TRABALHADORES EM ODISSÉIA
CONSTANTE
A iniciativa de pessoas como o senador Vergueiro e o visconde de Indaiatuba permitiram trazer para São Paulo grande número de famílias principalmente portuguesas e alemãs. A principio foi necessário lutar contra a oposição dos senhores de escravos. Já em 1887, porém, Matinho Prado, um ilustre paulista, seguia para a Europa a fim de incentivar a imigração.
O legislativo provincial, em 1888, autoriza o executivo a contratar a introdução de 100.000 imigrantes, com todas as despesas de sustento e viagem, bem como os cuidados pela saúde, pagos pela província. Assim, não obstante as dificuldades financeiras provinciais, São Paulo deu inicio a iniciativa de subsidiar a imigração antes do período republicano. No ano fiscal de 1887-1888, o governo despendeu 2.573 contos com a imigração quando sua renda mensal era apenas 2.826. Um verdadeiro contraste com o período 1888-1896, em que foram gastas quantias insignificantes nesse sentido. A despeito das somas consideráveis invertidas na imigração em 1887-1888 o número de imigrantes caiu quase que totalmente nos começos da República.. O país passava por uma fase transitória, de um sistema de governo para outro, e os negócios provinciais achavam-se temporariamente fora de seu ritmo normal. Os números seguintes apresentavam o quadro de entrada de imigrantes na província, subsidiadas pelo governo central e por São Paulo, de 1886 a 1891, e mostram que este se encontrava até 1889, após o qual, a liderança passou para o Centro[2]:
São Paulo sempre foi
uma espécie de “patinho feio” e esteve sempre à margem dos grandes interesses e
de seus administradores, mas mesmo sendo “o meio do caminho”, e nunca estando
em evidência para ser sede federal, foi a “primeira capital do interior do país”,
uma boca de sertão, caminho de tropas, onde Sorocaba era o grande entroncamento.
Era uma “cidade feia” sem a galhardia de outras cidades litorâneas, um modelo
caipira, de constituição de taipa de pilão modesta, mais um “sopapo” mal
arrumado, do que algo “barroco” elaborado, nada chegava ao planalto com
facilidade.
São Paulo resistiu sem
nunca estar entre os grandes produtores de açúcar, que muito usou da mão de
obra de África em portos para esta finalidade. Vai ter em sua geografia o
interesse produtivo de uma "nova” cultura, que se expandiu pelo vale do Paraíba
e cortou as fronteiras do “oeste” paulista incentivada por um expansionismo ferroviário
que ligou o interior ao litoral e assumiu a condição de maior porto exportador
de café do mundo,(Santos) controlado pelas bolsas da Inglaterra. Começa assim a maior “diáspora”
imigratória ao Brasil, subsidiados pelos grandes produtores de café[1]!
“...São Paulo não se encontra em posição
estratégica relativamente ao resto do Brasil, mas possuía, aquela época, um
extensa área cafeeira, necessitando sobremodo de trabalhadores rurais para os
trabalhos de produção em larga escala de café a ser exportado".
Levanta-se a questão:
foram essas ondas imigratórias espontâneas ou subsidiadas? Se no ultimo caso,
quem as dirigiu e financiou o Estado ou a União, e teria surgido dissensão
entre ambos sobre a matéria?
Dizem os paulistas que
só há uma resposta sobre quem se responsabilizou por esse financiamento e
colocação inteligente de colônias no interior. Para eles, uma combinação de
capital do Estado e particular, com mínima assistência da União, realizou o
milagre. Os fatos comprovam esta asserção.
“ No ano de 1886 ainda
havia 107.329 escravos na província, sendo que tanto nesse ano como no ano
seguinte mais de 70 mil foram libertos. Imigrantes, pois eram necessários para
substituir o trabalho escravo, e a brilhante fase paulista de estimulo à
imigração teve inicio sob a liderança do Conde de Parnaíba(Antonio Queiroz Telles).Naquele
ano o monumental Palácio da Imigração foi levantado".
A iniciativa de pessoas como o senador Vergueiro e o visconde de Indaiatuba permitiram trazer para São Paulo grande número de famílias principalmente portuguesas e alemãs. A principio foi necessário lutar contra a oposição dos senhores de escravos. Já em 1887, porém, Matinho Prado, um ilustre paulista, seguia para a Europa a fim de incentivar a imigração.
Em 1887, o influxo de
italianos alcançou o numero de 27000, subindo, em 1888, para 30. 749.
O legislativo provincial, em 1888, autoriza o executivo a contratar a introdução de 100.000 imigrantes, com todas as despesas de sustento e viagem, bem como os cuidados pela saúde, pagos pela província. Assim, não obstante as dificuldades financeiras provinciais, São Paulo deu inicio a iniciativa de subsidiar a imigração antes do período republicano. No ano fiscal de 1887-1888, o governo despendeu 2.573 contos com a imigração quando sua renda mensal era apenas 2.826. Um verdadeiro contraste com o período 1888-1896, em que foram gastas quantias insignificantes nesse sentido. A despeito das somas consideráveis invertidas na imigração em 1887-1888 o número de imigrantes caiu quase que totalmente nos começos da República.. O país passava por uma fase transitória, de um sistema de governo para outro, e os negócios provinciais achavam-se temporariamente fora de seu ritmo normal. Os números seguintes apresentavam o quadro de entrada de imigrantes na província, subsidiadas pelo governo central e por São Paulo, de 1886 a 1891, e mostram que este se encontrava até 1889, após o qual, a liderança passou para o Centro[2]:
Ano Governo Central São Paulo
1886 3.476 5.962
1887 ZERO 32.112
1888 15.337 60.769
1889 6.368 16.438
1890 34.005 7.811
1891 105.839 697
Há um período de
deslocamento das populações que veem para as lavouras cafeeiras.
A GRANDE IMIGRAÇÃO ITALIANA POR REGIÃO
Provida de braços à custa
dos cofres públicos, a lavoura encarava com simpatia mesmo o movimento
periódico em direção aos centros urbanos.
“...a deslocação de
imigrantes das fazendas para as cidades dá-se, com efeito, mas esse fato serve
para abonar (o sistema)... porque essa deslocação efetua-se quando o imigrante, depois de algum
tempo de trabalho na fazenda, possuindo um pequeno capital, já aclimatado...”
Carta de Antonio
Prado-Gazeta de Noticias, transcrita no Correio Paulistano, em 20 de agosto de
1889.
Por outro lado a Itália,
preocupada com o êxodo no país recrudesce o movimento de embarque imigratório,
que só de setembro de 1901 a maio de 1902 chegam 120 mil imigrantes, há um
deslocamento grande e agenciados por recrutadores. Em 1902 é promulgado o
Decreto Prinetti[3],
onde o Comissário Geral Da Imigração na Itália, em conjunto com o Ministério
dos Negócios Estrangeiros proíbe a saída subvencionada para o Brasil, afetando
a colheita do café onde o fazendeiro se vê na necessidade de ampliação da
cultura do café único modelo de permanência do agricultor na fazenda gerando a
superprodução, exaurindo o mercado desta monocultura. Os preços despencam de 4,09
libras a saca para 1,48 libras em 1899.
No Convênio de Taubaté formulam-se
subsídios para aliviar a pressão da oferta da queda de preços verificada na época,
usada para proteção dos proprietários de café que aplicaram recursos para
fomentar este modelo de “importação de mão de obra” e a implantação da tardia
industrialização de São Paulo.
A mesma mão de obra que
era usada nas fazendas de café se desloca pelas ferrovias paulistas e se fixam
na capital do Estado, com a intenção de encontrar meios de subsistência
familiar. Esta mesma força de trabalho de colonos será usada para força de
produção da industrialização de São Paulo.
Referências:
TRENTO, Angelo. Do outro lado do Atlântico: um século de imigração italiana no Brasil. São Paulo: Ed. Nobel, Instituto Italiano de Cultura, 1989.
CENNI, Franco.
Italianos no
Brasil. São Paulo: EDUSP,
2003
O Estado de São Paulo, 11
dez 1949. São Paulo na Federação.Thomas
W. Palmer Jr
CONSEQÜÊNCIA DAS LEVAS HUMANAS DA EUROPA PARA A
AMÉRICA
[1] Plantation
é um tipo de sistema agrícola baseado na monocultura de exportação com
utilização de latifúndios e com o uso de mão de obra escrava, um modelo ainda
usado exceto por não mais empregar mão de obra escrava. Sua primeira
característica da economia de plantação de um produto único que se adapta ao
solo e ao clima da região. No Brasil, a economia de plantação ainda é utilizada
em várias regiões que cultivam cana-de-açúcar ou café. Nesse sistema, toda a
produção é voltada quase que totalmente para o mercado externo, permanecendo no
país apenas produtos de baixa qualidade. A dominação econômica implanta ainda este
modelo com mão de obra temporária, somente utilizada em períodos de safra “sazonal”.
A economia de plantação ocasionou o surgimento de “latifundiários”, senhores
das terras, uma vez que enormes porções de terra são destinadas a uma só pessoa,
que detém majoritariamente um conglomerado produtivo. Atualmente, alguns países
subdesenvolvidos ou numa transição, com no caso do Brasil, ainda utilizam este
sistema de plantação.
[2] Dória
de Vasconcellos. Alguns Aspectos da Imigração no Brasil. Boletim do Serviço de
Imigração e Colonização, nº 3. Março de 1941, p.5-27 (existem algumas variações numéricas gráficas)
[3] O Decreto Prinetti foi uma medida tomada em 1902 por iniciativa
do Ministro dos negócios estrangeiros Giulio Prinetti, na sua qualidade de
Presidente da Comissão sobre a migração, o que impediu a emigração direta
subvencionado principalmente no Brasil, além de evitar o exodo da mão de obra
na Itália.
Com o fim do século XIX tinha
intensificado emigração Europeia no Brasil que teve um grande impulso quando,
em 1888 o Brasil, última dos países da comunidade internacional, aboliu a
escravidão. Os latifundiários brasileiros recorreram então aos
imigrantes europeus para substituir o trabalho escravo, usando
principalmente o “exército de reserva” de mão de obra italiana.
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