domingo, 29 de março de 2020

Quando em São Paulo tudo era “a granel”


Crônica original no site São Paulo Minha Cidade, Secret. Cultura Municipal em 18/10/2011

As coisas não eram conseguidas com grande facilidade, afinal o país era essencialmente agrícola, todo mundo plantava alguma coisa antes do advento das indústrias de transformação em São Paulo. Tudo era conseguido com muita dificuldade, e sempre tínhamos que nos contentar com o mínimo necessário de subsistência da prole, que não era, na maioria das vezes, pequena.
Todos trabalhavam com alguma atividade do campo, embora estivéssemos próximos à capital paulista, tudo parecia direcionado para uma agricultura diversificada de sustentação, ofertada pelas benesses do solo. Possuíamos o essencial para a subsistência: umas vagens estendidas em taquaral em "xis" pendiam seus ramos, alguns legumes, tomates avermelhados fáceis de cultivar, e uma criação pequena de galinhas, patos, leitões, que uma vez ou outra "enfeitava" um panelaço de uma grandiosa refeição, coisa de festa domingueira.
Em pequenos pés de café, amadureciam as "sementes cerejas" que a criançada adorava degustar como balas quando o fruto estava avermelhado e meio adocicado. Eram recolhidos em cestos e levados para secar e torrar, em uma panela que rodava no fogo a lenha constantemente para não "tostar" no fundo, para não ficar "amargo", essência que dava um aroma especial e perfumava o ambiente.
Os armazéns de abastecimento, por sua vez, possuíam baias feitas de tábuas de madeira, onde eram depositados os produtos a granel, como açúcar cristal, arroz, feijão, farinha, milho e quirela, estes últimos serviam de alimentação para a criação. E também bolos e polentas amarelinhas, e algumas espigas eram adquiridas por troca ou venda, por quem não havia providenciado uma "carreira de milharal" em suas hortas, modelo frequentemente usado pela escassez do dinheiro, por isso havia pequenos escambos entre os moradores locais.
As gorduras vinham das barrigadas das leitoas, abatidas depois de intermináveis crias paridas nos chiqueiros. Estes eram abastecidos com parte de abóboras, legumes, melancias, os suínos possuíam grande apetite e tudo que encontravam pela frente era devorado, e de tempos em tempos era necessário lavar os estábulos, para evitar o odor desagradável, principalmente em tempo de calor.
Com o advento das primeiras indústrias a banha da barrigada dos suínos (que não se sabia em que nível elevava o colesterol, às vezes era consumida "in natura" com o sal grosso da conservação) foi substituída pela banha Matarazzo, embrulhada em um papel oleado, em um cubo, como um tijolo pequeno, vendida no "empório" do Pedro Ferreira, atualmente o local é um posto de gasolina em frente ao Centro Empresarial de São Paulo e o hipermercado que surgiu para "exterminar" aos poucos as pequenas mercearias desse intercambio pessoal vendedor-comprador se misturavam a todo tipo de sacarias repletas de produtos da roça, onde a venda era na maioria das vezes composta por batatas e cebolas, abundantes na região. Muitos mercadores não suportaram a concorrência destes investimentos aportados das grandes lojas de departamentos e dos grandes mercados e sucumbiram, beirando a falência.

Tudo chegava atrelado em carroças, no "lombo dos burros" que possuíam a velocidade que merecia o seu trote, não a velocidade requerida pelo seu dono!

As frutas eram recolhidas e até ofertadas de tanta fartura, onde no final do ano pendiam dos pés, as primeiras mangas que alimentavam humanos e animais e caiam no chão forrando o terreiro. Um dia destes "tropiquei" na feira em uma "seriguela", vendida embalada em saco plástico, pensei que jamais fosse ver este fruto que as sementes serviam para as estilingadas no meio das matas. Se os pássaros comiam, comeríamos também, era uma teoria repassada sem muita confirmação científica, o que valia era empanturrar de "frutas selvagens".
Na horta de casa havia um pé de amoras que "forrava" na estação, repleta de generosidade que não tinha fim, mas havia finalidade. Todos retiravam o fruto, havia até quem "fabricava" geleia, que era o recheio de uma broa de casca grossa cozida em uma cúpula com abóboda, que chamavam de forno, e que servia para os assados gerais e para as pururucas dos couros das leitoas.
Mandioca era provento para as farinhas junto com o milho, socado por cacetadas constantes dos pilões, que deixavam braços moídos, não havia mecanismo engrenado, era tudo no porrete. Ate a água era a granel, "ensarilhada" dos poços dos "veios de água" puxado por um sarilho de madeira para a rotação, que quando escapava até zunia e caiamos de lado esperando somente o "baque do balde" no fundo para recuperar os movimentos.

O "industrial artesanal" fabricava sabão em pedra, deixando ferver em fogo brando por horas uma gordura de restos que se misturavam soda em mexidas constantes e que depois eram derramadas em caixotes e cortados em barras menores. A roupa ficava branquinha com o uso da pedra de anil nos tanques ou em pequenas minas d'água, quaradas em grama natural, que depois preparados por um ferro em brasas eram engomados todos os colarinhos das "camisas de missa", que, aliás, não eram muitas, e eram guardadas para o evento dominical.
Sapato era artigo de luxo, os japoneses inventaram as "havaianas de capim" que depois a Alpargatas abocanhou a ideia e deste produto e o mercado a chamou de “Alpargatas Rodas”, acredito que foi pelo movimento circular da corda do solado e o complemento do calçado era de pano "cor de burro quando foge", com dizia o povo que usava.
Havia quem vendesse leite de vacas e de cabras, falavam que o das cabras era remédio, não entendia o que curava, somente era obrigado a beber e "ponto final". Inventaram o refrigerante Cerejinha, mais barato que o "guaraná champagne", depois a tubaína, e "dávamos a vida" para consumi-los no lugar dos sucos das frutas, chamados hoje de sucos naturais.

Nós éramos crianças, não se falava que as coisas faziam mal, e nem sabíamos diferenciar as qualidades terapêuticas.
A balança mecânica "Filizzola" era o controle dos pesos dos produtos comercializados, daquilo que um dia a eletrônica mandaria para os museus, "lugar das coisas belas", das “Musas”.
Até pouco tempo a senhora Rosa e o senhor Agostinho, feirantes na região de Santo Amaro, possuíam algumas vacas, mas o progresso e o serviço de vigilância sanitária obrigaram o final das atividades. Hoje ainda vendem parte do que plantam, com licença de feirante datada de 1959, não sei qual é a fonte da juventude octogenária desses dois símbolos das duas feiras semanais do Jardim São Luiz, em Santo Amaro. Quiseram acabar de uma hora para outra, sem muita explicação razoável com a atividade depois de destruírem a Cobertura do Feirão, que fora construída, em 1968, para ser entreposto sem atrapalhar a circulação de ruas paulistanas; os dois assumiram a luta para a sua preservação e conseguiram sua permanência, e ali continuam ainda na lida diária.

Depois inventaram uma bomba fixada em tambor de 180 litros para vender óleo de amendoim ou de algodão; soja era coisa que ninguém queria, aliás, nem se sabia o que era. A coisa estava ficando moderna e uma máquina "apareceu" moendo café, que saía mais barato do que manter alguns pés para uso familiar, o que acabava com as nossas balas naturais, mas já apareciam as "toffees" da Fábrica de Doces “Bela Vista”, seguida pela sua concorrente “Confiança”. Substituíram também os pirulitos açucarados, vendidos em um tabuleiro furado, ou dos doces mais sofisticados, que eram caros para nosso poder aquisitivo, que era nulo. Era isso o que pensávamos do produto bem embaladinho que o vendedor passava a bater uma tramela e  dizendo: "Olha o Biju"!
Chocolate era artigo de luxo, e ganhar um "Diamante Negro", da Lacta, fábrica demolida há pouco na Avenida Vereador José Diniz, era um "regalo" cobiçado.
O leite tornou-se pasteurizado, não tinha mais o "perigo do leite cru" das vacas e cabras, e que foi disputado pela Paulista e Vigor engarrafando o leite em litros de vidro “gordinhos", para diferenciar das garrafas "envasilhadas" pelos produtores artesanais. Depois começaram a ensacar tudo em plástico: arroz, feijão e farinha. O açúcar ficou refinado com a Pérola e a União, e o pó de café modernizou-se com embalagem a vácuo.

Seu Antônio Oliveira dono de armazém, que muito vendeu na caderneta, acabou com as baias, os regadores de plantas não pendiam mais no armazém do Abraão, não se salgava mais a carne, ela se tornou refrigerada em câmaras frigorificas.
Diziam que isso se chamava "progresso" e nós ficamos dependentes do controle da bolsa de valores e de mercadorias, e a tal de "intempérie", controlada por São Pedro lá do céu, aumentando o valor dos preços pela oferta e procura, e deste modo mudamos também e aceitamos o novo sistema de adquirir até o que não necessitávamos na antiga cidade rural de São Paulo. O gás foi engarrafado e distribuído em cotas para alimentar os fornos modernos em substituição aos de lenha que "enfumaçavam” as panelas de ferro, a Light "chegou" e tudo passou a ser elétrico, até as nossas vidas tornaram-se fluídas!

100 anos da primeira montagem do automóvel no Brasil


A primeira fabricante de automóveis a montar automóveis no Brasil foi a empresa americana Ford Motor Company.
A Ford foi a primeira fabricante de automóveis a se estabelecer no Brasil. A diretoria da Ford Motor Company aprovou a criação da filial brasileira no dia 24 de abril de 1919, com o capital inicial de US$ 25.000.
Em 1º de maio, a empresa iniciou a montagem do Modelo T em um galpão na Rua Florêncio de Abreu, em São Paulo, com peças importadas, com 12 funcionários que montavam o Ford modelo T, conhecido por Ford Bigode. 
As peças vinham do Estados Unidos que comumente era conhecido CKD, Completely Knock-Down ou Complete Knock-Down.
Eram conjuntos de partes de automóveis geralmente fabricados pela matriz de origem ou pelo seu centro de produção para exportação e posterior montagem dos veículos nos países receptores destes kits, geralmente fábricas menores ou com produção reduzida.
Os kits visavam o ganho de escala das empresas, pois eram produzidos um maior número de peças neste mesmo centro de produção; obtendo benefício fiscal de importação, uma vez que os veículos eram montados no país de destino,(na época o Brasil) gerando empregos, ao contrário dos veículos importados já montados; menores custos na montadora de destino, já que são necessários pequenos investimentos para desenvolvimento de fornecedores locais.
Acelerador: o bigode
O acelerador ainda não era com o sistema de pedal, mas com uma alavanca junto ao volante, que formava par com outra, para ajustar o avanço de ignição. As duas alavancas, opostas, formavam a figura de um bigode. Quando se desejava obter potência para atingir velocidade se abaixavam as duas alavancas, ao mesmo tempo, e o motor atingia sua máxima potência. As alavancas abaixadas é que tinham, nessa posição, a semelhança de um bigode.

Deste modo o Ford Modelo T passou a ser chamado, no Brasil, de Ford Bigode. Quando o nome pegou, os modelos fabricados no Brasil passaram a mostrar no ornamento do capô a figura de um bigode.
(Erroneamente dizem que era por causa de seus para-choques curvos lembrando um bigode antigo, caso improvável, pois o veículo era desprovido de para-choques)



quarta-feira, 25 de março de 2020

Um recado do cientista Louis Pasteur para combater o vírus Corona: HIGIENIZE-SE!


“Vão lavar as mãos” para tomar leite, ou vinho, ou cerveja “pasteurizados”!
Louis Pasteur nasceu na França, em 27 de dezembro de 1822, vindo a falecer em 28 de setembro de 1895. Seu pai foi sargento da Armada Napoleônica, que tinha também o ofício de curtidor de peles de animais. Teve aulas com um grande químico francês, Jean Baptiste Dumas, passando pela Universidade de Sorbonne, em Paris. Graduou-se em 1842, e em 1847 conclui seu doutorado em química e física. No ano seguinte foi nomeado professor de física em uma escola secundária em Dijon e depois foi para a Universidade de Strasbourg onde, em 1852, tornou-se professor titular de química.
Louis Pasteur (Foto crédito: Paul Nadar)
Suas descobertas tiveram enorme importância na história da química e medicina pelas experiências aplicadas no comportamento das bactérias e dos vírus, produzindo grande progresso na saúde e na higiene públicas.
Pasteurização
Em 1860 ao estudar o problema do azedamento com os produtos da indústria francesa de cervejeira e de vinhos da região de Arbois, descobriu que o vinho se transformava em vinagre sob a ação do fermento “Mycoderma aceti”, sendo a putrefação e a fermentação causadas por microrganismos já presentes no líquido (confirmando os resultados dos estudos de Cagniard e de Schwann). Após algumas tentativas Pasteur aqueceu o vinho a uma temperatura aproximada de 60 graus Celsius e constatou que os micro-organismos nocivos que estragavam a bebida desapareciam sem prejudicar o vinho. Esse processo foi empregado depois para a conservação de outros produtos, como o leite, e ficou conhecido como pasteurização.
Higienização
Em 1871, Louis Pasteur orientou os médicos dos hospitais militares franceses a ferver o instrumental e as bandagens que seriam utilizados nos procedimentos médicos.
Expôs a "teoria germinal das enfermidades infecciosas", segundo a qual toda enfermidade infecciosa tem sua causa em um micróbio com capacidade de propagar-se entre as pessoas.
Deve-se buscar o micróbio responsável por cada enfermidade para se determinar um modo de combatê-lo.
Gestantes em parto
Em 1860 observou um grave problema que alarmava a França: mais de 20.000 mulheres e crianças estavam morrendo anualmente durante o parto por infecção. Estudando e desenvolvendo a sua “Teoria dos Germes”, ele recomendou a esterilização dos materiais médicos e o máximo de higiene por parte dos doutores, o que evitaria as infecções, por doenças causadas por micróbios. Os médicos deveriam lavar as mãos e esterilizar seus instrumentos em água fervente. Se o médico não fizesse isso a mulher morreria de febre puerperal após o parto (desprendimento da placenta até a involução total do organismo materno às suas condições anteriores ao processo de gestação).
Mas como era um químico e não um médico foi duramente criticado por parte da comunidade médica. O químico entrou em debate na reunião com o imperador francês Napoleão III e seu médico, doutor Charbonnet, seu maior oponente, dizendo:
“O que está matando as mulheres com infecção puerperal são vocês, médicos, que transportam micróbios mortais das mulheres doentes para as mulheres sãs”. A falta de assepsia representava em Paris a maios causa de mortes nos partos.
Na Inglaterra, em 1865, o cirurgião Joseph Lister aplicou os conhecimentos de Pasteur para eliminar os micro-organismos vivos em feridas e incisões cirúrgicas, obtendo resultados positivos.
Deste modo a assepsia, o conjunto de procedimentos que visam impedir a introdução de germes patogênicos em determinado organismo, ambiente e objetos foi introduzido nas normas médicas, através dos cuidado com a limpeza e higiene de tudo ao redor, sendo um processo muito importante para evitar a propagação de germes que podem ocasionar infecções.
As mãos constituem a principal via de transmissão de microrganismos na pele um reservatório de diversos germes que podem transferir-se de uma superfície para outra, por meio de contato direto (pele a pele) ou indireto, através de objetos e superfícies contaminadas.
Pasteur é considerado um dos três principais fundadores da microbiologia, juntamente com Ferdinand Cohn e Robert Koch.



Instituto Pasteur em São Paulo: Inaugurado em 5 de agosto de 1903, na Avenida Paulista.

http://www.canalciencia.ibict.br/nossas-informacoes/ciencioteca/personalidades/item/324-louis-pasteur-vida-obra-e-descobertas
https://pt.wikipedia.org/wiki/Joseph_Meister


sexta-feira, 20 de março de 2020

Igreja Adventista de Santo Amaro: Onde tudo começou na Zona Sul


Uma narrativa de cunho histórico do desenvolvimento de Santo Amaro em 1935


O trabalho adventista em Santo Amaro teve início em 1914, quando sobe a direção do Pastor J. Lipke[1], iniciou-se nesta cidade uma série de conferências públicas num pavilhão levantado no terreno situado à rua General Carneiro[2], e ora pertencente a viúva D. Sofia Lindau. Desse trabalho resultou que em 16 de maio de 1914, 26 pessoas se tornassem adeptas da Igreja Adventista do 7º Dia, neste mesmo ano constituindo-se a Igreja Organizada. Este núcleo de clientes tratou logo de edificar um pequeno templo que foi edificado na Rua Herculano de Freitas[3], nº 366, tendo como principais figuras nesta iniciativa os senhores Paulo, Libório e Carlos Klein.


O templo foi inaugurado em 1915. Assim com sacrifício da parte dos crentes e generosas contribuições dos amigos da causa, foi possível erigir esse momento da verdade. Até 1917, o Reverendo Lipke foi o pastor da Igreja, sendo depois substituído pelo senhor Germano Conrad. Seguiram na direção os senhores Libório Klein, pastores H.B. Westcott e Ennis V. Moore, e atualmente (1935) está à frente dos trabalhos o senhor Germano Ritter.


Em 1930 a Igreja assistiu a uma nova fase de progresso, reformando o edifício, e acrescentando um prédio escolar que foi inaugurado em janeiro de 1931. No dia 7 de fevereiro do mesmo ano, foi estabelecida a atual Escola Primária Adventista de Santo Amaro, que tem com professora e excelentíssima senhora Ottilia F. Silva. Esta escola possui sala higiênica, ambiente agradável e está bem equipada. A matrícula atual é de 31 alunos.

Tem a Igreja algumas organizações dignas de menção. A Escola Sabatina, que funciona cada sábado, às 9:30, estando matriculados 98 membros. Orienta-a cada ano uma pessoa eleita pela assembleia, e está na sua direção este ano o senhor Pedro A. Silva.

A Sociedade Auxiliadora das Senhoras Adventistas conta socias e é conduzida pela distinta senhora D. Rosa Z. Luz. Tem como alvo auxiliar aos pobres da Igreja, desenvolvendo e estimulando o progresso do templo.

A Sociedade dos Missionários Voluntários Jovens, tem por fim incentivar os ideais da mocidade na prática do bem, na boa leitura e na propaganda dos nobres e belos ensinamentos do nosso Salvador Jesus Cristo.

Na Igreja Adventista realizam-se cultos aos sábados. Às 9: 30ª Escola Sabatina; às 11 horas, pregação do Evangelho. Aos Domingos e quartas-feiras, ás 19:30, há pregação do Evangelho.

A  Igreja atualmente tem no seu rol de membros 72 irmãos, além de muitos outros que a ela estão congregados. A diretoria esta assiom organizada: Presidente e Ancião da Igreja, Germano Rifter; secretária, senhorita Alice Zorub; tesoureira, senhora D. Jeanette Hartman; Diáconos, os senhores G. E. Hartman, Olívia Doll, Fernado Luz, diretor da Escola Sabatina, senhor Pedro A. Silva; diretor dos Missionários Voluntários Jovens, senhor Leonidio de Araujo. Ocupa também o lugar de Pastor Honorário, o senhor John Lipke, fundador da Igreja.



Referência: Integra

CALDEIRA, João Netto. Álbum de Santo Amaro. São Paulo: Organização Cruzeiro do Sul. Bentivegna & Netto. p.128-129














Vide:

Escola Adventista e o Capão Redondo: 100 anos de convívio



[1] Johannes Rudolf Berthold Lipke
[2] Antiga rua General Carneiro, hoje Rua Gabriel Nettuzzi
[3] Antiga Rua Herculano de Freitas, hoje Rua Desembargador  Bandeira de Melo

sexta-feira, 13 de março de 2020

FAMÍLIA "COMUM": O FILHO NÃO RECONHECIDO DE KARL MARX


...SOB QUATRO PAREDES
Marx com dezessete anos, ingressou na Universidade de Bonn rumo à advocacia que foi abandonada seguindo as aulas de filosofia com o filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel, professor da Universidade de Berlim.

O Barão Johann Ludwig von Westphalen era o pai de Johanna Bertha Julie von Westphalen, conhecida por Jenny, casada com Karl Marx em junho de 1843 quando o barão já havia falecido. A mãe de Jenny, presenteou o casal com um dote que continham joias, prataria e um baú com dinheiro para o começo da família.
Em 1843 Karl Marx encontrava-se desempregado, pois o jornal em que trabalhava foi fechado pela censura prussiana. O filósofo então casou-se com Jenny e se mudou para Paris, na França, para trabalhar em um jornal chamado Anais Franco-Alemães.
Quando Karl Marx se casou com Jenny foi acompanhada pela governanta do pai dela, Helene Demuth, que tinha a alcunha de "Lenchen”. Era uma mulher miúda e graciosa, de ascendência camponesa. Era filha de um padeiro e morava com a família de Jenny, os Westphalen, “desde 11 ou 12 anos de idade”.

Era de confiança para além de gerir as tarefas diárias domésticas e assuntos financeiros. Em relação aos filhos do “novo” patrão, ela os considerava como seus.

Karl Marx foi com a família para Londres em 1849, tendo um caso com "Lenchen" que no ano de 1850, engravidou. Quando a criança nasceu, Marx convenceu Friedrich Engels, seu amigo que era solteiro, a assumir a responsabilidade recebendo o nome de Frederick, para insinuar que era filho de Friedrich Engels.
Lenchen deu à luz o menino Henry Frederick Demuth em 23 de junho de 1851. Na certidão de nascimento, o nome do pai ficou em branco. Marx nunca assumiu a paternidade do menino Freddy que foi criado por uma família adotiva de classe média baixa, os Lewis. Freddy entrava pela porta dos fundos da casa dos Marx para visitar a mãe no trabalho, comia na cozinha e não tinha acesso ao resto da casa dos patrões de sua mãe Helene.
Na época, correram boatos sobre o assunto, aos quais Marx rebatia com veemência: “A falta de tato dessa gente é algo colossal”.
Engels assumiu a criança para proteger Marx, mas em seu leito de morte revelou o segredo para Eleanor "Tussy" Marx, a filha preferida de Karl. Louise Freyberger, secretária particular de Engels, disse numa carta que o próprio Engels confessou o segredo para ela e acrescentou: "Freddy é absurdamente parecido com Marx".
Paul Johnson, jornalista e historiador, faz uma ironia ao comentar o caso:
"Helene foi o único proletário com quem Marx realmente conviveu, ela era seu único contato real com a classe trabalhadora. Freddy poderia ter sido outro, mas Marx nunca o conheceu”.
O filho de Karl Marx, Henry Frederick Demuth, que depois mudou seu nome para Frederick Demuth Lewis, não teve filhos e morreu em janeiro de 1929.


Referências:
Revista Bula — Literatura e Jornalismo Cultural 

JONES, Gareth Stedman Jones. Tradução Vargas, Berilo. Marx, Karl Marx – Grandeza e Ilusão. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2017

sexta-feira, 6 de março de 2020

A Sesmaria do Pacaembu e o "Asylo Sampaio Vianna" (Fundação da Universidade de São Paulo)

A Sesmaria do Pacaembu/SP

A Sesmaria do Pacaembu foi concedida por Martim Afonso de Sousa em 1561 aos jesuítas no atual município de São Paulo. A extensa propriedade era delimitada pelo caminho dos Pinheiros (atual Rua da Consolação), Emboaçaba (atual Avenida Doutor Arnaldo) e pelo córrego Água Branca.
Os religiosos dedicavam-se na sesmaria à catequização dos índios até que, em 1759, o Marquês de Pombal expulsou os jesuítas do Reino de Portugal e de suas colônias e confiscou suas terras. No ano de 1767, as propriedades dos jesuítas foram a hasta pública, sendo essa sesmaria comprada em 1779 por Gabriel Antunes Fonseca, Clemente José Gomes Camponese e Manoel Simões.



Os antigos terrenos da sesmaria foram divididos em chácaras, muitas delas compradas pela elite paulistana. Essas pequenas propriedades rurais tornaram-se os atuais bairros de Higienópolis (outrora, Pacaembu de Cima), Pacaembu (antigo Pacaembu do Meio) e Perdizes (antigo Pacaembu de Baixo).

O nome Pacaembu proveio de um riacho que sofria inundações frequentemente (paã-nga-he-nb-bu), nome que, na língua indígena, significa "atoleiro" ou "terras alagadas”.



O "BAIRRO" Pacaembu teve início através de loteamento da companhia urbanizadora City



Asilo e Educandário Sampaio Viana

A área que hoje abriga uma unidade complementar da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo têm início na aquisição do terreno que a compreende por Joaquim de Floriano Wanderley, em 1877. O lote, arrematado pelos jesuítas que receberam a Sesmaria do Pacaembu permaneceu na posse de Wanderley até 1895. No ano seguinte, por razões financeiras, o terreno foi transmitido à Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, que se instala na antiga "Chácara Wanderley" com a instituição proposta de abrigar e cuidar de menores abandonados da famosa Roda dos expostos.
Mães em desespero que queriam ou tinham de abandonar seus bebês os deixavam anonimamente no hospital. De lá, seguiam para o prédio do Pacaembu.

Em 1935, a casa transformou-se no "Asylo Sampaio Vianna", abrigando crianças de outras procedências. Nos anos 60, passou para o Estado e até 1975 funcionou como orfanato. A partir daí, e até meados dos anos 90, abrigou crianças órfãs ou abandonadas que estavam sob a guarda da Febem (Fundação do Bem-Estar do Menor).




Vide " caça a raposa" na região do Pacaembu: