(MATÉRIA: “A AVIAÇÃO CIVIL” - DIÁRIO POPULAR DE 30 DE JANEIRO DE 1930)
Não se pode escrever uma síntese da Aviação em São Paulo, sem fazer justiça aos esforços empregados pelo luzido grupo de moços patrícios que constituem a Sociedade Aero Civil. Esses jovens com inabalável fé, estão fazendo prodígios em prol do progresso da aviação civil e comercial no Estado.
Bem poucos, a princípio, conseguiram depois chamar às suas fileiras novos adeptos da causa patriótica e hoje a Sociedade Aero Civil já se constituiu em extraordinária animadora da navegação aérea em terras paulistas.
O governo compreendendo os objetivos patrióticos da novel associação, tem amparado a sua a sua iniciativa e ainda recentemente o Congresso Estadual votou um projeto de lei estabelecendo um auxilio de 100:000$000 ao Aero Civil, para aquisição da sua esquadrilha e mais um premio de 25:000$000 para ressarcir os gastos oriundos da aprendizagem dos alunos pilotos.
A Sociedade Aero Civil conseguiu da prefeitura um vasto terreno para instalação do seu aeroporto nas proximidades da Ponte Grande e atualmente está instalada no hangar do vaiador Fritz Roesler, situado ao lado do aeródromo do Campo de Marte. Trabalha-se ali ativamente pela aviação paulista.
O aeródromo dispõe de oficinas para reparos de aparelhos, almoxarifado, sala para descanso dos pilotos civis, secretaria e sala para reuniões da diretoria. A sede social é à rua Xavier de Toledo.
No hangar da sociedade encontram-se os seguintes aviões pertencentes a associados:
Além desses aviões estão guardados no aeródromo os seguintes que pertencem a “SARA”, empresa italiana que está fazendo o levantamento aero - topográfico da cidade de São Paulo:
1 Sva, de 220 HP
O Caproni, pilotado pelos aviadores Fischetti e Cattaneo, que o trouxe da Itália,deverá fazer o seu primeiro vôo dentro de poucos dias.
Além desses aviões civis, ainda existe ema São Paulo:
1 AVRO pertencente ao piloto Adolpho Calliera
Os irmãos Robba também têm o seu hangar no campo do Aero Civil e nele guardam seus aviões.
A Sociedade Aero Civil vai mandar vir da Europa os aparelhos para instalar dentro em pouco tempo a sua Escola de Aviação para civis.
Por tudo quanto acima foi dito, verifica-se que a aviação em São Paulo está agora em franco progresso e justo é salientar que esse desenvolvimento extraordinário é devido , em grande parte,à ação governamental , auxiliando as iniciativas particulares e cuidando com entusiasmo do grande núcleo aviatório que é a Escola do Campo de Marte.
Não tem sido, felizmente, muito os desastres de aeroplanos em São Paulo, e desses nem todos foram fatais.
As primeiras águias feridas e tombadas do azul em terras paulistas foram: Picollo, João Bertone, morto em conseqüência de um “pane” de motor quando deixava o aeródromo de Indianópolispara fazer um raid a Ribeirão Preto; capitão João Busse, morto em Buri, quando estava realizando um raid Campinas- Curitiba; tenente Edmundo Chantre, um dos melhores pilotos da Esquadrilha da Força Pública, morto em conseqüência de uma capotagem num augusto campo em Uberaba, quando seguia para Goiás; capitão Messias Henrique Ribeiro, e deputado Manoel Lacerda Franco, vitimados na queda do “Anhanguera” nas proximidades de Areado, no sul do Estado; e, por último Vasco Cinquini , o mecânico heróico do hidravião “Jahú”, morto,em Santos,em conseqüência de se haver quebrado uma asa do seu aparelho, quando pela primeira vez o experimentava.
A todos esses bravos, novos Ícaros da Aviação paulista, a saudade dos que aqui ficaram a trabalhar pelo desenvolvimento da 5ª arma, aquela que há de defender um dia a integridade da Pátria, se porventura ela estiver ameaçada.
A Escola da Força Pública conta com ótimos aviões para treino dos seus pilotos. O atual governo adquiriu nos Estados Unidos seis aparelhos Curtiss-Fiedgling, equipados com motor Curtiss-Challenger, de 6 cilindros resfriados a ar, de 170 HP e uma velocidade de 176 quilômetros horários , com um raio de ação de 4 horas e 20 minutos de vôo. São esses aviões de duplo comando e tem a fuselagem metálica. Nas provas a que foram submetidos na Escola deram ótimos resultados.
Esses aviões foram divididos em duas esquadrilhas: a Vermelha e a Azul, estando os desta última sendo agora montados e dentro em poucos dias farão os primeiros vôos de experiência.
Além desses estão sendo empregados na instrução dos alunos pilotos mais dois aparelhos: o “São Paulo” e um Avro-Avian, denominado “Itararé”.
Os do Azul serão batizados: “Atibaia”, “Avaré” e “Santos”.
O Sr Secretário da Justiça e Segurança Pública, de acordo com o Comando Geral da Força Pública, resolveu patrioticamente que na Escola de Aviação do Campo de Marte, fossem matriculados civis para ali fazerem o curso de pilotagem de aeroplanos.
Essa iniciativa permitirá a Força Pública, dispor em caso de mobilização, de um núcleo de pilotos para suas esquadrilhas, pois os civis, que fizerem o curso de aviação no Campo de Marte, serão considerados como reserva da nossa aviação militar e deverão usar um uniforme especial, que já está sendo estudado.
Atualmente recebem instrução na Escola os seguintes alunos pilotos civis e militares:
2º tenente João Marques
2º sargento Alfredo Lemos
Civil Plínio de Castro Ferraz
Civil Benedicto Brandão
Major médico dr Jaime Cardoso Americano
Civil Augusto Meirelles
Civil João Michilany
Discípulos do tenente Sebastião Machado:
2º sargento Ascendino Mauricio da Silva
Civil Alberto Americano
Civil Aureliano Ariza
Civil José de Araujo Luzo Junior
Civil Casio Simões
Civil Vicente Magalhães
1º sargento João Baptista Marques
2º sargento Eduardo da Silva
2º sargento Gervasio Brasil
Capitão da 2ª linha do Exército , Amadeu Saraiva, fazendo duplo comando.
Civil Antonio Paulo Sacchitelli
Civil José Ferrinho Visconti
Civil Renato Pacheco Pedroso
Instruídos pelo aviador Hoover:
1º tenente Orlando Marques Machado
2º sargento Milton Ferreira
2º sargento Manoel da Silva Basto
2º sargento Jurandyr de Barros
2º sargento Mario Soares da Rocha
2º tenente Pedro Luiz Pereira (recebendo duplo comando)
Civil Braz Nery
Histórias e Lendas de Santos - Pioneiros do Ar Asas partidas (Tragédia na praia)
Não se pode escrever uma síntese da Aviação em São Paulo, sem fazer justiça aos esforços empregados pelo luzido grupo de moços patrícios que constituem a Sociedade Aero Civil. Esses jovens com inabalável fé, estão fazendo prodígios em prol do progresso da aviação civil e comercial no Estado.
Bem poucos, a princípio, conseguiram depois chamar às suas fileiras novos adeptos da causa patriótica e hoje a Sociedade Aero Civil já se constituiu em extraordinária animadora da navegação aérea em terras paulistas.
O governo compreendendo os objetivos patrióticos da novel associação, tem amparado a sua a sua iniciativa e ainda recentemente o Congresso Estadual votou um projeto de lei estabelecendo um auxilio de 100:000$000 ao Aero Civil, para aquisição da sua esquadrilha e mais um premio de 25:000$000 para ressarcir os gastos oriundos da aprendizagem dos alunos pilotos.
A Sociedade Aero Civil conseguiu da prefeitura um vasto terreno para instalação do seu aeroporto nas proximidades da Ponte Grande e atualmente está instalada no hangar do vaiador Fritz Roesler, situado ao lado do aeródromo do Campo de Marte. Trabalha-se ali ativamente pela aviação paulista.
O aeródromo dispõe de oficinas para reparos de aparelhos, almoxarifado, sala para descanso dos pilotos civis, secretaria e sala para reuniões da diretoria. A sede social é à rua Xavier de Toledo.
No hangar da sociedade encontram-se os seguintes aviões pertencentes a associados:
1 Klemm-Daimler - do aviador Amadeu Saraiva
2 Nieuport, de 80 HP/ 1 Caudron, de 120 HP/ 1 Morane Saulnier, de 120 HP/ - pertencentes ao piloto Fritz Roesler
1 Bebê-Nieuport, pertencente ao aviador João de Barros,que ofereceu ao Aero Civil, a fim de ser rifado e o produto doado à viúva do malogrado aviador Vasco Cinquini.(Queda do avião BREDA-15, em Santos, em 11 de janeiro de 1930)
1 Caproni, para 6 passageiros, motor Jupiter-Gnome de 120 HP
1 Sva, de 220 HP
1 Fiat, de 100 HP
O Caproni, pilotado pelos aviadores Fischetti e Cattaneo, que o trouxe da Itália,deverá fazer o seu primeiro vôo dentro de poucos dias.
Além desses aviões civis, ainda existe ema São Paulo:
1 AVRO pertencente ao piloto Adolpho Calliera
1 Manocoupé, de propriedade do aluno civil da Escola do Campo de Marte, Sr. Augusto Meirelles
Os irmãos Robba também têm o seu hangar no campo do Aero Civil e nele guardam seus aviões.
A Sociedade Aero Civil vai mandar vir da Europa os aparelhos para instalar dentro em pouco tempo a sua Escola de Aviação para civis.
Por tudo quanto acima foi dito, verifica-se que a aviação em São Paulo está agora em franco progresso e justo é salientar que esse desenvolvimento extraordinário é devido , em grande parte,à ação governamental , auxiliando as iniciativas particulares e cuidando com entusiasmo do grande núcleo aviatório que é a Escola do Campo de Marte.
AVIADORES MORTOS
Não tem sido, felizmente, muito os desastres de aeroplanos em São Paulo, e desses nem todos foram fatais.
As primeiras águias feridas e tombadas do azul em terras paulistas foram: Picollo, João Bertone, morto em conseqüência de um “pane” de motor quando deixava o aeródromo de Indianópolispara fazer um raid a Ribeirão Preto; capitão João Busse, morto em Buri, quando estava realizando um raid Campinas- Curitiba; tenente Edmundo Chantre, um dos melhores pilotos da Esquadrilha da Força Pública, morto em conseqüência de uma capotagem num augusto campo em Uberaba, quando seguia para Goiás; capitão Messias Henrique Ribeiro, e deputado Manoel Lacerda Franco, vitimados na queda do “Anhanguera” nas proximidades de Areado, no sul do Estado; e, por último Vasco Cinquini , o mecânico heróico do hidravião “Jahú”, morto,em Santos,em conseqüência de se haver quebrado uma asa do seu aparelho, quando pela primeira vez o experimentava.
A todos esses bravos, novos Ícaros da Aviação paulista, a saudade dos que aqui ficaram a trabalhar pelo desenvolvimento da 5ª arma, aquela que há de defender um dia a integridade da Pátria, se porventura ela estiver ameaçada.
OS NOVOS AVIÕES
A Escola da Força Pública conta com ótimos aviões para treino dos seus pilotos. O atual governo adquiriu nos Estados Unidos seis aparelhos Curtiss-Fiedgling, equipados com motor Curtiss-Challenger, de 6 cilindros resfriados a ar, de 170 HP e uma velocidade de 176 quilômetros horários , com um raio de ação de 4 horas e 20 minutos de vôo. São esses aviões de duplo comando e tem a fuselagem metálica. Nas provas a que foram submetidos na Escola deram ótimos resultados.
Esses aviões foram divididos em duas esquadrilhas: a Vermelha e a Azul, estando os desta última sendo agora montados e dentro em poucos dias farão os primeiros vôos de experiência.
Além desses estão sendo empregados na instrução dos alunos pilotos mais dois aparelhos: o “São Paulo” e um Avro-Avian, denominado “Itararé”.
Os aviões da Esquadrilha Vermelha receberam a as seguintes denominações: “Campinas”, “São Manoel” e “Itapetininga”.
ALUNOS PILOTOS CIVIS
O Sr Secretário da Justiça e Segurança Pública, de acordo com o Comando Geral da Força Pública, resolveu patrioticamente que na Escola de Aviação do Campo de Marte, fossem matriculados civis para ali fazerem o curso de pilotagem de aeroplanos.
Essa iniciativa permitirá a Força Pública, dispor em caso de mobilização, de um núcleo de pilotos para suas esquadrilhas, pois os civis, que fizerem o curso de aviação no Campo de Marte, serão considerados como reserva da nossa aviação militar e deverão usar um uniforme especial, que já está sendo estudado.
OS ALUNOS E SEUS MESTRES
Atualmente recebem instrução na Escola os seguintes alunos pilotos civis e militares:
Alunos do capitão João Negrão:
2º tenente João Marques
2º sargento Alfredo Lemos
Civil Plínio de Castro Ferraz
Civil Benedicto Brandão
Major médico dr Jaime Cardoso Americano
Civil Augusto Meirelles
Civil João Michilany
Discípulos do tenente Sebastião Machado:
2º sargento Ascendino Mauricio da Silva
Civil Alberto Americano
Civil Aureliano Ariza
Civil José de Araujo Luzo Junior
Civil Casio Simões
Civil Vicente Magalhães
Alunos do tenente Raul Marcondes:
1º sargento João Baptista Marques
2º sargento Eduardo da Silva
2º sargento Gervasio Brasil
Capitão da 2ª linha do Exército , Amadeu Saraiva, fazendo duplo comando.
Civil Antonio Paulo Sacchitelli
Civil José Ferrinho Visconti
Civil Renato Pacheco Pedroso
Instruídos pelo aviador Hoover:
1º tenente Orlando Marques Machado
2º sargento Milton Ferreira
2º sargento Manoel da Silva Basto
2º sargento Jurandyr de Barros
2º sargento Mario Soares da Rocha
2º tenente Pedro Luiz Pereira (recebendo duplo comando)
Civil Braz Nery
NOTAS:
Titular da Pasta de Justiça: dr Salles Junior
Titular da Pasta de Justiça: dr Salles Junior
Presidente do Estado: dr Julio Prestes
Bibliografia:
Bibliografia:
Histórias e Lendas de Santos - Pioneiros do Ar Asas partidas (Tragédia na praia)
CANAVO Fº, José; MELO, Edilberto de Oliveira. Asas e Glórias de São Paulo. São Paulo: IMESP, 2ª Edição, 1978
2 comentários:
Carlos, que legal seu blog. Só você para se dedicar e desempenhar tanto nessas matérias interessantíssima! Um grande beijo e fica com Deus, Michele
Parabéns Carlos pelo seu blog, muito bacana este resgate histórico dos pioneiros da aviação! Aproveito para lhe convidar a visitar o blog que foi feito em homenagem ao meu avô Rubens Pereira Munhoz, um destes pioneiros e que foi um dos fundadores do Aeroclube do Paraná! http://rubenspereiramunhoz.blogspot.com
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