As eleições sem urnas eletrônicas
Isso me lembra a época de eleição das antigas, quando não tinha essas maquininhas tipo caça níquel e eram cédulas para você colocar o nome do candidato “menos ruim” daquele tempo.
Minha mãe cumprindo religiosamente o “ato cívico obrigatório democrático” ia sempre votar, nunca faltou à seção do colégio da região.
Ela tinha suas preferências, que não coincidiam com
as minhas e dizia por que eu não votava no candidato dela dizendo: “O que ele
fez pra você para você nunca votar nele”?
Eu ria e ela se zangava, mas meu pai falava para não arrumar encrenca por causa disso, pois nenhum político se importaria com o eleitor e nem viria apartar a briga minha com a mãe.
Meu pai era sábio, calmo toda vida, tirar o velho
do sério era impossível, quando ele não gostava de algo, saia de fininho
pedindo licença, mas minha mãe era uma “pilha ligada direto no 220 volts” e
para ela o candidato certo era o que ela tinha votado e pronto.
Uma vez, em uma dessas eleições com cédulas, passou na televisão o que não
poderia ser feito de jeito nenhum, e eis que apareceu a cédula com a letra de
minha mãe escrito:
Minha mãe tinha uma caligrafia bem-feita, toda desenhada era inconfundível, ela
vendo a imagem televisiva comentava:
“Fui eu, fui eu...!!!”
Meu pai passivamente e pacificamente só balançava a cabeça dando um sorriso maroto.
Então a repórter disse: “Votos com alguma coisa escrita serão todos anulados”!
Minha mãe não se conformava de anularem o voto dela só porque tinha escrito “Deus te ajude”!
Se Deus ajudou o candidato dela não sei dizer, mas em eleições lembro-me sempre
dessa passagem e ela no infinito deve lembrar-se também.
Hoje recordando fico imaginando que as urnas eletrônicas tinham que ter, curtir,
comentar e compartilhar, seria o máximo para minha mãe...
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