Um
ensino de qualidade: Uma Utopia ou realidade?
Vimos nestes últimos
meses de 2015 debates acalorados a respeito da reorganização escolar pretendida
pelas autoridades do Estado de São Paulo querendo implantar uma estrutura por
faixa etária dos níveis fundamental I e II, e médio focando um planejamento
voltado para as realidades atuais. Isto causou impasse ainda não resolvido e as
escolas do Estado foram ocupadas, debatendo essa condição polêmica no seio da
sociedade, de melhoria ou não no currículo, segmento de cada ciclo. Só o tempo
poderá nos fornecer os resultados esperados de ambas às partes. Mas o que dizer
do longínquo ano da reestruturação escolar do que era a escola do Império e uma
nova postura com o advento da nova República que nascia no Brasil.
A
IDEALIZAÇÃO DOS GRUPOS ESCOLARES
Um projeto civilizador
foi idealizado no advento da República com a necessidade política e social de
gerir a educação popular, mas estruturada para o controle e ordem social onde a
sociedade estava voltada às perspectivas da Nação instaurada a partir de 1889.
Era necessária uma reformulação das escolas precárias do Império onde se
ministrava as operações básicas em aritmética, somada a condição de saber escrever.
Precisava-se criar um
novo modelo didático-pedagógico com várias classes e vários professores com o
método intuitivo, sendo necessário inserir a mulher no processo educacional.
Deste modo cria-se os “grupos escolares” como um projeto
político de reforma social para difundir a educação popular, reformas
implementadas a partir de 1890 com edifícios sendo edificados com a divisão em
classes com regência de professor capazes.
Os grupos escolares
receberam inicialmente a denominação de escolas centrais ou escolas graduadas,
considerando grupos homogêneos por faixa etária com conteúdos pedagógicos para
cada grau correspondente com aproveitamento pelo rendimento no nível de cada
grau.
A escola graduada de
ensino primário compreendia múltiplas salas de aula, com várias classes de
alunos e professores que aparece a partir da década de 1890.
A
CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL
Era necessária ainda no
conceito dos métodos de concepção moderna a criação da Escola-Modelo consolidada
por Caetano de Campos para a prática de ensino e experimentação de alunos e
mestres da Escola Normal, que foi considerada a base da reforma da instrução
pública, um modelo a ser seguido pelas escolas públicas de São Paulo, sendo
primeiramente instalada em prédio da Igreja do Carmo e inaugurada em 16 de
junho de 1890.
Com a criação dos
grupos escolares pela Lei nº 169, de 07 de agosto de 1893 começava um novo
advento de aparelhar com equipamentos os 30 distritos do Estado, inclusive
edificando prédios condizentes com salas amplas, pátios, museus escolares,
bibliotecas e mobílias. Fica assim patente que o edifício-escola é idealizado
com a racionalização de custos e de controle, organizando uma escolarização de
massa organizando-se em uma escola primária unificada com a racionalização e
padronização do ensino. A reunião de escolas em um mesmo edifício deu ênfase na
criação das escolas reunidas, mas que funcionavam com independência como nas
escolas isoladas, mas tendo o princípio da divisão do trabalho onde cada
professor seria responsável por uma matéria, o que não ocorria nas isoladas em
que um professor ministrava várias matérias. Tudo quanto fosse relativo ao
regimento prescrito em legislação estava subordinado a Diretoria Geral da
Instrução Pública que mantinha a fiscalização através de inspetores de ensino.
Deste modo, no campo da educação, começou-se a abertura para atrair a
participação feminina no final do século 19 uma das primeiras
profissionalizações, o magistério público instituído em 1892, sendo uma atribuição
e inserção social.
Conceito
paralelo abortado pelo Estado
Neste mesmo
período nascia também a ideia libertária de uma escola independente do modelo
do Estado, ligada a conceitos anarquistas introduzidos no Brasil por
imigrantes, que despontava como postura transformadora da sociedade, mas que
foi reprimido por forças do poder do Estado e mesmo sendo integrada por algum
tempo como paradigma de um novo pensar educacional, não passou de um sonho de
poucos visionários que se viram reprimidos pela República dos Estados Unidos do
Brasil advinda dos quartéis.
Mas este
é outro capítulo que merece uma reflexão na busca do conhecimento.
SOUZA, Rosa
Fátima de. Templos de Civilização: a Implantação da Escola Primária Graduada no
Estado de São Paulo (1890-1910). São Paulo: Editora UNESP, 1998.
HILSDORF, Maria
Lucia Spedo. História da Educação Brasileira: Leituras. São Paulo: Pioneira
Thonsom, 2005.
O Destino da Escola Modelo do Carmo, matriz da Escola Normal
DECRETO N. 218, DE 27 DE
NOVEMBRO DE 1893 http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/1893/decreto-218-27.11.1893.html
A Estrutura Administrativo-Burocrática da Instrução
Pública Paulista Instituída no Final da Década de 1890 http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe7/pdf/07-%20HISTORIA%20DAS%20INSTITUICOES%20E%20PRATICAS%20EDUCATIVAS/A%20ESTRUTURA%20ADMINISTRATIVO-BUROCRATICA%20DA%20INSTRUCAO%20PUBLICA.pdf
(Acesso em 18-12-2015)
A Escola Complementar Paulista (1890-1911) http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe7/pdf/07-%20HISTORIA%20DAS%20INSTITUICOES%20E%20PRATICAS%20EDUCATIVAS/A%20ESCOLA%20COMPLEMENTAR%20PAULISTA.pdf
(Acesso em 18-12-2015)
Sem comentários:
Enviar um comentário