Terras do Primeiro Matadouro Oficial de São Paulo: Questão Agraria, problema antigo!
QUADRILÁTERO DE LOCALIZAÇÃO DO MATADOURO: Rua Santo Amaro (atual Brig. Luís Antonio), Humaitá, Jaceguay (entre ambas existia a Pitanguy) e "Rua" da Liberdade
Considerações:
MAPA DE 1868: Vê-se em "AZ" localização do Matadouro idealizado por Karl Abrahan Bresser, na cabeceira do Córrego Anhangabaú, próximo a Rua Humaitá, fundo do que viria a se constituir como a Avenida 23 de Maio
O Estado de São Paulo: 13 de janeiro de 1898
Camara Municipal
Tendo pela
segunda vez o elmo. sr. dr. Muniz de Souza, na qualidade de vereador e em
sessões da camara municipal, aggredido a minha espôsa, chamando-me usurpador de terrenos da camara, preciso
esclarecer a verdade, uma vez que o sr. dr. Muniz de Souza me agride sem ter
razão de fazer.
Para que o
publico se scientifique do critério que presidiu à imputação do sr. dr. Muniz
de Souza, vou declarar como adquiri os terrenos que possúo entre as ruas da
Liberdade, Humaytá, Santo Amaro e Jaceguay.
_ A primeira parte dos aludidos
terrenos foi comprada ao Sr. Capitão Joaquim Antonio Pinheiro.
_A segunda à exma., sra. D.
Maria Telles de Escobar.
_A terceira, e desta a maior de
todas ellas, ao Sr. Berbardo Meyer.
_ E finalmente, a quarta, à
illustradissima camara municipal conforme a escritura lavrada de 1880, no
cartório do fallecido tabellião Elias Machado, declarando a vendedora ter
vendido todos os terrenos do antigo matadouro que devidem com o comprador João
Lopes Lebre, com a estrada de Santo Amaro, com terrenos de Francisco Antonio
Pedroso, e ruas do Matadouro e Liberdade e de accôrdo com uma planta que
descrimina o terreno em questão, cuja se acha na camara, por mim entregue
conjunctamente com a cópia da respectiva escriptura.
Por aqui poderá o publico
avaliar da procedência das imputações feitas
pelo sr. dr. Muniz de Souza.
Estando eu, portanto, habilitado
em face destes documentos, a provar que só me utilisei dos terrenos que
legitimamente me pertenciam, estou certo de que aquele cidadão se estivesse bem
informado da verdade, de certo não formaria a meu respeito juízo tão
desfavorável.
S. Paulo, 10 de janeiro de 1898
CONDE DE S. JOAQUIM
Nota: grafia do documento usada à época
da edição do O Estado de São Paulo de 13 de janeiro de 1898
Liberdade
“Abre as Asas Sobre Nós”
A Rua
da Liberdade possuiu várias denominações ao longo de sua história.
Chamou-se primitivamente Rua do Rego d'Água, em razão das nítidas “vertentenses
dos campos para a cidade”. Mais tarde denominou-se Rua da Pólvora, devido
ao paiol nas proximidades que alimentava com munição o quartel, caminho este que
levava à Casa da Pólvora, construída em 1754, e que se localizava nas proximidades
do atual Largo da Pólvora.
Por volta
de 1775 foi construída uma forca nas imediações, utilizada para cumprir as penas
de morte e onde muitos foram suplicados e assim ficou conhecida o nome de Rua
da Forca. Também foi chamada de Rua de Cima, pela posição privilegiada
de sua localização do morro acima do rio Tamanduateí de um lado e o Anhangabaú,
na Itororó do outro lado, hoje a Avenida Vinte Três de Maio de fluxo intenso de
veículos.
Na região
havia também a Casa Paroquial onde residiu o Capelão da Catedral, membro do
colegiado da administração da Sé o Cônego Leão José de Sena. Por esse motivo àquela
que viria a ser a Rua da Liberdade chamou-se no início do século 19, Rua
do *Cônego Leão, aparecendo como tal em referência em mapa de 1841
elaborado por Carlos Abraão Bresser (nome adotado pelo construtor de origem
alemã que elaborou o primeiro matadouro e tantas outras obras pela cidade de São
Paulo).
Partia a
rua da Liberdade entre o Largo de São Gonçalo (igreja ainda existente) e a Igreja
dos Remédios,(demolida e hoje o Fórum da João Mendes) onde fica a Praça Sete de
Setembro indo deste ponto até ao Largo da Liberdade (atualmente praça). Neste
local era o marco inicial da Estrada de Santos (depois Rua Vergueiro) partindo
da cidade de São Paulo.
Em 1865,
a via recebeu o nome de Rua da Liberdade, alterada depois para Avenida da
Liberdade, pelo alargamento desta em 1952. Este nome deveu-se ao fato da existência
no local do “Chafariz da Liberdade”, talvez em alusão aos anseios paulista de liberdade.
*Capelão da Catedral de
São Paulo, Cônego Leão José de Sena, foi um dos signatários, num total de 259 nomes,
de documento a Vossa Alteza Real Dom Pedro I, datada como São Paulo em Vereação
de 31 de dezembro de 1821, contrário ao pedido do Decreto das Cortes Gerais de
Portugal que requeria que “V.A.R. seja recolhido em Lisboa”.
Considerações:
A mudança do matadouro para o
Largo Senador Raul Cardoso, na Vila Mariana,(hoje Cinemateca) deu-se pelo fato dos detritos descerem
para os baixios do Vale do Anhangabaú causando fedor insuportável no centro da
cidade de São Paulo. Essa transferência somente mudou o problema para outro
local, pois o uso do Córrego do Sapateiro tinha o mesmo efeito, ou seja,
descartar miúdos e sangue da matança dos animais. O Córrego do Sapateiro
alimenta o Lago do Ibirapuera, descendo da República do Líbano atravessando a
Av. Santo Amaro, indo pela região do Itaim Bibi, onde hoje se encontra a
Avenida Juscelino Kubitschek, desaguando no Rio Pinheiros!!!
Focando a Liberdade, da luta de antes, é ela fruto do que almeja agora cada cidadão com liberdade responsável sem libertinagem do poder.
Focando a Liberdade, da luta de antes, é ela fruto do que almeja agora cada cidadão com liberdade responsável sem libertinagem do poder.
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