segunda-feira, 13 de maio de 2019

A PRIMEIRA CAPELA DE SÃO LUIZ GONZAGA: BAIRRO JARDIM SÃO LUIZ, SÃO PAULO

ATA DA CONSTRUÇÃO DA PARÓQUIA ANTIGA (demolida):  27 de abril de 1957



“São Paulo, 27 de abril de 1957.

Ata da assembléia inaugural da comissão para construção da capela de São Luiz. Jardim São Luiz a vinte e sete dias do mês de abril do ano de hum mil novecentos e cinqüenta e sete do nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo, realizou-se na Capela Nossa Senhora da Penha, no bairro da Penhinha, Parochia de Capão Redondo. Assembléia inaugural da comissão da construção da Capela São Luiz, Jardim São Luiz, à rua 4, sem número. A assembléia foi iniciada às vinte horas pelo sr. Antonio Zacaria de Paula e Silva com as orações iniciais a Nossa Senhora. Iniciada a seguir os trabalhos próprios da necessidade de construir uma capela no bairro do Jardim São Luiz porque o bairro é bastante populoso e não tem sequer um local para o catecismo das crianças.

Pensou-se então, em formar uma comissão como é feito em vários bairros para o que convidaram-se várias pessoas do bairro. Estando reunido ele preparou a formação da diretoria por meio de votos, escolhendo os candidatos entre as pessoas presentes, o que acharam melhor por unanimidade de votos eleger o sr. Antonio Zacarias para presidente e ficando a escolha dos demais cargos a critério do presidente, podendo este escolher as pessoas capacitadas para ocuparem os devidos cargos. As pessoas presentes da assembléia inaugural eram os seguintes: Antônio Zacarias de Paula e Silva, José Cassiano Cruz, Luiz Martins, Henrique Schlautmann, Ernesto Rossi, João de Oliveira, José de Oliveira, Ettore Angeloni, Francisco Mansur dos Santos, Rafael Costa Faria, Maria Lurdes de Oliveira. A formação da diretoria ficou assim constituída:

Para presidente: Sr. Antonio Zacarias de Paula e Silva
Vice-presidente: Henrique Schlautmann
Primeiro Secretário: Ernesto Rossi
Segundo Secretário: Luiz Martins
Primeiro Tesoureiro: José Cassiano Cruz
Segundo Tesoureiro: Ettore Angeloni
Conselho Deliberativo: Rafael Costa Ferre

Estabelecida a diretoria tratamos em seguida da mensalidade dos membros e por maioria de votos ficou a taxa de quarenta cruzeiros mensais. Nada havendo mais a tratar o sr. Antonio Zacarias encerrou a assembléia com a oração da Nossa Senhora e eu, Ernesto Rossi, secretário lavrei a presente ata que depois de lida e discutida será aprovada e assinada por mim e demais presentes”.

Esta é a íntegra da primeira ata em prol da construção da então Capela São Luiz, e que ainda constavam as assinaturas de nomes não citados acima, mas que registramos como fato histórico: Manuel da Rocha Nunes, Ana Garbieri de Freitas, Leonilda Schlautmann, Izilda Marques Vugas e o Padre Germano Jutter.

E, deste modo, iniciou-se todo um trabalho conjunto de um grupo comissionado que, a partir de uma simples e humilde capelinha lateral do atual terreno que, de tão pequena que era, diziam, em tom de brincadeira que quando entrava o padre, saía o Santo e quando este entrava, saía o padre,. Definiu-se o início de um esforço para criar-se a Capela São Luiz sendo marcada no dia 16 de junho de 1957 a primeira missa campal no jardim São Luiz presidida pelo padre Germano Jutter, que recebeu a imagem do Santo padroeiro da juventude, São Luiz Gonzaga, emprestado do seminário do Verbo Divino e levado em procissão no mesmo dia às 15:30 horas.

A capela provisória, para receber tão ilustre visitante e que muito honra aos jardinenses legítimos, foi erguida rapidamente e seu contorno limpo para acolher de braços abertos o povo. As senhoras enfeitaram o andor adornando a capela com a importância merecida da ocasião. Providências a parte, criou-se a “Campanha para a construção da Igreja de São Luiz Gonzaga”, onde instituiu-se uma cartela com indicadores mensais da contribuição em prol da construção que foram acrescidos e reforçados com quermesses que eram embelezadas pela banda proveniente de Santo Amaro com “uma alvorada de fogos de estouro”. Consta em ata lavrada por seus membros de comissão que “a imagem de São Luiz foi comprada a prestação no valor de um mil e trezentos cruzeiros, sendo quinhentos cruzeiros de entrada e o restante em pequenas prestações mensais de trezentos cruzeiros”.

As barracas para nossa primeira quermesse foram concedidas pela comissão do Capão Redondo, que na época já era definida como paróquia sendo o bairro, pela proximidade com a estrada que levava a Itapecerica da Serra, um marco, um bairro nos idos de 1912.
A capela terminada consumiu $ 9.125,00 cruzeiros, e que teve uma zeladoria a cargo das senhoras Ana Luiza Garbieri de Freitas, e Joana Molina Martins. A comissão elegeu outro presidente o Sr. João de Oliveira. A ata do dia 10 de dezembro de 1957 constava: comissão pró construção da Paróquia São Luiz Gonzaga, bairro do Jardim São Luiz em Santo Amaro, Paróquia Capão Redondo e já era sede a rua 4 (atual Antonio da Mata Jr.), número 80 e eram ofertados tijolos para erguer as primeiras paredes.

As missas na capela provisória eram mensais e consta a vinda de padres do Capão Redondo. A Cúria Metropolitana de São Paulo tinha a frente Dom Paulo Rolim Loureiro que não autorizou celebrar a Missa do Galo em uma capela. Mas resolutos, adquiriram material para construir suas barracas consumindo Cr$ 910,50 (cruzeiros) na Casa Ferreira Simões, pois muito material de construção vinha mesmo de Santo Amaro.

Em 2 de fevereiro de 1958 o membro da comissão sr. Vitório Libone trouxe o chefe de gabinete do prefeito paulista da época sr. Adhemar Pereira Barros, o sr. Arlindo Rodrigues que demonstrou interesse em discurso de criar benfeitorias no bairro. Muito havia o que construir em conjunto com a prefeitura paulistana e o governador em exercício Jânio da Silva Quadros.
Na época já existia a sub prefeitura de Santo Amaro e o São Luiz como seu subdistrito. O padre Fabiano S. Cachel tornava-se vigário da paróquia.

A Light Power and Company Ltd., cedia cinqüenta metros cúbicos de areia das margens do então limpo Rio Pinheiros, correndo o transporte por conta da comissão e que o carreto teve um custo de Cr$ 3.600,00. Na ata do dia 21 de agosto de 1958 constava o requisito de demolir a capela provisória.

Em 9 de outubro de 1958 manteve-se um minuto de silêncio pela passagem de Pio XII, falecido no dia 7. Citando a festa sempre aguardada não só no Jardim São Luiz mas em todos bairros emergentes em homenagem a Nossa Senhora da Penha, no mês de setembro.
Registrado também está que no dia 1o de janeiro de 1959 houve a missa solene às sete horas e trinta minutos na capela provisória, esta marcada por constar a primeira comunhão das crianças do catecismo do bairro Jardim São Luiz, celebrada pelo vigário do Capão Redondo, padre Fabiano S. Cachel.

Locomover-se para igreja era difícil, pois situada no alto carecia de acesso e era contornada pelas ruas vizinhas e o registro de 19 de março de 1959 dizia-se que a comunidade, comissão e a Sociedade Paulistana de Terrenos, que loteou o bairro São Luiz prontificavam-se a arrumar as escadas frontais à igreja para facilitar o acesso.

Como finalidade que era, sem dúvida, a construção da igreja, providenciou-se as quermesses com barracas que mantinham, leilões de prendas, quentão, as casinhas numeradas para entocarem um porquinho da índia assustado e espantado pelos concorrentes ao prêmio em disputa e as argolas lançadas no gargalo d’alguma garrafa e aparada por um toco quadrado ao fundo da mesma onde a argola deveria vencer apoiando-se na mesa e fazendo jus ao prêmio disputado. Ou a série de números de um bingo competitivo sendo completado com as barracas das bebidas e churrasco e onde a música fluía de outra banda, a “Corporação Musical de São Judas Tadeu”, de Indianópolis que completava a beleza do evento com ares de uma cidade interiorana.
Em 10 de setembro de 1959, menciona-se a aquisição do telhado da igreja no valor de Cr$ 58.500,00, conseguidos com sacrifício e definindo o marco referencial do Jardim São Luiz, completada a cobertura em 25 de outubro de 1959.

A igreja firmava-se como condição prioritária no desenvolvimento do bairro, sendo que os padres Joel Ivo Catapam do Seminário Verbo Divino e Fabiano S. Cochel da Paróquia Capão Redondo assumiram a causa apoiados por uma comissão bem estruturada que não esmoreceu na árdua empreitada, juntamente com Congregados Marianos e Filhas de Maria. Assim, em dezembro de 1960 o bispo auxiliar de São Paulo, Dom Paulo Rolim Loureiro, comunicava que elevava à categoria de paróquia a “Igreja São Luiz Gonzaga”.


A partir de 1964 um jovem aceitou o desafio de estar à frente da Paróquia São Luiz Gonzaga, Padre Edmundo da Mata, que se familiarizou com o bairro repercutindo sua evangelização em nome da Igreja de Cristo.

             Hoje o Jardim São Luiz possui uma paróquia moderna, pela efetiva participação de moradores juntamente com o pároco Edmundo da Mata em prol de uma nova paróquia, reportada à Diocese de Campo Limpo.

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