quarta-feira, 19 de agosto de 2009

BASTIDORES DAS SIDERÚRGICAS E PETROLÍFERAS "NACIONAIS"

BASTIDORES DAS SIDERÚRGICAS E PETROLÍFERAS "NACIONAIS"

Carlos Drummond de Andrade cantou em versos os descalabros da prospecção predatória do morro de Itabira, Minas Gerais, escoando por ferrovia, com denominação de logística, o minério pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), que atualmente, pela nova razão social, só Vale literalmente, até o Porto de Vitória, no Espírito Santo.

Este monopólio deveria ser exposto de maneira transparente para todos os brasileiros ultrapassando o enfoque das academias e dos intelectuais desde o processo de privatização da CVRD e como foi dirigido até culminar com a venda a grupos estrangeiros, do setor de mineração, orçada em torno de 10 bilhões de dólares( revista “Veja” de 03 de maio de 1995)e que em 1997 foi arrematada por 3,3 bilhões menos que o previsto.
Atualmente esta gigante possui o controle de portos e ferrovias em 14 estados e é a maior empresa diversificada das Américas, maior exportadora de minério de ferro do mundo, abarcando 39% do que é exportado pelo Brasil (reportagem da TV Record, deste mês). Foi responsável pelo superávit no ano passado de 44,8 bilhões de dólares (“Folha de São Paulo” de 07 de março de 2006).

A CVRD possui acordo com o grupo alemão Thyssen-Krupp Stahl para construção de usina de placas laminadas de aço no valor de 2,5 bilhões de dólares,além de projeto da ”Companhia Siderúrgica do Atlântico”.Este consórcio será entre ambas sem participação de empresas brasileiras do setor.(se houver alguma genuína!). Não tenho pretensão com apologia chauvinista, mas o controle das riquezas emanadas do solo deveriam ser exploradas de maneira racional por industrias voltadas ao interesse do crescimento do país num todo.
Em março de 1980 houve um derrame de 100 milhões de ações da Companhia Vale do Rio Doce e que foram adquiridas por investimento estrangeiro a preços módicos.
A situação deste monopólio é dirigido de maneira sistemática e silenciosa por longos anos.


Do outro lado da cadeia estava a SIDERBRÁS que controlava e dirigia todo investimento do setor siderúrgico que em pouco tempo gerou prejuízo de bilhões de dólares em plena produção de laminados planos, perfis e ligas em geral, ficando evidente que governo é mau gerente.(estatização cria privilégios, e se forem estatais deveriam contratar o pessoal especializado de todas as áreas nos moldes da industria privada e não tornar-se emprego vitalício de direção política em detrimento a capacidade técnica)
A corrida do setor feito de maneira apressada pelo Plano Nacional de Desenvolvimento - PND, com as industrias de base sendo ampliadas ou implantadas tiveram recursos de investimentos do governo brasileiro para aquisição de laminadores, prensas de forjaria, fornos, guilhotinas, prensas de forjaria, (a VIBASA, Villares Industria de Base, implantada na época adquiriu a maior prensa de forjaria da América Latina da empresa Demag, Alemanha) e tantos equipamentos quanto fossem necessários ao complexo industrial.

Aceitaram -se as condições do credor, como por exemplo: a AÇOMINAS foi citada por especialistas como uma das usinas mais caras do mundo. Num primeiro aporte de 505 milhões de eurodólares captados através Domorgan Grenfell de Londres, com prazos curtos e juros altos.Todo investimento do projeto estava orçado na ordem de 4 bilhões de dólares, e que na atualidade passou a fazer parte deste vasto império globalizado de interesses daqueles que financiaram sua ampliação.

Mineração e siderurgia andam atreladas e são responsáveis pelo desenvolvimento do país que detém a reserva e o modo de explorá-la racionalmente com uma sistemática que garanta o bem estar do local explorado e gerar recursos de sustentação estável, com efetiva participação na infra-estrutura social.O extrativismo maciço foi o recurso implantado pela necessidade de conseguir alimentar o mercado com retorno de divisas imediatas (trabalhei no projeto de máquinas de mineração que a produção era de 6 000 toneladas/hora/por máquina).

Infelizmente a SIDERBRÁS foi tolhida do poder de decisão e era estipulada as regras que convinham aos grupos dominantes estrangeiros, sendo obrigada aceitar a não ser majoritária. Na época fiz parte do grupo “FINSIDER”, empresa estatal italiana, que conjuntamente com grupos japoneses detinham parte desse monopólio sendo os grandes beneficiários.Como exemplo cita-se que a usina de pelotização de minério de ferro do Porto de Tubarão era de responsabilidade deste grupo citado e a elaboração dos projetos e instalação dos equipamentos ficaram a cargo da subsidiada “ITALIMPIANTI DO BRASIL”.O sistema articulado naquele momento impôs as regras do jogo sem levar em conta os impactos que poderiam causar por visar unicamente lucro imediato.

“O Petróleo é Nosso” Ou ”O Aço é Nosso” daria uma tese, que nos arremataria ao passado e como o presente é o passado mais recente, vemos na atualidade os grandes conglomerados em acirradas disputas pelo monopólio das matérias primas numa guerra de interesses que é iniciada fora do país a explorar, (e aqui vale, sem exceção, qualquer país que tenha recursos disponíveis e que tenha utilidade prática com preço satisfatório de mercado estarão sujeitos aos dólares oferecidos) e que aos poucos em colóquio com os governos e “lobbystas” agindo por interesses particulares favoreçam grandes grupos do setor e nomes próprios de multinacionais começam a fazer parte do cotidiano e aparecer na mídia :
NIPPON STEEL,
THYSSEN KRUPP,USINOR,KAWASAKY,SUMITOMO,STEINBRUCH,UNITED STEEL, BILLINTON E ATUALMENTE MITTAL sediada na Holanda controlada pelo indiano Lakshmi Mittal, interessada nos empreendimentos das companhias siderúrgicas.

A Amazônia possui as maiores reservas intocáveis rastreadas e sondadas que afloram o minério do alumínio, a bauxita, monopólio este já controlado por grupo bem restrito e que exploram no Pará, Rio do Norte,Trombetas.No fim da década de 70 houve procura intensa por mão de obra especializada nesta área feita no prédio HORSA, na avenida Paulista, em São Paulo, incentivando o deslocamento de mão de obra para o projeto na região norte do país.
Vejo nos jornais desta semana que os interesses da CVRD, empresa privada, inaugura o que custou muito do investimento aplicado anteriormente com ônus exclusivos do país, captados de bancos estrangeiros, e que foi planejada há mais de 25 anos e hoje é alardeada como investimento privado.

Os auditores contratados, a mando do interesse de outorgados do poder, valorizaram demais um investimento, como o caso da Caraíba Metais, causando prejuízos de bilhões de dólares a nação adquirindo da industria privada uma mina de cobre antieconômica e ao mesmo tempo subestimam o valor da Vale do Rio Doce detentora das grandes reservas de minério do país, em sua privatização.(no caso das glebas de terras da União são vendidas por centavos e adquiridas por milhões, numa reforma de interesses de grupos manipuladores)

Socializar as perdas é uma regra antiga usada pelos bancos em dificuldade de capitalizar por incapacidade de gerenciamento, e agora é usado por empreendimentos com mesmas regras e falhas dos bancos, ou seja, o risco é de única e exclusiva responsabilidade do país e a biodiversidade ou reservas indígenas é relegado a um plano secundário,se nele houver alguma riqueza a explorar.



A MULTINACIONAL PETROBRÁS:

A Petrobrás é a maior incentivadora do uso de gás natural e grandes reservas foram descobertas desde a década de oitenta na bacia do Alto Juruá, Urucu, na Bacia Amazônica, já nas mãos da empresa americana PRAXAIR e que no Brasil tem-se a subsidiaria WHITE-MARTINS, monopólio de distribuição de gás para a industria e recentemente para veículos automotores, mais um outro capítulo obscuro.
A PETROBRÁS está empenhada também em outro consórcio na Bacia de Santos, em São Sebastião, com a BRITISH GAS. Alem disso possui razões de sobra por tais fomentos: aplicou mais de 2 bilhões de dólares em contrato, tubulações e equipamentos para trazer o gás da Bolívia (a PETROBRÁS tem que importar 17 milhões de metros cúbicos por dia e pagar pelo mesmo,consumindo ou não)via Mato Grosso indo para São Paulo. Atualmente tramita novos investimentos em valores superiores a 1,3 bilhão de dólares em parceria com empresa estrangeira na construção do complexo de prospecção e transporte do gás amazônico. Ninguém em sã consciência, vai aplicar mais de 3 bilhões de dólares e enterrá-los literalmente e não usufruir do lucro que possa advir desse empreendimento.

A PETROBRÁS é hoje, na América Latina, uma multinacional amparada por um “holding” de empresas de combustíveis de capital financeiro externo e não um consórcio de mútuos interesses apenas entre Bolívia e Brasil além de monopólio no Golfo do México, “joint-venture” com multinacional americana.
A Bolívia tem o direito de reclamar contratos mais justos que beneficiem seus interesses e o bem estar de seu povo, sem submissão do que lhe pertence e não concordar com contratos unilaterais firmados no passado.
A PETROBRÁS recebe suas plataformas montadas e produzidas fora do país, sem uso de mão de obra local, em prol maior de seus grandes parceiros externos.É por razões semelhantes que os povos da América Latina estão desiludidos com o futuro, sem ânimo e sem confiança perderam a esperança. (O Brasil até hoje é considerado o pais do futuro, nunca do presente!)

Iniciou-se uma campanha de controle de gases lançados por escapamentos de veículos proveniente de queima incompleta de combustíveis poluentes, e optou-se pelo gás como outra nova fonte geradora de energia.O interesse pelo gás natural excede esta simples condição de fonte estratégica, exemplo foi a ameaça de corte do abastecimento da Rússia para a Europa. São interesses de monopólios detentores das reservas de mercado de investimentos escusos com tecnologia ao preço de “royaltes” da mesma como se fossemos incapazes de desenvolver nossa própria experiência e usar nossos próprios recursos sem fornece-los in natura ao mercado externo aceitando importações pagando o preço de nossa mendicância.
Empresas diversificadas de grande poder financeiro, deste modo, adquirem teóricas massas falidas, consideradas improdutivas, onerosas e inviáveis, a preços módicos assumindo integralmente a direção de “staff” além da a mão de obra barata para a produção desses grandes empreendimentos que foram financiados com dinheiro do erário público e que num passe de mágica, repentinamente, tornam-se lucrativas.
Para pagar somos capazes, para gerenciar somos incapazes.

O professor Nassif expôs que a privatização pulverizou a siderurgia nacional, acrescento ainda que há uma desindustrialização do país limitando-nos a simples montadores de equipamentos fazendo a submissão do uso da tecnologia idealizada por grupos poderosos e onde somos os manipuladores, apertadores de botão, do que é a técnica de manuseio.
Os monopólios mundiais estão “descobrindo a América”, novamente ávidos em explorá-la, tudo dentro da legalidade permissiva investem suas irresistíveis somas de investimento que tiram com juros e correção monetária deixando para trás o “buraco da mina”.

Finalizando, perdura a dúvida e que respondam os egrégios senhores do poder: Quanto vale a Companhia Vale do Rio Doce e a Petrobrás em moeda nacional, real?
Aguardando uma resposta real, sem intermeios das saídas inexplicáveis da política, um parecer que convença a todos nós brasileiros famintos e sedentos de não passar tantas dificuldades num país de imensos recursos.

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