Santo Amaro e sua Sociedade Italiana de Mútuo Socorro
Nos escombros arqueológicos da historiografia encontramos uma referência de ajuda entre os imigrantes italianos com sede em Santo Amaro.
Há de se
colocar que Santo Amaro tinha um crescimento populacional baixo em relação ao
seu dimensionamento territorial de 640 quilômetros quadrados.
Conforme
apontamentos dos Recenseamentos Gerais do Brasil, Santo Amaro em 1886 possuía
6259 habitantes, e depois de 14 anos, em 1900, passou para 7132 habitantes,
dobrando essa margem em 1920, sendo estimado com 14101 habitantes. Desse número
em 1920 tinha-se em Santo Amaro 362 italianos! Esse isolamento foi quebrando-as
aos poucos depois da implantação da linha férrea “Companhia de Carris de Ferro
São Paulo a Santo Amaro”, (tramway) com equipamentos importados da Krauss, Alemanha,
construída por Alberto Kulhmann em 1886, ligando São Paulo à Santo Amaro, e que
foi usada para abastecimento da capital com gêneros alimentícios e lenha de
abastecimento energético e toras para fabricos diversos. Depois essa ligação com a capital foi
ampliada com a instalação dos bondes a partir de 1913 pela Light and Power.
BANDEIRA DA SOCIEDADE DE MÚTUO SOCORRO PRINCIPE DE NAPOLI
Esta sociedade foi fundada em 20 de outubro de 1895, com a denominação de Societa Italiana di Beneficenza Principe Di Napoli, sendo a seguinte a sua primeira diretoria:
Presidente: Alfonso Vitale (Affonso Vitalli ou Vittale)
Vice-presidente: Settimo Giannini
Tesoureiro: Eugenio Montanaro
Secretário: Abramo Montanaro
Vice-secretário: Luigi Bussolini (Bussoli)
Procurador: Andréa Paolinetti
Conselheiros: Pietro Bleinatti; Giulio Montanaro e Giacobbe Lucca (Jacob)
Foi posteriormente
reorganizada recebendo a denominação de Societa Italiana di Mutuo Soccorso XX
Settembre.
Sua nova diretoria foi assim
formada:
Presidente: Carlos Gusbertti
Vice-presidente: Enrico
Pongiluppi (proprietário de "engenho" de serra e olaria)
Secretário: Domingos Lascalla
Tesoureiro: Angelo Tanchella
Conselheiros: Angelo de Lucia; Giovanni Baroncini; Natalino Bertolini; Michele
Martella
Revisor: Giovanni Robba
Porta-bandeira: Vittorio Belotti
SEDE DA
SOCIEDADE EM SANTO AMARO/SP
A sede da
sociedade estava instalada em prédio próprio à rua Doutor Antônio Bento.
Em 25 de
agosto de 1900 celebrou-se uma cerimônia fúnebre na
Societa Italiana di Principe Di Napoli, em respeito a Humberto I.
Em 22 de dezembro
de 1911 a sociedade inaugurava prédio próprio e em 20 de janeiro de 1914 ela
pede isenção do imposto predial que é concedido deferimento por 3 anos quando o
pedido era de 5 anos.
Os italianos de Santo
Amaro iniciaram suas atividades por meio da “Sociedade Principe de Napoles”.
Em 4 de setembro de 1903
a sociedade enviou a Câmara ofício de festividades de data nacional na Itália,
em homenagem ao aniversário da reunificação italiana.
Constava no referido ofício:
“No dia 20 do corrente, às
5 horas da manhã, a distnticta banda musical “16 de Julho”, desta Villa. Percorrerá
as ruas da mesma em alvorada, queimando-se nesta ocasião uma bateria de 21
tiros.
À uma hora da tarde, na sede
da Sociedade. Reunir-se-ão os sócios e convidados, organizando-se um préstito,
que percorrerá as ruas principaes da localidade, cumprimentando a Camara
Municipal e mais autoridades.
O préstito, ao
recolher-se ao edifício da Sociedade, será fotografado.
Em seguida, no teatro “Adolpho
Pinheiro” servir-se-á um modesto jantar.
Às 8 horas da noite
começará o sarau dançante que deverá correr animadíssimo e finalizará os
festejos.”
Em 22 de dezembro de 1911
foi inaugurado o edifício destinado à sede da Societa
Italiana di Mutuo Soccorso XX Settembre, em Santo Amaro.
Aparece dentro da ajuda aos italianos a beneficência, modelo
gerador para os imigrantes de nacionalidades diversas e a italiana não fugiu à
regra, como existiu o Hospital Humberto Primo, na região da Avenida Paulista,
idealizado pela família Matarazzo. Não com a dimensão desta sociedade de
socorro aos italianos, foi incorporado em Santo Amaro, algo que estava organizado
como benefício hospitalar, agregado a Societá
Italiana di Mutuo Soccorso XX Settembre.
A Societá
Italiana di Beneficenza i Mutuo Soccorso
Está sociedade foi fundada
em 1898 com o objetivo de proporcionar aos seus associados assistência médica, monetária
e funerária, cuidando de residentes italianos ou seus descendentes residentes
em Santo Amaro. A sede social foi instalada à rua Dr Antonio Bento, 113,
compondo-se sua diretoria dos seguintes membros:
Presidente: Francisco
Cataldo
Vice: Eurico Pongiluppe
1º secretário: Roberto
Vaccaro
Vice secretário: Hugo
Benatti
Tesoureiro: Angelo Tanquella
Revisores ce contas:
Carlos Gasperti e Julio Benatti
Conselheiro Consultivo:
Angelo De Lucia, João Robba, Domingos Lascalla e João Micelli
Estava instalada em boas dependências
com grandes salões para atividades sociais, havendo intenção de criar-se um
Conservatório destinado aos filhos dos sócios de desejassem estudar música.
Conservatório Musical de “Santo
Amaro”
Este estabelecimento de
ensino musical foi fundado em setembro de 1931, pelo maestro professor Giuseppe
Brachetto, patrocinado pela Prefeitura Municipal na gestão do Dr Francisco
Ferreira Lopes. O Conservatório funcionava nos salões da Sociedade Italiana de
Santo Amaro, à Rua Antonio Bento, número 5.
Atuação “Avanguarditi” em
Santo Amaro
As sociedades estrangeiras
sobre controle de imigrantes durante a 2ª Guerra
Em de 1935 os jovens na Itália
surgem como soldados engajados ao Estado Fascista infiltrados no momento oportuno
seguindo o lema:
“Avanguardisti: vocês são
a aurora da vida, vocês são a esperança da Pátria, vocês são, sobretudo, o
exército de amanhã”.
Os jovens do grupo dos
Avanguarditi, possuíam treinamento militar avançado como em uma ação belicosa com
a habilidades militares. A década de 1930 tinha toda a formação de quadro juvenil
para posteriormente combaterem pelo Estado. O que nos revela que, na década de
1930, a educação militar, com prática de armas e de guerra, era cada vez mais
presente no dia a dia dos Avanguardisti, que tiveram participação ainda que pequena
em países onde houve imigrações italianas, e o Brasil não foi exceção.
Muitas sociedades do
Eixo, Alemanha, Itália e Japão, estiveram na mira dos aliados, e muitas
sociedades, ou alteraram seus nomes ou desapareceram. Esta é uma das hipóteses
do desaparecimento da Sociedade Italiana de Mútuo
Socorro em muitos lugares do Brasil.
Observação:
Há uma lacuna a ser
preenchida, pois não encontramos ainda documentos do porquê do desaparecimento dessa
sociedade em questão, de grande interesse pela historiografia italiana em Santo
Amaro. Se porventura aqueles que estudam a região souber o motivo, favor
colabora com tão preciosa informação!
Ref. Bibliográficas:
Caldeira, João Netto.
Álbum de Santo Amaro. São Paulo: Ed. Organização Cruzeiro so Sul. Bentivegna
& Netto. 1935
Guerra, Juvencio;
Guerra Jurandyr. Almanack Commemorativo
do 1º Centenario do Municipio de Santo Amaro. São Paulo: Estabelecimento Graphico
ROSOLILLO
Atas da Câmara Municipal
de Santo Amaro. Arquivo Histórico Municipal Washington Luís