quarta-feira, 4 de junho de 2014

A Vila Itororó, do Bixiga de Bela Vista!

GENTRIFICAÇÃO DO ESPAÇO

A Vila Itororó, em São Paulo, surgiu da vontade do imigrante português Francisco de Castro, que possuía uma tecelagem no interior paulista e que adquiriu parte da demolição do Teatro São José, na Capital, que estava situado onde é hoje o Edifício Alexandre Mackenzie-Shopping Light do Viaduto do Chá, próximo ao Teatro Municipal de São Paulo. 

Foi idealizada uma construção na Bela Vista, em frente à Rua Martiniano de Carvalho vendo-se ao fundo a Avenida Vinte Três de Maio, onde “corre” o leito do Córrego Itororó.

Possuí(a) quatro pavimentos de um conjunto de 37 habitações adornadas com 18 colunas de sustentação que no ano de 1922, fez parte do imaginário da cidade ornando a paisagem urbana, denominada de “Casa Surrealista”, diferenciada da arquitetura da época, arrojada e edificada com materiais usados e reaproveitáveis em uma área de quatro mil e quinhentos metros quadrados, no centenário da Independência do Brasil e na Semana de Arte Moderna. Possuía ainda uma piscina que era abastecida por águas límpidas da nascente do Córrego Itororó. 

Os bens de Francisco de Castro foram arrolados e depois leiloados para quitarem dividas com os credores na década de 1950, após seu falecimento e arrematada pela Instituição Beneficente Augusto de Oliveira Camargo, de Indaiatuba, que provinha recursos ao hospital local com as locações das residências da Vila Itororó, em São Paulo.

Muitas famílias residiram no local por décadas, e constituíram uma história de vida na Vila Itororó, mas que tiveram que abrir mão da área do que foi considerado marco histórico pelo poder governante e tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo, CONPRESP. No ano de 1982 houve a intervenção do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo, CONDEPHAAT para o processo de tombamento do local no então conhecido pelos moradores como Castelinho do Bixiga. No ano de 2006 o prefeito da cidade de São Paulo assinou o decreto considerando o local de utilidade pública com painéis de fotos expostos no Saguão do Edifício Matarazzo, no Viaduto do Chá, confirmando a definitiva posse.

(Processo: 22.372/82, Tomb.: Res. SC 9  de 10/3/05, Diário Oficial: 20/04/05 Livro do Tombo Histórico: Inscrição nº 351, p. 94, 23/09/05)

Depois de idas e vindas em processos infindáveis “parece” que o local vai ser recuperado e preservado na atualidade com investimentos na ordem de cinqüenta milhões de reais para dar lugar a um espaço que deverá manter, com todo o direito aos interesses do Bixiga, recintos que englobem a cultura geral do local, destacando atividades de educação e instalação de um museu, biblioteca e restaurante, que deve contemplar todas as tradições deste espaço que deverá manter sua “bela vista” e legar um patrimônio histórico para a cidade de São Paulo.

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