sexta-feira, 18 de maio de 2018

JULIO GUERRA E A “OBRA DE ALMEIDA JUNIOR” EM ITU, SÃO PAULO

Santo Amaro em Itu: Presente! 




“Exposição (Re) Encontro de Itu com Julio Guerra”, nas dependências da prefeitura





No ano 1949, nas comemorações do centenário do pintor José Ferraz de Almeida Júnior[1], nascido em Itu, São Paulo por iniciativa do jornalista Ednan Mariano Leme da Costa, do jornal da cidade “A Federação” iniciou-se o anteprojeto com participação de artistas plásticos da época.

Em 8 de maio de 1950, no dia do Artista Plástico no Brasil em homenagem a data de nascimento de Almeida Junior, foi lançada a pedra fundamental na Praça Independência, (Largo do Carmo) para se concretizar a homenagem ao ilustre pintor, com discurso celebrado pelo escritor e poeta Oswaldo Mariano da Costa.

A empreitada da elaboração do monumento iniciou-se no governo de São Paulo, do professor Lucas Nogueira Garcez (1951-55) tendo sido indicado para acompanhar o processo o então Secretario de Estado dos Negócios de Governo, Joaquim Canuto Mendes de Almeida.

Foi criada uma comissão julgadora de escultores renomados e eméritos professores como Rafael Galvez, Bruno Giorgi, Fernando do Carmo Prestes, Alfredo Elias Junior somando as estes o jornalista Ednan Mariano Leme da Costa, do jornal da cidade de Itu , “A Federação”, o engenheiro Antonio de Almeida Leme Junior, representando Itapetininga e dr. Oscar de Arruda Penteado, representando a cidade de Rio Claro, cidades que seriam contempladas também com um monumento.

Os contemplados para a execução da obra o foram:

Julio Guerra que concorreu com o pseudônimo “Papirus”, recebendo para a execução dos trabalhos dez mil cruzeiros; (moeda nacional á época). Em segundo lugar coube a Luiz Morrone que concorreu com o pseudônimo “Ipê” recebendo três mil cruzeiros e em terceiro lugar coube a Humberto Campanelli, apresentando-se com o pseudônimo “Ômega”.

JULIO GUERRA E O ARCO DO TRIUNFO DE ALMEIDA JÚNIOR EM ITU

MAQUETE DA OBRA DE JULIO GUERRA EM HOMENAGEM A ALMEIDA JUNIOR APRESENTADA AOS POLÍTICOS DA CIDADE DE ITU, SÃO PAULO
O projeto de Julio Guerra era ousado em homenagem a Almeida Júnior, sendo representadas por um Arco do Triunfo, com 4,10 metros de altura e com 3,30 metros de largura, com colunas laterais sustentando o arco, quadradas de 65 centímetros e com revestimento em granito rosa próprio da região. No frontispício do monumento sobre o arco havia a inscrição:

“JOSÉ FERRAZ DE ALMEIDA JUNIOR, 1850-1899”, completada na outra face com o lema: “PAULISTA NA SENSIBILDADE, BRASILEIRO NO GÊNIO E UNIVERSAL NA ARTE”.

Na obra existiam peças fundidas em bronze relembrando algumas das obras do artista Almeida Junior, muitas das quais fazem parte do acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo.


O QUE RESTOU DA OBRA NA ATUALIDADE






Em frente a este monumento edificado em granito revestido estava representado o artista José Ferraz de Almeida Junior com 2,20 metros de altura, segurando sua paleta de pintura com o pincel que eram os instrumentos básicos de sua obra.

O referido monumento pensado por Julio Guerra foi elaborado e edificado no período de 1952 a 1955, quando era prefeito da cidade de Itu o doutor Felipe Nagib Chebel. Na reforma da Praça Independência (Largo do Carmo), o prefeito sucessor, Galileu Bicudo mandou retirar o monumento. 

Depois não se soube qual foi o destino da obra retirada de seu lugar de origem 1956. Supõe-se que parte da peça ficou por algum tempo “guardada” em algum depósito municipal, como acontece com “monumentos peregrinos” pela Cidade de São Paulo.

A peça de bronze representando o pintor foi, na década de 1970, instalada na Praça Almeida Junior, localizada em frente à Delegacia de Ensino de Itu, em Vila Nova, onde permanece na atualidade, tendo sido identificada como parte da obra feita por Julio Guerra e hoje é acompanhada de uma identificação próxima ao pedestal, colocada pela família do artista santamarense, representado por sua filha Elza Hessel Guerra Sanches.


*Muito há em que se fazer, para que seja preservada e divulgada uma obra, pois a produção histórica é dinâmica e necessita de uma "arqueologia" constante em nome da historiografia,  mesmo que essa busca incessante resulte em um pequeno fragmento, um dia há de chegar perto de um todo, jamais será o final, mas apenas concretizar uma finalidade!


Referências:

Exposição em Itu, São Paulo: (RE) ENCONTRO DE ITU COM JULIO GUERRA, Curadoria: Dr. Emerson Ribeiro Castilho

 Secretário Municipal de Cultura: Geraldo Gonçalves Junior
Fotógrafo de Itu: Juca Ferreira

Diretoria de Ensino Região de Itu: Prof. Armênio e Lúcia

Vide:

Julio Guerra: “Profissional Amador”







[1] José Ferraz de Almeida Júnior, nasceu em Itu em 8 de maio de 1850 e faleceu em Piracicaba no dia 13 de novembro de 1899. Foi um pintor e desenhista brasileiro da segunda metade do século 19. Retratou com realismo os personagens do cotidiano, anônimos da vida da cultura caipira. Apesar de receber várias distinções, a vida e obra de Almeida Júnior não são honradas como deveriam. O artista por não aderir aos movimentos artísticos em voga, chocou a sociedade e a crítica, preferindo temas brasileiros das coisas populares, sua maior contribuição. Almeida Júnior legou à cultura brasileira cerca de 300 obras que estão espalhadas por museus e repartições, mostrando seu grande legado.

Acervos 

- Igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária em Itu/SP [Retrato do Padre Miguel Corrêa Pacheco, Jesus no Horto e Apóstolo São Paulo], Brasil.
- Museu de Arte de São Paulo [Monge Capuchinho, Retrato de Belmiro de Almeida, Moça, Ateliê do Artista e Paisagem], São Paulo, Brasil.
- Museu Nacional de Belas-Artes [Descanso do Modelo (1882), Caipiras Negaceando (1888), Derrubador Brasileiro (1879) e Fuga da Sagrada Família para o Egito (1899)] Rio de Janeiro, Brasil.
- Museu Paulista do Ipiranga [A Partida da Monção, composição de grande dimensão encomendada pela municipalidade de São Paulo] São Paulo, Brasil.
- Museu Republicano de Itu/SP [Retrato do Pe. Miguel Corrêa Pacheco], Brasil.
- Pinacoteca do Estado de São Paulo [Caipira Picando Fumo (1893), Violeiro (1899), Leitura, Amolação Interrompida, Cozinha Caipira, Apertando o Lombilho, Paisagem do Sítio das Pedras, O Importuno (1898) e Retrato de D. Joana Liberal da Cunha (1892), entre outros], São Paulo, Brasil. 


terça-feira, 1 de maio de 2018

Homenagem aos 91 anos da Travessia do Atlântico Sul: CIDADE DE JAÚ 2018 (SÃO PAULO)

O Hidroavião Savoia Marchetti ou simplesmente JAHU

Em 16 de outubro de 1926, o hidroavião Alcione, rebatizado de Jahú, começava oficialmente a travessia do Atlântico saindo da cidade de Sesto Calende, Lago Maggiore, em Gênova, na Itália, sobre o comando do piloto João Ribeiro de Barros com os tripulantes Arthur Cunha (co-piloto na primeira fase) sendo depois substituído pelo tenente  da Esquadrilha da Aviação da Força Pública de São Paulo, João Negrão, Newton Braga (navegador), e Vasco Cinquini (mecânico).

Em 28 de abril de 1927, voando a uma velocidade de 190 km/h, o hidroavião Jahú, depois de 12 horas no ar e 2400 quilômetros de distância do Porto da Praia, em Cabo Verde amerissava em território brasileiro na baia de Santo Antonio, na ilha de Fernando de Noronha, concluindo assim a primeira travessia aérea do Atlântico sem apoio naval. De maio a agosto, o hidroavião Jahú continuou escalas em Natal, Recife, Salvador, Rio de Janeiro,Santos e finalmente em Santo Amaro, na Represa de Guarapiranga, em São Paulo, em 1º de agosto.

HOMENAGEM REALIZADA NA CIDADE DE JAÚ: 28 de abril de 2018
Através da iniciativa da Secretaria de Cultura e Turismo da cidade de Jaú comemorou-se dia 28 de abril de 2018, o 91º aniversário da travessia do “Hidroavião Jahu” sobre o Atlântico Sul, realizada pelo comandante João Ribeiro de Barros.
A cerimônia oficial começou às 9 horas na Praça Siqueira Campos, em frente ao monumento em homenagem ao feito do comandante João Ribeiro de Barros do escultor Arlindo Casellani de Carli[1], obra elaborada em 1953




A solenidade do ato cívico iniciou-se pelo Tiro de Guerra 02019 de Jaú, entoando os hinos Nacional e da Cidade de Jaú estando presente como representante da família, Roberta Ribeiro de Barros Mantelli, tendo neste momento a performance do historiador Marcus Tadeu do Carmo.










Também houve a participação efetiva de alunos do concurso em homenagem a importante data que possui a Lei Estadual nº 9.933, de 13 de abril de 1998 que dispõe:

Artigo 1º - Fica instituído o dia 28 de abril para a comemoração e divulgação da Travessia do Oceano Atlântico sem escalas, realizada pelo primeiro aviador das Américas, Comandante João Ribeiro de Barros, com o hidroavião Jahu.

Artigo 2º - O Poder Executivo expedirá decreto regulamentando a formação de Comissão Especial encarregada da divulgação e comemoração da Travessia, visando a sua perpetuação na memória popular, bem como o ensino de sua história aos alunos de 1º Grau. 




O jornal “Comércio do Jahu”, também de cunho histórico, fundado em 31 de julho  de 1908 publicou matéria “O DESTINO DO JAHÚ” nesta data comemorativa de 28 de abril.
Em São Paulo há também uma obra localizada no Parque da Barragem, no Bairro Capela do Socorro, às margens da Represa Guarapiranga, que homenageia os aviadores italianos Francesco Di Pinedo e Carlo Del Prete e João Ribeiro de Barros pioneiros na travessia do Atlântico Sul, obra do escultor Ottone Zorlini!

MATÉRIA SOBRE A COMISSÃO PAULISTANA PARA VOLTA DO MONUMENTO AOS AVIADORES AO LOCAL DE ORIGEM

Quanto ao hidroavião JAHU, instrumento desta façanha, que se encontrava no Museu da TAM, em São Carlos, São Paulo, que foi desativado no início de 2016, que destino terá?


Complemento:
Revista Apartes:

ÍNDICE DE TEXTOS SOBRE O MONUMENTO AOS HERÓIS DA TRAVESSIA DO ATLÂNTICO: DESMISTIFICAÇÃO





[1] Arlindo Castellani de Carli (São Paulo SP 1910 - São Paulo SP 1985). Pintor e escultor, estudou no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, tendo sido aluno de José Maria da Silva Neves, Enrico Vio e Avelino Nagera. Executou várias obras públicas em diversas cidades do país, sendo de sua autoria a Obra da Praça Siqueira Campos em JAÚ, do comandante João Ribeiro de Barros.
Trabalhou, em 1928, como aprendiz de modelador na Casa Francesa e na Oficina Nicola & Sala, em Santos, São Paulo. Entre 1938 e 1940, vive em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, tem contato com a obra do pintor Armando Balloni (1901 - 1969), pela qual é fortemente influenciado.