A Revolução industrial e o Esporte
A Revolução Industrial atingiu o ápice de desenvolvimento no século 19 quando a Inglaterra conseguiu um controle sobre a produção em grande escala.
Novos mercados foram procurados para sua expansão comercial que resultou no acumulo de capitais. Assim a Velha Senhora tornou-se potencia naval e obrigou as antigas potencias a aceitarem suas imposições de Império.
Com as primeiras indústrias têxteis os artesãos ingleses e irlandeses foram confinados com as máquinas em galpões e alienados, submetidos, a um tipo de ação e desviados para o trabalho de produção de massa, subordinados ao Estado e a política de controle, uma vida diferente daquela que a população estava acostumada. Criou-se também nesta mesma época a pratica esportiva de uma burguesia ascendente.
A prática esportiva passou a fazer parte do cotidiano na Inglaterra, primeiramente atingiu a aristocracia que tinham tempo disponível e as escolas publicas tornaram-se pioneiros em atividades de jogos de tiro, caça e a modalidade de disputa de futebol que anteriormente era praticado pelos ingleses esportes como: Cricket, Tênis e Rúgbi. /(Rubio Kátia no livro: O Atleta e o Mito do Herói)
As escolas públicas inglesas da época formavam-se os líderes que iriam atuar na indústria, política, exército, administração do Império Colonial. Assim os jogos coletivos promoviam a cooperação, disciplina, lealdade e tenacidade. Logicamente que este privilégio esportivo não estava disponível a todo pois refletia uma formação de lideres empreendedores dirigida à educação social burguesa. Os liderados por sua vez tinham uma formação em outro tipo de educação nas escolas primárias, denominação que resume o quadro de então dirigida para operários e soldados de baixa patente.
Pela Revolução Industrial tornou-se possível exportar o modelo inglês de controle de massas com sua organização e regras, para as colônias próprias ou aquelas nas quais possuíam o “exclusivo metropolitano”. As indústrias têxteis cresciam em toda a Inglaterra e as novas técnicas de produção requeriam matéria prima para competir em grande escala com o linho da Índia. O algodão foi a fibra escolhida e o Brasil, possuindo as condições e o produto para uma alta produção. Financiados pelo banco inglês Rothschilds, Irineu Evangelista de Souza, Barão e Visconde de Mauá, iniciaram a construção ferroviária sendo construída por exemplo a Sorocabana para exportação de algodão para sustentar com matéria prima as indústrias têxteis inglesas em Londres.
A exportação de ferrovias e o futebol moderno se confundem com o tempo, e em 26 de outubro de 1863 em Londres nascia à regra do Football Association e servia para diferenciar o novo esporte com o Rúgbi.
A chegada da indústria no Brasil: Ferrovia e Futebol
O ministro da fazenda do Brasil Conselheiro Carrão noticia a instalação do “The London Brazilian and Mauá Bank Ltda”. A primeira locomotiva, a “Baronesa” foi instalada em 30 de abril de 1854, A Inglaterra se fixava no Brasil com os primeiros 15 km , a Estrada de Ferro Mauá. Os ingleses ampliavam a companhia de estrada de ferro, logo após em 29.03.1858 instalaram a estrada Dom Pedro II no Rio de Janeiro e a Santos–Jundiaí é inaugurada em 16.02.1867 pela São Paulo Railway Company. A “Inglesa” assim chamada a companhia de estradas de ferro, fixava-se na antiga colônia portuguesa. Para a construção da São Paulo Railway veio para o Brasil um escocês, John Miller, casou-se com uma brasileira, filha de ingleses, Carlota Alexandria Fox Miller, do casal nasceu em 24 de novembro de 1874 um filho chamado Charles Willian Miller. Com nove anos foi estudar em Southampton, Inglaterra, na Banister Court School, para formar-se e dirigir as empresas inglesas instaladas no Brasil.
Charles Miller retornou ao Brasil em 18 de fevereiro de 1894, associando-se como todos ingleses funcionários da São Paulo Railway ao São Paulo Athletic Club (SPAC) Fundada em 13.05.1888 .(O Estado de São Paulo,16 de agosto de 1981)
Em 1895, organizou-se o primeiro jogo oficial em São Paulo na várzea do Carmo próximo as ruas Gasômetro e Santa Rosa que ficavam perto da Companhia de Gás e do The London and Brazilian Bank e como adversários os empregados da São Paulo Railway Company que venceu o jogo por 4 X 2 (Revista JÁ 12/07/1998)
Estava enraizado o esporte Bretão, referência aos da Bretanha, os britânicos da chácara Dully (Bom Retiro) do fechadíssimo São Paulo Athletic Club. Destas experiências nasceu em 18.08.1898, o primeiro time do Brasil, a Associação Athlética Mackenzie College, que em Março de 1899 enfrentaria o São Paulo Athletic que venceu por 3x0 o Alvirrubro de Higienópolis, o Mackenzie (Revista Já 12.07.1998).
A disputa pelo poder França e Inglaterra
O espírito Olímpico
Sempre Haverá pessoas dispostas a transformar uma idéia em realidade, entre estes houve o francês Pierre de Freddy, Barão de Cobertin, preocupado com a formação dos jovens por ser um educador buscou valorizar as competições sadias através da atividade física. Sua inspiração foi extraída da Grécia Helênica no culto ao corpo, expressão da perfeição atlética e no modelo das escolas publicas britânicas que somava o slogan “mente sã corpo são”. Em 1896, na Grécia, ressurgia os jogos do Olimpo,os Jogos Olímpicos Modernos, o intuito era atingir o ápice que antes era morada dos deuses e agora estava ao alcance ao apoderar-se na disputa do jogo limpo(fair play)e a coroa de louro, que remontava ao passado grego, atributo de purificação religiosa.( Folder da exposição da Fundação Armando Álvares Penteado “Deuses Gregos” coleção do Museu Pergamon de Berlin 21.08.2006) .
As regras dos jogos, organização, modalidades partiu do Comitê Olímpico Internacional criado em 1894 que tentam excluir as manobras políticas que tanto dificultou a criação da Federation Internationale de Football Association, FIFA,oficialmente instalada em Paris e que era uma afronta aos interesses ingleses que dominava a modalidade futebol e era um trunfo dominante nos paises colonizados. (Folha de São Paulo 16.05.2004 caderno D 6).
Atualmente o Espírito Olímpico congrega os povos de todas as culturas e credos imagináveis, mas vai longe o tempo onde as competições tinham o sentido de amadorismo idealizado por Coubertin, mas que ainda subsiste como idéia embora o sentido da vitória (o nike grego) esta estampada nos produtos que financiam todas as modalidades possíveis, que geram recursos financeiros por todos envolvidos.
As mulheres como sempre excluídas de todas as participações sociais, tanto no campo profissional quanto no campo esportivo tiveram que se sujeitar nos primeiros jogos Olímpicos a modalidades esportivas menos expressivas na época como o tênis e o golfe.Tanto os jogos da guerra grega, como as olimpíadas ou o futebol de dominação da maior potência do século XIX, a Inglaterra, não representava o papel da igualdade tão alardeada como democracia e as competições foram sendo elaborados para mostrar a virilidade do homem e não o poder conceptivo da mulher.
O futebol representa o ópio do povo, o pão e circo necessário para o controle absoluto da massa, afastando-a dos reais problemas da nação frágil res-públicas que são violentadas pelos dominadores, pobre pátria, pobre Brasil, pobre gente enganada e manipulada pelo poder!
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
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2 comentários:
Muito bacana encontrar o seu artigo aqui, Carlos. Estou iniciando uma pesquisa em uma comunidade conhecida como Favela dos Ciganos em Utinga/ Santo André. Essa comunidade localiza-se ao lado da estação férrea de Utinga e, curiosamente, entre as duas há campos de terra utilizados pelas crianças para bater bola. Enfim, se quiser conhecer melhor o meu trabalho, que um dia resultará um romance entitulado "Futebol Ferroviário", acesse o meu blog.
Parabéns pela postagem.
http://www.futebolferroviario.blogspot.com.br/
Pelo menos é confortante saber que ainda existem pessoas de bom senso estudando estes absurdos e distorção de uma atividade que em sí mesma é meritória (o futebol) num absurdo de alienação e corrupção. Parabéns.
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