terça-feira, 29 de novembro de 2011

Baby Pignatari: O Novo “Playboy” nº 1 (matéria de 1958-adaptação 1ª PARTE)

Rico ‘Baby’ Pignatari, especialista em velocidade e moças, é o novo herdeiro do trono

VIDE 2ª PARTE EM: http://carlosfatorelli27013.blogspot.com/2011/12/baby-pignatari-preludio-com-as-estrelas.html

Há uma pequena e real harmonia entre conquistador internacional e a alegre mas não sofisticada massa que o mundo permanece largamente inconsciente dos obstáculos na qual o milionário brasileiro Francisco (Baby) Pignatari superou em alcançar sua presente promissão de preeminência  no Café Society[1]. Baby, hoje tem as melhores mesas nas melhores casas noturnas, com música orquestrada, de Nova York, Paris, Londres e Roma, sendo saudado com sussurros e comentários quando ele entra. Homens fixam os olhos nele. Mulheres suspiram. Garçons pairam sobre ele como urubus circundam a presa. Porém Baby pode somente ser considerado como um pretendente ao trono – e, na verdade, pode até mesmo ser forçado a esperar por algum lucro – se a atriz Linda Christian não tivesse esvaziado os pneus de sua Mercedes uma noite do último ano em Roma.
           Um Playboy internacional, se ele pegar o título de tais gigantes como Aly Khan e Porfirio Rubirosa, deve atender a certos padrões de exigência. Ele deve ser bonito. Ele deve adorar garotas e ser adorado por elas. Ele deve exibir um inconfundível ímpeto em todas as suas ações. Ele também deve ter, requerimentos básicos, posição social, charme, conduta, acesso a muito dinheiro, e sobre tudo, sorte. Baby gloriosamente preenche todos esses requerimentos[2].

           Ele é, para começar, uma bonita e poderosa figura masculina. Ele tem 1,90 de altura, 90 kg, tem cabelos negros e sombra celhas caídas, e tem uma marcante semelhança com o ator de cinema americano Victor Mature (de quem a principio não simpatizava, apesar de nunca terem se encontrado). Baby tem 41 anos de idade (Playboys nunca são garotos). Ele gosta das moças e estas gostam dele. Ele tem ímpeto, ele pode ficar de pé em uma motocicleta a 90 km por hora com seus braços cruzados. E ele é repleto de básicos requerimentos.

Apesar de tudo isso, Baby era virtualmente desconhecido há um ano. Ele tinha tristemente negligenciado, em sua carreira de Playboy, obter a cooperação de atrizes americanas. Publicidade é a pedra de toque da vida de um Playboy, e em tempos modernos nenhum Playboy tinha feito sucesso sem ter tido um caso – ou, ao menos, ter sido casado – com uma estrela de cinema.
Linda Christian

Mas quando o destino levou a senhorita Linda Christian para o encontro de ambos, ela risonha e bonita, que esvaziou os pneus de seu carro depois de uma festa em Roma, Baby não exitou. Ele agarrou não somente a oportunidade, mas também Linda. Ela aceitou alegremente.  De repente, contudo, ela percebeu que um dos brincos de jade tinham sumido. E foi nesse momento que Baby proveu uma vez mais seu galanteio: “Eu te levarei para Hong Kong,” e completou, “e te comprarei outros brincos”.

Essa oferta era a essência para um Playboy, envolvendo dinheiro, impetuosidade e uma linda mulher, mas Linda recusou a proposta. Na verdade, ela em seguida foi para Dusseldorf para “ir para várias festas”- mas reagindo sugeriu para que ele a segui-se até Dusseldorf, mas o deixou enciumado quando Linda insistiu em dançar com dois alemães. Linda foi para Paris. Baby fez as malas e foi com ela novamente. Desta vez, Linda estava interessada na promessa do brinco perdido, e ele a levou triunfantemente ao redor do mundo – Roma, Atenas, Cairo, Bangkok, Tókio, Honolulu, Hollywood, cidade do México, Panamá e finalmente sua cidade natal, São Paulo – colocando seu nome em relevância, mas comprando para ela produtos de pouco valor na viagem.
“Go home Linda”

           Tudo isso, contudo, foi um simples prelúdio da estratégia pela qual Baby finalmente fez o mundo tremer. Aborrecido, depois de algumas semanas, pela qual atingiu ele como uma alarmante possessividade sobre Linda, ele empregou pessoase uma banda para marchar ao redor do hotel dela no Rio de Janeiro, com placas onde diziam “Go home Linda.” Seus amigos Aly Khan tinha sua Rita Hayworth e Rubirosa sua Zsa Zsa Gabor, mas Baby alcançou um resultado maior desprezando Linda ao invés de cortejá-la. A publicidade foi instantânea e marcou-o como o mais novo campeão dos Playboys.
BABY E LINDA

           Desde que assumiu o titulo, Baby causou impressão em todos os sentidos. Ele está firmemente colocado no clã da alta sociedade do Brasil e Roma. Ele é o mais importante, ele é o maior gastador na qual se tornou um modelo quase extinto no EUA porque o modelo dos impostos americanos inibia tais atitudes sociais. Baby nunca comprava travel-cheque em quantidades menores do que USD$ 10.000 (com  assinatura rápida, quando algumas vezes ele precisa de um pouco dos dólares para poucos dias) e não deixa menos de USD$ 100 de gorjeta e USD$ 5.000 nas contas de uma semana de hotel. Quando ele vê um relógio sofisticado de ouro na cidade de Zurique que simultaneamente mostra quais as horas em todas as capitais do mundo, ele compra 10 e distribui como se fossem pirulitos. Baby é brasileiro o suficiente para ficar a noite toda sambando, mas ele fala inglês, espanhol, francês, Italiano, um pouco de alemão, bem o português, e também esta preparado para viver em todas as regiões do mundo ocidental.

            Baby não é um simples Playboy. Ele é um homem duro nas ações, uma mistura (pousse-café) de contradições. É um incomum ganhador de títulos, e na atualidade é capaz de trabalhar muito. (Durante os últimos 20 anos ele juntou o terceiro maior império industrial do Brasil: uma grande laminação reforçada por um formidável complexo de minas, fundindo e fabricando peças). Ele é um inveterado gastador, mas ele ganha muito dinheiro (cerca de USD$2 milhões por ano). Ele é atrevido na ações, romântico, exibicionista, como um latino sensitivo para compromissos de honradez e orgulho pessoal. Mas ele é também intensivamente prático, um industrial que exige eficiência, um mecânico e inventor que entende cada processo usado em sua produção e se alegra em sujar suas mãos nos maquinários.

Como primeira virtude, ele é de fala mansa, pensador, com conduta maravilhosa e quase tímido. Como segundo quesito, ele se veste como um gaúcho ou um rei canibal. Ele tem um jeito selvagem de generosidade, mas suspeita de ter sido usado por um aproveitador, e ele tem uma fobia de assinar o nome em qualquer lugar que não seja cheque bancário. Baby daria a uma mulher um colar de diamantes, mas não enviaria nenhuma nota escrita com o presente, e preferia enviar rosas (20 dúzias todos os dias) a seus amigos do que escrever uma carta, e até mesmo acumular dívidas com contas de telefone. Apesar de tudo ele é rico e detesta: 1) A atitude da maioria  de outros ricos 2) Aqueles que imitam suas maneiras: “Eu sei sobre estes homens da Wall Street com suas gravatinhas e chapeuzinhos. Eles ficam muito bêbados, quando eles pensam que ninguém está olhando. Eles se aproveitam de mulheres que eu não desprezaria. Mas na manhã seguinte eles apontam seus longos narizes para mim com arrogância.”

Referência:

Life Magazine 1º DE DEZEMBRO DE 1958.136 páginas Vol. 45, Nº 22 - Baby Pignatari, New No. 1 Playboy (Pg... 130 ARTICLES: New King of Playboy World: Rich "Baby" Pignatari, Specialist in Speed, Spending and Girls, is Successor to Aly Khan and Rubi. By Paul O'Neil)



[1] Café Society: Barney Josephson, derrubou as barreiras raciais como dono do lendário Café Society aberto em um porão em 2 Sheridan Square, em dezembro de 1938, ele mudou um costume de longa data em boates americanas. Chegou a comentar:''Não houve, até onde eu sei, um lugar parecido em Nova York ou em todo o país.'' Foi o primeiro clube noturno em um bairro branco para receber os clientes de todas as raças. Durante um período de férias na Europa, ele ficou fascinado pela política do cabarés de Praga e Berlim, lugar este de encontro de artistas, intelectuais e profissionais liberais de vários segmentos que se encontravam no “Café Central”, idéia do húngaro Ferenc Molnár (idealizador dos Centrál Kávéház).Barney Josephson havia se tornado um fã de jazz, em suas andanças ao Harlem para ouvir as bandas de Duke Ellington no Cotton Club, quando visitou Nova York. Com US $ 6.000, emprestados de dois amigos de seu irmão Leon, ele alugou o porão de 2 Sheridan Square por US $ 200 por mês, assim começava o Café Society. ( VIDE: http://norumbega.co.uk/2008/05/12/ferenc-molnar/ e The New York Times, de John S. Wilson Published: September 30, 1988 Publicado em 30 de setembro de 1988)
[2] Seria dizer quando se comenta sobre alguém que detenha certo prestígio, ser BCBG(Bon Chic, Bon Genre), ou aproximando de Bom estilo e de boa classe.


1 comentário:

Sueli Casadei disse...

Gostei da matéria, me fez relembrar, conheci Pignatari, pois trabalhei em sua empresa, hoje sem querer entrei nesta página e por coincidência é aniversário de sua morte, 36 anos, nunca me esqueço quando o Diretor Financeiro anunciou a sua morte de, eu tinha 25 anos, até me emocionei, parece que foi hoje, quando assisti pela TV a cerimonia de cremação. É lamentável que morreu tão cedo e não deixou nenhum legado para seus colaboradores.
Abraços Sueli