Não irei dissertar sobre mim, pois muitos já o fizeram, e há inúmeros trabalhos sobre o feito ocorrido, para eu representar o que hoje sou!!!
Meu nome: “Monumento aos Heróis da Travessia do Atlântico”. As autoridades já me chamaram de "fascista", a mídia alcunhou-me de "estátua", e até "totem", mas meus braços "são asas" e representam a monumental liberdade! Atravessaram um oceano imenso, correram riscos enormes para eu fazer parte da história da aviação nos nomes de Francesco De Pinedo e João Ribeiro De Barros, pilotando aviões Savoia-Marchetti S55 e eu fui erigido para representar esse momento histórico!Estou voltando da Praça Nossa Senhora do Brasil, nos Jardins, e serei recolocado de onde eu nunca deveria ter saído, no Parque Barragem, próximo a Represa de Guarapiranga; sem muita pompa, transportado em amarras rudimentares, lançado em jateamento de bombardeios de granalhas de aço sujas que mal me limparam, onde as bombas químicas não fizeram o efeito merecido, e o azinhavre, de tom corrosivo verde do bronze, permanece em meu corpo assim como o frio granito que me sustenta, sem contar a peça lapidada do capitel compósito, que completa minha estrutura juntamente com o fuste romano, que será reposta sem merecidos cuidados.
A "CIDADE DE SANTO AMARO" E A REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA
O município de Santo Amaro, promissora cidade do interior paulista, detentora de recursos hídricos da Represa de Guarapiranga, em franca expansão, preparava-se para comemorar seu centenário a 10 de julho de 1932, quando a Revolução Constitucionalista eclodiu, exigindo cancelamento dos festejos. Da vestimenta de gala mudou-se repentinamente para o caqui do uniforme e os santamarenses foram se debater como Voluntários por São Paulo, que lutou bravamente até haver acordo entre constitucionalistas e legalistas. Com a intervenção federal de Armando Salles Oliveira, pelo decreto 6988, expedido em 22 de fevereiro de 1935, Santo Amaro perdia sua autonomia política e administrativa.
Voluntários em frente à Prefeitura Municipal de Santo Amaro
REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932: IDEAIS DEMOCRÁTICOS
Mas hoje é o dia da comemoração da "Guerra Paulista", da "Revolução Constitucionalista de 1932", nomes do movimento armado ocorrido no Brasil deflagrada de 9 de julho a 4 de outubro de 1932. Para homenagear e preservar a memória foi edificado o “Obelisco de São Paulo”[1], onde há cenas bíblicas e passagens da história paulista feitas com pastilhas de mosaico veneziano.
O projeto é do escultor ítalo-brasileiro Galileo Ugo Emendabili, que chegou ao Brasil em 1923, aos 34 anos de idade, contrário ao autoritarismo em seu país, a Itália. É o maior Monumento da cidade e tem 72 metros de altura, sendo um monumento funerário brasileiro localizado no Parque do Ibirapuera, São Paulo onde repousam os corpos dos estudantes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo[2], primeiros que tombaram durante a Revolução de 1932 e de outros ex-combatentes que se eternizaram lutando pelos ideais democráticos contra a afronta do governo autoritário de Getúlio Vargas, resultando após o conflito na promulgação em 16 de julho de 1934, uma nova constituição nacional "para organizar um regime democrático,que assegure à Nação, a unidade, a liberdade, a justiça e o bem-estar social e econômico", conforme seu preâmbulo.O Obelisco paulista possui detalhes que elucidam a data: São 9 degraus que conduzem à cripta do Monumento; a altura do Obelisco da base até o topo é de 72 metros (7+2 =9) e da cripta até o topo a distância é de 81 metros (8+1=9 e 9x9=81). A soma de aritmética também é curiosa: 7+2+8+1=18 (1+8=9). A simbologia também está presente no desenho do gramado ao redor do Monumento, que possui área de 1.932 metros quadrados e forma um coração onde está fincada a espada, símbolo do Obelisco, que sagrou a vitória política, apesar da derrota militar dos paulistas.
SÃO PAULO: ÚNICA CIDADE DO BRASIL A SOFRER BOMBARDEIO AÉREO!
"Três dias após o rompimento das hostilidades, os primeiros navios da Marinha chegam às costas de São Paulo, iniciando o bloqueio do porto de Santos. Para o apoio a esses navios e a outros que a eles se juntariam, nesse mesmo dia, três Savoia-Marchetti S 55 e dois Martin PM deslocaram-se para Vila Bela, na Ilha de São Sebastião. Além das missões de apoio aéreo às unidades navais, era intenção da Marinha empregar os aviões acima, juntamente com quatro Vought 02U-2A Corsair, em ataques a alvos terrestres. Os Corsair na configuração flutuadores operavam do Galeão, por ser tecnicamente contra-indicado fazê-lo ao largo de Vila Bela, o que levou a Marinha a aumentar o campo de pouso da ilha e utilizar a configuração rodas, a fim de poder operá-los mais próximo da área de combate, fazendo o patrulhamento da costa paulista entre Santos e Parati. Para reforçar a Aviação Militar desdobrada no Vale do Paraíba, dois aviões Corsair permaneceram regularmente em alerta no Galeão, enquanto os outros dois apoiavam as unidades navais, partindo do campo de Vila Bela, já com novas dimensões.
No dia 27 de julho, estes últimos receberam a missão de escoltar um Martin PM e dois Savoia Marchetti S-55 no ataque às instalações da Light em São Paulo, mas a missão foi abortada. No dia seguinte nova tentativa de ataque a Cubatão, também sem sucesso, por conta de precárias condições atmosféricas sobre o alvo. A terceira tentativa, no dia 29, com um Savoia Marchetti e um Corsair foi positiva quanto ao ataque, mas os resultados do bombardeio foram insignificantes".
(Cambeses Júnior, Manuel. O Emprego do Avião na Revolução Constitucionalista de 1932. Instituto Histórico e Cultural da Aeronáutica, p. 14-15) Savoia-Marchetti S55
No dia 27 de julho, estes últimos receberam a missão de escoltar um Martin PM e dois Savoia Marchetti S-55 no ataque às instalações da Light em São Paulo, mas a missão foi abortada. No dia seguinte nova tentativa de ataque a Cubatão, também sem sucesso, por conta de precárias condições atmosféricas sobre o alvo. A terceira tentativa, no dia 29, com um Savoia Marchetti e um Corsair foi positiva quanto ao ataque, mas os resultados do bombardeio foram insignificantes".
(Cambeses Júnior, Manuel. O Emprego do Avião na Revolução Constitucionalista de 1932. Instituto Histórico e Cultural da Aeronáutica, p. 14-15) Savoia-Marchetti S55
Vought 02U-2A Corsair
As Lápides que representam Momentos importantes de São Paulo jazem como que a contemplar a história humana, mesmo quando os homens esquecem-se de “seu” passado, e, mesmo que isso ocorra, este “NOVE DE JULHO DE 2010” é lembrança da "Epopéia Paulista" e faz parte da história do Brasil!
Referências Bibliográficas:
Referências Bibliográficas:
SILVA, Hélio – 1932. A Guerra Paulista. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1976, 2ª ed.
RODRIGUES, Sylas - Gaviões de Penacho, Rio de Janeiro, Instituto Histórico e Cultural da Aeronáutica, 2000.
ANDRADE NETO, Manoel Cândido de . Bastidores da Revolução Constitucionalista.
Rio de Janeiro, Estandarte, 1995.
WANDERLEY, Nelson Freire Lavenère. História da Força Aérea Brasileira. Rio de Janeiro, Ministério da AERONÁUTICA, 1974.
DONATO, Hernani. A Revolução de 1932 - São Paulo, Círculo do Livro (Livro Abril), 1982.
Notas:
[1] O Obelisco carrega o simbolismo da lembrança nas raizes gregas: óβελίσκος , obeliskos, diminutivo de óβελός : obelos , pilar pontiagudo, associado à cultura egípcia, reflete a teoria de uma visão comum no nascer e pôr do sol, numa renovação constante.
[2] O dia 23 de maio de 1932 quatro estudantes, Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo foram mortos em choque com a polícia getulista na Praça da República, em São Paulo, tornando-se mártires da revolução constitucionalista, dando origem ao Movimento MMDC. Anos depois, a data foi oficializada como o "Dia da Juventude Constitucionalista", que lembra a participação dos jovens na revolução.
Sem comentários:
Enviar um comentário