Da
ESPADA à CRUZ
Padre Manuel da
Nóbrega, padre Leonardo Nunes, padre João de Azpilcueta
Navarro, o padre Antonio Pires, além dos irmãos Vicente Rodrigues e
Diogo Jácome. Desembarcaram na Bahia em 29 de março de 1549.
“E do mar dez léguas pouco mais ou menos, duas léguas de uma povoação de João Ramalho, que se chama Piratinim, (Santo André da Borda do Campo) onde Martim Afonso de Souza primeiro povoou, ajuntamos todos que Nosso Senhor quer trazer à sua Igreja e aqueles que sua palavra e evangelho engendram pela pregação. E estes de todos deixam seus costumes e se vão extremando dos outros, e, muita esperança temos de serem verdadeiros filhos da Igreja; e vai-se fazendo uma formosa povoação, e os filhos deste são os que se doutrinam do Colégio de São Vicente”.
O padre Luiz Gonçalves da Câmara, provincial dos jesuítas em Portugal, recebe carta do provincial do Brasil, Manuel da Nóbrega, datada de 31 de agosto de 1553:
El Rey, Dom João III,
houve por bem formar Governos Gerais e enviou Tomé de Souza como primeiro governador
geral ao Brasil, formando esquadra onde estariam alguns religiosos para o bem
espiritual e conhecimento do evangelho aos gentios (autóctones). O padre Manuel
da Nóbrega da Companhia de Jesus, estudioso de Coimbra foi escolhido como
superior religioso para tal mister. A nau partiu de Lisboa a 1º de fevereiro de
1549, com seis religiosos da Companhia de Jesus (Societas Jesu o Societas Iesu, S.J. o S.I.):
Um ano após esta
primeira leva de missionários vieram outro quatro sacerdotes a saber: Salvador
Rodrigues, Francisco Pires, Manuel de Paiva e Afonso Braz.
Uma terceira leva veio
em 8 de maio de 1553, com supervisão do antigo reitor de Coimbra, Padre Luis Da
Grã, que no Brasil responderia como segundo provincial. Estavam juntamente com
o segundo governador nomeado Dom Duarte da Costa. Seguiram-no dois padres, Brás
Lourenço e Ambrósio Pires que tiveram ainda a companhia de quatro irmãos:
Gregório Serrão, João Gonçalves, Antonio Bláques e José de Anchieta, o mais
novo de todos eles. Chegaram à Bahia na armada de Duarte de Góis, em
13 de julho de 1553, numa viagem de mais de dois meses!
ANCHIETA,
O IRMÃO JOSEPHI, FOI ORDENADO SACERDOTE EM 1566
José de Anchieta nasceu em San
Cristóbal de la Laguna, Tenerife, no Arquipélago da Ilhas Canárias, terras de Espanha, em 19 de
março de 1534, filho do escrivão real Dom Juan de Anchieta, natural de Biscaia,
ao norte da Espanha, e Mência Díaz de Clavijo y Llarena, natural das Canárias. Parente,
por linhagem paterna, de uma família de nobres dos Loyolas; a mesma do fundador
da Companhia de Jesus, Íñigo López
de Loyola, (Ignácio de Loyola, 1491-1556) pertencia a estirpe basca dos rígidos soldados da Península Ibérica. Transfere-se
para Coimbra para estudar no Real Colégio das Artes ingressando na Companhia de
Jesus em Coimbra, em 1551.
Tinha facilidade de domínio da prosa e verso, sendo parte da criadora dramaturgia que o impulsionou na vida, além de ser versado em latim para o que lhe competia a compreensão dos estudos da filosofia cristã. José de Anchieta veio ao Brasil em 1553, com apenas 19 anos de idade, chegando a Casa da Bahia e logo depois transferido para a Capitania de São Vicente. Após sua ordenação ocorrida em junho de 1566, foi nomeado superior em 1567, cargo que manteve até 1577.
Nestas terras passou ao domínio da língua gentílica através de ocupação da conversão destes naturais.
Esteve com o terceiro governador geral do Brasil, Mem de Sá e seu sobrinho Estácio de Sá no ano de 1565[1], quando vencendo os franceses, fizeram-se os assentos da cidade onde se tornou a Capitania Real do Rio de Janeiro e mais tarde sede (1763) do Governo Geral, em substituição a Salvador.
Tinha facilidade de domínio da prosa e verso, sendo parte da criadora dramaturgia que o impulsionou na vida, além de ser versado em latim para o que lhe competia a compreensão dos estudos da filosofia cristã. José de Anchieta veio ao Brasil em 1553, com apenas 19 anos de idade, chegando a Casa da Bahia e logo depois transferido para a Capitania de São Vicente. Após sua ordenação ocorrida em junho de 1566, foi nomeado superior em 1567, cargo que manteve até 1577.
Nestas terras passou ao domínio da língua gentílica através de ocupação da conversão destes naturais.
OS AMIGOS
DO PASSADO, SUBJUGADOS NO PRESENTE, SEM FUTURO, CAÇADOS EM “ALTA MIRA” APONTADA
PELO INIMIGO INVASOR NO "BELO MONTE PASCOAL"!
Esteve com o terceiro governador geral do Brasil, Mem de Sá e seu sobrinho Estácio de Sá no ano de 1565[1], quando vencendo os franceses, fizeram-se os assentos da cidade onde se tornou a Capitania Real do Rio de Janeiro e mais tarde sede (1763) do Governo Geral, em substituição a Salvador.
Anchieta subiu muitas vezes ao
planalto pelos caminhos de Paranapiacaba, em São Paulo, num caminho próprio de
seus trajetos do litoral. Os provinciais dessa época tinham sido Manuel da Nóbrega
(1549-1559), passando depois por Luis Da Grã (1559-1571) e Inácio Tolosa (1572-1577),
sendo então Anchieta nomeado como provincial após sua última profissão de fé
para os administradores, reconhecida em 8 de abril de 1577, sendo a sede (SÉ)
na Bahia, percorria de Itamaracá a Itanhaém em barco a vela.
SANTO ANDRÉ DA BORDA DO CAMPO
Em citação do Padre Manuel da
Nóbrega em Cartas do Brasil e mais Escritos temos a referência seguinte:
“E do mar dez léguas pouco mais ou menos, duas léguas de uma povoação de João Ramalho, que se chama Piratinim, (Santo André da Borda do Campo) onde Martim Afonso de Souza primeiro povoou, ajuntamos todos que Nosso Senhor quer trazer à sua Igreja e aqueles que sua palavra e evangelho engendram pela pregação. E estes de todos deixam seus costumes e se vão extremando dos outros, e, muita esperança temos de serem verdadeiros filhos da Igreja; e vai-se fazendo uma formosa povoação, e os filhos deste são os que se doutrinam do Colégio de São Vicente”.
Em 8 de abril de 1553 realiza-se
a primeira eleição no Planalto dos Piratininguara[2] com a instalação da Câmara de vereadores de Santo
André da Borda do Campo, (sem algo que possa posiciona-la na atual cidade de
mesmo nome) a Vila do Capitão Mor João
Ramalho.
O padre Luiz Gonçalves da Câmara, provincial dos jesuítas em Portugal, recebe carta do provincial do Brasil, Manuel da Nóbrega, datada de 31 de agosto de 1553:
“Neste
Campo está João Ramalho, o mais antigo homem que está nesta terra. Tem muitos
filhos e mui aparentados em todo este sertão, E o mais velho deles levo agora
comigo ao sertão por mais autorizar nosso ministério. João Ramalho é muito
conhecido e venerado entre os gentios e tem filhas casadas com os principais homens
desta Capitânia, e todos estes filhos e filhas são de uma índia, filha dos
maiores e mais principais desta terra”.
O REAL
COLÉGIO DE SÃO PAULO
A instalação do Real Colégio de
São Paulo concretizou-se com a celebração da primeira missa em 25 de janeiro de
1554 pelo padre Manuel Paiva. O jovem José de Anchieta deixou registrado em seu
diário:
"Para
sustento destes meninos, a farinha de pau era trazida do interior, da distancia
de 30 milhas. Como era muito trabalhoso e difícil por causa da grande aspereza
do caminho, ao nosso Padre (Manuel da Nóbrega) pareceu melhor no Senhor
mudarmo-nos para esta povoação de índios que se chama Piratininga. Isto por
muitas razões: primeiro, por causa dos mantimentos; depois, porque se fazia nos
portugueses menos fruto do que se devia... Por
isso, alguns irmãos mandados para esta aldeia no ano do Senhor de 1554,
chegamos a 25 de janeiro e celebramos a primeira missa em uma casa pobrezinha e
muito pequena no dia da conversão de São Paulo, e por isso dedicamos ao mesmo
nome a esta Casa."(negrito ref. Blog)
Tratava-se de "uma pobre casinha feita de barro e paus, e coberta de palhas, tendo quatorze passos de comprimento e apenas dez de largura, onde estão ao mesmo tempo a escola, a enfermaria, o dormitório, o refeitório, a cozinha e a dispensa", conforme citação do “padre” José de Anchieta, local este que serviu como a primeira estrutura catequética dos índios da Capitania de São Vicente.
Tratava-se de "uma pobre casinha feita de barro e paus, e coberta de palhas, tendo quatorze passos de comprimento e apenas dez de largura, onde estão ao mesmo tempo a escola, a enfermaria, o dormitório, o refeitório, a cozinha e a dispensa", conforme citação do “padre” José de Anchieta, local este que serviu como a primeira estrutura catequética dos índios da Capitania de São Vicente.
Os superiores deveriam escrever
ao Superior Geral da Ordem, Ignácio de Loyola, em Roma, a cada quatro meses com
informações dos trabalhos missionários. As cartas escritas por José de Anchieta
em sua maior parte foram escritas em espanhol e latim, tendo o hábito de
redigir com duplicatas. Aquela que deveria ser postada como correspondência em
junho de 1554, referindo-se missa e a
instalação do Real Colégio de São Paulo foi desencaminhada por algum
motivo, mas que felizmente Anchieta faz nova referência ao fato na carta datada
de 1º de setembro de 1554, esta que é tomada como “certidão de batismo” da cidade de São Paulo.
O Padre José de Anchieta fez o
serviço que lhe competia como provincial até a vinda de seu substituto, Pero
Rodrigues, em agosto de 1594, sendo feito Superior da Ordem, e despedindo-se
com seu passamento em 9 de junho de 1597, na aldeia de Iriritiba ou Reritiba,
no Espírito Santo. Foi nomeado “Apóstolo do Brasil” pelo administrador
apostólico do Rio de Janeiro, Bartolomeu Simões Pereira.
CONSIDERAÇÕES
As cartas de José de Anchieta
encontram-se em sua quase totalidade no Arquivo da Companhia de Jesus, em Roma.
A Companhia de Jesus
sofreu supressão através de papa Clemente XIV, em 1773, sendo a Ordem
restaurada no pontificado de Pio VII, em 1814. A beatificação de Anchieta teve
inicio em 1624 através de comissão encomendada por Urbano VIII, mas a campanha
já havia sido iniciada na Capitania da Bahia em 1617. Foi beatificado pelo papa
João Paulo II em 22 de junho de 1980, talvez o processo religioso mais longo da
história feito pelo Vaticano!
Em 1622, na cidade do Rio de Janeiro, várias
senhoras da cidade de São Paulo, entre elas Suzana Dias e Leonor Leme, que o
conhecerem, depuseram em seu favor, no seu processo de beatificação. Leonor
Leme, matriarca da família Leme paulista, uma das depoentes, disse que "assistiu
ela à primeira missa celebrada em São Vicente pelo Padre José de Anchieta, em1567,
e que ele se confessou depois muitas vezes".
"Todos o tinham por santo publicamente!" (Leonor Leme)
Referências:
Revista do Arquivo Municipal, Antologia, 202.
São Paulo, 2004
VIOTTI, Hélio
Abranches, S.J. Pesquisa e Organização. “Cartas-Correspondência Ativa e Passiva
do Pe. Joseph de Anchieta”. São Paulo: Edições Loyola, 1984
Exposição "Os
Empreendedores: de Anchieta aos novos tempos" com edição “Minhas Cartas”, por José de Anchieta: Material dos
arquivos históricos da Companhia de Jesus, no Vaticano, trazidas por iniciativa
da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) em conjunto com o “Pateo do
Collegio” em comemoração aos 450 anos da cidade de São
Paulo.
MADRE DE DEUS, Frei Gaspar da, Memórias para a
História da Capitania de São Vicente. São Paulo e Rio: Weisflog Irmãos,
1920(Terceira edição)
Padre Manoel da Nóbrega, Cartas do Brasil
(1549-1560). Opera Omnia. Edição do Padre Serafim Leite, Coimbra, 1955.
LEITE, Serafim, S.I.
História da Companhia de Jesus no Brasil. Rio de Janeiro.Instituto Nacional do
Livro. Livraria Portugalia, Lisboa.. 1945- Tomo VI
ECHANIZ, Ignácio, S.J.
Paixão e Glória História da Companhia de Jesus em Corpo e Alma.Tomo
I-Primavera(1529-1581). São Paulo: Edições Loyola
BARBOSA, Maria de
Fátima Medeiros. As Letras e a Cruz-Pedagogia da Fé e ESt´ttica Religiosa na
Experiência Missionária de José de Anchieta, S.I.(1534-1597). Roma: Editrace
Pontificia Università Gregoriana, 2066.
SOUTHEY, Robert.
Tradução Luís Joaquim de Oliveira e Castro. História do Brasil. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 5ª Edição
[1] Estácio
de Sá, com ajuda do Governador Mem de Sá e de tropas da Capitânia de São
Vicente aportou
no dia 28 de fevereiro, com sua esquadra entre um penhasco de granito (Pão de
Açúcar) situado à entrada da baía de Guanabara e o morro Cara de Cão, atual São
João. Após forte combate contra tropas francesas, no dia 1º de março de 1565, fundou
oficialmente a cidade São Sebastião do Rio de Janeiro, em lembrança ao Rei Dom
Sebastião I de Portugal, neto de Dom João III, da dinastia de Avis, escolhendo
o santo de mesmo nome para padroeiro, comemorado em 20 de janeiro.
[2] Piratininguara
significa em tupi-guarani: “o morador de Piratininga” ( piratininga + guara). É
uma palavra indígena que definia, até 1560, o morador dos Campos de
Piratininga, atual cidade de São Paulo. "Piratininga", segundo Silveira
Bueno, é vocábulo tupi que significa "peixe seco". (pirá,
peixe e tininga, seco).
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