O BAIRRO JARDIM SÃO LUIZ TEM A RUA JORGE FARES, MAS POR QUÊ?
Jorge Fares de turco não
tinha nada, nasceu na cidade de Beirute, Capital do Líbano, no ano de 1888. Ele
era libanês, mas todo passaporte anterior a primeira guerra mundial (1914-1918)
tinha o passaporte chancelado pelo Império Austro-Húngaro, que determinava o
que se colocava em documentos oficiais.
Em 1903 imigrou para o
Brasil com destino a São Paulo, onde foi residir com seu irmão Kalil Fares
(1878-1941), na Vila autônoma de Santo Amaro, em São Paulo.
Casou-se pela primeira vez, em 1909,
com Benedita Antônia Mariano, nascida em 1890, filha de Jacinto Antonio
Mariano e Emília Antonia da Conceição. Com o falecimento de sua esposa promoveu
segundas núpcias em 1915, com Maria do Carmo Pires de Oliveira,
santamarense nascida em 1897, filha de Amador Pires de Oliveira e Joana
Maria das Dores Oliveira.
Como muitos do Oriente, iniciou-se no comércio, onde distinguiu-se pela presteza e honestidade, e foi conquistando aos poucos a estima e o respeito do santamarense, tornando-se um comerciante bem-sucedido que soube aplicar seus recursos financeiros em terras pelas imediações de Santo Amaro.
Jorge Fares tornou-se
proprietário de 48 alqueires de terras no bairro Jardim São Luiz, que era considerada
área rural e regularizada pelo INCRA. A gleba abrangia desde a Rua 7, hoje rua
Adauto Batista Lima (onde por algum tempo era a oficina da ENTERPA, onde se
faziam manutenção embarcações de dragagem do rio Pinheiros) até o atual
cemitério do Jardim São Luiz.
De 1924 a 1926 dirigiu o time de futebol Bandeirantes, que
tinha seu campo na Chácara dos Padres, no terreno que posteriormente foi
adquirido pela empresa química Squibb, em Santo Amaro, na Avenida João Dias,
que por muito tempo foi denominada Circuito de Itapecerica.
Havia entre seus
participantes amigos próximos de Jorge Fares, entre eles: Moupyr Monteiro,
Ascendino Helfenstein, os irmãos José e Joaquim Leal Monteiro, Adão Pires de
Andrade, João Hessel e João Lira.
Jorge Fares, fundou em 1954 o Clube de Bocha Santo Amaro, na rua Coronel Luiz Barroso que participou de grandes torneios federados que era organizado pela Federação Bochófila Paulista e para entrar nos certames oficiais construiu o Estádio Bochófilo, competindo em alto nível.Nesse ano de 1954 a Associação Comercial na gestão de Carlos Sgarbi Filho conferiu a Jorge Fares juntamente com seu cunhado, medalha enaltecendo os serviços prestados ao comércio de São Paulo e como os comerciantes em atividade por longos 35 anos ativos em Santo Amaro.Mario Zanzini (direita) foi presidente do CBSA, com seu irmão Reinaldo Zanzini- (Foto cedida por Mario Zanzini)
Em 1957 houve o 2º Campeonato Mundial de Bochas, no Uruguai, com homenagem ao 50º aniversário de fundação da Federacion Uruguaya de Bochas e onde estaria presente a França que se sagrou campeã mundial do primeiro campeonato da modalidade. O selecionado do Brasil estaria representado por alguns integrantes de Santo Amaro. As regras estabelecidas estavam a circunferência da bochas que seriam sintéticas e teriam a medida de 12,25 centímetros, com 1,4 quilogramas de massa. As “canchas” à época tinham as dimensões de 24 metros de comprimento e 4 metros.
Em meados de 1960 foi
idealizado um triangular que foi oficializado pela Federação como “Torneio
Jorge Fares”, sendo disputado entes as agremiações do E.C.BANESPA, Grêmio Unido
Santo Amaro e o anfitrião Clube de Bocha Santo Amaro.
“Como esportista lamento
somente que Santo Amaro não possua uma praça de esportes completa para atender
o crescimento progressivo dos esportes Santamarenses e que até hoje os poderes
públicos nada tenham feito de concreto para auxiliar esse crescimento”.
Faleceu em 1970, sem ver
seu desejo ser concretizado.
Quanto a seus atos de
filantropia pode-se citar a doação para a Sociedade São Vicente de Paulo do
prédio onde se localizava o Clube de Bocha de Santo Amaro na avenida João Dias.
Nota:
*Bochófilo = É o nome dado ao "jogador bochas".
A etimologia é evidente, une bocha (bola usada naquele jogo) com o sufixo -filo
("amigo, amador") .
Ref.
Depoimento de Carlos
Samaha, sobrinho de Jorge Fares, em 8 de fevereiro de 2017
Dicionário de Ruas de São
Paulo
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