sábado, 16 de agosto de 2025

15 de agosto, dia da Assunção de Nossa Senhora e a relação com a Fundição de Ferro de Santo Amaro/SP

 
Um dia a ser lembrado pelas "tradições e contradições" de Santo Amaro/SP

O DOGMA:

Embora a Assunção tenha sido definida em tempos relativamente recentes é uma festa religiosa celebrada em 15 de agosto. É um dogma proclamado pelo Papa Pio XII em 1950, que afirma que Maria, ao final de sua vida terrena, foi levada aos Céus, sem passar pela morte física.
Sobre a Assunção de Maria aos Céus há relatos desde o século IV. A mais antiga narrativa é o chamado Liber Requiei Mariae ("O Livro do Repouso de Maria"), que sobrevive intacto apenas em uma tradução etíope. As versões mais antigas foram preservadas em diversos manuscritos em siríaco dos séculos V e VI.
A FUNDIÇÃO DE FERRO DE 1607 DE NOSSA SENHORA DE AGOSTO:
“O engenho de Ferro de Santo Amaro ao qual possuía por nome Nossa Senhora de Agosto que é a Assunção Bendita e seu dia 15 do dito mês”.
A FÁBRICA DE FERRO NO MORRO DA BARRA DE SANTO AMARO – SÉCULO XVII – UMA INDAGAÇÃO
Ao descortinar a história, nos aproximamos de uma citação a um rio denominado Geribatiba, o atual Rio Pinheiros, que por certo não possui nenhuma semelhança ao Rio Jurubatuba, com sua nascente na Serra do Paranapiacaba. O Rio Pinheiros teve sua sinuosidade alterada, contornando a margem de Santo Amaro que, diga-se também, é a mais antiga vila do planalto, anterior até a São Paulo de Piratininga. À beira do rio, a madeira, combustível básico das forjas, e o minério a céu aberto, eram transportados rapidamente do litoral de Santos, com vilas prósperas, construídas às margens de rios ou litorâneas.
Assim as forjas, que hoje denominaríamos fábricas, estavam situadas nas terras de Afonso Sardinha (Titulado de Fundador da Siderurgia Brasileira) que, embora fixado em Santos, possuía lá seus interesses no planalto e aqui tinha morada em Ubatá, atual Butantã.
Uma gleba de terra naquele tempo incluía léguas e léguas de distância, até perder-se de vista. Abrangia o “Borapoeira”, tornando-se depois Ibirapuera e que, devido à devoção portuguesa a Santo Amaro, já deu muitas histórias maravilhosas, nascidas da fé erigindo muitas igrejas e capelas. Havia uma capela de Santo Amaro de Ibirapuera referenciada em 1605, anterior a fábrica de ferro datada de 1607 nos assentos de Martin Rodrigues Tenório:
“O engenho de Ferro começou a fundir quinta-feira a 16 de agosto de 1607 ao qual possuíram por nome Nossa Senhora de Agosto que é a Assunção Bendita e seu dia 15 do dito mês”.


A implantação da forja foi a passos lentos, pois parte do equipamento perdeu-se na viagem marítima, talvez provindo da metrópole portuguesa ou de seus consórcios com holandeses ou ingleses. Citava-se que Diogo de Quadros era provedor das minas, tinha poucas posses e ia devagar com o projeto, mas acabá-lo era importante, pois ali havia muito metal de ferro.
O equipamento era composto de dois malhos de 175 quilos, duas argolas de mesmo peso, duas chapas cada de 30 quilos e duas de 60 quilos. Tudo perfazendo a soma de investimento de 36 mil réis.
Não havia mão de obra especializada, e era tudo lento, demorando quase dois anos para sua implantação. A produção tornou-se dispendiosa, o ferro era produzido a custo de 4 mil réis o quintal, quando valia só a metade. Queixava-se Diogo de Quadros da baixa produtividade dos “índios maramomís” na produção de carvão e o serviço não se desenvolvia como “Sua Majestade” pretendia, perdendo seus reais quintos, imposto da produção efetiva.
Novos sócios alavancaram o empreendimento, como o próprio marquês das minas, Dom Francisco de Souza e o seu filho mais velho, Dom Antônio de Souza.
Compete aos magnânimos estudiosos da arqueologia histórica encontrar no Morro da Barra,(onde hoje construíram grande empreendimento para o metrô paulistano da linha 5) referência a barragem natural contra os ventos locais, estudar está lacuna histórica e que foi o início da prospecção da rica mineraria brasileira.
Considerações sobre a Primeira Usina de Ferro das Américas em Santo Amaro
Pesquisando anais historiográficos de Santo Amaro, há tempos nos deparamos com documentos que ora anexamos, com citação sobre a Primeira Usina de Ferro das Américas, datada de 1606/7, situado no Morro da Barra em Santo Amaro. Houve por bem requerer na década de 1970 ao Conselho do Patrimônio Histórico do Município de São Paulo o tombamento histórico ao referido sítio.
Em documento da época refere-se a 3(três) fotos de agosto de 1936, as quais não foram localizadas, talvez perdidas nos recônditos de algum arquivo estadual ou municipal!


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