sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

A IDEIA DA RACIONALIZAÇÃO DO ENSINO PÚBLICO E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR NA REPÚBLICA DO BRASIL

Um ensino de qualidade: Uma Utopia ou realidade?

Vimos nestes últimos meses de 2015 debates acalorados a respeito da reorganização escolar pretendida pelas autoridades do Estado de São Paulo querendo implantar uma estrutura por faixa etária dos níveis fundamental I e II, e médio focando um planejamento voltado para as realidades atuais. Isto causou impasse ainda não resolvido e as escolas do Estado foram ocupadas, debatendo essa condição polêmica no seio da sociedade, de melhoria ou não no currículo, segmento de cada ciclo. Só o tempo poderá nos fornecer os resultados esperados de ambas às partes. Mas o que dizer do longínquo ano da reestruturação escolar do que era a escola do Império e uma nova postura com o advento da nova República que nascia no Brasil.

A IDEALIZAÇÃO DOS GRUPOS ESCOLARES

Um projeto civilizador foi idealizado no advento da República com a necessidade política e social de gerir a educação popular, mas estruturada para o controle e ordem social onde a sociedade estava voltada às perspectivas da Nação instaurada a partir de 1889. Era necessária uma reformulação das escolas precárias do Império onde se ministrava as operações básicas em aritmética, somada a condição de saber escrever.
Precisava-se criar um novo modelo didático-pedagógico com várias classes e vários professores com o método intuitivo, sendo necessário inserir a mulher no processo educacional.
Deste modo cria-se os “grupos escolares” como um projeto político de reforma social para difundir a educação popular, reformas implementadas a partir de 1890 com edifícios sendo edificados com a divisão em classes com regência de professor capazes.
Os grupos escolares receberam inicialmente a denominação de escolas centrais ou escolas graduadas, considerando grupos homogêneos por faixa etária com conteúdos pedagógicos para cada grau correspondente com aproveitamento pelo rendimento no nível de cada grau.
A escola graduada de ensino primário compreendia múltiplas salas de aula, com várias classes de alunos e professores que aparece a partir da década de 1890. 

A CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL

Era necessária ainda no conceito dos métodos de concepção moderna a criação da Escola-Modelo consolidada por Caetano de Campos para a prática de ensino e experimentação de alunos e mestres da Escola Normal, que foi considerada a base da reforma da instrução pública, um modelo a ser seguido pelas escolas públicas de São Paulo, sendo primeiramente instalada em prédio da Igreja do Carmo e inaugurada em 16 de junho de 1890.
Com a criação dos grupos escolares pela Lei nº 169, de 07 de agosto de 1893 começava um novo advento de aparelhar com equipamentos os 30 distritos do Estado, inclusive edificando prédios condizentes com salas amplas, pátios, museus escolares, bibliotecas e mobílias. Fica assim patente que o edifício-escola é idealizado com a racionalização de custos e de controle, organizando uma escolarização de massa organizando-se em uma escola primária unificada com a racionalização e padronização do ensino. A reunião de escolas em um mesmo edifício deu ênfase na criação das escolas reunidas, mas que funcionavam com independência como nas escolas isoladas, mas tendo o princípio da divisão do trabalho onde cada professor seria responsável por uma matéria, o que não ocorria nas isoladas em que um professor ministrava várias matérias. Tudo quanto fosse relativo ao regimento prescrito em legislação estava subordinado a Diretoria Geral da Instrução Pública que mantinha a fiscalização através de inspetores de ensino. Deste modo, no campo da educação, começou-se a abertura para atrair a participação feminina no final do século 19 uma das primeiras profissionalizações, o magistério público instituído em 1892, sendo uma atribuição e inserção social.

Conceito paralelo abortado pelo Estado

Neste mesmo período nascia também a ideia libertária de uma escola independente do modelo do Estado, ligada a conceitos anarquistas introduzidos no Brasil por imigrantes, que despontava como postura transformadora da sociedade, mas que foi reprimido por forças do poder do Estado e mesmo sendo integrada por algum tempo como paradigma de um novo pensar educacional, não passou de um sonho de poucos visionários que se viram reprimidos pela República dos Estados Unidos do Brasil advinda dos quartéis.
Mas este é outro capítulo que merece uma reflexão na busca do conhecimento.


SOUZA, Rosa Fátima de. Templos de Civilização: a Implantação da Escola Primária Graduada no Estado de São Paulo (1890-1910). São Paulo: Editora UNESP, 1998.

HILSDORF, Maria Lucia Spedo. História da Educação Brasileira: Leituras. São Paulo: Pioneira Thonsom, 2005.

O Destino da Escola Modelo do Carmo, matriz da Escola Normal



A Estrutura Administrativo-Burocrática da Instrução Pública Paulista Instituída no Final da Década de 1890  http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe7/pdf/07-%20HISTORIA%20DAS%20INSTITUICOES%20E%20PRATICAS%20EDUCATIVAS/A%20ESTRUTURA%20ADMINISTRATIVO-BUROCRATICA%20DA%20INSTRUCAO%20PUBLICA.pdf (Acesso em 18-12-2015)


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