Um Brasil de Quatro
Patas
Colombo
embarcou em segunda viagem à América, em 1493, com as primeiras cabeças de gado das Ilhas
Canárias, provenientes do Norte da Espanha e introduziu-as no litoral da “Ilha
Hispaniola”, que atualmente faz parte da República Dominicana e Haiti.
As primeiras cabeças de gado
bovino, denominado de “crioulo”, foram introduzidas no Nordeste do Brasil por
Tomé de Sousa[1], sendo
seus maiores centros de irradiação os atuais estados de Pernambuco e Bahia, vindas
diretamente da ilha de Cabo Verde[2].
Essa expansão ampliou-se depois
para os atuais estados da Paraíba e Rio Grande do Norte e em fazendas do
Maranhão. Deste modo foram sendo tomadas por apropriação das terras indígenas dos
tapuias,
ocupadas pelo gado em expansão.
Há também o conceito de ter sido Martim Afonso de Sousa quem primeiro trouxe bovinos para a capitania de São Vicente em 1534, da qual era donatário, proveniente da Ilha da Madeira e de Cabo Verde.
O gado crioulo formou grandes rebanhos e os enormes
de latifúndios para pastagem, originárias das grandes extensões das capitanias
hereditárias, depois as sesmarias.
O AÇÚCAR E SUA
RELAÇÃO COM O GADO BOVINO
O açúcar era originário
da Índia, sendo distribuído pelo Mediterrâneo por Veneza. Depois a produção açucareira
foi sendo introduzida nas ilhas do Atlântico, cujo monopólio tornou-se da
Holanda, que juntamente com a Inglaterra detinha privilégios para realizar o
comércio externo das colônias. A América passou a ser a grande produtora de açúcar,
ocupando o primeiro plano da produção colonial. (Prado, p.44)
A ocupação da terra
em grandes propriedades deu-se através da instalação das capitanias
hereditárias, onde os donatários estavam obrigados a distribuir terras para o
povoamento e iniciar a econômica da colônia. Dava-se o nome de sesmarias às
terras assim distribuídas. Com as sesmarias a Coroa portuguesa pretendia atrair
pessoas de recursos financeiros das camadas dominantes, chamados de "homens
bons". O engenho era parte da fabricação de açúcar completada com a lavoura
de subsistência local e que depois foram ocupadas pela mão de obra proveniente
da escravidão africana.
Na
maioria dos engenhos instalaram-se os trapiches[3] movidos
pela tração animal, no caso os bois, além de utilizá-los para transporte de cargas
em geral, resultando a pecuária que demandava
a necessidade de fonte alimentar como leite, carne[4],
além do couro e foi a impulsão da exploração das colônias, que além das terras
dos canaviais, separou-se parte das mesmas para o gado, criando-se os grandes pastos
que se vêem atualmente por todo o Brasil. Essa expansão ampliou-se depois
para os atuais estados da Paraíba e Rio Grande do Norte e em fazendas do
Maranhão. Deste modo foram sendo tomadas por apropriação das terras indígenas dos
tapuias da
região, ocupadas pelo gado em expansão.
Situação atual
A população contada por
“cabeças humanas” no Brasil soma hoje aproximadamente 200 milhões de habitantes
o mesmo da população bovina em expansão constante, se já não foram
ultrapassados estas cifras com desmatamentos para pastos através da Amazônia
com novas manadas em grande escala de emissões de gás metano na atmosfera. Como
mitigar estes efeitos?
Referências:
Prado Jr, Caio. História Econômica do Brasil. São
Paulo: Ed. Brasiliense, 1981
A origem do bovino da raça pé-duro
[1] Tomé de Sousa (1549-1553) foi o primeiro
governador-geral do Brasil, vindo toda administração de funcionários e também
os primeiros jesuítas.
[2]
“Oficialmente, a chegada de cavalos no Brasil só foi registrada em 1549.
Naquele ano, Tomé de Souza (primeiro governador-geral) mandou vir alguns
animais, de Cabo Verde para a Bahia, na caravela Galga. Assim, nos primeiros
anos da Colônia, a sua criação (junto com o gado bovino) foi iniciada formalmente
e seria fundamental para a formação do Brasil”.
(Estudo do Complexo do
Agronegócio Cavalo / Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil. Brasília:CNA,2004.
http://www.cepea.esalq.usp.br/en/documentos/texto/estudo-do-complexo-do-agronegocio-do-cavalo-resumo-coletanea-estudos-gleba.aspx)
http://www.cepea.esalq.usp.br/en/documentos/texto/estudo-do-complexo-do-agronegocio-do-cavalo-resumo-coletanea-estudos-gleba.aspx)
[3] Não confundir com pontes
feitas de madeira. Um trapiche é
uma máquina destinada a moer a cana de açúcar com
um conjunto de ao menos dois cilindros, um recipiente, e um braço destinado
a fazer rodar os cilindros e que eram fabricadas de madeira.
[4] “A carne que produz, além de
pouca, é de má qualidade.” (Prado, p. 68) – Isso no século 18!
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