GENTRIFICAÇÃO DO ESPAÇO
A Vila Itororó, em São Paulo, surgiu da
vontade do imigrante português Francisco de Castro, que possuía uma tecelagem
no interior paulista e que adquiriu parte da demolição do Teatro São José, na
Capital, que estava situado onde é hoje o Edifício Alexandre Mackenzie-Shopping
Light do Viaduto do Chá, próximo ao Teatro Municipal de São Paulo.
Foi idealizada uma construção na Bela Vista, em frente à Rua Martiniano de Carvalho vendo-se ao fundo a Avenida Vinte Três de Maio, onde “corre” o leito do Córrego Itororó.
Foi idealizada uma construção na Bela Vista, em frente à Rua Martiniano de Carvalho vendo-se ao fundo a Avenida Vinte Três de Maio, onde “corre” o leito do Córrego Itororó.
Possuí(a) quatro pavimentos de um
conjunto de 37 habitações adornadas com 18 colunas de sustentação que no ano de
1922, fez parte do imaginário da cidade ornando a paisagem urbana, denominada de
“Casa Surrealista”, diferenciada da arquitetura da época, arrojada e edificada
com materiais usados e reaproveitáveis em uma área de quatro mil e quinhentos
metros quadrados, no centenário da Independência do Brasil e na Semana de Arte
Moderna. Possuía ainda uma piscina que era abastecida por águas límpidas da
nascente do Córrego Itororó.
Os bens de Francisco de Castro foram arrolados e depois
leiloados para quitarem dividas com os credores na década de 1950, após seu
falecimento e arrematada pela Instituição Beneficente Augusto de Oliveira
Camargo, de Indaiatuba, que provinha recursos ao hospital local com as locações
das residências da Vila Itororó, em São Paulo.
Muitas famílias residiram no local por
décadas, e constituíram uma história de vida na Vila Itororó, mas que tiveram
que abrir mão da área do que foi considerado marco histórico pelo poder
governante e tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio
Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo, CONPRESP. No ano de 1982 houve
a intervenção do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e
Turístico do Estado de São Paulo, CONDEPHAAT para o processo de tombamento
do local no então conhecido pelos moradores como Castelinho do Bixiga. No ano
de 2006 o prefeito da cidade de São Paulo assinou o decreto considerando o
local de utilidade pública com painéis de fotos expostos no Saguão do Edifício
Matarazzo, no Viaduto do Chá, confirmando a definitiva posse.
(Processo:
22.372/82, Tomb.: Res. SC 9 de 10/3/05, Diário Oficial: 20/04/05 Livro do
Tombo Histórico: Inscrição nº 351, p. 94, 23/09/05)
Depois de idas e vindas em processos
infindáveis “parece” que o local vai ser recuperado e preservado na atualidade com
investimentos na ordem de cinqüenta milhões de reais para dar lugar a um espaço
que deverá manter, com todo o direito aos interesses do Bixiga, recintos que
englobem a cultura geral do local, destacando atividades de educação e
instalação de um museu, biblioteca e restaurante, que deve contemplar todas as
tradições deste espaço que deverá manter sua “bela vista” e legar um patrimônio
histórico para a cidade de São Paulo.
2 comentários:
Parabéns pelo artigo.
Muito bom o artigo Carlos, obrigada!!
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