As expedições a procura de riquezas em solo americano, estavam a disputar as duas potências Ibéricas, Portugal com Leão e Castela (Espanha)
D. Francisco de Souza (então governador geral do Brasil) estava em São Paulo pela segunda vez. Da primeira, em 1598, se transferira da Bahia para cá, "a visitar - escreve Pedro Taques - as minas de ouro e ferro, descobertas por Afonso Sardinha". Referindo-se "Capitania de São Paulo" ou "Piratininga", onde, em Ibira Suiaba acabava D. Francisco de descobrir também o ouro, escreve em 1610 em sua Relação da Província do Brasil o Padre Jácome Monteiro: "Há mais nesta terra, grandes minas de ferro e montaram muito, por haver grande saca dele para o Paraguai e mais partes do Peru".
(Genealogia Paulistana, 9 vols., São Paulo, 1903-1905, I, 31; Jácome Monteiro, apud S. Leite, HCJB, VIII, 395.)
Antes do Rei de Portugal oficializar a Primeira Usina de fabricação de ferro, já se estabilizara a prospecção de solo a procura do minério de ferro para fabricação de utensílios básicos em solo de Ibirapuera, em São Paulo
A Primeira Usina de Ferro das Américas, datada de 1606/7, situado no Morro da Barra em Santo Amaro/SP
O local de “Borapoeira”, ou Ibirapuera referenciado em 1605, anterior à fábrica de ferro datada de 1607 nos assentos de Martin Rodrigues Tenório:
“O local do engenho de Ibirapuera, Santo Amaro, foi sempre mencionado pelos historiadores de maneira pouco precisa, com exceção de Eschwege, que o visitou em 1820 e descreveu suas ruínas na sua celebre obra “Pluto Brasiliensis”, com segue:
“Indubitavelmente, foi na província de São Paulo, nas vizinhanças da cidade de S. Paulo, que se descobriu pela primeira vez no Brasil o minério de ferro.
Este minério argiloso apresentava-se em buxos, numa rocha quartzosa. Como consequência desta descoberta, foi construída, há mais de 200 anos, uma pequena fábrica de ferro com forno de refino, a uma distância de 2 léguas de S. Paulo, rumo sul do oeste, na freguesia de Santo Amaro, à beira de um pequeno afluente navegável do Rio Pinheiros.
Das ruínas desta pequena fábrica ainda se pode ver a vala da roda, o lugar da oficina, os restos de um açude e um monte de pesada escória de ferro.
Como o minério de ferro, que somente contém 35 a 40% de ferro, não se prestasse a fabricação de um produto aproveitável, nos pequenos fornos de refino, a fábrica pouca duração teve. Tanto mais que o minério mais rico do Morro de Araçoiaba, na vizinhança de Sorocaba, pouco depois descoberto, oferecia maiores vantagens.
A situação, desta pequena fábrica era conveniente porque, as margens do rio vizinho, estavam cobertas de espessas matas, podendo ser o carvão transportado por via fluvial até a fábrica e, por esta mesma via, os produtos escoados até a Serra de Cubatão, e para o interior até o rio Tietê”.
Com base nesta excelente documentação histórica e na informação verbal do Prof. Luiz Sala, do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o autor em janeiro de 1967, realizou uma investigação detalhada desse histórico engenho siderúrgico, junto ao Salto do Ribeirão Penhinha, pouco acima de sua confluência no rio Pinheiros. Além do encontro de grande quantidade de escória e de resíduos de ferro no local, de grande valor histórico, também, nessa ocasião, o Engenheiro Teodoro Knecht, que prosseguiu as pesquisas, revelou a existência de uma galeria contemporânea e subordinada ao empreendimento, com mais de 50 metros de extensão, aberta com a esperança de se encontrar, em profundidade, minério de ferro mais rico que o extraído à superfície, que é limonita altamente silicosa ou canga de ferro da formação geológica terciária de São Paulo.
A redescoberta das ruínas do engenho siderúrgico de Ibirapuera (Santo Amaro) foi amplamente descrita e documentada nas edições do Diário de São Paulo de 5 e 6 de janeiro de 1967, em reportagem do Eng. Manoel Rodrigues Ferreira, estudioso e versado na história da metalurgia de ferro de São Paulo, amplamente tratada no livro de sua autoria – A Causa do Subdesenvolvimento do Brasil - , editado em 1963, que constitui excelente trabalho sobre o presente assunto”.
Em 1970 houve por parte do Arquivo Histórico Municipal de São Paulo procurar vestígios da Usina de Ferro do Ibirapuera, por iniciativa do Professor e diretor do Arquivo, Eduardo Nascimento, (na foto, de paletó) que foi acompanhado de Manolo de Almeida Dias, da empresa Curtume Dias.
Hoje há duas referências nominais aqui expostas que são bairros dentro do Jardim São Luiz: os bairros Penhinha e Jardim Ibirapuera!
Vide complemento em:
A FÁBRICA DE FERRONO MORRO DA BARRA DE SANTO AMARO – SÉCULO XVII – UMA INDAGAÇÃO
Ref.
FELICÍSSIMO Jr., Jesuíno. História as Siderurgia de São Paulo, Seus Personagens, Seus Feitos. São Paulo, 1969. Edição Especial. Publicação com Recursos do Fundo de Pesquisas do Instituto Geográfico e Geológico. Oficinas de Rothschild-Loureiro Ltda.
HOLLANDA, Sergio Buarque de. História Geral da Civilização Brasileira, Vol.6 - II. O Brasil Monárquico
Salazar, José Monteiro - Araçoiaba & Ipanema - ED. 1997 - págs.31
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