sábado, 26 de dezembro de 2009

OS TERRATENENTES DO BRASIL (04): O MERCADO DE ESCRAVOS

DIÁSPORA NEGRA E OS AFRO-BRASILEIROS


Afinal, o que acontecia com o continente africano à época das navegações marítimas em sua vasta costa, que se permitiram uma diáspora sem precedentes de deslocamento de escravos por terras distantes da África?

As disputas internas na África aconteciam constantemente e para evitar uma insurreição os guerreiros vencedores preferiam negociar os adultos do sexo masculino para evitar conflitos futuros e abasteciam o mercado das Colônias com a mão de obra necessária. O pagamento era feito por mercadorias como aguardente, fumo, vinho, tecidos e alguma munição para dar um poderio maior ao aliado africano deste comércio que revertiam benefícios extraordinários aos controladores destas rotas no Atlântico.

Poucos africanos eram capturados para serem usados na própria África, mas para serem deportados em uma viagem sem volta, a não ser esporádicas voltas financiadas quando se elaboraram leis de proibição do uso da mão de obra, como exemplo de segunda deportação de volta ao continente africano foi a criação da Libéria, país criado por força de influência da América do Norte que promoveu o retorno subsidiando a volta para se ver livre de um contingente de ex-escravos que muito fez para o expansionismo dos Estados Unidos e foram descartados recebendo salvo conduto para retornarem a África, pela política externa da época, avalizada pelo expansionismo econômico da Inglaterra que buscava novos mercados de consumo para sua revolução industrial, implantado por novo modelo de produção.

O Brasil por sua vez desrespeitou todas as imposições internacionais e somente considerou os escravos livres após o governo imperial brasileiro comprometer-se a quitar despesas de aquisição por parte dos terratenentes de investimentos neste comércio insuportável, tanto que elaborou leis como paliativos anteriores a liberdade irrestrita com aval da precária justiça da época controlada por bacharéis formados na Europa, e mais tarde em Recife e São Paulo, com as academias de Direito, que viam na lei o modo de sustentar os interesses de seus mecenas que promoveram seus estudos acadêmicos, protetores ligados por laços familiares.

O poderio bélico das nações européias não deixou tempo de conformação de reinos estáveis na África que foram controlados por holandeses, ingleses, espanhóis, franceses e portugueses que lutavam entre si para maior hegemonia de controle deste comércio escravista de alto rendimento econômico, abrindo precedentes da formação de um mercado negro de contrabando de pessoas. Usaram uma tática fomentada pelas grandes potencias até em dias atuais: dividir para dominar. A Inglaterra somente se preocupou em rever sua posição quando abastecendo o mercado da Caribe deparou com a derrota da França em 1804 no Haiti. Todas as potências ficaram de sobressalto para evitar problemas de mesma envergadura em outras colônias, tendo os terratenentes do Brasil Colonial e depois Imperial, acirrado o controle do sistema escravista para evitar levantes, e os que sublevaram foram sufocados.

O abandono e a condição precária na Colônia fez com que as estruturas de resistência aos costumes do povo perdesse sua identidade com o continente africano, inclusive a língua original, mesclando outros valores miscigenados com povos locais dando origem aos cafuzos e caboclos, numa mestiçagem nativa que distanciou o modelo original, criando deste modo uma nova maneira de expressão com os recursos naturais da terra, ficando parte da cultura em ritos religiosos associados à música, numa mistura de valores incorporados a nova terra, não mais as origens da África, mas outro local que era o continente americano, que infelizmente foi construído por escravos controlados pelas senzalas dos grandes latifúndios dos terratenentes apoiados pelo rei de Portugal e o imperador do Brasil, originando novo modelo de estrutura e costumes incorporados pelos afro-brasileiros.

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