O Idealismo do Jornalismo de
Bairro
O jornalista Victor
Manzini, precisamente em 20 de janeiro de 1874, na cidade de Mantua, Itália,
vinda na primeira diáspora de imigrantes italianos do final do século 19 e início
do 20 a “fazer a América”. Deste modo desembarca no Porto de Santos a família
Manzini em 1º de novembro de 1888, indo para o “descampado” da Vila Mariana e
ali se fixando, periferia da capital.
O alfaiate Marco
Manzini e sua esposa dona Matilde trazia muita vontade de trabalhar e muitos
sonhos, acompanhados de uma grande família que além do garoto Victor, tinha ainda
os irmãos Giovanni, Humberto, Garibaldi, Elvira, Arduina[1]
e Florentina.
Humberto, logo que
chegou ao Brasil entrou para o seminário, ordenando-se sacerdote foi enviado
para a cidade de Serra Negra onde exerceu com afinco a missão do compromisso
religioso por 25 anos tornando-se vigário local e depois já exercendo o cargo
de Monsenhor serviu como pároco na Paróquia de São Gabriel Arcanjo do Jardim
Paulista nomeado em 20 de outubro de 1941. (Correio Paulistano, 24 junho de
1941).
Victor Manzini
dedicou-se ao comércio de resmas de impressão e livros deslocando-se para Santo
Amaro através dos bondes que ligavam o bairro da Vila Mariana. Santo Amaro era um
local ainda em desenvolvimento uma “boca de sertão” com “mato grosso” para
todos os lados, que ainda era uma cidade com autonomia administrativa, interior
de São Paulo.
Em
1905 casou-se no Cartório de Vila Mariana com Francelina Seckler, de origem
alemã ligada amuitos outros descendentes da Colônia Paulista implantada em 1829
em Santo Amaro onde o casal fixou-se. Em 1908 emprega-se juntamente com o irmão
Giovanni como maquinista dos Tramway[2]
da “Companhia de Carris de Ferro de São Paulo a Santo Amaro”, locomotivas fabricadas na Alemanha, as TRAMLOK KRAUSS, companhia idealizada por Alberto Kuhlmann, também idealizador
do Matadouro da Vila Mariana (hoje é a Cinemateca da Vila Clementino). Esta
linha manteve-se regular com os novos proprietários, a “São Paulo Tramway Light and Power Company” que
desativou os trens a vapor definitivamente em 1914 após a introdução dos
bondes elétricos inaugurada em 07 de julho de 1913.
Em 1912, Victor Manzini
forma sociedade com o doutor Oscar Fernandes Martins o “Jornal Sol Levante”,
que tem a duração de 2 anos apenas, por influencia do conflito da primeira
Guerra mundial iniciada em 1914, onde as privações foram sentidas pois as relações
comerciais com a Europa foram afetadas comprometendo aquisição de bens de
consumos importados. Com o final do conflito (1918) houve novo impulso nas transações
entre países conseguindo adquirir máquinas impressoras e montar uma tipografia.
CLICHÊ TÍPICO
Um incipiente jornal no
inicio da década começa a ser idealizado para circular no Bairro de Santo
Amaro, mas os conflitos internos de 1930 e 1932 no Brasil adiam novamente seus
planos até 17 de julho de 1936 quando definitivamente é concretizada um ideal
de muito tempo, surgindo o Jornal “A Tribuna”, sendo a redação e oficina fixadas no Largo Treze de Maio, número 50,
em Santo Amaro. Victor Manzini, mentor e precursor da imprensa
local, deste modo assume o compromisso da informação imparcial, com ética e
comprometimento com a região até 7 de junho de 1955 quando ocorreu seu passamento. A Tribuna, graças
ao espírito pioneiro de Victor Manzini se manteve sob sua direção até o ano de
1951, quando assumiu então Marcos Manzini[3]
como novo redator.
REVISTA INTERLAGOS: AGOSTO DE 1955
A Tribuna de Santo Amaro comemorará seu 80º aniversário de
fundação em 2016 sendo considerado o jornal de bairro mais antigo do Brasil em
atividade, Fundada em 1936 por Victor Manzini, que o dirigiu até 1955,assumindo
Marcos Manzini a direção do jornal no período de 1955 a 1973; passando a
responder depois dessa data João
Nogueira que permaneceu na direção de 1973 até 1980. O Jornal “A Tribuna” nesse
período teve em seu quadro de colaboradores o dinamismo do jornalista Jair
Gusman Pedrosa que assumiu a redação colaborando com Marcos Manzini e depois
com João Nogueira até 1980.
Depois o jornalista
Oduvaldo Donnini tornou-se o responsável pela editoria do jornal A Tribuna, situado
à Avenida Professor Francisco Morato, número 3559, Vila Sônia, São Paulo,
prevalecendo o dinamismo que foi a marca registrada do jornal “A Tribuna”.
Notas:
*Complementos da
genealogia e sobre o assunto correlato à crônica devem ser inseridos
futuramente com a participação dos envolvidos de alguma forma com a matéria.
*Há 142 nascia um dos precursores
da imprensa de bairros: 20 de janeiro de 1874
*Um Manzini Prêmio
Nobel da Paz: Edmundo Manzini de Souza
SARGENTO MANZINI
Depoimento
do prof. Edmundo Manzini de Souza, sobrinho de Vitor Manzini, dono do Jornal “A
Tribuna de Santo Amaro”, que colaborou na comissão
em prol do retorno do “MONUMENTO AOS HERÓIS DA TRAVESSIA DO ATLÂNTICO”
O professor Edmundo
Manzini de Souza era sargento dos Boinas Azuis da ONU do 13º Contingente do
Batalhão de Suez e foi agraciado com o “Prêmio Nobel da Paz” em 1988, outorgado
pelo Ministério da Defesa da Dinamarca.
Vide: Os brasileiros que venceram o Nobel=http://advivo.com.br/node/225408
Referências:
A TRIBUNA: 18 de outubro de 1975
MANZINI, DE
QUE LUGAR??? Genealogia extraída
da ref. de Jefferson Bueno, bisneto de Victor
Manzini.http://orkut.google.com/c413579-t579a77e1ddebd347.html
.
A Cidade de Santo Amaro e
seu jornalismo historiográfico http://www.saopaulominhacidade.com.br/historia/ver/5118/A%2BCidade%2Bde%2BSanto%2BAmaro%2Be%2Bseu%2Bjornalismo%2Bhistoriografico
Tramway da
Companhia de Carris de Ferro de São Paulo a Santo Amaro e o Matadouro da Vila
Clementino/SP
Diário Oficial do Estado de São Paulo de 20-08-1977;
p. 82
[1]
Encontramos
também a referência como Eduina. Quanto ao nome Arduino(a) é uma
palavra de origem italiana, considerado nome próprio. Tem origem germânica, Harduwin
ou Hardwin, composto de hardu “forte, resistente” e wini “amigo”. Tornou-se
popular graças ao rei da Itália Arduino d’Ivrea (reinou de1002 a 1015 d.C).
[2] O termo “tramway” em inglês corresponde ao
“Strassenbahn”, que pode ser traduzido como “trem de rua”, ou seja, uma via
férrea, assentada em uma estrada ou rua, por meio de trilhos de aço sobre o
qual transitam veículos preparados para essa finalidade. Os “tramway” no Brasil
foram chamados de bondes (bonds) bilhetes usados por esses veículos. O tramway,
que era semi-urbano, levou o desenvolvimento para o lado sul da Cidade entre a
Vila Mariana e Santo Amaro. O Tramway partia de uma estação existente à Rua Vergueiro,
próxima à Rua São Joaquim, e seguia por esta até a Vila Mariana, depois ao
Jabaquara, Vila do Encontro, chegando a Santo Amaro na parte final da atual Avenida
Adolfo Pinheiro.
[3] Marcos
Manzini, jornalista, nasceu em São Paulo em 05 de junho de 1909. Dirigiu por
muitos anos o semanário "A Tribuna", o jornal do bairro de Santo
Amaro, mais antigo do Brasil. Foi defensor dos problemas da periferia, desde a
sua fundação da "A Tribuna" em 1936 até 1973. Faleceu em 14 de abril
de 1986. (ref. Dicionário de Ruas= http://www.dicionarioderuas.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/ListaLogradouro.aspx)
1 comentário:
Mais uma memória posta em evidencia de um jornalista santamarense de coração, que foi um marco na mídia escrita que muito honrou Santo Amaro e o colocou com relevância no mundo das comunicações como jornal de bairro, e para mim foi uma honra conhecer o Dr. Edmundo Manzini e ser de sua equipe para o retorno do monumento aos aviadores, que para honra também dos santamarenses veio a pousar em aguas do bairro que é a Represa de Guarapiranga, Salve os Manzinis e Santo Amaro.
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