sexta-feira, 1 de abril de 2016

Algacyr da Rocha Ferreira: Santo Amaro, Sua Arte Viva e os Vitrais Conrado Sorgenicht

A arte imita a vida ou a vida imita a arte?

O artista Algacyr da Rocha Ferreira nasceu em São Paulo em 03 de junho de 1937,  sendo seus pais Carlos Maria da Rocha Ferreira e Irany Cuoco da Rocha Ferreira, completando a família seu irmão Antonio Carlos da Rocha Ferreira.


Teve seu caminho artístico inicialmente direcionada pelo seu tio, o mestre laureado Joaquim da Rocha Ferreira[5] que detinha a técnica de mosaicos e pintura em mural afresco. Sempre atento nas novas tendências frequentou a Escola de Belas Artes de São Paulo  e ainda na Fundação Álvares Penteado  estudou a técnica da arte litográfica com Marcelo Grassmann[1] e Darel de Valença Lins[2].


Atuou com ilustrador do Diário de São Paulo e capas de revistas. Fez sua primeira exposição individual na inauguração da Galeria CBI, no Estado do Rio de Janeiro.


Teve o prazer de participar da pioneira e maior empresa de Vitrais do Brasil, a Casa Conrado fundada pelo artista alemão Conrado Sorgenicht[3] onde adquiriu experiência em painéis esmaltados, vitrificados, gravação por jato em areia e espelhos.

Com essa gama de experiência dos “Vitrais Conrado Sorgenicht”[4] que possuía escritório na Rua Bela Cintra, 67 e a parte de produção na Rua Clodomiro Amazonas, no Itaim Bibi, tendo participação do mosaicista seu tio Joaquim da Rocha Ferreira[5], Algacyr aprimorou-se em painéis esmaltados e aprofundou-se da Arte de Vitrais Sacro tornando-se eximiu restaurador sobre orientação da família Conrado, onde era requisitado para reposição de peças em igrejas, edifícios e bancos.

Conrado Adalberto Sorgenicht (1902-1994), neto do fundador é único dos três Conrados nascido em São Paulo. Já como Sociedade Civil Técnico Decorativa Conrado Sorgenicht Filho Ltda assume como sócia a administração da empresa sua esposa Carolina de Revoredo Sorgenicht. Aparece então a nova sociedade assinada por Conrado Adalberto Sorgenicht que também assinava Conrado Sorgenicht Filho sendo feita admissão da sócia Carolina de Revoredo Sorgenicht e Ivan Fleury Meireles.


Algacyr da Rocha Ferreira figura ainda como Sócio Fundador da Academia Paulista de Belas Artes. Em 1980, já conhecido da arte compõe a Comissão Organizadora do 1º Salão da Academia Paulista de Belas Artes. Em 1987 assumi como presidente do júri do 50º Salão Paulista de Belas Artes. Em 1997 integrou a Comissão Organizadora do 41º Salão Paulista de Belas Artes. 

Foi largamente laureado em obras que apresentou em exposições e que hoje fazem parte de coleções particulares e acervos de galerias.

Junto com vários outros artistas santamarenses fundou a Associação dos Artistas de Santo Amaro, AASA, tendo participação efetiva juntamente com Iracema de Almeida, Marli Cuoco, Eline Martiniano de Carvalho, somado a outros tantos e tendo um impulso de mérito destes artistas na gestão de Carlotta Clara Bauchmann.

Teve em todo esse cabedal a felicidade de trabalhar com Julio Guerra[6], grande artista que detinha a arte do afresco, com mosaico em alto relevo, possuindo grandes obras de vulto de grande representatividade artística, sendo Algacyr um restaurador que já compôs monumentos do referido artista.


Ainda em plena atividade artística o “professor” Algacyr leciona em seu ateliê, localizado em Santo Amaro, à Rua Elias Zarzur, 195, onde transmite a arte em bico de pena, afresco, vitrais, pastel e mosaico.
 

Essa sensibilidade artística é repartida ainda com sua esposa Miriam da Rocha Ferreira e as filhas Monica, Paula, Marina e Gabriela de onde tirou a inspiração para constituir a PMG Studio, sua empresa, onde está em franca atividade artística , sendo seu mote principal a região de Santo Amaro, que tem como inspiração.




“SANTO AMARO EM BICO DE PENA”: ALAMEDA DAS SAUDADES


(Denominação dada pelo próprio artista ALGACYR DA ROCHA FERREIRA)









Referências:

Depoimento feito em 10 DE AGOSTO DE 2015 no ateliê do artista Algacyr da Rocha Ferreira

Outras referências fixadas nas notas de rodapé

Crônica sujeita a alterações para aproximar-se da historiografia local com depoimentos de santamrenses.











[1] Marcelo Grassmann (São Simão, 1925 - São Paulo, 2013). Gravador, desenhista, ilustrador, professor. Estuda fundição, mecânica e entalhe em madeira na Escola Profissional Masculina do Brás, em São Paulo, entre 1939 e 1942. Passa a realizar xilogravuras a partir de 1943. Atua como ilustrador do Suplemento Literário do Diário de São Paulo, entre 1947 e 1948, e do jornal O Estado de S. Paulo, em 1948. Reside no Rio de Janeiro a partir de 1949, atuando como ilustrador do Jornal do Estado da Guanabara. Freqüenta, no Liceu de Artes e Ofícios, os cursos de gravura em metal, com Henrique Oswald (1918 - 1965), e de litografia, com Poty (1924 - 1998). Em 1951, recebe prêmio aquisição da 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon. Em 1952, reside em Salvador, onde trabalha com Mario Cravo Júnior (1923). Participou de diversas edições da Bienal de Veneza e de São Paulo. Recebe, em 1953, o prêmio de viagem ao exterior do Salão Nacional de Arte Moderna - SNAM, e viaja para Viena, onde estuda na Academia de Artes Aplicadas.. Passa a dedicar-se principalmente ao desenho, à litografia e à gravura em metal. Em 1969, sua obra completa é adquirida pelo governo do Estado de São Paulo, passando a integrar o acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Em 1978, a casa em que nasceu, em São Simão, é transformada em museu, por iniciativa da Secretaria de Cultura, Ciência e Tecnologia de São Paulo, e tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo - Condephaat no mesmo ano. Entre 1991 e 1992, Grassmann é bolsista da Fundação Vitae, em São Paulo.

[2] Darel Valença Lins (Palmares PE 1924). Gravador, pintor, desenhista, ilustrador, professor. Estuda na Escola de Belas Artes do Recife, atual Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, entre 1941 e 1942, e atua como desenhista técnico. Muda-se para o Rio de Janeiro em 1946. Estuda gravura em metal com Henrique Oswald (1918 - 1965) no Liceu de Artes e Ofícios, em 1948. Dois anos depois, entra em contato com Oswaldo Goeldi (1895 - 1961). Atua como ilustrador em diversos periódicos, como a revista Manchete e os jornais Última Hora e Diário de Notícias. Entre 1953 e 1966, encarrega-se das publicações da Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil. Com o prêmio de viagem ao exterior, recebido no Salão Nacional de Arte Moderna - SNAM do Rio de Janeiro, em 1957, viaja para a Itália, onde permanece até 1960. Ilustra diversos livros, como Memórias de um Sargento de Milícias, 1957, de Manuel Antônio de Almeida (1831 - 1861); Poranduba Amazonense, 1961, de Barbosa Rodrigues (1842 - 1909); São Bernardo, 1992, de Graciliano Ramos (1892 - 1953); e A Polaquinha, 2002, de Dalton Trevisan (1925). Leciona gravura em metal no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp, em 1951; litografia na Escola Nacional de Belas Artes - Enba, no Rio de Janeiro, entre 1955 e 1957; e na Faculdade de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado - Faap, em São Paulo, de 1961 a 1964. Entre 1968 e 1969, realiza painéis como os do Palácio dos Arcos, sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília.

[3]Em1874 chega a São Paulo o artesão Conrado Sorgenicht (1835-1901), vindo de Essen, região ao norte da Alemanha, local de imensas catedrais góticas, onde a guerra franco-prussiana assolara parte da Europa, aceitando a imigração em curso no Brasil, aportou com a família em Cananéia, litoral de São Paulo. Busca trabalho na capital paulista e começa uma pequena oficina onde oferece serviços de pintura de ornamentos, imitações de madeira, faixas decorativas, tapeçaria e vidros planos para vidraças. Foi surpreendido pela intensidade do sol tropical, que tornavam as cores do vidro ainda mais intenso daquela conhecida da Europa. São Paulo cresce, e o ateliê vê novos perspectivas de trabalho. Assim em 1889 fundou a “Casa Conrado”, que desenvolveu a atividade do vitral, pioneirismo no Brasil, criando ao longo do tempo mais de 600 obras espalhadas pelo país. Originária do Oriente no século 10, essa técnica ganharia espaço nos principais prédios públicos, igrejas e mansões paulistanas. A família cresceu e seguiram-se três gerações de “vitralistas”, três Conrado Sorgenicht, pai, filho e neto.
Há dois momentos distintos da elaboração dos vitrais mais significativos. O primeiro período decorre de 1920 a 1935 quando o ateliê tem a direção Conrado Sorgenicht (filho). O segundo vai 1950 a 1965, época quando assume Conrado Adalberto Sorgenicht (neto).
Nas obras do arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo possuía a marca Conrado em seus vitrais, dando leveza e arte aos projetos.

[4] A empresa foi autora dos vitrais da Estação Sorocabana, Teatro Municipal, a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, a Catedral da Sé e mais 300 igrejas brasileiras. A confecção dos vitrais do Mercado Municipal demandou a Conrado cinco anos de trabalho árduo iniciados no final da década de 1920. O ponto alto da decoração eram os 55 vitrais em estilo gótico, executados com vidros coloridos vindos da Alemanha, retratando cenas do campo. As peças eram de autoria de Conrado Sorgenicht Filho. No final dos anos 80, Conrado Sorgenicht Neto se encarregou da restauração dos vitrais que seu pai havia criado sessenta anos antes.


[5] Joaquim Ferreira da Rocha (1900: São Paulo, SP – 1965: Idem). Pintor, mosaicista e professor. Iniciou seus estudos artísticos no Liceu de Artes e Ofícios, em São Paulo.
Transferiu-se para Escola Nacional de Belas Artes, onde foi aluno de Lucílio de Albuquerque, no Rio de Janeiro. Viajou para Europa com Julio Guerra, sendo
agraciado com prêmio em arte na Itália, onde se encantou com os mosaicos bizantinos de Ravena, observando a técnica de grandes artistas na Península. Joaquim da Rocha Ferreira, em 1945, contraiu matrimônio com Bianca Maria da Rocha Ferreira na Itália. Participou, entre outras, das seguintes exposições coletivas:
1921, 24, 32 e 36 – Salão Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro (menção honrosa na edição de 1921, medalha de bronze na de 1924, medalha de prata na de 1932, prêmio de viagem ao exterior na de 1936).
1948, 53, 54, 58, 60, 62 e 64 – Salão Paulista de Belas Artes, Galeria Prestes Maia, São Paulo (pequena medalha na edição de 1948 e prêmio viagem ao exterior na de 1962). Foi lembrado, postumamente, na seguinte exposição:
1965 – Salão Paulista de Belas Artes, São Paulo, medalha de honra.

Fontes
LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. p. 448, Artlivre, Rio de Janeiro, 1988.


[6] Júlio Guerra (1912- 2001: Santo Amaro/SP). Escultor e pintor
Iniciou seus estudos na Escola de Belas Artes de São Paulo, em 1930, onde foi aluno de Amadeu Zani. Receberia influência de renomados escultores, como Vitor Brecheret, auxiliando-o na escultura Duque de Caxias de 1942 a 1946, além de Bruno Giorgi e Ernesto de Fiori, mas não aderiu inteiramente aos postulados estéticos dessa corrente, buscando outras alternativas de formas. Em 1938 recebeu do governo paulista um prêmio de viagem ao exterior, o que lhe permitiu ir a Itália e difundir a arte na América do Sul. Em 1946 conquistou a medalha de ouro no Salão Paulista de Belas Artes. Nas décadas de 1950 e 1960 participou de várias edições do Salão Paulista de Arte Moderna, nas quais recebeu diversas premiações, e da Bienal Internacional e São Paulo. Produziu esculturas que ocupam espaços públicos na capital paulista, como do bandeirante Borba Gato, na Avenida Santo Amaro; o mural do Teatro Paulo Eiró, na Avenida Adolfo Pinheiro; e a estátua Mãe Preta, no largo do Paissandu, o Monumento aos Romeiros de Santo Amaro, na Praça Dr. Francisco Ferreira Lopes, na Avenida João Dias. Obras de sua autoria integram os acervos da Pinacoteca do Estado de São Paulo e do Museu de Arte Contemporânea, em Figueira da Foz, em Portugal. Principais exposições coletivas: 1941-46 – Diversas edições do Salão Paulista de Belas Artes, São Paulo, SP – pequena medalha de ouro (1946). 1951-66 – Diversas edições do Salão Paulista de Arte Moderna, São Paulo, SP – grande medalha de ouro e prêmio viagem ao país (1956). 1951-61 - 1ª, 2ª, 3ª, 5ª e 6ª edições da Bienal Internacional de São Paulo, São Paulo, SP.
Fontes
CAVALCANTI, Carlos. Dicionário Brasileiro de Artistas Plásticos. Brasília: MEC/INL, 1974.
MATTOS, Paula de Vincenzo Fidelis Belfort. Júlio Guerra e o Modernismo. Integração. Ano X, n. 38, 2004.

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