROS DA AVIAÇÃO CIVIL NO CAMPO DE MARTE EM SÃO PAULO

http://carlosfatorelli27013.blogspot.com/2011/08/pioneiros-da-aviacao-civil-no-campo-de.html 


 A “Fundação Santos Dumont” e os restos mortais de Bartolomeu Lourenço de Gusmão

http://carlosfatorelli27013.blogspot.com/2013/07/a-fundacao-santos-dumont-e-os-restos.html

 

Georg Przyrembel: https://pt.wikipedia.org/wiki/Georg_Przyrembel (acesso em 26 de fevereiro de 2019)


Breve história da Avenida São Luís: http://www.historiaspaulistanas.com.br/index.php/avenida-sao-luis/ (acesso em 26 de fevereiro de 2019)

Avenida São Luis em São Paulo: passado, presente e futuro. Aline Ollertz

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/05.058/3126(acesso em 26 de fevereiro de 2019)

Boué Soeurs RG 7091 A biografia cultural de um vestido, Rita Morais de Andrade. Tese de doutorado PUC-SP. São Paulo. 2008

Depoimento de seu sobrinho neto Roland Pierre Julien

Jornais vários da época, anotados na crônica.


Nota importante:

Crônica sujeita a revisões para melhor entendimento dos fatos e acréscimos que porventura apareçam. No quesito família como foi recolhidas informações em oralidade, pode acontecer algo que precise confirmação mais detalhada. 

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