UM NOVO OLHAR PEDAGÓGICO
Quem
primeiramente enfatizou
o brinquedo, o trabalho manual e o estudo da natureza a atividade lúdica, como
processos espontâneos na criança como meios
educativos, apreendendo o significado da
família nas relações humanas foi o pedagogo alemão Friedrich Wilhelm
August Fröbel, (1782-1852),sendo idealizador e fundador do primeiro
“Kindergarten” (jardim de infância) do mundo. As crianças eram consideradas
plantinhas de um jardim, cujo jardineiro era o professor.
O INÍCIO
Em São Paulo tudo começou com o incentivo de Mário de Andrade[1] quando era diretor do Departamento de Cultura na gestão do prefeito Fábio Prado, durante os anos de 1934 a 1938, criou-se os parques infantis. Anterior aos parques infantis foi criado o Serviço Municipal de Jogos de Recreio para Crianças, pelo Ato número 767, de 9 de janeiro de 1935, Fábio da Silva Prado, prefeito do Município de São Paulo. Em São Paulo os núcleos iniciais ficaram vinculados ao Departamento Municipal de Cultura.
Entre os anos de 1934 e
1938, enquanto esteve na gestão do município, o prefeito Fábio Prado entregou o
Parque Infantil da Lapa, o do Parque D. Pedro II e o de Santo Amaro; além
disso, construiu outros quatro que foram entregues na gestão de Francisco Prestes
Maia, em 1938, no Tatuapé, na Barra Funda, no Catumbi e Vila Romana (NIEMEYER,
2001).
Os parques infantis[2]
tiveram suas atividades iniciadas em 1938, para prestar assistência a criança,
sendo escolhido na gestão do prefeito Francisco Prestes Maia, como seu diretor,
Francisco Pati[3].
As crianças forneciam um parâmetro
da população paulistana que afluíam para a cidade de São Paulo em imigração
buscando o campo de trabalho nas indústrias que se instalavam na capital. Os
parques forneciam estudos das diferentes colônias de imigrantes e como integrar
os brasileiros de origem neste novo modelo pedagógico, interagindo as crianças incentivando-as
na concepção do folclore e incentivando-as em atividade artística, pois Mario de
Andrade via no desenho a individualidade e a livre concepção artística de cada
pessoa, incentivando desenhos infantis.
Nicanor Miranda, foi o
responsável da Divisão de Educação e Recreios, uma seção do Departamento de
Cultura que organizava e cuidava dos Parques Infantis e dos campos de atletismo,
até 1945.
O Parque Infantil de
Santo Amaro foi inaugurado em 26 de junho de 1938. Possuindo uma área de 12 mil
metros quadrados, em meio quarteirão compreendido pela Avenida Adolfo Pinheiro,
Rua Conde de Itu e Rua São José. Foi construído pela empresa de engenharia Arnaldo
A. da Mota e Companhia.
PLANTA DO PARQUE INFANTIL DE SANTO AMARO
No ato da inauguração foram apresentados números de ginástica e danças, além de jogos, que seriam o mote principal das atividades recreativas das crianças, reunindo-as em atividades coletivas orientadas por educadores auxiliando no desenvolvimento dos “petizes”! O registro desse momento coube ser feito pelo fotógrafo Benedito Junqueira Duarte, contratado pelo Departamento de Cultura que durante as décadas de 1930 e 1940 registrou as atividades dos parques infantis.
Hasteamento da bandeira nas festas de inauguração do Parque Infantil de Santo Amaro.
Festa de inauguração do Parque Infantil de Santo Amaro.
Joguinho (corrida das batatas)
Festa de inauguração do Parque Infantil de Santo Amaro. Componentes da quadrilha caipira.
Festa de inauguração do Parque Infantil de Santo Amaro. Ceci
e Peri - Dança Indígena-A Despedida-
Festa de inauguração do Parque Infantil de Santo Amaro.
Cateretê.
O nome "Parque Infantil" em São Paulo
teve essa denominação até o ano de 1975, quando houve a mudança para Escola
Municipal de Educação Infantil.
Bibliografia:
https://docplayer.com.br/72233314-Priscila-fernanda-de-brito.html)
https://www.saopaulo.sp.leg.br/memoria/especial/fabio-da-silva-prado/
https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/bibliotecas/historico/index.php?p=28834
NIEMEYER, Carlos. Augusto. A criação de espaços públicos de lazer organizado como expressão de cidadania: o caso dos Parques Infantis de São Paulo (1934-1954).
Friedrich Fröebel, tradução de Maria Helena Câmara Bastos. “A Educação do homem”. Passo Fundo: UPF, 2001.
MIRANDA, Nicanor. O significado de um parque infantil em Santo Amaro Departamento de Cultura. Divisão de Ensino e Recreio. 1938.
Mario de Andrade e os Parques Infantis. Itaú Cultural, São Paulo, 2013, 1ª edição
Correio Paulistano, 23-10-1938 EDIÇÃO 25346
Correio Paulistano,26-06-1938, EDIÇÃO 25244
[1] Mário Raul de Morais Andrade nasceu
na cidade de São Paulo, em 09 de outubro de 1893. Em 1917, estudou piano no
“Conservatório Dramático e Musical de São Paulo” e publica seu primeiro livro
intitulado “Há uma Gota de Sangue em cada Poema”. Em 1922, publica a
obra de poesias “Paulicéia Desvairada” e torna-se Catedrático de
História da Música, trabalhando ao lado de diversos artistas na Semana de Arte
Moderna neste mesmo ano. Foi um estudioso do folclore, da etnografia e da
cultura brasileira. Em 1928, publica o romance “Macunaíma”, uma das
grandes obras-primas da literatura brasileira. Durante 4 anos, (1934 a 1938)
trabalhou na função de diretor do “Departamento de Cultura do Município de São
Paulo”. Em 1938, muda-se para o Rio de Janeiro, onde é nomeado catedrático de
Filosofia e História da Arte e Diretor do Instituto de Artes da Universidade do
Distrito Federal. Retorna à São Paulo em 1940, onde começa a trabalhar no
Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN). Com saúde frágil no
dia 25 de fevereiro de 1945, faleceu em São Paulo, vítima de um ataque
cardíaco.
[2] Os parques infantis foram idealizados em 1935, na gestão Mário de Andrade, como diretor do Departamento de Cultura, no governo do prefeito de São Paulo, Flávio Prado. Destinados a meninos e meninas com idade entre 3 e 6 anos, tinham como objetivo a educação e a recreação. Além disso, as crianças recebiam merenda e tinham acompanhamento médico.
[3] Francisco Pati, jornalista, escritor e poeta, nasceu
em 18 de fevereiro de 1898 em Amparo, SP e faleceu em 18 de abril de 1970 em
São Paulo. Formou-se na Escola Normal e Primária da Praça da República em 1913
e na Secundária em 1915, e na Faculdade de Direito em 1923. Dedicou-se à
estudar os poetas da língua, além dos estrangeiros. Foi redator da revista
"XI de Agosto" e em 1924 fundou a revista "Novíssima". Em
1931 foi redator-principal de "A Platéia", exerceu idêntico cargo no
"Correio Paulistano". Em 1933 entrou na redação da "Folha da
Manhã" e "Folha da Noite", permanecendo vários anos. Foi eleito
para a Academia Paulista de Letras, tomou posse da cadeira n. 16 em 3 de
dezembro de 1941 . Alguns anos depois foi escolhido 1º secretário da Academia. Foi
diretor do Departamento de Cultura do Município durante 35 anos. Diretor da
Cruz Vermelha de São Paulo.
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