domingo, 31 de março de 2024

A Malhação de Judas no Sábado de Aleluia no Bairro Jardim São Luiz, SP

Hoje é dia de festa, Sábado de Aleluia, dia em que Jesus ressuscitou, e o bairro do Jardim São Luiz enfeitava-se todo para esse dia memorável. O maior organizador desse dia era conhecido em todos os cantos do bairro; seu nome: Macalé!

Na semana santa antes da Aleluia ele recolhia dos comerciantes vários doces, na maioria balas de todos os tipos e arrumava roupas velhas, que trazia do “Juizado de Menores”, uma instituição que ficava onde hoje está localizada a estação do Metrô do Brooklin, na Avenida Santo Amaro, São Paulo.

O Macalé preparava uma meia dúzia de “Judas” uns repletos de balas outros só com “recheios de panos velhos” e dependurava-os à noite anterior nos postes de madeira da Light, no “Ponto Final” onde paravam os ônibus da Viação Columbia (a Viação São Luiz, hoje Campo Belo nem existia!!!) em frente aos armazéns do seu Antônio Oliveira e do Camisa (a padaria Rainha do Bairro, veio bem depois, no lugar era um pasto de cavalos!

Os moleques e molecas, todos juntos e misturados, nessa semana preparavam-se cheios de ansiedade, parecia que os dias nem passavam para chegar o “grande dia de malhação” de quem entregou Jesus!

(Hoje não é politicamente correto “dar um pau” no traidor!)

Afluía nesse Sábado de Aleluia molecada de tudo quanto era “buraco do bairro”, todo mundo com um porrete na mão, tinha uns bonitos com fitas coloridas e o Macalê organizava em qual Judas você escolheria e formava uma fila, antes da bagunça. Lá pelo “meio-dia”, hora do grande momento, já estava em volta desse lugar até os adultos para torcer e rir de tudo aquilo.

Na hora pontual já não tinha fila de crianças, mas uma roda em volta do “Judas” escolhido por cada criança, esperando a ordem do “apito” do Macalé.

Nota: Essa foto exposta (créditos em pesquisa) foi da internet, não é do Jardim São Luiz!


Quando isso acontecia erra pancada pra tudo quanto era lado, só no Judas, nem sei como ninguém acertava ninguém e quando se acertava o “Judas certo, do recheado de balas” virava uma confusão enorme para apanhar as guloseimas e no final era só gargalhadas felizes da gurizada, com mão e bolsos cheios de balas.

Essa mesma gurizada que na Sexta-Feira Santa ia assistir ao filme “Paixão de Cristo” que o padre Edmundo passava nas paredes externas da igreja, que depois voltava no domingo para pedir desculpas a Deus, pelos pecados, que até hoje eu não sei quais nós tínhamos...o que tínhamos para ir elegantes à missa era uma “calça de missa” e uma camisa branca, que por vezes era toda engomada com “amido” de sei lá o quê e a “bicha” ficava até dura!!!

Acabava assim a surra que dávamos em Judas e começava a Páscoa, dia da Ressurreição, em que Deus iria subir aos Céus...que nossas cabeças de criança não entendia como Jesus iria fazer isso naquele domingo feliz!!!

Amém, e boa Páscoa a todos!!!

 


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