O
escultor de São Paulo, BOTINA AMARELA DE SANTO AMARO
Por
encomenda do prefeito José Vicente Faria Lima, (1909-1969) o escultor Júlio
Guerra executou uma imagem do apóstolo São Paulo em pé, em posição frontal que
traz nas mãos “A Espada e o Livro, Símbolo da
sua Missão, A Lei”, vestido com uma
simples túnica curta que anteriormente era pintada na cor vermelha e colocada
no centro dos dois Túneis da Avenida 9 de Julho, sem festa ou inauguração no
dia 9 de julho de 1969.
Inicialmente projetada,
conforme modelo, para a fachada dos Túneis da Avenida 9 de Julho, foi removida
do “lugar maldito” (onde antes fora colocado “O Beijo” hoje em frente a
Faculdade de Direito do Largo São Francisco) em 1972, sendo alegado à época que
“São Paulo” estava sujeito à poluição e fuligem provocada pelo trânsito intenso
e levado para um depósito municipal que havia na Rua 25 de Março.
“Os gregos esculpiam o
belo para agradar os deuses, mas os romanos não. Eu estudei a escultura dos
romanos, que esculpiam para agradar o povo, e por não mentiam: meu São Paulo é
a peça mais autentica que já fiz.”
(Depoimento para Folha
de São Paulo em 20 de abril de 1988)
Dos anos de sua
retirada (1972) até o ano de 1986 ela ficou em depósito municipal que devido ao
fato recebeu o comentário irônico de seu autor em depoimento a Folha de São Paulo
de 15 de maio de 1975:
“Na Prefeitura
disseram-me que levaram meu São Paulo para dar um banho.”
Esta obra “Apóstolo São
Paulo” faz parte daquelas que “andam” pela cidade de São Paulo que a professora
Giselle Beiguelmam da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de
São Paulo intitula com propriedade ser “monumentos nômades”[1].
Nas fotos de André Turrazzi, parte da exposição, está incluída a obra de Júlio
Guerra, “São Paulo – Tecelão, Apóstolo Cristão”,
que se inclui no âmbito destes “monumentos peregrinos” da Cidade de São Paulo, pois São Paulo não permaneceu no local para onde foi encomendado.
Foto de André Turrazzi: Mostra "Memória da Amnésia"
Em 23 de julho de 1988,
no governo do então prefeito Jânio da Silva Quadros a obra de Julio Guerra foi reinaugurada
em 23 de julho de 1988 no Largo Los Andes, próximo ao Shopping Center Morumbi
no cruzamento onde esta sendo ampliada a Avenida Doutor Chucri Zaidan.
Aguardemos que a “estátua”
São Paulo permaneça neste lugar homenageando os 462 anos e os vindouros da
cidade que leva seu nome!
Referências:
YAJIMA, Eiji. Júlio Guerra,
Artista Amador, Formação Acadêmica Conflitante com Tendências Modernas. São
Paulo: Univ. Presbiteriana Mackenzie, 2000, p. 60
http://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,avenida-9-de-julho-o-lugar-das-estatuas-malditas,11834,0.htm
(acessada em 25 de janeiro de 2016)
Prefeitura retira mais
uma estátua da cidade. O Estado de São Paulo 19 de novembro de 1972
Folha de São Paulo, 15 de
maio de 1975
Folha de São Paulo, 20 de abril de 1988
O Estado de São Paulo, 25 de janeiro de 2016, Metrópole, p. H 16(entrevista Elza
Maria Hessel Guerra Sanches)
[1] Exposição,
inaugurada dia 12 de dezembro, no Arquivo Histórico de São Paulo, na Praça
Cel. Fernando Prestes, 152, Luz permanecendo até 25 de fevereiro de
2016.
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