sábado, 30 de julho de 2011

Não passarão!

LIDERANÇAS FANTOCHES DO ESTADO

Buscando visualizar quando e como a opressão dos governos mundiais começa a ser questionada e observando os movimentos atuais em países onde em nome de uma religião oprimem-se as multidões, manipulando interesses próprios, mas independente deste despotismo as grandes transformações, mesmo que tardia, devem acontecer, embora se deva observar nas margens dos movimentos libertários interesses de outros déspotas, que incentivam com financiamentos controlados por uma cúpula diretiva, há como ter a ótica anterior como respaldo de considerações.

Como evitar as influências de controle dos movimentos que nascem nas fimbrias marginalizadas, para não repetir a o malogro ocorrido em Paris com a Comuna de 1872, que mesmo vencedora, foi reprimida logo em seguida por forças militares.

As adaptações de controle ocorreram na capital da França com as alterações urbanas e imobiliárias, numa nítida evasão desta condição marginal, produzida pelo meio social, num enobrecimento do centro de Paris para evitar que houvesse meios de mobilização das massas.

Os ideais libertários da revolução francesa culminando com o desfecho no ano de 1789 foram esquecidos em 18 do Brumário de Bonaparte. O retorno das realezas anteriores e seus déspotas foram assimilados antes do levante da Comuna, em 1852, quando Luis Bonaparte efetua o golpe de Estado, uma traição aos direitos do povo pela Constituinte que o havia elegido em 1848. Deste modo passa a controlar as forças políticas, a produção industrial e rural e todo o país através das forças militares instituindo “novo” governo com o título de Napoleão III.

Falavam de liberdade com as baionetas às costas!

Uma monarquia disfarçada de república fazendo os acochavos para controle da assembléia nacional, além do controle do alto comando do exército pelos interesses políticos, assumindo assim o Estado, rasgando as normas antigas e constituindo outras de interesse da plutocracia com acréscimo de cláusulas que atingiam somente os contrários ao regime prevalecendo a “ordem da segurança pública de poucos”.

A presidência estabelecida desta maneira faz parte do jogo das garantias de posição, sendo a Carta Magna regida para prevalecer estes interesses e que violá-los denota falta de nacionalismo com enquadro na lei de segurança nacional.

Troca-se a ditadura do general Louis-Eugène Cavaignac pela ditadura de Carlos Luís Napoleão Bonaparte, déspotas mandatários da França. A aristocracia se molda independentemente dos governantes, e o que mais há de interesse é o controle das finanças, manipulando as grandes glebas latifundiárias e os meios de produção industrial.

Como evitar tornar-se corompido pelo sistema e ser satélite de controle do poder do Estado, que delega instruções de controle dos movimentos sociais aos lideres fantoches da massa em movimento, lideres estes que são copitados a dizer o contrário das propostas do movimento ussurpando e traindo a causa abandonando uma multidão disforme que se desloca desordenadamente, ao contrário das forças policiais, muito bem equipadas e preparadas para reprimir o “inimigo” interno?

Cuidado com os governos do Estado, independentemente do seu rótulo, são aparentemente limpos por fora, mas efetivamente sujos por dentro!!!

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Alberto Conte: O Homem e a Obra

As Tentativas de Emancipação Educacional e a Dependência Externa do Brasil

Quem pode constituir a melhor biografia sem dúvida é individuo estudado social que pode dar referências exatas, mesmo que a oralidade possua alguma referência somente visualizada por quem depõe. Evidente que quando não se tem o depoimento não é mais possível pela determinante natural do fim de existência, o pesquisador tem que recolher parte disso com aqueles que estavam próximos do homenageado e de uma bibliografia anteriormente constituída.

As instituições de poder por sua vez, possuem as ferramentas oficializadas para produção de documentos e são nestas fimbrias que o pesquisador se vale para atingir o objetivo. Oficializar documentos compete ao Estado que definem datas e o momento que se inicia determinadas organizações.

O professor Alberto Conte nascido em 12 de junho de 1896, em Avaré, São Paulo, após uma vida prolifera em prol da educação partiu em 22 de julho de 1947. Nesta época foi proposto pela Assembléia Estadual de São Paulo, pelo deputado Henrique Richetti, que o Ginásio (no hodierno denominado Fundamental II) de Avaré, terra natal do professor Alberto Conte, recebesse tão honroso nome, sendo que à época dirige-se a assembléia dizendo em plenária:

“A fecunda atividade intelectual de Alberto Conte bastaria para torná-lo digno de nossa admiração, mas o que mais nos comove em sua vida é a sua encantadora simplicidade, a sua modéstia, o seu amor ao trabalho e ao estudo, e ainda o seu coração tão grande e tão bom. Conseguiu... firmar na existência um roteiro, que conduziu o seu espírito religiosamente céptico a uma fórmula de vida profunda e satisfatória. Condensou a sua conduta no “amor ao próximo”, tendo oferecido freqüentes provas desta acrisolada sensibilidade.”

Neste mesmo tempo estava no prelo o livro “Monteiro Lobato: O Homem e a Obra”, sendo preparado para ser editado pela Editora Brasiliense Ltda quando o professor foi arrebatado da vida, impedindo-o de ver obra concretizada, que seria uma vitória para o eminente educador. A referida obra foi concretizada em 1948.

Devido a estas proposta em edificar a memória do educador começa a ser proposto nominar um colégio dentro do Estado de São Paulo, indicada através de Oficio datado de 7 de janeiro de 1948 pelo Secretário de Educação para o diretor do Departamento Nacional de Educação quando se discutia também o projeto pelo legislativo das Leis e Diretrizes e Bases da Educação e da realização dos primeiros exames de admissão.

Nesta época começou a funcionar o “Ginásio Estadual de Santo Amaro”, em São Paulo, ocupando duas salas do tradicional Grupo Escolar Paulo Eiró, na Rua Campos Sales, atual Rua Mário Lopes Leão, próximo a praça Floriano Peixoto. À frente de tão importante missão estava o professor Luiz Contier, catedrático do Grupo Escolar da Vila Mariana, sendo que as duas primeiras salas eram frequentadas de segunda a sábado das 8 horas às 12:00 horas, um início modesto das metas modernas de pedagogia a serem implantadas.

Somente no ano de 1949 o “Ginásio Estadual de Santo Amaro” receberia o nome “Ginásio Estadual Professor Alberto Conte”, mas ainda sem dependências próprias, sendo que somente em junho de 1951 a prefeitura de São Paulo desapropriaria o que era anteriormente o campo de tradicional equipe de futebol de Santo Amaro, em uma área de 7243 m2 , para serem iniciadas as obras de engenharia civil, finalizada em 1954.

O diretor do ginásio, Octavio Lopes Corrêa, solicitou ao Inspetor Seccional de Ensino Secundário (as inspetorias foram criadas em 1954) a mudança da escola para as novas instalações, ocorrida em 1955 onde se iniciam as atividades nas modernas dependências onde seriam implantadas as Classes Experimentais, referência educacional para as estruturas vocacionais e criticas coincidindo com os anos áureos da Campanha de Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino Secundário- CADES - implantada pela efêmera democracia brasileira saída do Estado Novo, autoritário e centralizador que limitava a liberdade de criação dos educadores, meras peças burocratas e executores das disposições legais do sistema impetrado.

Na década de 1950 houve necessidade de mudanças exclusivamente pela nova estrutura econômica mundial, após a segunda guerra, sendo que os debates educacionais tiveram seu apogeu, no Brasil, a partir de 1955, com implantação das indústrias automotivas no país, deficitária de mão de obra especializada, e com novo modelo político, que causou reflexo na cultura, no campo social e ideológico, encerrado após uma década, por imposição do regime de exceção de 1964.

Considerações:

Depois de meio século o país não se refez do poder pseudodemocrático e prestes a perder novamente o fluxo do movimento histórico por despreparo educacional sem projeto efetivo permanente que liberte o povo dos controladores do poder, que criam e recriam as condições ideais para fomentar os movimentos de opressão.

Referências:

1- NUNES, Clarice. Escola e Dependência: O Ensino Secundário e a Manutenção da Ordem. Rio de Janeiro. Ed. Achiamé, 1980.

2- Matéria Gazeta de Santo Amaro, data 15 de abril de 1994

3- CONTE, Alberto. Monteiro Lobato: O Homem e a Obra. Editora Brasiliense Ltda. São Paulo, 1948.


Revista INTERLAGOS 1955- o início


Gazeta de Santo Amaro 31 janeiro de 1969
REVISTA INTERLAGOS 1955 FANFARRA ALBERTO CONTE




sábado, 23 de julho de 2011

A Educação Rural, a Escola Experimental e o Ginásio Vocacional Alberto Conte, Santo Amaro/SP

Escola Normal Secundária de São Carlos e o Instituto Estadual de Educação Prof. Alberto Conte

Há em todo o emaranhado histórico uma flexibilidade de linhas que embora afastadas encontram-se no tempo e espaço. O Brasil não foi um primor na implantação educacional, manteve seu povo a margem do conhecimento por mais de três séculos quando por força das transformações mundiais achou por bem definir suas primeiras regras acadêmicas. Nas correntes dominantes estava enraizada a idéia de somente administrarem as primeiras letras e em seguida usar este contingente como braços de produção agrícola incentivada pelo crescimento demográfico de uma prole local, pois a produção dependia de um processo unicamente deste modelo não havendo uma tecnologia de produção. O país passou assim todo século 19 implantando um sistema de interesses abarcados pela revolução industrial da Inglaterra que incentivava antigas colônias européias adquirir seus equipamentos em troca de produtos disputados pelos emergentes à época, como algodão e café, controlados pelas economias dominantes.

São Paulo adquiria pelos magnatas e grandes fazendeiros a tecnologia das ferrovias de escoamento destes produtos agrícolas, equipamentos fechados em contratos que tinham como os controladores os grandes investidores europeus, em sua maioria, ingleses. Evidentemente que era necessário uma mão de obra mais especializada para que houvesse um mínimo de planejamento e uma logística insipiente que fluísse todo escoamento da produção aos portos locais que ligavam as economias mundiais.

O analfabetismo era alto e as primeiras regras estavam embasadas em administrar um modelo de educação mínima necessária de comandados enquanto que os que iriam controlar o sistema eram preparados nas escolas de alto nível nos moldes europeus que deram origem as grandes estruturas particulares de origem em países europeus para ditarem as normas de controle da massa proletária.

No ano de 1927, 18 municípios paulistas não possuíam uma só escola na zona rural e pela falta de preparo de professores era autorizado pelo artigo 42 do decreto nº 3.858, de 11 de junho de 1925, o Governo mandou proceder a concursos de leigos para a regência interina de escolas em zonas longínquas, para as quais não houve pedido de nomeação por professores diplomados.

(Anuário do Ensino Público do Estado de São Paulo e Relatório do Presidente do Estado de São Paulo, Antonio Dino da Costa Bueno)

Pelo censo escolar de 1926, constava a existência de 496.172 crianças de 7 a 12 anos, das quais 363.628 eram analfabetas e 132.544 sabiam ler. Freqüentavam escolas 269.967 crianças e 277.105 não as freqüentavam. Destas, 201.944 eram analfabetas. (Anuário do Ensino do Estado de São Paulo, 1927).

O analfabetismo era considerado uma doença e o maior inimigo da Pátria que deveria ser combatido heroicamente nas palavras de Sampaio Dória, Secretário de Instrução Pública que propôs a reforma através da Lei 1750, de 1920, que recebeu seu nome e foi regulamentada pelo Decreto nº 3.356 de 31/05/1921 .

"Governo democrático e ignorância do povo são duas coisas que se chocam, se repulsam, se destroem... Como um povo pode se organizar se não sabe ler, não sabe escrever, não sabe contar?" Sampaio Dória, in Questões de Ensino (1921)

Em decorrência da “autonomia didática” proposta pela "Reforma Sampaio Dória" e pelas urgências políticas e sociais de produzir com qualidade, o método estava voltado para a capacitação dos interesses das relações internacionais.

Houve uma resistência dos professores das escolas normais paulistas quanto à utilização do método analítico e começaram a se buscar novas propostas de solução para os problemas do ensino e aprendizagem para desenvolvimento de capacidades cognitiva dos educandos completando suas habilidades numa tentativa de desenvolvimento pedagógico. As dificuldades que se sucederam levaram o autor da reforma a deixar a Secretaria de Instrução Pública que considerou errôneas as interpretações sobre suas propostas de reestruturação. A reforma continuou sendo implementada por seu substituto, Guilherme Kuhlmann, até 1925, quando então foi substituído pelo decreto nº 3.858 de 11 de junho de 1925.

A infra-estrutura material era insuficiente pela proposta, havendo salas com várias faixas etárias e os professores que lecionavam nas escolas isoladas da zona rural não eram diplomados sofriam uma fiscalização maior por parte dos inspetores de instrução pública que orientavam ministrando aulas-modelo para mostrar aos professores práticos como deveriam ensinar seus alunos. No ano de 1927 registrou-se 5.964 aulas-modelo em diferentes escolas isoladas do Estado de São Paulo onde os professores eram leigos, para exercerem sua função, passavam por exames orais e escritos e eram nomeados pelo poder público Presidente do Estado de São Paulo.

Com todas estas mudanças os problemas eram grandes, pois as lavouras necessitavam de mão de obra dos jovens e absentismo de alunos era alto agravando os índices de analfabetismo. Em 1929, pelos anuários foram matriculados 115.960 alunos sendo que foram alfabetizados 15.085 alunos e promovidos 31.558. (Relatório do Anuário do Estado de São Paulo, 1930).

Na cidade de São Carlos já havia sido fundada a Escola Normal Secundária de São Carlos, em 1911, com estrutura precursora das faculdades de filosofia, formando professores para os Grupos Escolares e que recebeu mais tarde o nome Colégio Estadual e Escola Normal Dr. Álvaro Guião (vide ref. 8), passando depois para Instituto de Educação. Desta instituição é grande colaborador Carlos da Silveira, lente de Psicologia Experimental, Pedagogia e Educação Cívica da Escola Normal de São Carlos, desde 1913. Em 1920 passa como diretor da Escola Normal do Brás. É um grande estudioso da história da educação brasileira, onde publica obras criticas e como dar novo alento na formação dos professores nas Escolas Normais como impulso as mudanças das Escolas Primárias, passando a ser um dos articuladores da reforma de 1920, promovida por Sampaio Doria.

História do Professor Alberto Conte e as transformações Luiz Contier.

O professor Alberto Conte nasceu em Avaré, em 12 de junho de 1896, interior de São Paulo. Conheceu o pintor e paisagista Diógenes de Campos Ayres de quem se tornou amigo e por quem foi incentivado e aprendeu as noções de pintura artística, trabalhos estes que lhe rendeu algum retorno financeiro. Mais tarde, com muito esforço de seus pais que eram colonos imigrantes da Itália, transferiu-se para a capital para estudar na Escola Normal Caetano de Campos, na Praça da República, trabalhando como servente na Escola Normal Padre Anchieta, no Brás para custear as despesas. Formou-se professor de Filosofia e Pedagogia sendo transferido para lecionar Escola Normal Secundária de São Carlos, à época considerada em excelência educacional fama que perdura até o hodierno. Sua ascensão tornou-o uma das figuras marcantes do magistério paulista, colaborando intensamente para as mudanças necessárias além de em diversos órgãos da imprensa nacional sendo que seu livro “Monteiro Lobato: o homem e a obra”, da editora Brasiliense, fundada por Caio Prado Júnior foi impresso após negociação com Lobato que concedeu a publicação de suas obras completas. Além desta referência cita-se também: Sentido da Adaptação Biológica e Sociais das Funções Psíquicas, Tratado de Psicologia Geral, Dicionário de Sociologia, em parceria com Aquiles A. Junior, e ainda Elementos de Psicologia, em conjunto com Nelson Cunha Azevedo e Reflexões, sobre lutas, glórias e fracassos da vida.

O prof. Alberto Conte era de estatura mediana, cabelos pretos e abundantes, olhos grandes, não usava óculos. Cuidava muito da sua aparência, embora psicólogo, era muito calado, rosto sereno, mas seu tino de transformações o fez colaborador da Revista da Escola Normal de São Carlos onde consta entre os professores da Escola Normal de São Carlos e outros diretores de Escolas Normais implantadas em São Paulo com direção de Carlos da Silveira, da Escola Normal do Brás, um dos grandes incentivadores dos artigos referentes à História da Educação nas Escolas Normais em São Paulo e sobre questões de ensino e o papel educativo da Escola Primária. Não confundia cultura com educação, aliás via a redenção do povo ao dizer:
“Para que um Estado possa levar avante tal transformação deverá ter grande ardor pela redenção do povo e o tempo necessário para poder-se arrancar o povo modificado e sempre pronto a defender os seus projetos das garras desses seculares exploradores e isso se obtém fazendo passar toda uma geração pelo grifo de uma educação e um sentido bem sólido e racionalizador.”
RUA MÁRIO LOPES LEÃO, nº 120 SANTO AMARO/SP (antiga Rua Campos Salles)

O professor Alberto Conte encerrou sua vida sem ver concretizado seu ideal, partindo com a humildade característica e serenidade daqueles que sabem seu dever, em 22 de julho de 1947, sendo homenageado com rua na travessa da Rodovia Anchieta, no Sacomã, e o antigo Instituto Estadual de Educação Prof. Alberto Conte, em Santo Amaro, que se tornou Escola Experimental e Ginásio Vocacional tendo sido um dos mais renomados colégios públicos da cidade de São Paulo e fez parte das escolas experimentais da Capital método elaborado por iniciativa do diretor do Ensino Secundário do Ministério da Educação, Gildásio Amado, que na década de 50 teve aprovação pelo Ministério da Educação autorizando as escolas secundárias e institutos de educação a implantarem as classes experimentais em 1951, quando Luiz Contier (titular da cadeira 26 e fundador da Academia Paulista de Educação)
realizou curso na França sobre “Classes Nouvelles” e é o primeiro a aplicar a metodologia no Brasil em 1956, quando se torna Diretor do Instituto de Educação Alberto Conte, implantando as “Classes Experimentais”, já nessa época ampliando o modelo em 1958 ao assumir como Diretor Geral do Departamento de Educação da Secretaria Estadual de Educação, lançando as bases para as classes experimentais. Os Ginásios Vocacionais teve curta direção, pois foram fechados pelo Golpe de 1964, por ter como meta a idéia emancipadora, e para recuperar o significado da educação e do trabalho confrontando o saber através do conhecimento e a alienação resultante do sistema capitalista.

REFERÊNCIAS:

1- Academia Paulista de Educação – APE
http://www.apedu.org.br/index.php?option=com_joomgallery&func=viewcategory&catid=2&Itemid=10
Alameda Franca, 219 – Jardim Paulista, São Paulo - SP, 01422-000

2- Haidar, Maria de Lourdes Mariotto. A Educação em São Paulo no Império

3- O BORÉ, Órgão Oficial dos alunos do Instituto Estadual de Educação Prof. Alberto Conte, DÉCADA DE 1960.

4- Tamberlini, Angela Rabello Maciel de Barros. Os Ginásios Vocacionais, A Dimensão Política de um Projeto Pedagógico. SÃO PAULO. FAPESP/Editora: ANNABLUME, 2001

quinta-feira, 21 de julho de 2011

OBLITERAÇÃO, GENTRIFICAÇÃO e CONURBAÇÃO

CIDADE e ARRABALDES e a CONSTANTE RECONSTRUÇÃO

“OBLITERAÇÃO” é destruir por completo um modelo anterior, para reedificar constantemente as transformações que ocorrem no meio. Esta diluição não tem uma estabilização deste processo, conseqüência de uma reinvenção do espaço por interesses humanos. Há transformações ocorridas por fatos naturais por interferência no planeta, fazendo desaparecer situações anteriores, embora permaneçam vestígios soterrados por processo de mudanças. Quando isso ocorre através desses fatores diz-se ser uma “evolução natural” e que o homem transcreve como catástrofe, pois altera o seu modelo de existência.
Quando as transformações ocorrem no espaço histórico, prevalecem os interesses humanos, alterando-se os registros materiais anteriores em uma “transformação” que apaga parte da história de gerações anteriores de outro “tempo contemporâneo”, pois não se agrega o valor anterior deste momento, apaga-se toda referência até que dele não fique nenhum vestígio, ou seja apenas lembrança da “memória” (o sexto sentido!). Deste estudo do “fazer esquecer” se encarrega determinados campos de pesquisa da história humana, do passado de taipa para a alvenaria ao concreto, existem vidas interligadas em movimento e que “fizeram esta construção” de crescimento expansionista do “espaço vital” e que o modelo de “progresso” proclama guerra ao meio por novas condições de uso do espaço geográfico em detrimento ao antigo e evitando também acesso a documentos oficializados em nome de uma segurança nacional, um patriotismo de retórica chauvinista.
Porque as cidades são sempre espaços constantes de reconstrução?
Há outra estrutura em movimento dos interesses humanos, em sempre buscar o modelo ideal para fixação associado ao melhor local para se viver, com as condições naturais de sustentação.

As antigas localidades que eram os subúrbios de sustentação deste núcleo urbano constituíam-se de sítios, fazendas, chácaras produtoras de gêneros alimentícios, pelo crescimento da cidade se tornam empecilho às transformações pretendidas pelas estruturas de poder, que para apoderar-se dos interesses territoriais criam dificuldades de permanência do antigo sistema, obrigando o deslocamento para outras áreas distantes da cidade, deixando livre o espaço do antigo modelo rural para outro modelo urbano que “apaga” as condições anteriores proclamando como área nobre de expansão urbana, chamado "GENTRIFICAÇÃO", uma nova fronteira de espaço urbano com mudanças que são implantadas por interesses econômicos que se deslocam em direção ao novo espaço de “crescimento” das cidades diretamente ligadas por fatores de interesses econômicos que atuam neste processo.
Há neste modelo “selvagem” uma “barbárie” através da varredura de habitações anteriores expulsando seus antigos proprietários que originaram as vilas, bairros, de pequena estrutura familiar, fimbria da sustentação do circulo e do “núcleo”(a cidade), que em movimento constante, anteriormente cercada pelo subúrbio de sustentação alimentar é seguida de outra periferia, satélite de mão de obra, o exército de reserva que se mantém a margem deste crescimento, onde não há, por parte do Estado, interesse em fomentar infra-estrutura de desenvolvimento por condições mínimas de saneamento onde o poder “fabrica” a degradação para assumir no futuro, o controle do modelo pretendido pela expansão de crescimento da cidade, expulsando o “modelo anterior” por força da valorização imobiliária que reedifica o “novo modelo” pretendido nestes espaços com uma intervenção de força de controle do Estado embasado pelo poder econômico, vivendo em colóquio de interesses.
Por vezes esse deslocamento é tão ampliado em seus interesses que abarcam outras cidades menores com autonomia própria, mas que crescem lentamente e não tão rápido como as grandes metrópoles. Estes tentáculos de movimento “abraçam” estas outras cidades formando o que os burocratas denominam de “CONURBAÇÃO”, onde duas, ou mais, cidades deslocam-se e encontram-se nesta expansão de crescimento geográfico em busca de novos espaços na expansão das cidades que incorporam arrabaldes ocupados, ampliando areas horizontais sendo que o novo modelo amplia uma demografia maior nas áreas centrais com a verticalização da construção civil.
O capitalismo subsiste destas inconstâncias de construir, destruir e reconstruir seu símbolo máximo, as cidades, enfim, “a história repete-se, primeiro como tragédia, depois como farsa”!( “18 de Brumário de Luís Bonaparte”, de Karl Marx)

segunda-feira, 11 de julho de 2011

SÃO PAULO 300 ANOS COMO CIDADE: 11 de julho de 1711

DE ENTRONCAMENTO DE BOCA DE SERTÃO A MAIOR METRÓPOLE DA AMÉRICA DO SUL: 1ª CIDADE DO INTERIOR DO BRASIL

São Paulo dos Campos de Piratininga era um lugarejo de passagem e habitado por pessoas pobres de parcos recursos. Era apenas um lugar de entroncamento não existindo por parte da Coroa Portuguesa o interesse da expansão das regiões nas bocas de sertão do Brasil, que fugia ao controle por parte da Coroa, preferindo a mesma gerir somente o litoral com os portos de controle numa nítida consolidação de proteção aos inimigos naturais que atacavam possessões portuguesas, principalmente os franceses e holandeses.

Para São Paulo acorria todo o tipo de gente sem preparo e nenhuma aptidão, que somente usufruíam das benesses dos recursos naturais em nítida condição predatória, tornando-se local de refúgio de todo tipo de casta baixa e sendo povoado por mulheres “erradas” de Portugal, tal a carência de mulheres brancas (citação da carta do Padre Manoel da Nóbrega). Mestiços de “negros da terra” com “brancos” não coabitavam tanto nos casebres destes europeus marginalizados e nem nas aldeias indígenas que os recusavam. Deste modo estes filhos naturais viviam as margens desta fragilidade e tornavam-se salteadores de estradas. As grandes empreitadas de tráfico de escravos negros se concentravam “nas capitais do Brasil”, como o Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, as mais importantes praças de então, sendo que São Paulo supria sua carência de mão de obra através dos traficantes de escravos índios, preados nas matas, famílias inteiras de nativos, os “negros da terra” que eram caçados como braços escravos de pouco custo e alto rendimento. Fora isso havia “uma limpeza na Metrópole” onde embarcavam os condenados que foram deportados como “recurso de pena” para se manterem vivos nas sentenças de degredo. No fim do século 18 o Capitão-General, Morgado de Mateus, veio a São Paulo no período de 1765 a 1775, como adido português para acertar com a Espanha uma nova partilha de terras a partir de São Paulo, e como governante passa informações ao El Rey sobre os paulistas: "é a pior gente do mundo: relaxada, indolente, orgulhosa, selvagem e estúpida”. São Paulo dos Campos de Piratininga era muito pobre sendo que, em 1589, seus cerca de 150 moradores habitavam construções rudimentares com tetos de palha e de toscas paredes de barro batido a sopapos.
“Paço Municipal em 1628” – JOSÉ WASTH RODRIGUES (óleo sobre tela-1920) Acervo do Museu Paulista (SP)

A primeira Casa de Câmara somente foi edificada em 1575 (Atas, v.1, p. 76-79) dispondo de um único cômodo, e, deste modo São Paulo passou a contar com dois logradouros, funcionando um deles como praça religiosa e o outro, como praça civil, dualidade que remontava em origem à cidade portuguesa medieval: o terreiro jesuítico, onde fora erguido o pelourinho em 1560, com um cruzeiro em frente da igreja no Paço Municipal, protegida por fraca murada formada por paredes rústicas de casas emparedadas umas as outras.

Em 1591, a Vila de São Paulo vivia em clima de guerra contra os autóctones que viam suas terras serem usurpadas. Ao pátio da igreja e seu colégio foram recolhidos os familiares dos moradores que viviam as margens do local, numa desesperada condição de proteção de resistir aos ataques se porventura fossem desferidos ao local.
“COMBATE CONTRA BOTOCUDOS”-OBRA DE JEAN BAPTISTE DEBRET, de 1827. Guerra dos bandeirantes contra tribos de Piratininga
O povoado ficava a mercê deste contingente referido e estabelecido em uma região inóspita e abrutalhada pelo tipo de estrutura de planalto, sendo a barreira natural a Serra do Mar distante dos demais centros do Brasil, onde o acesso ao litoral era extremamente difícil chegar bens de consumo que somente poderia ser feito nas costas de indígenas escravizados ou através de muares, aliás, foi esta a fonte de “riqueza” que preservou o local, a negociata com mulas, lucrativo sistema de transporte comercial iniciado com o “ciclo dos mures” no século 18 continuando sem interrupção até o advento das ferrovias, no século 19. O antigo caminho de Peabiru ligando o Pacífico desde Quito, no Equador, afluía para o litoral do Atlântico, determinava o sistema de transporte de muares controlados na Bacia da Prata, de onde saia todo mineral cobiçado pela Coroa espanhola extraído da atual Bolívia, do Cerro de Potosi (argentum/Argentina) cobiça também de Portugal. Sorocaba, em São Paulo, era caminho natural da antiga trilha inca de Peabiru, tornado-se deste modo local de revenda de muares controlados nas Missões jesuíticas do sul que mantinham seu monopólio. Em Campo Largo de Sorocaba estacionavam a “burrama”, que era comercializada nas hospedarias e feiras pelos aquiladores que depois enviavam os animais que passavam pelo planalto rumo as Minas Gerais em corrida para as minas de ouro descobertas no século 18 por iniciativa das bandeiras que partiam de São Paulo.

A necessidade de sal na capitania de São Paulo, “para sustento da vida e para o aumento das criações e subsistência das tropas, que vem do sul” era um problema na era colonial “(p.175, Tropas e Tropeiros na Formação do Brasil, de José Alípio Goulart). Na mesma época o “porto” de Parati, que compreendia área da Capitania de São Vicente, fazia o escoamento do ouro e onde também havia o tráfico controlado por bandeirantes paulistas descobridores do ouro nas Cataguases (Minas Gerais), entre 1693 e 1695 através de Garcia Rodrigues Pais e Antônio Rodrigues Arzão que são apontados como os pioneiros seguidos por Pascoal Moreira Cabral que encontra ouro em Mato Grosso, Cuiabá, em 1719; e Bartolomeu Bueno da Silva, em Goiás, em 1725.
São Paulo não se submetia a Coroa que queria ter todo o controle das províncias, e Portugal sabia que precisava se aproximar da capitania, e não denominava os paulistas como "ladrões destes sertões", mas como "briosos e valentes".
CASA DOS CONTOS(OURO PRETO)
 Em 7 de junho de 1710 uma junta composta por vereadores, religiosos e nobres acharam por bem formalizar petição à Coroa para que a Vila se tornasse Cidade, não havendo recusa, fato este concretizado quando os edis paulistanos discutiam na Câmara a falta de sal na cidade. Assim em 11 de julho de 1711 o rei de Portugal, Dom João V, assinava em Lisboa a ordem régia oficializando a elevação de São Paulo a Cidade, passando a servir de residência ao governador e capitão-mor da capitania de São Paulo e Minas do Ouro e ainda com direito a oficializar uma diocese episcopal, condição esta não disponibilizada nas vilas.

ANTIGO "PALÁCIO DOS GOVERNADORES" E ATUAL "MUSEU DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA ESCOLA DE MINAS"-UFOP
São Paulo tornava-se importante centro de atividades comerciais, que somando ao importante ciclo de muares alavancaria mais tarde o advento do ciclo do café no final do século 19, entrando através do Vale do Paraíba e que foi responsável pela expansão da cidade com a “imigração de permanência”, onde mais de 100.000 imigrantes por ano fazia de São Paulo, somados aos existentes habitantes locais, importante Estado da Federação.

BIBLIOGRAFIA:

ALINCOURT, Luís d’. Memória sobre a viagem do porto de Santos à cidade de Cuiabá. São Paulo: Martins; Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo, 1953.

ARROYO, Leonardo. Igrejas de São Paulo. São Paulo: J. Olympio, 1953.

ATAS DA CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO. São Paulo: Arquivo Municipal de São

Paulo; Departamento de Cultura, 1914-1951. (v. 1, v. 2, v. 4, v. 18, v. 20, v. 21, v. 38, v. 43 e v. 67).

CARDIM, Fernão. Tratados da terra e gente do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1980.

CARTAS DE DATAS DE TERRA. São Paulo: Departamento de Cultura, 1937-1939. (v. 6, v. 11).

DEUS, Frei Gaspar da Madre de. Memórias para a história da Capitania de São Vicente. São Paulo: Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo, 1953.

FINA, Wilson Maia. O chão de Piratininga. São Paulo: Anhambi, 1965.

FREITAS, Affonso A. de. Tradições e reminiscências paulistanas. 3. ed. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, 1978. (Coleção Paulística, 9)

GONÇALVES, Daniel Issa. O Peabiru: uma trilha indígena cruzando São Paulo. Cadernos de Pesquisa do LAP. São Paulo, n. 24, p. 1-74, mar./abr. 1998.

HOLANDA, Sérgio Buarque de. Visão do Paraíso. São Paulo: Brasiliense; Publifolha, 2000.

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GOULART, José Alípio. Tropas e Tropeiros n Formação do Brasil. São Paulo: Editora Conquista, 1961

quinta-feira, 7 de julho de 2011

GUETOS: HUMILHAR PARA DOMINAR

Manifesto pelo descaso à nossa Juventude

Não podemos deixar nossa juventude à mercê da incapacidade humana de gerenciar as insuficiências. Temos a obrigação de fornecer os subsídios necessários para dar-lhes o mínimo de dignidade. Um dia será cobrado da sociedade, passada pelo descaso pelo tratamento à infância começando pela instituição familiar que não cobrou a parcela necessária de educação , depois o Estado que não criou meios de aquisição da cultura e a igreja de todas as crenças que assistiu de longe com indiferença. Todas serão inquiridas e com único veredicto: culpados.

Mas ainda há tempo de resgatar a dignidade humana, não deixando que a juventude se prostitua. Mesmo com o mau exemplo de alguns, ainda existem homens de boa vontade. O Brasil precisa produzir suas necessidades e devendo criar mecanismos para gerar trabalho e renda; o primeiro para que o homem sinta satisfação de contribuir pela felicidade de toda nação e o segundo por gerar recursos para mantê-lo conjuntamente com todos do seio familiar, tornando-o útil à sociedade. Somos uma nação de muitos recursos naturais, rica até pela cobiça e indiferença de nossa sorte pelo resto do mundo, mas ainda não saímos das amarras antigas de um dia ter sido colônia estrangeira e amargar do passado uma escravidão eterna de um povo que clama por um mínimo da parcela desta riqueza. Amarguramos uma miséria eterna marginalizada por falta de perspectivas futuras, habitando em casebres dignos de um surrealismo contemporâneo. Acabar com o cancro de estelionatários ávidos por espúrias riquezas, drogados pelo dinheiro sujo que adquirem corrompendo toda sociedade com ilicitudes. Urgem providências imediatas do Estado e do judiciário, dignos do dever de possuírem mãos limpas. Nossa grandeza depende exclusivamente dessa mistura de raças que a torna miscigenadamente bonita, mas feia em atos. Parlamentar são os nossos feitos que não se concretizam pelo desvio indiscriminado de divisas que correm entre os dedos de quem vive da miséria alheia e pouco importa que seja atingido pela fome substancial do pão nosso de cada dia. Cobrar respeito é o mínimo que possamos fazer mesmo que sejam poucas vozes clamando no deserto um dia acontecerá a transformação necessária que devemos alicerçar imediatamente para um dia chegarmos à “Terra Prometida”, o paraíso dos encantos, onde corre a água pura da vida e da justiça. Tudo isso merecemos e nos indignamos que muitos querem o benefício, mas poucos o sacrifício. A doçura para usufruir os frutos desta terra passa pela obrigação moral de mudanças sociais profundas na mentalidade de seus filhos, mas ninguém pode dar aquilo que nunca recebeu. Educar não é lema, é necessidade em toda a nação para sua própria grandeza futura, reparando os descasos do passado e do presente e pelas nossas faltas, façamos contritos o “Minha Culpa”.

“O descontentamento é o primeiro passo para o progresso de um homem ou de uma nação”. (Oscar Wilde)

Este descontentamento ecoa por todos os cantos de um país rico agraciado com tudo quanto possa gerar valores econômicos, mas que, no entanto perpetua os “Guetos de Miséria”. Não queremos pão e circo, mas dignidade para chamarem-nos de povo e nação (sem chauvinismo). Esta massa disforme de diversidades múltiplas que deve requerer sua carência.

O Brasil tem mais uma grande oportunidade para mudar esta realidade, pois no universo de 127 milhões de eleitores obrigados a votar nesta pseudo-democracia, 64 milhões não concluíram o ensino fundamental, o que demonstra nossa falta de gerenciamento próprio e que estamos a mercê das ávidas potências mundiais interessadas nos recursos “esgotáveis do solo” exportados “in natura” sem nenhum valor agregado. Mãos a obra pelo sistema integrado da sociedade como um todo pela estrutura educacional para mudar uma realidade que somente interessa ao sistema de controle do poder!

“Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você”. Jean Paul Sartre

Estava esquecendo: o bebê acima, muito bonitinho, fez tremer as sociedades mundiais de 1939 a  1945!!!

Quem fez o quê para o que ele fez???

Qual a resposta, ou melhor...... existe resposta???

quarta-feira, 6 de julho de 2011

10 de julho de 1932: 1º CENTENÁRIO DE SANTO AMARO

A GUERRA CIVIL PAULISTA: 9 de Julho de 1932

A Cidade de Santo Amaro se expandia sendo até visitada pelo urbanista francês Alfred Agache, respeitado mundialmente, vinha em São Paulo para reestruturar a cidade e seria recebido em Santo Amaro para um plano de remodelação urbana.

ÁREA ATUAL DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO: 1500 Km2

Santo Amaro possui superfície de 640 quilômetros quadrados e estava localizada a 713 metros do nível do mar. A Cidade de Santo Amaro era completada por lindas campinas cobertas por espessas matas sendo o sul e ao sudeste quase todo montanhoso formado pela Serra da Conceição de Itanhaém, representada como a Serra do Mar do Atlântico, do Estado de São Paulo. O “local é por demais aprazível, possuindo um clima muito salubre” o que lhe dá excelente reputação. Possui diversos rios, sendo os mais importantes o Jurubatuba e o Guarapiranga, que é o responsável pela Represa de Santo Amaro projeto viável para implementação do desenvolvimento hidroelétrico através da companhia canadense "The São Paulo Tramway, Light & Power Company Limited”, responsável pelo sistema de energia da Metrópole além da concessão das linhas de elétricos, os bondes da Capital Paulista.

BILHETE DE PEDÁGIO DA AUTO ESTRADA SANTO AMARO
Além do mencionado, duas vias eram ampliadas para a comunicação com a capital paulista, consideradas excelentes estradas de rodagem, que através de proposta em 1927, da Sociedade Anônima de Auto Estradas, formada por Louis Romero Sanson e seu sócio D.L. Derrom, que se fez representar junto a Câmara local, onde se promulgou a Lei nº 61, de 2 de janeiro de 1928, concedendo o direito de exclusividade a exploração por 15 anos de “uma superfície revestida de concreto” ligando-se em 14 quilômetros com a capital até as Represas da Light onde seria ainda construída uma estação balneária. Deste modo foi também instituído pela Câmara, a lei número 67, de 7 de janeiro de 1930, criando a Diretoria Municipal de Obras e Viação para controle desta expansão.

Havia ainda a divisão eclesiástica sendo que Santo Amaro possui uma “maravilhosa parochia”, sendo constituído, de há muito, por um belo monumento de fé que nos últimos tempos foi dotado de nave central, capela, sacristia e consistório graças aos esforços do padre Luiz Ignácio Tacques Bittencourt, seguido pelo empreendedorismo dos padres Bento Ibanez e o vigário geral nomeado a partir de setembro de 1917, padre José Maria Fernandes.
A população local estava estimada, no início da década de 1930, em 25 mil habitantes, sendo que o município possui 5358 prédios em sua área urbana. Destes podiam ser destacados a Sede da Prefeitura, luxuosamente adornado na Praça Floriano Peixoto com projeto civil apresentado pelo então prefeito, senhor Isaias Branco de Araújo, que logo após seu mandato de 12 anos, foi substituído pelo senhor Paulo Goulart que em solenidade realizada em 10 de janeiro de 1929 entregou o prédio junto com a representação da edilidade, os dois andares amplos e elegantes, preenchendo plenamente seus fins. Na “atualidade” ocupa tão importante cadeira o prefeito Francisco Ferreira Lopes.


Outra estrutura de real importância para o município desde 1910, sem sombras de dúvidas era o “Grupo Escolar de Santo Amaro”, que comportava a frequência de 750 estudantes onde a direção esta sobre a responsabilidade do professor Rodrigues Rosa de Abreu.

Um dos prédios de grande valia para a saúde pública local esta sobre a responsabilidade da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Santo Amaro, concluída sua parte estrutural em 15 de dezembro de 1895, sendo seu primeiro benemérito o coronel Carlos da Silva Araújo e no mandato de 1931 a 1934 tinha-se o senhor José Abrantes como provedor.

Por iniciativa de abnegados da sociedade santamarense foi também fundada em 15 de agosto de 1931 a Assistência Social de Santo Amaro, na Rua Herculano de Freitas, nº 24, "phone" 208, destinada a prestar assistência médica cirúrgica, dentária e hospitalar aos menos favorecidos da região assumindo a diretoria o senhor Waldemar Teixeira Pinto.



Para que a ordem fosse mantida foi instalada à Praça Floriano Peixoto, nº 341, a Delegacia de Polícia tendo a frente a responsabilidade do delegado Dr Pedro O’Reilly Souza, nomeado pela portaria de 13 de outubro de 1931 e auxiliado por um contingente formado por 12 praças, um anspeçada e um sargento provindo do 5º Batalhão de Caçadores de Polícia do Estado de São Paulo.

Completando este imobiliário encontra-se nas imediações da mesma Praça, nº 216, "phone" 96, o moderno Cine Teatro São Francisco do ilustre empreendedor Francisco José Salles, que buscava entreter através da cultura da arte cinematográfica os seus cidadãos com espaço reservado para três mil lugares.



Outros prédios de relevância estão neste entorno, a saber, ainda cita-se o Matadouro Municipal, um tendal que abastece a região com seus produtos distribuídos para várias localidades das cercanias e ainda mantém relação com o Frigorífico Santo Amaro, o pioneiro de embutidos no país, que enche assim de orgulho e progresso a cidade de Santo Amaro.
RESQUÍCIO DO "FRIGORÍFICO SANTO AMARO"

Todo este empreendedorismo era completado por 1128 estabelecimentos devidamente registrados que fornecem uma gama de produtos de diversos ramos de ação. As indústrias estão distribuídas em vários segmentos e voltadas para a produção fabril de banha, arreios, fitas de seda, móveis, serraria, carpintaria, tapetes, capachos, oleados, sendo localizadas no perimetral da cidade, e ainda há uma lavoura em franco desenvolvimento na área rural.

Santo Amaro estava sendo ampliada seu desenvolvimento, pois a cidadezinha de zona rural vastíssima, via chegar a seus arrabaldes à prosperidade. Em 10 de julho ocorreria o Primeiro Centenário da Cidade de Santo Amaro sendo que havia sido liberado um auxilio cinquenta contos de réis para os festejos. Seria realizado imponentes realizações onde seria oficializada abertura de grande exposição feira que seria organizada por contrato com Pedro Paulo Lanza e que seria apresentada no “Grupo Escolar Santo Amaro”, que também receberia o nome de Paulo Eiró este requerido através de petição municipal ao governo estadual em 2 de julho.

MATÉRIA: Folha de São Paulo, 27 de junho de 1932

Além disso haveria desfile cívico, esportivo militar e religioso, muita coisa foi montada para registrar para sempre o primeiro Centenário de Santo Amaro, até ópera seria apresentada por uma companhia lírica que se apresentaria no Cine São Francisco, com o espetáculo “O Rigoletto” do compositor italiano Giuseppe Verdi.

ESTOURA A BOMBA: SÃO PAULO EM GUERRA

Enquanto Santo Amaro preparava-se para comemorar seu primeiro centenário em 10 de julho de 1932, São Paulo  levantava-se contra o arbítrio federal de governar ao seu bel prazer, sem restrições. Já haviam tombados os jovens na Praça da República, a 23 de maio de 1932, em nome da liberdade . Os sucedâneos foram inflamados até 9 de julho deste ano, quando São Paulo declara guerra contra a ingovernabilidade do país. Alguns acreditam que as elites foram os que idealizaram esse movimento, mas pelas proporções alcançadas tinha iniciado uma guerra civil. Os acontecimentos levaram o governo federal a bombardear São Paulo constantemente com os WACO ( Weather Aircraft Company of Ohio), os temíveis Vermelhinhos, onde os heróis combatiam no intento de conseguir que fossem reconhecidos direitos contrários a quaisquer ditaduras implantadas. São Paulo não se rende e combate em todas as frentes de norte a sul.

Santo Amaro em festa reinava o entusiasmo e a alegria. De repente cessa esse encantamento, sabendo que São Paulo requer o regime da legalidade pela Constituição regente dos destinos da Nação, assume seu compromisso de juntarem-se nas trincheiras, e ninguém mais pensou na festa programada há muito. A Comissão resolve a adesão ao movimento e contata o Governo de Pedro Manuel de Toledo que os encaminha ao coronel Euclydes de Figueiredo, inquirindo o que desejavam. A resposta imediata: “Armas e Munição”.

Neste momento estava formada a “Companhia Isolada do Exército de Santo Amaro” sobre o comando do Tenente Moupir Monteiro e do tenente Luís Martins de Araújo, onde o smoking de festa foi substituído pela farda de combatente, de 300 homens em efetivo, reportando-se ao comandante da Praça de Santos, o coronel Melo Matos. Os soldados de Santo Amaro foram responsáveis pelo litoral de Cananéia a Xiririca, local onde tombou Delmiro Sampaio, única baixa santamarense, adentrando depois pelo Paraná. Após o armistício retornaram as suas bases, em 12 de outubro de 1932.

As retaliações foram imediatas em pelo decreto nº 6983, Getúlio Vargas insere um interventor em 1935, Armando de Salles Oliveira, para melhor governar, sendo logo em seguida promulgada a mais efêmera constituição, de 1934 a 1937, pela qual São Paulo tanto se batera e Santo Amaro perde, deste modo, sua autonomia.

NOTAS:
 
1-Em 1937 cria-se a Lei de cargos de censores teatrais, na Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública. “Artigo 1º: Fica, na Secretaria da Segurança Pública, instituído o serviço de censura teatral. Artigo 2º: Será o serviço desempenhado por onze censores, efetivando-se, para este fim, os que atualmente exercem tais funções como contratados. Muito embora o Decreto Federal (...) que nacionalizou o serviço de censura cinematográfica tenha transferido ao Ministério de Educação e Saúde Pública grande parte dessa atribuição, cumpre esclarecer que funções não menos trabalhosas, tanto pelo seu volume como pela diversidade, ainda ficaram a cargo da Polícia do Estado, por intermédio da Delegacia Especializada de Costumes (...), que teve de organizar o seu corpo de censores a fim de desobrigar-se da árdua tarefa de censura às peças teatrais, censura de divertimentos públicos (cabarés, dancings, bailes, etc...), censura da radiodifusão, fiscalização dos laboratórios cinematográficos...”

2-A Batalha da Praça da República : 23 de maio de 1932 (http://tudoporsaopaulo1932.blogspot.com/2010/05/23-de-maio-de-1932-batalha-da-praca-da.html)

No início da noite a massa indomável se dirige pela Rua Barão de Itapetininga e finalmente alcança a esquina da Praça da República. Ali funciona a sede do Partido Popular Paulista, braço político da Legião Revolucionária.
No seu interior, legionários frustrados com a deposição de seu chefe, armados e dispostos a tudo pretendem defender a sede do partido custe o que custar.
A massa se divide entre as esquinas da Rua Dom José de Barros e a Praça da República. Quem entrasse pela Barão de Itapetininga virava alvo dos legionários entocados. No primeiro ataque tombam Euclides Miragaia, estudante de direito e Antonio de Camargo Andrade, além de inúmeros feridos.
Os que estão embaixo na rua e na praça contam com poucas armas. A massa apesar de decidida é contida pelos defensores na sede do PPP. Mais tiros e muita gritaria.
Um bonde é tomado pelos manifestantes e ao apontar na esquina é crivado de balas vindas de cima. A rajada atinge o estudante Mário Martins de Almeida que virá a falecer no pronto socorro da Polícia Central.
São mais de quatro horas de tiroteio, quando no início da madrugada um destacamento da Força Pública negocia a rendição de oito atiradores enquanto a massa é mantida afastada. No chão jaz o garoto de quatorze anos Dráusio Marcondes de Souza. Ferido gravemente está Orlando de Oliveira Alvarenga - que falecerá no dia 12 de agosto. Os ocupantes do PPP são retirados em um caminhão e levados dali.
No dia 24 de maio, as iniciais dos nomes dos mortos formarão a sigla da sociedade secreta que traçará o destino da Revolução Constitucionalista: MMDC. Anos depois a história faria justiça a Alvarenga, e a sigla seria complementada formando MMDCA.

3-VIDE ATOS DE RIGOLETTOhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Rigoletto

BIBLIOGRAFIA:

1-CALDEIRA, João Netto. Álbum de Santo Amaro (1935) São Paulo: Organização Cruzeiro do Sul-Bentivegna & Netto/

2-GUERRA, Juvencio; GUERRA, Jurandyr. ALMANACK COMEMORATIVO DO 1º CENTENÁRIO DO MUNICÍPIO DE SANTO AMARO. São Paulo: Graphico Rossolillo/

3-SAMMARTINO, Paulo (redator). RECORDAÇÃO DO CENTENÁRIO DE SANTO AMARO. Typographia Selecta/

4-SANSON, Louis Romero. SANTO AMARO 1832-1932. São Paulo: Empresa América de Publicidade Ltda/