sexta-feira, 8 de abril de 2011

O ESTADO ORDINÁRIO E O MODELO DA ORDEM E PROGRESSO DOS “RESTOS”: ALTERIDADE

A EXPLORAÇÃO INSTITUÍDA DESDE O “ACHAMENTO” DO BRASIL
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Ordem e Progresso deve ser a meta de uma nação, desde que a ordem seja “ordenada e progressiva” com direitos e deveres de todos compromissados rumando para o progresso com metas e processos definidos, que capacita a autonomia de seus próprios rumos, sem as emergências do socorro imediatista. Nunca neste país, pensou-se em ordenar os compromissos do individuo com as relações da nação, onde a população é alijada de decisões, onde os governantes fomentam um número de ordenações para serem cumpridas e faz uma “constituição comprida”, não cumprida, um enorme compêndio, um “vade-mécum” com tudo agrupado e que não diz nada, pois não se separa o joio e o trigo, o que é natural do normal. Quanto mais leis necessitam determinada sociedade mais desorganizada e despreparada está sua formação de conhecimento, além de agressiva em sua origem.


Muito se estudou até o momento sobre nossa formação onde em momento algum há referências de estarmos pelo menos buscando um rumo a ser almejado em tempo determinado, não há planejamento para desenvolvimento. Sem se ater em detalhes de formação somos um “cadinho” incandescente de misturas várias, que em todas as etapas foram reprimidas em sua participação de decisões. Por muito tempo o resto dos indesejáveis, da Península Ibérica, foi sentenciado a cumprir penas de suas faltas por degredo nas terras do “Quinto dos Infernos”. O Inferno era onde se extraíram o ouro que era taxado com a quinta parte das minas auríferas. Anteriormente o território foi dizimado pela “exploração” da madeira de interesse comercial, o pau-brasil, usando o autóctone como recurso de trabalho.

ALTERIDADE: "O INFERNO SÃO OS OUTROS"(Sartre)
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A exploração deste pecúlio ainda servia de lastro naval para intercambiar com África e seu povo injustiçado com a diáspora da escravidão pelas Américas em fase de abastecimento das Metrópoles que fomentavam unicamente a exploração. Esta mão de obra era caçada em África por um comércio controlado por árabes (africanos) que por sua vez repassavam com lucros e custos baixos, pois eram preados, para os ibéricos, para uso como escravos. Houve contratos de acerto que podia monopolizar este comércio negro do triangulo dos interesses europeus. Os entrepostos estavam em locais de feitorias onde havia as casa de intercâmbio, os “barracoons”. Os europeus mudavam deste modo o foco dos “SLAVES”, usado pelos antigos povos, não mais escravizando “eslavos”, mas outro povo apartado da cultura européia.

BARRACOONS: ALOJAMENTOS DE EMBARQUE EM ÁFRICA
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Toda estrutura da formação foi elaborada a partir da idéia de manter cativo todo aquele “diferente”, com outra identidade do que aquela usual do sistema europeu. Este modelo foi sendo aceito como normal, afastando os indesejáveis da Coroa que buscava a integridade através da não mistura, com os negros da terra,(os autóctones) ou os negros de África e os degredados vindos da Metrópole, que para cumprir penitência eram lançados no mato, sem recurso algum, vivendo entre as feras em habitat destas.


Agiam como excluídos, sempre desconfiados das ações que permeavam o modelo impetrado pelo rei era uso corrente depois de passados mais de trezentos anos, havendo necessidade de manter o território, incentivou-se outro modelo: a imigração européia. Turbulências revolucionárias eclodiam no século 19 em toda Europa, sendo que havia uma massa humana andarilha a procura de terras para o sustento próprio, pois os Estados despóticos retomaram como propriedade as “terras comuns” usadas por agricultores que deste modo começaram a deslocarem-se para as cidades em busca de condições de manutenção e sobrevivência.


Neste momento houve compromisso dos vários impérios europeus para evitar os levantes como os ocorridos e chamados de “A Primavera dos Povos”, (1848) eclodindo em toda parte no final do primeiro meio século do século 19, onde este “resto” rejeitado convocava a luta armada e organizada em comunas.


Acertos de contratos entre governantes da Europa e o Brasil imperial foram acordado entre as partes para disponibilizar que esta mão de obra preparada para as culturas de interesse nas bolsas da Europa, como café, algodão, açúcar, tabaco, enfim o que gerasse um lucro comercial.


COMÉRCIO TRIANGULAR COLONIAL:
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AÇUCAR PARA A EUROPA, ESCRAVOS PARA A AMÉRICA E MANUFATURAS TEXTEIS PARA A ÁFRICA (http://pt.wikipedia.org/wiki/Com%C3%A9rcio_Triangular)


Veio a calhar como solução dos dois lados, fazendo-se uma limpeza dos indesejáveis na Europa e resolvendo, deste modo, a falta de mão de obra do Brasil, pois os ingleses haviam proibido o comércio escravo a partir de 1824 e somente concluída no Brasil em 1888, o último país a acabar com essa brutalidade por pressão externa.


Uma leva de deserdados em suas pátrias foi disponibilizada para a implantação das colônias de imigrantes, controladas por antigos escravocratas que eram incentivados em produzir com o modelo anterior e aquele que estava sendo implantado, ou seja, o trabalho remunerado de homens livres. Havia dispêndios assumidos pela coroa subsidiando e fomentando os interesses dos grandes financistas como os Rothschild, dinamismo da Inglaterra incentivado por estes banqueiros e outros. Este “crescimento” expandiu os investimentos europeus no que era rentável entre o final do século 19 e início do 20.


Os compromissos assumidos com os governos da Europa eram descumpridos não dando os subsídios prometidos aos imigrantes. Deste modo outra leva se espalhava sem as condições mínimas de realmente formar, nesta “amalgamadas etnias”, um povo compromissado com deveres, obrigações. Estes imigrantes foram iludidos com o Eldorado oferecido como sua nova terra, que ao invés de tornar-se “pátria mãe” passou a madrasta. Em 1859 o governo alemão proibiu novas expedições exploradoras, como as primeiras anteriores, para apoderar-se da terra, obrigando respeitar cláusulas mínimas, como por exemplo, ferramentas para desbravar as terras virginais. Essa precariedade continuou e estes agricultores iam se adaptando ao meio, pois eram considerados “traidores” das causas em sua terra natal e sem condições de retornar. As estruturas de desenvolvimento educacional era o mínimo necessário para subsistência, com o coloquial da nova língua e uma aritmética elementar. Este era o modelo de conformação e formação do estado brasileiro, sem metas básicas a serem atingidas, onde todos eram parte de um resto controlado pelo poder público, manipulado e direcionado por Câmaras de controle. Manter este modelo parece ideal aos idealizadores do Estado, pois quem assume quer preservar seus privilégios, embora seja responsável pelos compromissos não assumidos anteriormente firmados em nome da “ordem e progresso” da legalidade, evitando-se ditadores.


A pergunta do século 21 é saber se o modelo transformador da sociedade, o educacional, permanecerá no passado?


Qual “constituição” determina o valor salarial como acontece com aqueles que devem dar o sentido epistemológico, o professor?


Onde e quem estipula o valor a ser pago como piso dos detentores do conhecimento, um pouco mais de dois salários mínimos do vigente no país como paradigma do Estado?


O Brasil sempre optou por manter sistema de policiamento intensivo de controle de massa, mão de obra que vem desta miserável condição das estruturas educacionais do Estado. Este corpo vindo das camadas sociais apartadas recebe valor maior com soldo para reprimir inclusive aos que devem ministrar saber. Por que há condições diferentes entre o professor e o militar?


O Estado brasileiro é militarizado, inclusive com forças particulares paralelas mantidas pela economia privada, que enfarda seu contingente com vestimenta constituída por paletó e calças pretas, camisa social branca e gravata vermelha, um modelo padrão deste corporativismo, incentivado pela ordinária condição destes imprestáveis manipuladores das regras legalistas para seus interesses particulares. Por que não se julga o Estado e obrigam a cumprir se condenado, com suas obrigações?
Não pretendemos ajuizar subjetivamente, as esferas maiores é quem devem fazê-lo. Para ser agredido pelo Estado, seria mais rentável, e sem risco físico para o professor trabalhar na economia privada.

Como evitar o sucateamento educacional colocado na latrina da privada pelo Estado?


Qual o modelo a seguir: o da cópia de “reproduzir” ou de “produzir” o modelo exigido pela “Nova Roma”, com jurisdição independente para a sociedade nacional em busca de “Ordem e Progresso”?


VIDE:


BEIGUELMAN, Ana Paula. Formação do Povo no Complexo Cafeeiro São Paulo: Edusp, 2005.

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