segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

MARCO ZERO DE SÃO PAULO

O MARCO ZERO: PRAÇA DA SÉ OU PÁTIO DO COLÉGIO?

O Pátio do Colégio com sua construção de “sopapo” ou “taipa de pilão”, e considerada a primeira construção da cidade! 
 Foi ampliada pelos jesuítas que fizeram dela a base dos ideais de Inácio de Loyola, até serem expulsos por interesses políticos à época pelo Tratado de Madrid, de 1750.

INTERNO DO "COLÉGIO"

Assim exigiam a retirada Companhia de Jesus do continente, por força também da região estratégica da Colônia de Sacramento, muito próximo do Estuário da Prata, donde a Bolívia (atual) possuía no Cerro de Potosi o maior centro de prospecção de prata do mundo, que no auge chegava a 220 toneladas de prata por ano! Os jesuítas controlavam as demandas dos muares, do transporte geral da região!
 
"Declaro os sobreditos regulares [os Jesuítas] (…) rebeldes, traidores, adversários e agressores que estão contra a minha real pessoa e Estados, contra a paz pública dos meus reinos e domínios, e contra o bem comum dos meus fiéis vassalos (…) mandando que efetivamente sejam expulsos de todos os meus reinos e domínios".

Decreto de expulsão dos Jesuítas, 1759.

 Assim o governo do rei Dom José por influência do primeiro ministro de Portugal, Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marques de Pombal, decreta a expulsão dos jesuítas em 1759, que deixam todas suas possessões na América. 

O antigo Colégio de São Paulo, marco principal do Pátio do Colégio, local de partida para a “Boca de Sertão”, primeira cidade e interiorana do Brasil, deste modo tornou-se Palácio de Governadores, até o início do século 20!
 Assim nasceu o “MARCO ZERO” da “Glória Imortal aos Fundadores de São Paulo”!



sábado, 29 de dezembro de 2012

O pedestal “Marco Zero” de Santo Amaro e a Ilha dos Amores da Rua 25 de Março, em São Paulo.

"QUEBRAR" O OBJETO HISTÓRICO PARA ENTENDER O TODO

São Paulo no século 19 estava transformando-se para ser a metrópole atual e reformulava seus espaços como o “Jardim Público”, depois Parque Jardim da Luz, modelo urbanístico inglês denominado “square”, remodelado no tempo de João Teodoro, (governo de 1873-1875) e a Ilha dos Amores, criada em 1874. 
 Na Assembleia Provincial, ambos eram os alvos preferidos de deputados da oposição, que ridicularizavam as construções empreendidas pelo engenheiro de obras públicas Antônio Bernardo Quartim, devido aos custos exagerados.

Ponte ligando o passeio público à margem do Rio Tamanduateí com a luminária francesa “Jovem Pajem” renascentista no alto de um pedestal em alvenaria, vista tracejada à direita da imagem.



Leito para retificação do Rio Tamanduateí, na Várzea do Carmo, atual Parque Dom Pedro II. 1890. Nasce na Serra do Mar e desagua no Tietê. Sua bacia hidrográfica possui(a) 320 km2.

Na Ilha dos Amores, (localizada na Várzea do Carmo, que depois de aterrada tornou-se parte do Parque Dom Pedro II) monumentos estavam expostos nesse passeio público, formada pelo rio Tamanduateí, o rio das sete voltas na proximidade da Rua 25 de Março, que percorria uma extensão de 35 quilômetros até desaguar no rio Tietê, possuindo uma várzea constantemente inundável, principalmente em épocas de cheias por causa das chuvas de verão.
TAMANDUATEI  planta de Affonso A. de Freitas, destacando intervenções sobre o trecho do Rio Tamanduateí no século XIX   retificado no ano de 1848 e de 1896 a 1914

Nesta ilha localizada, grosso modo, entre a Ladeira do Carmo (atual Avenida Rangel Pestana) e Rua Municipal (hoje Rua General Carneiro) foi implantado a obra “Jovem Pajem”, importada da França. Era uma figura do século 16, fixado em um pedestal de alvenaria, um tanto grosseiro. Esta obra pertencia ao escultor Mathurin Moreau (1821-1912), sendo o principal modelador de arte da fundição francesa Societé Anonyme des Hauts-Fourneaux & 

CATÁLOGO: Fonderies du Val d’Osne.


"JOVEM PAJEM", SEGUNDA FIGURA DA ESQUERDA PARA A DIREITA

Centro de Estudos Jurídicos da Prefeitura (CEJUR): Pátio do Colégio, nº 5

Com as várias intervenções ocorridas na várzea do Carmo e com a retificação do rio Tamanduateí, entre 1896 a 1914, os administradores fizeram com que desaparecesse por completo a Ilha dos Amores e a obra “Jovem Pajem” foi transladada para o Largo do Arouche e colocada sobre outro pedestal de ferro fundido, idealizado na intendência de Pedro Augusto Gomes Cardim.

 Reapareceria, a obra “Jovem Pajem”, algumas décadas mais tarde, apartada de seu pedestal, decorando o jardim lateral do Centro de Estudos Jurídicos (CEJUR), na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, nº 42, na antiga casa da Baronesa de Limeira, onde permaneceu até ser transferida para novas instalações em 2012, no Pátio do Colégio, nº 5.



Centro de Estudos Jurídicos da Procuradoria Geral do Município de São Paulo (Cejur) -SEDE ATUAL: “Pateo do Collegio”, nº 5

A obra "Jovem Pajem" está muito bem conservada, o que não se poderia dizer de outra obra também da Val d’Osne, totalmente desfigurada pelo vandalismo, na Praça Coronel Lisboa, em Santo Amaro, denominada “Aurora”.

"AURORA", PRIMEIRA FIGURA DA ESQUERDA PARA A DIREITA

Há sempre algo que parece destoar daquilo que por algum motivo se tornou em determinado momento um “símbolo representativo” e que por alguma circunstância já não “perdem” esta qualificação. São Paulo, sendo uma cidade de muitas transformações na sua estrutura urbanística, tem como consequência disto desmembrar seus símbolos e deslocá-los em partes em torno da cidade, obras “esquartejadas”, um pedaço em cada lugar, sem representação alguma com o local exposto na intervenção ocorrida. Estes vestígios históricos, graças a minúcias elaboradas por outros pesquisadores, por vezes nos proporcionam provas para complementar um investigação, mas que ainda deixam lacunas e faltam subsídios nestes escombros históricos para completar determinado momento.
Havia no CENTRO de Santo Amaro, um “Marco Zero”, sem uma referência precisa de seu sentido histórico, mesmo sabendo que Santo Amaro foi cidade independente administrativamente entre 1832 a 1935 e “necessitava” de uma referência demarcatória. Este marco[1] estava no Largo 13 de Maio (antes denominado Largo da Bola), como sendo a referência de onde se contava os pontos numéricos de Santo Amaro. Este “Marco Zero” não foi construído como “prova física” desta condição demarcatória. O Largo 13 de Maio, por si, já é a confluência de todos os pontos de Santo Amaro e sua demarcação principal é a Matriz de Santo Amaro, onde houve a instituição local jesuítica.
O “Marco Zero” de Santo Amaro é o pedestal, fundido na administração do intendente de obras de São Paulo, Pedro Augusto Gomes Cardim e que serviu de base a obra francesa “Jovem Pajem” de  Mathurin Moreau!


Gomes Cardim fundou a “Academia de Belas Artes” que passou a denominação de “Escola de Belas Artes de São Paulo”, em 1932, ficando responsável pelo acervo da Pinacoteca do Estado, sendo Gomes Cardim seu diretor até 1939.

O edifício da Pinacoteca de São Paulo originalmente foi construído para abrigar o Liceu de Artes e Ofícios (Arts & Crafts Schools) movimento criado por William Morris, com princípios sociais da divisão do trabalho, instituição criada em 1873 em São Paulo, onde instituiu-se cursos de marcenaria, serralheria, gesso, desenho, moldagem, modelação e fundição, entre outros. 



FOTOS: ACERVO Liceu de Artes e Ofícios

A partir de 1890, assume a direção do Liceu o arquiteto Francisco Paula Ramos de Azevedo, responsável por uma nova reforma curricular e administrativa da escola que a faria prosperar muito. Ramos de Azevedo também foi um dos fundadores da Escola Politécnica da futura Universidade de São Paulo. 

Considerações:

O Marco Zero de Santo Amaro, foi fundido em São Paulo, na intendência de Gomes Cardim, para servir de pedestal para a obra francesa do escultor Mathurin Moreau, o “Jovem Pajem”!

Luminária em ferro fundido representando um pajem do século 16, implantada originalmente na Ilha dos Amores, depois transferida para o Largo do Arouche. Foto de autor não identificado, da década de 1920.

Referência Bibliográfica:
MAPPA DA CAPITAL DA P.cia DE S. PAULO seos Edifícios publicos, Hoteis, Linhas ferreas, Igrejas Bonds Passeios, etc. publicado por Fr.do de ALBUQUERQUE e JULES MARTIN em 1877

MOURA, Paulo Cursino de. São Paulo de Outrora. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EdUSP,1980.

Informativo AHM n.º 4, no texto Jardins Públicos paulistanos no tempo de João Teodoro.


COLABORAÇÃO TÉCNICA: 

Centro de Estudos Jurídicos da Procuradoria Geral do Município de São Paulo (Cejur) – “Pateo do Collegio”, nº 5, CEP 01060-040
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/negocios_juridicos/procuradoria_geral/cejur/index.php?p=408

Departamento do Patrimônio Histórico- Av. São João, 473 - CEP: 01035-000 -8º andar/Seção de Crítica e Tombamento.


PARA COMPLEMENTO VIDE: 

São Paulo dos Campos de Piratininga ou São Paulo das Várzeas do Tamanduateí
http://carlosfatorelli27013.blogspot.com.br/2012/12/sao-paulo-dos-campos-de-piratininga-ou.html

A INTENDÊNCIA, A RETIFICAÇÃO DO TAMANDUATEÍ E A ILHA DOS AMORES
http://carlosfatorelli27013.blogspot.com.br/2012/12/a-intendencia1-retificacao-do.html 




OBSERVAÇÃO:

O foco principal desta publicação é a historiografia com o diálogo entre o passado e presente, ilustrados pela imagem para completar o conceito de tempo e espaço. Dentro deste conceito há a pesquisa e o projeto “A Fotografia Como Concepção Histórica” para proporcionar a crítica da crônica, na dialética de conceitos variados. O objetivo deste veículo é disponibilizar o conhecimento para toda a comunidade. É de responsabilidade de cada leitor o eventual uso que venha a fazer desta informação. Em qualquer caso é obrigatória a citação bibliográfica completa, incluindo o autor e as fontes de referências. Se houver algo que não condiga com o crédito referido nesta matéria favor comunicar.





[1] Este Marco atualmente está situado na Praça Edmundo Zenha, e seu fiel depositário é o Centro das Tradições de Santo Amaro, CETRASA.