O CORANTE VERMELHO BERSIL
O vermelho simboliza sangue em muitas culturas e relacionava-se na mitologia com divindades como Apolo (ou Febo sinônimo de debrilhante, luminoso), deus da luz e do sol e Marte (ou Ares) identificado como deus da guerra.
O vermelho era habitual nas pinturas de guerra dos soldados para que os poderes dos deuses os acompanhassem. Os corantes tinham alto valor para a maioria da população pelo que a escolha da cor da roupa assentava em considerações monetárias e não estéticas. Para além das cores do vestuário havia referência de status social, por isso as cores eram referências soberanas e o branco fazia parte do universo dos súditos diferenciando-se uns dos outros pelo colorido da vestimenta.O povo guarani demonstra o valor das cores recolhidas na natureza, com a seguinte lenda:
“Os deuses esconderam as tintas nas árvores, nos animais e na terra e guardou para si o encantamento da tapiragem, processo de mudança dar cor das aves vivas. E esperaram... Ainda era tudo escuro, e ao mesmo tempo em que foi criado o Sol e a Lua, Kúat e Iaê, os deuses da sabedoria mostraram a natureza como horizonte do homem para que, convivendo com ela, aprendesse a amá-la e respeitá-la. Pele pintada para dar vida a vida, cor às cores, para mostrar a alegria do existir e a razão do viver.”
Desde o século 11 a Europa estava familiarizada com uma árvore nativa da Sumatra chamada em malaio de “sapang” que em sânscrito o termo passou a “patanga”, ou tom “vermelho”. Os mercadores transportavam “sapang” pelo Mar Vermelho ou por terra na Rota da Seda[1].
Existem referências ao tom da cor que era usado para tingir a seda e linho usado pelos nobres do Oriente, onde a árvore “sapang” era triturada até a formação de pó, e depois usada em técnicas de tingimento, que dava ao tecido o tom carmesim[2] ou purpúreo, tom mesclado entre vermelho e azul. As primeiras referências ao produto na Europa datam de 1085 da era cristã quando uma carga de “kerka de bersil” foi registrada na alfândega de Saint Omer, na França, onde o termo passou a ser designado como “brezil”. As técnicas aplicadas de então para tingimento foram passadas para a Itália onde há registro alfandegário do produto em Ferrara datado de 1193; Modena em 1221 e o importante porto do Mediterrâneo, Gênova em 1243, sendo nestas localidades chamado de bracire, brazili e verzino. Este último foi aplicado por Amerigo Vespucci nas cartas enviadas aos investidores, com o titulo “Lettera a Soderini”. Na Espanha o “pau da tinta” chegou por volta de 1220 assim como em Portugal.
O vermelho simboliza sangue em muitas culturas e relacionava-se na mitologia com divindades como Apolo (ou Febo sinônimo de debrilhante, luminoso), deus da luz e do sol e Marte (ou Ares) identificado como deus da guerra.
O vermelho era habitual nas pinturas de guerra dos soldados para que os poderes dos deuses os acompanhassem. Os corantes tinham alto valor para a maioria da população pelo que a escolha da cor da roupa assentava em considerações monetárias e não estéticas. Para além das cores do vestuário havia referência de status social, por isso as cores eram referências soberanas e o branco fazia parte do universo dos súditos diferenciando-se uns dos outros pelo colorido da vestimenta.O povo guarani demonstra o valor das cores recolhidas na natureza, com a seguinte lenda:
“Os deuses esconderam as tintas nas árvores, nos animais e na terra e guardou para si o encantamento da tapiragem, processo de mudança dar cor das aves vivas. E esperaram... Ainda era tudo escuro, e ao mesmo tempo em que foi criado o Sol e a Lua, Kúat e Iaê, os deuses da sabedoria mostraram a natureza como horizonte do homem para que, convivendo com ela, aprendesse a amá-la e respeitá-la. Pele pintada para dar vida a vida, cor às cores, para mostrar a alegria do existir e a razão do viver.”
Desde o século 11 a Europa estava familiarizada com uma árvore nativa da Sumatra chamada em malaio de “sapang” que em sânscrito o termo passou a “patanga”, ou tom “vermelho”. Os mercadores transportavam “sapang” pelo Mar Vermelho ou por terra na Rota da Seda[1].
Existem referências ao tom da cor que era usado para tingir a seda e linho usado pelos nobres do Oriente, onde a árvore “sapang” era triturada até a formação de pó, e depois usada em técnicas de tingimento, que dava ao tecido o tom carmesim[2] ou purpúreo, tom mesclado entre vermelho e azul. As primeiras referências ao produto na Europa datam de 1085 da era cristã quando uma carga de “kerka de bersil” foi registrada na alfândega de Saint Omer, na França, onde o termo passou a ser designado como “brezil”. As técnicas aplicadas de então para tingimento foram passadas para a Itália onde há registro alfandegário do produto em Ferrara datado de 1193; Modena em 1221 e o importante porto do Mediterrâneo, Gênova em 1243, sendo nestas localidades chamado de bracire, brazili e verzino. Este último foi aplicado por Amerigo Vespucci nas cartas enviadas aos investidores, com o titulo “Lettera a Soderini”. Na Espanha o “pau da tinta” chegou por volta de 1220 assim como em Portugal.
Há probabilidade de que o nome Brasil provinha de bersil, mudado para um termo aberto brésil no sentido de brasa, ou que tenha alguma origem celta, como uma benção divina, “bress” que em inglês deu origem ao termo “to bless” para o verbo abençoar.
A lenda céltica referia-se a uma ilha misteriosa e paradisíaca, perdida nas plumas do Atlântico Sul e era conhecida como “Hy Breazil”. Este território era limitado ao oeste pelo Atlântico e a leste pelo Mar Negro. Os celtas aparecem nas referências de Virgílio e Caio Catulo, definindo-se como habitantes do oeste e do norte da Europa e que originaram outros povos como os góticos, gauleses e britânicos, passando para a Ásia Menor, atual Turquia, onde encontramos os gálatas referidos nas escrituras cristãs. Estes povos nórdicos sabiam trabalhar os metais com facilidade como a fusão do ouro e o fabrico de peças em ferro. Tinham predileção por locais montanhosos, rios, mares e ilhas considerados por eles lugares mágicos. No século 6 antes da era cristã os celtas e fenícios mantinham estreitas relações comerciais. Os celtas exímios metalúrgicos extraiam o óxido de ferro desde a Ibéria até a Irlanda. O corante vermelho proveniente deste óxido era transportado e comercializado pelos fenícios, excelentes navegantes do mundo antigo, comprovado pela historiografia.
O vermelhão do óxido era denominado pelo termo grego “KINNABAR” onde a raiz “KINN” traduzia a referência de metálico rubro, avermelhado; e “NA” a qualidade de metal e “BAR” possuía o significado de “em cima”. Da palavra grega “KINNABAR” surgiria o termo brakino, barcino ou breazil, que se poderia traduzir como “descendente do vermelho”.
Na Irlanda onde sobreviveu a língua e se mantiveram os costumes célticos, passaram para outras localidades, a idéia da existência da ilha paradisíaca breazil. A lenda “Hy Breazil” entre os celtas, era muito antiga. Os fenícios e os gregos que estabeleceram contatos com os celtas através de relações de comércio, de quem obtinham “o vermelhão”, de repente pararam de manter contato onde prevaleceu que provavelmente a lenda havia se concretizado e que estes navegadores haviam encontrado a misteriosa ilha[3], nela se estabelecendo.
Os celtas acreditavam em seus mitos e na existência de ilhas ao leste e assim passaram do Continente Europeu para as ilhas do Mar do Norte, na Inglaterra, Irlanda e Islândia.
Outros habitantes estavam na região da Escandinávia, os vikings[4], onde “VIK” definia o lugar como o significado de baia ou golfo completado com sufixo “ING” designando a origem dos normandos, ou homens do Norte. Eram excelentes navegadores e destemíveis com seus barcos ágeis, decorados com carranca de dragão na proa para espantar os maus espíritos, que por este motivo eram chamados de DRAKKAR. Com estas embarcações singravam os mares partindo da costa do Mar do Norte, atingiram a Groenlândia, “Greenland” ou Terra Verde, indo para o lado do Atlântico chegando ao estreito de Davis chegando onde os franceses colonizaram a partir de 1713, com o nome L’ANSE-AUX-MÉDUSES, ou Baia das Medusas. Neste lugar por volta do ano 1000, Leif Ericsson, filho de Eric, havia conquistado em 983 a Groenlândia e chegava em Vinland, Terra do Vinho, onde “Vin” em linguagem escandinava significava “grama”, ou talvez suculentos frutos ainda não conhecidos pelos vikings. Estes desbravadores usavam um sistema de agulha magnética denominada “Sejesten Ker” e dirigiam-se pela bravura e pelas estrelas.
Disse-se ainda que foram direcionados pelas informações de “Bjarni Herjlfs Son”, que avistou terras a sudoeste da Groenlândia em 986 da era cristã, ao comando de Leif seguido de trinta e cinco guerreiros protegidos por malhas, escudos, capacetes e machados, que foram aventurar-se neste reconhecimento podendo até ter chegado ao Norte da América, onde hoje fica o Canadá e até na atual cidade Massachusetts, nos Estados Unidos. Em L’ANSE-AUX-MÉDUSES foram encontrados por arqueólogos peças de ferro, agulhas de osso, pinos e argolas. Hoje no local há o “Park Canadá” com referências desta visita escandinava antes do “achamento” oficial das Américas.
“A origem do nome Brasil é misteriosa e repleta de ressonâncias. Há mais de vinte interpretações sobre a origem do étimo e as discussões estão longe do fim” [5].
Se é que seja necessário haver um FIM!!!
[1] A ROTA DA SEDA partia de Java, na Indonésia, entrando pelo continente asiático pela Malásia, percorria parte do território da China, pela região da Pérsia atingia a Síria, indo ao maior centro comercial da Ásia Menor, em Constantinopla, hoje Istambul. Consta que pelo sistema de cabotagem também usavam o transporte marítimo pelo Golfo de Bengala, pelo Oceano Índico contornando a Índia atingia o Mar Vermelho, penetrando na África saindo em direção a Constantinopla. Pode ser razoável o uso do Golfo Pérsico entrando por Ormuz, pela região do Oriente.
[2] Carmesim: colorado, encarnado, escarlate, purpúreo, rubro, rubrente, rúbido, vermelho
[3] A saga do “achamento do Brasil” nas lendas remotas celtas de São Brandão
[4] KNORR era a nave típica dos vikings, fácil de ser movimentada e chamada “Cavalgadora das Ondas”. Os povos atacados chamavam na DRAKKEN, dragar em referencia ao dragão esculpido na proa. Movido a remos e vela quadrada de pele ou lã, e construída de carvalho era barcos longos com dimensões de 24 de comprimento, por 5 de largura e 2 metros de altura.
[5] BUENO, Eduardo. Náufragos, Traficantes e Degredados- As Primeiras Expedições ao Brasil. Coleção Terra Brasilis, Volume II. Objetiva, 1998.
1 comentário:
Carlos,muito interessante a diversidade de possibilidade do nome Brasil como corante, aprendemos na escola apenas uma definição
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