quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Independência ou Morte! Ouviram?

“O Brasil Não Tem Povo Tem Público” -Lima Barreto

Trêmula tremula a bandeira no mastro, em coluna aprumada ao fundo do palácio. Muitos preparativos foram feitos para comemorar uma “independência dependente”. A capital encravada no meio do cerrado, Brasília, quer demonstrar capacidade de organização, embora no bojo de seu seio, o poder é inteiramente desorganizado, mas não pode demonstrar fraqueza. No solo desta mãe gentil, prepara-se uma parada com direito a uma grande marcha bélica, com direito ao grande estandarte das águias guerreiras do poderio romano. Os coturnos começam a soar uníssono batendo compassado por uma infantaria digna da estupidez humana. As ruas estão tomadas de um afluxo humano que se movimentam sem nenhuma direção, isolados por cordões que separa a pobreza da nobreza.
Muitos sorrisos no palanque das autoridades estão cercados por um contingente de soldados saídos das cidades satélites e submetidos as mais rígidas condições de submissão, controlam as credenciais de grupo seleto, apartado da população.
Os céus, num determinado instante, são rasgados com as cores da pátria revolucionária dos direitos universais de igualdade, liberdade e fraternidade. Seu dignitário está presente e representa a deusa Europa para fazer honrarias a legião estrangeira, que demonstra estar preparada para falar em liberdade empunhando baionetas.
Os soldados nacionais também estão na vanguarda apresentando com galhardia os mais sofisticados equipamentos de guerra fabricados nas maiores potencias bélicas do planeta. Demonstram um poderio que não nos pertence, pois somos incapazes de produzir nossa própria suficiência, nas mais simples tecnologias às mais sofisticadas, estamos à mercê de terceiros. Não temos capacidade para extrair do solo, nossas próprias riquezas.
O desfile continua a mostrar a cavalaria dos dragões da independência, coisa de imperador, soldado português que fez a libertação do que ousou denominar pátria, lançando mão da coroa e fundando novo império.
Sonora salva de palmas ecoa de uma multidão empurrada que aplaude a barbárie da mentirosa liberdade, mas há que se perdoar pela falta, pois não sabem o que fazem. Há entre a multidão um grupo pequeno que tenta desviar a atenção, demonstrando que é falsa a liberdade apregoada, pois falta tudo para tornar-se realmente livres: falta emprego da dignidade, falta o prato de comida, pois o primeiro não gera renda para sustentar o segundo, e acima de tudo falta-nos um sistema educacional que faça com que tenhamos capacidade suficiente para gerar nossas deficiências. Poucas vezes houve participação do cidadão nas decisões que refletissem o compromisso direto da população; poucos Canudos existiram!
Os tanques de guerra apontam suas miras em volta dos observadores atônitos que acham, e de “achismos” vamos nos perdendo, ao vangloriar o poder de Marte, o Senhor da Guerra, continências ao quarto poder, o militar, que se apresenta em volta do ministério da defesa. Um tanque desgarra da rota para formar diante dos generais, um armamento antigo de uma indústria falida, mas que causa impacto numa população assustada ou medrosa. Somos obsoletos, mas invadimos outra pátria em nome da democracia e da liberdade, pois queremos representação na Organização das Nações Unidas.Alguns grupos demonstram sua capacidade de adaptação num mimetismo de caras pintadas camuflados como as onças da floresta, protegendo um país que não admite a nação indígena quando não respeitam o direito como tal, ao invadir terras que são mais deles do que dos invasores de outrora; mas os autóctones tocam uma música longe dos desfiles solenes, comemorando tristemente sua escravidão dependente das moedas que caem no bojo da cuia.

As armas apontam a esmo, contra o perigo, que não estão mais nas fronteiras externas, observadas por seleto grupo pelas redes de espiões, demonstram força ao controlar a população interna. Sabem que as riquezas existentes são reservas de mercado, uma espécie de mina natural, ainda sem interesse econômico, vale mais que o preço pago. Os governos vigiam por satélites circundantes ao redor do planeta, pertencentes aos que permitem ao direito de controlar as massas, em torres de vigia.
Assim o desfile chega ao seu final com as armas persuadindo num vigiar e punir constante, tanques, aviões, bazucas metralhadoras, lançadores de mísseis que apontam os astros, são levados para serem recolhidos dentro dos quartéis.
O povo debanda em osmose molecular, despedindo-se de um dia igual a qualquer outro da vida, dependente da política econômica que causa efeito na condição social.

Independência ou Morte!

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