quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

FAMÍLIA FATORELLI: de São Carlos para Taquaritinga/Catanduva e depois à cidade de São Paulo

A diáspora dos imigrantes italianos (2)

No ano de 1891 dos 105.839 imigrantes que vieram na custódia do governo Central (Federal) e dos 697 que adentraram por exclusividade do governo de São Paulo, havia entre eles o grupo familiar dos Fatorelli.

Tudo converge para uma partida marítima do Porto de Gênova, no ano de 1891, de comunas unificadas em cidades que deram origem ao Estado Italiano, por força e mérito de Giuseppe Garibaldi e outros abnegados que lutaram para a unificação da Itália.

Evidentemente que nestes locais estavam repletos de diaristas que trabalhavam a terra e plantavam para manter o sustento por jornada trabalhada em terras de grandes proprietários. Eram tempos difíceis, não existiam mais as terras comuns onde esses trabalhadores podiam cultivar uma determinada gleba e dela tirar seus proventos. A Europa estava em efervescência política e existia um excedente de mão de obra perambulando para cima e para baixo a procura de local para se trabalhar no meio rural ou se deslocando para as cidades a procura de alguns afazeres. Nem as ferramentas pertenciam aos agricultores e sim ao senhor que perpetuava a vassalagem e controlava os meios de produção. A situação era insuportável e os governantes e seus Estados unificados estavam à beira de um colapso social, quando aparece a oferta de terras do Império do Brasil que necessitava de mão de obra para a lavoura, mais propriamente para a produção cafeeira.

Estava formado o que passou a ser a “grande diáspora de imigrantes italianos” para o Brasil, em busca de terras que pudessem trabalhar e encontrar esperança e um pouco de felicidade.

Deste modo uma leva de 132 famílias de imigrantes italianos partiu do Porto de Gênova, Itália, com o pouco que puderam amealhar, provavelmente velejando no Atlântico por três semanas em terceira classe que tinha preços módicos e possível de ser paga por famílias inteiras, chegando ao porto de Santos no “Vapor Santa Fé” em 21 de outubro de 1891, onde estavam entre eles os Fatorelli, que na relação fornecida estava com a grafia errada como Fattorello. Traziam em seu bojo vontade de trabalhar onde os genitores Luigi Fatorelli, e Carolina Tedesca, sobrenome referindo a uma possível ascendência germânica, ambos com a idade de 59 anos e que se responsabilizavam pelos filhos Rosina de 15 anos, Gaetano de 12 anos, e Virgílio(ou Vergílio) de apenas 9 anos. Estes dados se encontram dos Arquivos do Memorial do Imigrante, livro 029, página 057. 



Eram naturais da Província de Verona, região de Vêneto.“Os vênetos  “não saem com a esperança de voltar, como os do Sul. Saem se desfazendo de tudo, de seus animais e dos parcos utensílios domésticos, partem depois da colheita do trigo, no outono, entre setembro e novembro”. Adicionam assim ao escasso pecúlio obtido com a venda de seus bens, o produto de venda dos gêneros agrícolas.”(Alvim, p.35)
Imigrantes no pátio central da Hospedaria dos Imigrantes de São Paulo

Houve uma adaptação local para que os imigrantes tivessem acompanhamento médico e social na Hospedaria do Imigrante, sito à atual Rua Visconde de Parnaíba, 1316 - Brás, São Paulo - SP, de onde deveria seguir para as fazendas que deveriam trabalhar na lavoura por contratos assumidos pela Sociedade Promotora D’ Imigração de São Paulo.

Perdeu-se no meio do caminho um dos dois “ts” do nome Fattorelli, pois o mesmo resulta do termo “fattoria” com o significado de fazenda, ou pessoas que estão no meio agrícola de produção, serviço braçal mesmo.

Muitos se desenvolveram em camadas subalternas, aquelas profissões que poucos queriam exercer ou era de baixa remuneração ou algumas outras que já traziam no bojo da experiência da Península e de estrito trabalho urbano entre os quais estavam os sapateiros, cocheiros, carregadores, cavadores, pedreiros, marceneiros, ferreiros, barbeiros, alfaiates, sapateiros. Outros enveredaram para o comércio e constituíram grandes empresas de distribuição varejista.

Muitos não tiveram como arcar com dívidas contraídas da viagem para o Brasil, mais precisamente em São Paulo, e neste grupo estavam os Fatorelli(s) remanejados para as fazendas da Comarca de São Carlos mantiveram-se presos ao sistema por dívidas contraídas de translado. Embora muitas viagens fossem custeadas, poucos tiveram este privilégio e tiveram que pagar com trabalho as dívidas assumidas.
COLHEITA DE CAFÉ: FOTO DE GUILHERME GAENSLY 1902-3

Vieram “rastelar” o “ouro negro” em substituição ao escravo liberto por Lei Áurea do Império, diga-se que foi o último país a dar esta condição de liberdade aos negros, uma infâmia que manchou a reputação de país “livre e independente”. Perdendo a mão de obra escrava em 1888 não restava outra alternativa se não “importar” outra mão de obra disponível em substituição àquela que estava disponível até então, onde os escravocratas descontentes com o Império fomentaram a República em 1889!
CERTIDÃO DE CASAMENTO DE VIRGÍLIO COM MARIA ITALIANA

Virgílio, o filho mais novo de Luigi, já falecido nesta época, resolveu se casar em 1909 com Maria Italiana, uma jovem colona nascida em 1889, natural de Napoli, filha de Michele Italiano e de Magdalena Lunarda. Irão começar vida nova em Taquaritinga e formarão uma prole de cinco filhos, a saber: Hermínia, Ernesto, Rosa, Madalena, que atendia pelo nome carinhoso de Nena e João para ajudar na lida diária e nas fazendas de café. 
Edificação da Matriz de São Sebastião - 1940 Taquaritinga(crédito em pesquisa)

Fica a indagação: o que fez a família se deslocar de São Carlos (denominada à época com o complemento do Pinhal) para a região de Taquaritinga, (Ribeirãozinho) pela ferrovia Araraquarense, com aproximadamente 100 quilômetros de distância? Já havia um prenúncio da derrocada do café e buscavam-se novas culturas em outras fazendas e isto seria o atrativo maior de deslocamento da família Fatorelli? Quem sabe?
Time de Futebol de Fazenda: Ernesto Fatorelli, 2º  jogador em pé da esquerda para a direita

Em 12 de abril de 1916, nasceu Ernesto Fatorelli, que por ser o homem mais velho assume as obrigações de primogênito trabalhando com toda a família nas fazendas, que não davam a estrutura educacional suficiente para crianças e jovens, pois ensinavam somente “as primeiras letras” para “male-male”  saberem assinar o nome e para rubricar garranchos em papéis e obrigações assumidas.


Procissão na Igreja São Dimas, ( Nossa Senhora das Graças), na Vila Nova Conceição

Deste modo, depois de algum tempo, e com muito sacrifício a família resolve vir para a capital paulista em 1940, quando o pai Virgílio Fatorelli já havia falecido. Fixa-se residência no terreno da Igreja São Dimas, antes denominada Nossa Senhora das Graças, na Vila Nova Conceição, de onde começarão vida nova na cidade de São Paulo.
Família Fatorelli



Ernesto Fatorelli, depois de dez anos em São Paulo une-se ao cônjuge de origem portuguesa, Elsa Mello dos Santos e no ano de 1954 desloca-se para Santo Amaro, mais precisamente num bairro nos arrabaldes denominado Jardim São Luiz. São Paulo se formava como uma grande Metrópole e oferecia novas oportunidades e havia uma mão de obra excedente no meio rural que se deslocaram para novos desafios.
Nova etapa de uma saga ainda incompleta que muito tem que ser desvendada por muitos Fatorelli(s) espalhados por São Paulo e outras localidades do Brasil.


Uma busca constante e um estímulo às sábias e novas gerações que podem dar respostas neste segmento da “arqueologia histórica” sobre as várias famílias que detém o sobrenome Fatorelli.

*Depoente: Carlos Alberto Fatorelli, filho de Ernesto Fatorelli, genitor que teve seu passamento em 1982.


Referências:

HEFLINGER Jr., JOSE EDUARDO; LEVY, Paulo Masuti. E OS ITALIANOS CHEGARAM. Limeira, SP: Unigráfica, 2010.

TRENTO, Angelo. Do outro lado do Atlântico: um século de imigração italiana no Brasil. São Paulo: Ed. Nobel, Instituto Italiano di Cultura di San Paolo/ Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro, 1989.

ALVIM, Zuleika M.F. Brava Gente! Os Italianos em São Paulo. São Paulo: Editora Brasiliense, 1986
Gazeta Central, São Carlos, 18 a 24 de junho de 2010. Nossa História, José Augusto Pereira

MONSMA, Karl. Identidades, desigualdades e conflito: imigrantes e negros em um município do interior paulista, 1888-1914. História Unisinos. Vol 11. Nº 1-jan./fev. 2007

A DIÁSPORA DOS IMIGRANTES ITALIANOS: SÃO PAULO (1)

Fazenda Santa Eudóxia:

Sociedade Promotora D’ Imigração de São Paulo

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

A CIDADE DE SÃO PAULO E SUAS NUANCES DESTRUIDORAS

Áreas nobres, antes pobres: Gentrificação e conurbação da cidade São Paulo

A recepção da na cidade de São Paulo é realmente assustadora, como se os arranha céus quisessem informar que a grandiosidade da cidade se resume aos prédios, esquecendo-se que dentro deles existem pessoas e outrora existiram ali mesmo onde hoje há a “gentrificação”, um enobrecimento em nome do lucro de áreas nobres que já foram locais de pessoas que fizeram parte de uma história e que nos antecederam e deram a São Paulo pujança e que foram as vilas operárias que lhe deram as estruturas para seu expansionismo.

São Paulo exibe sua eloquência midiática, mas que não está preparada para uma acolhedora estrutura expansionista, cresce sempre capenga. São Paulo possui uma dinâmica de destruição de seu passado como se dele tivesse vergonha e não deve jamais manter vestígios que lembre seu passado de taipa, de pau a pique, batidas de sopapo, de seus primeiros tijolos cozidos das olarias e hoje mostra oura faceta que são suas construções de concreto armado, até já se transformando num misto com estrutura metálica.

Tentar captar e registrar imagens históricas da cidade congelada no tempo é algo impenetrável daquilo que foi o seu passado histórico. Os flashes são lentos para a derrubada desordenada da cidade de São Paulo no final do século passado e neste atual. A cidade tem pressa de se ver moderna e destrói seu passado glorioso.

As áreas menos nobres suburbanas e periféricas bem afastadas de São Paulo demanda um tempo para se firmar como bairro prospero, e quando isto ocorre, depois de algum tempo, passam a serem áreas de interesses econômicos, merecendo investimento de infraestrutura que jamais tiveram como bairros de baixo poder aquisitivo, passando a altos impostos prediais obrigando antigos proprietários a se desfazerem de suas antigas moradias vendidas a preços módicos para os grandes conglomerados imobiliários.

São Paulo incha nesta “conurbação” e se encontra todos os dias às margens de outro município, numa aglomeração de prédios “empoleirados” nesta área metropolitana incontrolável em seu crescimento, um monstro a dizer que “os bárbaros estão chegando” amparados pela autodestruição de ávidos empreiteiros mancomunado com o poder instituído em nome do progresso!

Destruir para construir e reconstruir constantemente faz parte de um modelo de lucro, e a cada século vêem-se facetas deste “novo porvir” viciado e incontrolável da Cidade de São Paulo.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Paraventi e o Clube de Campo de São Paulo no Lago de Guarapiranga/SP

Ideologias do poder: Qual a melhor para o povo?

O Barão de Itararé, Apparício Torelly incorporaria em São Paulo um personagem exuberante à sua coleção de amigos, o senhor Celestino Paraventi, proprietário de várias casas elegantes que representavam o Café Paraventi, e dono da primeira torrefação de café de São Paulo, herdada do pai. 

Possuía espírito empreendedor e criativo, sendo pioneiro em marketing numa época em que a publicidade dava seus primeiros lampejos ele ampliava a C. Paraventi & Cia Ltda e a Café Paraventi S.A na Estrada de Santo Amaro, nº 601, além de ampliar o setor de torrefação situada na Alameda Barão de Limeira, nº 652. No seu rol de amigos estavam grandes artistas da época como Anita Malfati, Volpi, Di Cavalcanti.
Café Paraventi,  no Palacete Piratininga, esquina da rua Líbero Badaró com Avenida São João (casa Paraventi ao lado do Café Colombo) em 1916.(Crédito: em pesquisa)

Celestino Paraventi gravou pela Odeon um disco com as valsas “Tardes de Lindoia” e “Longe dos Olhos”, tendo nível cultural estava sempre cercado por belas mulheres, e se interessava por disputas de cavalos de corrida e ainda por carros esportivos. 
                                                      Crédito: chiadofone.blogspot.com.br

Celestino Paraventi frequentava o apartamento de Apporelly (Apparício Torelly, O Barão de Itararé) na Rua Major Quedinho, que ainda recebia integrantes da elite paulista, como Paulo Prado e sua esposa francesa Marjorie Prado, Caio de Alcântara Machado, fundador da primeira agência de publicidade de capital nacional, e Lila Byington, esposa do futuro governador do estado de São Paulo Paulo Egídio Martins.

O Almanaque publicava o anúncio do Café Paraventi:

“Alegria de viver: revigora o organismo e tonifica os nervos: o aroma do Brasil”.

Importou a primeira máquina a vapor da Itália para ser incorporada no espaço da rua XV de Novembro, onde se encontravam poetas, atrizes, pintores que pediam com freqüência a novidade: “Expresso, por favor!”

O excêntrico milionário Celestino Paraventi herdara do pai dezenas de imóveis espalhados pela cidade de São Paulo e uma indústria de torrefação de café onde começara a produzir mais uma modernidade européia: café enlatado a vácuo, que durava meses sem estragar. Paraventi era o porto seguro a quem recorriam os intelectuais pobres, os atores desempregados e os boêmios em geral quando em apuros financeiros, o que lhe valeu o apelido de “Salvador”. (Morais, p. 37)

Paraventi tinha suas convicções políticas e merecia toda atenção da polícia política. “Seu nome figura em nossos arquivos desde 1935, quando foi preso por ocasião da Intentona Comunista. Não foi processado por escassez de provas”, dizia um documento policial a respeito do empresário. Em sua ficha constava: “Adepto do credo de Moscou”. Teria Paraventi contribuído com “grandes somas de dinheiro” os partidos do PCB (Partido Comunista Brasileiro) e ANL, (Aliança Nacional Libertadora) embora, segundo a polícia ele não era visto com freqüência ao lado dos comunistas, parecendo ter “se afastado daquele ambiente”.

Paraventi possuindo suas convicções ideológicas deu guarita a Luis Carlos Prestes e sua esposa Olga Gutmann Benário Prestes[1] em sua residência em Santo Amaro como consta:

“Paraventi recolheu o casal e sua bagagem no Largo do Arouche e minutos depois iam a bordo de um luxuoso automóvel Lincoln do ano, para a casa de campo que possuía no então distante bairro de Santo Amaro, às margens da Represa Guarapiranga” (Morais, p. 38)

“Durou pouco o veraneio de Olga e Prestes na confortável casa de Paraventi às margens da Represa Guarapiranga”. (Morais, p.44)

Quando perguntavam a Paraventi se ele mantinha relação orgânica com o partido comunista, ele respondia com uma gargalhada:
_Eu não tenho ligação com o Partido. O Partido é que tem ligação comigo! (Morais, p. 37)

O Clube de Campo de São Paulo e as terras de Celestino Paraventi

Corria o ano de 1937. São Paulo tinha pouco mais de 1,5 milhões de habitantes; a passagem do bonde, o cafezinho e o jornal custavam 200 réis.

Nesta época reunia-se na Rua Uruguai, número 25, região do Jardim América, os amigos do proprietário da residência Avary dos Santos Cruz, para informalidades habituais como bater um papo de vários assuntos de cunho geral, político e econômico, jogar snooker e bebericar, onde a descontração fluía e as senhoras presentes jogavam cartas.   Aventou-se certo dia a possibilidade da criação de um clube de campo para um contato mais próximo com a natureza, uma agremiação nos moldes que já eram promovidos por americanos e europeus. Deste modo em 3 de julho de 1937 assumia corpo a ideia com a iniciativa do empreendimento cabendo a Avary do Santos Cruz, Euzébio B. de Queiroz Mattozo, Fernando Gomes, Luiz Assumpção Fleury e Luiz Romero Sanson, este último grande empreendedor que foi responsável pela criação do Aeroporto de Congonhas, a Auto Estrada S.A., depois denominado de Washington Luís, que ligava São Paulo à Santo Amaro e a cidade Satélite de Interlagos, projeto em conjunto com o urbanista francês Alfred Agache.

Lista dos presentes à primeira reunião:(Vespúcci, Ana Cândida Johas; Fialdini, Rômulo, p. 16)

O projeto para construir-se um clube de campo era ambicioso para a época que previa-se uma área física de duzentos mil metros quadrados, junto a Represa Velha de Santo Amaro, depois denominada de Guarapiranga, e que era administrada pela Light and Power, com implantação de várias modalidades como equitação, natação, remo, tênis, golfe e iatismo. 

Seria formada uma sociedade de sócios proprietários em número de quinhentos e os demais com direito a usufrutuários, com pagamento de joia de dois contos de réis (2:000$000) e anuidade de  trezentos mil réis(300$000). 
Cheque de Celestino Paraventi:(Vespúcci, Ana Cândida Johas; Fialdini, Rômulo, p. 21)

A reunião ocorreu no restaurante Biarritz com a presença de muitos adeptos que engrossavam a lista de presença. Luis Romero Sanson propôs uma grande área nos arredores da Represa, protegida do vento sul, além de um grande projeto de urbanização com plantas da região. Houve unanimidade na aprovação da ideia e onde estava presente o grande empresário do ramo do café, Celestino Paraventi, que possuía uma gleba de 1.500.000 de metros quadrados e já tinha pequena infra-estrutura e benfeitorias, como casa de campo, restaurante, piscina, cocheiras com vasta arborização. Havia pequenos lotes conjugados à propriedade de Paraventi além de gleba pertencente a própria Light que se tornava resistente em ceder a área. Em julho de 1937 o subgerente do Banco Commercial, Luiz Assumpção Fleury, encarregado de acompanhar as subscrições já tinha em mão 430 subscrições em setembro e atingir os número proposto de 500 subscrições faltavam poucos adeptos.

Em 26 de setembro de 1937 a comissão executiva apresentava seu relatório final na assembléia geral realizada na Associação Auxiliadora das Classes Laboriosas, situada na Rua do Carmo, número 25(atual ROBERTO SIMONSEN). Euzébio B. de Queiroz Mattoso abriu a sessão às 15 horas descrevendo o empreendimento, justificando todas as decisões tomadas até aquele instante e sugeria o nome da entidade de Clube de Campo de São Paulo.

Em 20 de outubro de 1937 na Rua Boa Vista, número 73, 5º andar, a diretoria prestou contas das aquisições de Celestino Paraventi, duas glebas, uma com dez alqueires, constituída pela chácara, e outra com onze alqueires, nas margens da represa onde funcionava o restaurante Biarritz. Somado a essas duas glebas adquiriu-se quatro alqueires de José Schunck.

São Paulo deste modo ganhava mais uma área de lazer somada a Santos e Cantareira: Santo Amaro!



Bibliografia:

Figueiredo, Claudio. Entre Sem Bater: A Vida de Apparício Torelly, O Barão de Itararé. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2012

Morais, Fernando. Olga. São Paulo: Editora Alfa Ômega, 1985

Vespúcci, Ana Cândida Johas; Fialdini, Rômulo. Clube de Campo de São Paulo. São Paulo: Empresa das Artes, 1991

MENDES, Giovana Oliveira. OLGA, DE FERNANDO MORAIS: Memória Histórica de uma Vida sob Regimes Autoritários. REVISTA MEMENTO V. 4, nº 1, jan.-jun. 2013. Revista do mestrado em Letras Linguagem, Discurso e Cultura – UNINCOR




[1] Olga Benario Prestes, grávida de sete meses, foi embarcada no navio La Coruña, no dia 23 de setembro de 1936, rumo a Hamburgo, no norte da Alemanha, ocorrido mesmo sendo contra todas as leis internacionais de navegação, graças à ordem de embarque dada pelo presidente Getúlio Vargas. (MORAIS, p. 218).

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

SANTO AMARO DO ESQUECIMENTO A ESTAÇÃO ADOLFO PINHEIRO/SP

Quando mentir é a verdade absoluta

Vocês podem não acreditar, mas depois de anunciarem a inauguração em 25 de janeiro, e, depois, em primeiro de fevereiro de 2014, conseguiram inaugurar a estação do metrô da Avenida Adolfo Pinheiro, em Santo Amaro, São Paulo, sem anunciar. 

A história é longa e remete por longos 50 anos, quando Santo Amaro era para possuir a primeira linha de metrô do país, e um advogado-político que administrava uma grande empresa de ônibus, uma força viva de monopólio de transporte na capital, com medo de perda de demanda de passageiros articulou para que Santo Amaro não fosse contemplada com o metrô.

Santo Amaro poderia ter suplantado o centro de São Paulo no mínimo em dez anos quando se anunciou que Santo Amaro, devido ao crescimento populacional pelo crescimento industrial que ocorria desde a década de 1950, necessitava um sistema de transporte que fosse á altura de seu parque industrial.

Interesses escusos estavam nas entrelinhas de documentos oficiais que se fizeram à época, e meia dúzia de inescrupulosos de plantão, vendo os seus próprios interesses de bancadas, articularam para que Santo Amaro tivesse seu grande projeto de mobilidade coletiva esquecido em uma gaveta por muito tempo. Hoje, 12 de fevereiro de 2014, o bairro, que tinha independência administrativa de 1832 a 1935, viu-se alijado, mais um vez, como em tantas outras ocasiões, em seus interesses de crescimento, independente de sua condição de bairro, mas que através de suas reivindicações poderia exercer direitos  de conseguir novamente sua emancipação política.

Os próprios políticos de então “castraram” Santo Amaro de seu crescimento, pois exercendo o poder de bastidores esses senhores conseguiram pressionar para que Santo Amaro ficasse sempre de joelhos, recolhendo as migalhas caídas da mesa do legislativo pressionando o executivo para não levar adiante os interesses santamarenses.
FOTO: 10:28 HORAS DO DIA 12 DE FEVEREIRO DE 2014: NOS TRILHOS?

Conseguiram matar uma “flor” na raiz, cavaram a cova profunda para enterrar os interesses santamarenses, foram bons coveiros, administraram bem o “capital” que por mérito deveria ser a compensação por aquilo que Santo Amaro deu para São Paulo: os seus 640 quilômetros quadrados de território!

Santo Amaro se “esvaziou” de suas indústrias, mas não se esvaziou do contingente populacional implantado desde aquela época, onde os descendentes permanecem neste espaço sem melhorias de qualidade de vida e os recursos são parcos nas alternativas.

Será que Santo Amaro ressurgirá das cinzas como a ave mitológica Phoenix? Só o tempo dirá nos novos trilhos da vida!


Com a palavra os críticos, políticos, oposição, defesa e o cidadão usurpado em seus direitos democráticos de expor em nome do direito constitucional!