terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Baby Pignatari e Nelita Alves de Lima: Fundação Julita(Jardim São Luiz)

Segunda União de Baby: famílias tradicionais 

Após o rompimento matrimonial de Francisco Baby Pignatari e Marina “Mimosa” Parodi- Delfino, ocorrido em 1947, esta volta para a Itália, sendo que Baby cuida de refazer sua vida familiar , desposando Nelita Alves de Lima, em meados de 1950. Parece haver uma lacuna, mantida por um silêncio próprio onde a historiografia soterrada por camadas custa a responder. Há referências de que Nelita pertencia a uma família tradicional referendada pelo sobre nome Alves de Lima, historicamente formando uma genealogia respeitável.
Francisco Baby Pignatari e Nelita Alves de Lima
A região de Santo Amaro possui um contraste de refúgio de uma constante busca do homem com a natureza. Neste local há referencia da fundação Julita, a partir de um sítio que se prolongava em uma estrada empoeirada denominada Tuparoquera, caminho do sul de São Paulo, através do qual a locomoção era constantemente usada pelos indígenas que buscavam as trilhas em direção ao litoral. A fundação foi criada através de terras existentes de Antônio Manuel Alves de Lima, nascido no interior paulista, na cidade de Tietê em 27 de julho de 1873, Filho de Octaviano Augusto Alves de Lima e dona Izabel de Arruda Alves de Lima. Casou-se em 15 de novembro de 1898 com Julita da Silva Prado, depois senhora Julita Prado Alves de Lima filha do Dr. Martinho da Silva Prado JÚNIOR, conhecido como Martinico Prado(*17 de novembro de 1843 /+ 24 de maio de 1906 -filho de Veridiana Valésia[1] da Silva Prado e Martinho da Silva Prado) e de dona Albertina de Morais Pinto , casando em 22 janeiro 1869, assinando desde então Albertina da Silva Prado.

Antônio Manuel Alves de Lima ampliou as atividades cafeeiras e tornou-se Secretário da Agricultura do Estado de São Paulo e diretor do antigo Instituto do Café. Enviou J.C. Alves de Lima, comissionado pelo governo do Estado de São Paulo, para percorrer os Estados Unidos em viagem de propaganda dos produtos paulistas, fazendo conferências em Nova York sobre o assunto(O Estado de São Paulo, 11 de novembro de 1911)
Antônio Manuel Alves de Lima
O casal Antônio Manuel e Julita tiveram cinco filhos Jorge Silva Prado de Lima, Maria Isabel Silva Prado de Lima, Stella Silva Prado de Lima, Antonio Silva Prado de Lima e Vera Silva Prado de Lima.  Após o falecimento de sua esposa ocorrida em 1945 a chácara de Santo Amaro passou a sediar a Fundação Julita[2] a partir de 6 de dezembro de 1952. Desta estirpe têm-se evidências da segunda esposade Francisco “Baby” Pignatari, [3]Nelita.
Fundação Julita: Rua Nova do Tuparoquera, 117, Jardim São Luiz - São Paulo - SP

O PROJETO TANGARÁ DE BABY e NELITA

A Chácara Tangará, fazia parte das terras adquiridas em 1951, em glebas várias de  sítios e chácaras por Baby Pignatari, perfazendo um área aproximada de 20 alqueires paulista, formando deste  uma propriedade de grandes dimensões. O plano do novo proprietário era construir nela uma residência por encomenda de um projeto futurista, cercada por vegetação de Mata Atlântica intocada, estando nesta empreitada sua segunda esposa, Nelita Alves Lima. Para isto Pignatari encomendou ao arquiteto Charles Bosworth, um dos pioneiros das construções pré-moldadas as preliminares do ousado projeto.
O arquiteto Charles Bosworth com o casal

O lugar era de rara beleza onde a testada da residencia estaria voltada para as margens do Rio Pinheiros, ainda águas límpidas, onde a casa seria circulada por belo jardim onde a propriedade ainda apresentando perfil fora do contexto urbano apresentava caracteristicas rurais na cidade de São Paulo. Além disso cortava a mata um afluente do rio , um contraste de declive formado por encosta terminando em área plana, bem visivel ainda nos dias auais. Na cobertura vegetal de florestas naturais seria implantado um pomar e a criação de faisões.

A casa foi executada parcialmente no mesmo tempo que se iniciou o planejamento dos jardins e foi projetada por Oscar Niemeyer e Arquitetos Associados. Em 1955, observava-se que haveria três segmentos distintos: o da casa e seu entorno imediato e jardins, uma área de pomar e de criações de animais e outra que assumiria as dimensões de um grande parque. Não foi concluída, parou nas lajes de cobertura,demolida integralmente mais tarde, dando lugar ao Parque Burl Marx, administrado pela Fundação Aron Birmann.
A Mata Atlântica e o interesse imobiliário atual

O paisagista Roberto Burle Marx, acreditava  que executado o projeto deste jardim “teria sido quase que um grande início, um jardim de grandes dimensões, fora do comum”.
 A origem e abandono do encargo seguiram a mesma motivação: “este jardim teve início em função de um grande amor. Foi um amor momentâneo que teve importância na vida do jardim e também no terminar da obra que não foi terminada porque o amor acabou”. O casamento concretizado em 1950 foi interrompido com o divórcio em 1957.

Bibliografia:

Leffingwell, Eward. A Memória do Guardião: a coleção Kim Esteve e Uma História da Chácara Flora.

Lemos, Carlos Alberto Cerqueira. O modernismo arquitetônico em São Paulo. Arquitextos, ano 06, out 2005 (http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.065/413)

Oliveira , Ana Rosa de. Nove anos sem Burle Marx. Arquitextos, ano 04, junho 2003
(http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.037/675)

Obs: aguardamos contatos para complementação, pois há poucas referências deste momento histórico sobre o assunto.

[1] Na vasta referência bibliográfica escrito como Valéria, mas em sua sepultura no Cemitério da Consolação consta como Valesia. Era filha de Antonio da Silva Prado,nasceu em 13-junho-1778 em S Paulo, SP, foi casado com Maria Candida de Moura Vale, falecida em 06-março-1868. Antonio faleceu em 17-abril-1875 em São Paulo, SP. Foi capitão-mor, cavaleiro da Ordem de Cristo; em 1848 tornou-se Barão de Iguape pelos relevantes serviços prestados à causa pública (S Leme, VII, 28). Comendador e Vice-Presidente de São Paulo.
[2] DECRETO Nº 30.443, DE 20 DE SETEMBRO DE 1989 : Considera patrimônio ambiental e declara imunes de corte exemplares arbóreos situados no Município de São Paulo, e dá outras providências. Onde costa errônea referência ao nome Fundação Julieta (Julita) Prado Alves de Lima e Lar Maria Albertina. E que consta em seu Artigo l9 - Os proprietários dos imóveis onde estejam localizados os exemplares arbóreos mencionados neste Decreto ficam responsáveis por sua conservação, devendo tomar as medidas pertinentes, inclusive comunicando à Secretaria do Meio Ambiente sobre quaisquer ocorrências que possam comprometer a integridade dos referidos exemplares arbóreos.
 [3] Depoimento recolhido de Eurides Fantozzi que juntamente com seu sogro Francisco Martinez y Martinez, espanhol de origem, conhecido como Paco, foram, ambos, caseiros da Chácara Tangará.

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