quarta-feira, 8 de julho de 2009

IMPERIALISMO BRASILEIRO

IMPERIALISMO BRASILEIRO


Quais foram os reais intenções e interesses imperiais da Coroa do Brasil na America Ibérica, a ponto de seu expansionismo estar ligado ao cone sul da América, pretensões estas de nítido controle de potência militar, demonstração do imperialismo da Metrópole com um novo modelo a ser orientado para ter-se, dentro e fora de seus limites, as mesmas estruturas européias, um continuísmo da monarquia absoluta, precisando para isto construir uma identidade, condições humanas mesmo que a mesma viesse de fora, da Europa em constante ebulição de guerras sucessivas.

Desta maneira o império se armava para controlar o sul do país e seu real interesse era o estuário do Rio da Prata. Quando o Brasil, por interferência das vontades inglesas, e não por uma vontade de Dom JoãoVI, embora soubesse das intenções de Lord Strangford, embaixador inglês que estava estacionado com a esquadra inglesa ao largo de Lisboa, comandada por sir Sidney Smith, sendo que, os navios HMS Marborough, Bedford, London e Monarch sob o comando de Graham Moore escoltariam a frota portuguesa até o Brasil. Esta proteção inglesa seria cobrada pela Inglaterra através de um tratado feito por Lord Strangford em 1810.
Estes fatos faziam tremer a coroa portuguesa, não sabendo o que fazer com a cobiça de duas potências mundiais da época, França e Inglaterra, e estando neste impasse seria melhor aproveitar a conturbação “geopolítica” da época. Romper os antigos laços com Portugal era condição imediata para a antiga Colônia de Portugal na América.
Era necessário tornar o Brasil independente e assumir a Armada Imperial que defendeu a fuga imposta por Napoleão trazendo para o Brasil uma comitiva próxima de 15000 súditos.
Está vai tornar-se Armada Nacional, a Marinha de Guerra, nome então usado naquele momento para fomentar a Independência do Brasil.

Esta estrutura foi mantida de algumas embarcações pessoais, organizações e doutrinas da transmigração da Família Real de Portugal em 1808, que era formada na maioria de portugueses e alguns ingleses de alta patente, que aderiram à causa de independência foram aceitos e naturalizados. Dom João VI, tomando de suas atribuições assumindo sua condição soberana criou órgãos de amparo ao Reino, neste momento fixado no Rio de Janeiro. Formou deste modo a Secretaria da Marinha; Quartel General; Intendência e Contadoria; Arsenal da Marinha; Academia de Guardas-Marinhas; Hospital; Auditoria; Conselho Supremo Militar, Fábrica de Pólvora, Cortes de Madeira e outros que foram estabelecidos para fortalecer a administração no Brasil. Em 1815 o Brasil deixou de ser uma Colônia, sendo elevado à categoria de Reino Unido ao de Portugal.
Por uma contingência das exigências do Portugal a beira de uma guerra civil, exige-se a volta imediata da corte, quando em 1820 deflagrou a revolução no Porto, com os liberais exigindo ao rei que voltasse.
Pouco tempo depois o Brasil, pelas mãos portuguesas do então filho de Dom João VI, Dom Pedro, torna-se primeiro Imperador do Brasil, caindo um império e instituindo outro. Deste modo forma-se uma comissão por Luis Cunha Moreira, primeiro ministro da Marinha do Brasil independente e vários oficiais para fazer contato com militares portugueses para aceitarem permanecer em suas posições sob outra bandeira. Os que se recusaram receberam transporte para voltar com famílias que haviam ficado no país.
Havia o medo de uma reviravolta na situação ainda instável, e deste modo foi confiada a armada ao lorde britânico Thomas Alexander Cochrane que se tornou o primeiro almirante, recrutando o que havia de imediato como mercenários, escravos que recebiam alforrias para o caso e poucos naturais, indígenas batedores de reconhecimento por serem familiarizados com a terra, rios, conhecedores da geografia. Deste modo foi constituída a tripulação naval bélica formada para dirigir a frota de uma nau; quatro fragatas; duas corvetas, cinco brigues; seis escunas e vinte pequenas embarcações perfazendo trinta e oito naves. Foi esta formação que seguiu para a Bahia atacando um comboio de Portugal formado por setenta navios que se dirigia ao Grão Pará, colônia que era administrada por governadores militares e administradores diretamente ligados a Lisboa tendo Santa Maria de Belém como capital e que tinha em seu território o equivalente aos atuais estados do Maranhão, Pará, Amapá, Amazonas, Roraima, Rondônia e parte do Acre e era parte de duas administrações coloniais que se desenvolveram distintamente até 1823, data em que o Império do Brasil começou a anexar a colônia nortista chamados de “portugueses americanos” diferenciando aos habitantes da colônia do Sul que eram chamados de “brasileiros”. Em agosto, aporta em Belém a embarcação Maranhão, uma brigue comandado por John Pascoe Greenfell, mercenário inglês sob o comando do almirante Cochrane e a soldo do Império do Brasil. Greenfell, blefa espalhando o boato de que a esquadra de Cochrane estava fundeada nas proximidades, Greenfell enviou um ultimato aos governantes portugueses para que depusessem as armas ou aderissem ao Império do Brasil. Caso recusassem, Belém sofreria um bombardeio naval. A maioria dos portugueses e quase toda a burocracia colonial aderiram incondicionalmente em concordância ao poder. Aos poucos se consolidava na América a casa de Bragança com administração de José Bonifácio buscando lideranças conservadoras formada por portugueses de fortuna adquirida na colônia.
Após a Confederação do Equador em 1824 onde os estados do nordeste pensavam em um governo republicano de idéias liberais foram sufocados pelo Governo Imperial que tomou medidas severas contra o movimento separatista. Dom Pedro I pediu empréstimos à Inglaterra e contratou mercenários ingleses para que lutasse contra os revoltosos. Os lideres envolvidos foram acusados e executados pelas instituições judiciárias do Império com a pena a morte por fuzilamento. Resolvido o problema interno o Brasil volta-se a seu maior interesse expansionista iniciando a Guerra Cisplatina de 1824 a 1828. Neste momento a esquadra da armada nacional possui 96 navios de guerra com 690 canhões.
O poderio militar naval copiando o modelo inglês de soberania naval estava consolidado quando Dom Pedro I optou em abdicar a favor do segundo imperador do Brasil, seu filho homônimo. Neste momento o país possuía duas naus; dez fragatas, vinte corvetas, dezessete brigues, escunas de grande velocidade marítima; duas canhoneiras; doze bombardeias; três barcos a vapor, com nítida transformação neste momento por esta opção, quatorze transportes e varias embarcações leves de reconhecimento.

Desde então as relações são blefes constantes, para pelo engano, embora seja mais do que isso, persuadir aos povos livres se submeterem ao julgo do poder imperialista!

Bibliografias
1) http://www.scribd.com/doc/13297858/Brazilian-Navy
2) EstudosAvançadosvol.19 no.53 São Paulo Jan./Apr. 2005 DOSSIÊ AMAZÔNIA BRASILEIRA I Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo.

OS ENGANOS DA COLONIZAÇÃO EM SÃO PAULO (com graphia de 1867)

Os Enganos da Colonização em São Paulo (com graphia de 1867)

Substituir a mão de obra de manutenção do trabalho escravo por outra com custeio de manutenção com dispêndio de contrato, foi adquirindo força aos poucos no Brasil, lentamente, para que aqueles que houvessem tido um plantel fosse ressarcido das despesas per capita de cada escravo para depois substituí-la por colonos estrangeiros. Fica ainda obscuro que não foi somente o fator da troca de mão de obra, mas acima de tudo um fator de assumir o território expandindo os interesses imperiais abalizados pelas elites locais. Deste modo inicia-se uma colonização de “habitação” e força militar com nítida demonstração de poder. Abaixo há fragmentos extraídos da Revista Trimensal do Instituto Histórico Geográfico e Ethnografico do Brasil, de 1867, com grafia da época que demonstram as intenções governantes:

p.233: “É certo que a convenção de 1819 dilatando as fronteiras do império desde a augustura de Castilhos em direcção a Araphy, ficando-nos os territórios entre este e o Querahim, satisfazia melhor as aspirações do paiz, e seria como pensa o Visconde De S. Leopoldo as mais naturaes e a de maior conveniência”

p. 40: “O governo pois deve lançar suas vistas bemfazejas sobre este obstáculo aumento da colonização. Os colonos, em lugar de encontrarem n’esses fingidos patronos um patrício interessado em seus estabelecimentos, ou um protetor constante,acham, um amo impertinente, que pelo vil preço do pouco sustento e grosseiro vestuário, delles se servem por espaço de três, quatro annos, sem lhes darem o mais pequeno ordenado; utilizando seus préstimos de uma pequena forma mais infame, do que os africanos.”

p.38-39: “Em S.Paulo vemos a cultura de batata, chamada vulgarmente ingleza, elevada a tão alto gráo de perfeição, que não só toda a província é abastecida d´esse ramo de subsistência, como sua exportação é considerado para Minas, Goyaz e Rio de Janeiro. Esses colonos não só tem augmentado consideravelmente quanto ao número de seus habitantes, como têm-se enriquecido ao paiz pela introducção de carros sobre eixos, que facilitam a condução de muitas arrobas de mercancias diferentes por meio de dois bois, o que até então os nacionaes não faziam com quatro ou seis. Elevaram o fabrico do carvão a um gráo do apuro tal, que a província é d´elle soccorrida com abundância fornecido o trem militar, e sua extracção do centro da terra é feita sem perigo de vida. Os colonos de São Paulo fazem saborosíssimos queijos, muito boa manteiga, que por muitas vezes tem socorrido o paiz na falta da do estrangeiro, que se importa.”

Há que se rever a historiografia retirando o patriotismo de construir heróis, sempre iludindo para melhor governar!

Bibliografia

Revista Trimensal do Instituto Histórico Geográfico e Ethnografico do Brasil, de 1867
Fundada no rio de janeiro debaixo da immediata proteção de S.M.I. o Sr D. Pedro II
Tomo XXX; Parte Primeira
Stanford Library, Rio de Janeiro, B.L. Garaier- Livreiro – Editor, Rua do Ouvidor, 69, 1867

Memória E Considerações Sobre A População Brasileira In: Obstáculos que em Geral se Encontram no Augmento da População, Secção 1ª , por Henrique Jorge Rebello, bacharel formado em Ciências Sociaes e Jurídicas pela Academia de Olinda.

domingo, 5 de julho de 2009

FREGUESIA DE SANTO AMARO E A COLÔNIA PAULISTA, NÚCLEO COLONIAL IMPERIAL

Freguesia de Santo Amaro e a Colônia Paulista, Núcleo Colonial Imperial

Um projeto do império português para povoar áreas desabitadas passou a ser prioridade, ligada ao desenvolvimento convidava outros países a apoiar a imigração para o Brasil, na tentativa de formar as bases para uma imigração organizada. Deste modo daria início à imigração alemã, movimento migratório ocorrido nos século dezenove para várias regiões do Brasil. Em 1828, por meio de uma portaria do ministro do Império José Feliciano Fernandes Pinheiro, visconde de São Leopoldo, originário de Santos, a Província de São Paulo recebia os primeiros colonos estrangeiros vindos da Alemanha para a Colônia de Santo Amaro. As causas deste processo podem ser encontradas nos freqüentes problemas sociais que ocorriam na Europa e a fartura de terras no Brasil.

A Freguesia de Santo Amaro já possuía uma economia de consumo local, e era formada por chácaras como de Francisco Antonio Chagas o Chico Doce, pai de Paulo Francisco Emílio de Sales, nome do grande poeta santamarense Paulo Eiró, do Fidelão, do Nardy e do pai do futuro barão de Tietê, José Manuel da Silva, primeiro e único barão do Tietê, que foi presidente interino da Província de São Paulo. Por ordem do Imperador D. Pedro I, o presidente da Província de São Paulo recebeu a incumbência por intermédio do decreto ministerial de 8 de novembro de 1827, de tomar todas as providências necessárias afim de poder abrigar um número considerável de colonos alemães, os quais chegariam, efetivamente, no ano seguinte à capital da Província. Tiveram que se adaptar na região numa característica tropical com os naturais que já possuíam desde tempos memoráveis aldeias indígenas e que ainda são denominações de referência local com a tribo Krukutu e a Tenonde Porá, localizadas na Estrada de Barragem e Morro da Saudade, incrustados como protetores de patrimônios ambientais da cidade, nos distritos de Parelheiros e Marsilac.
Como os alemães chegaram a Santo Amaro

Deste modo foram embarcadas 149 famílias alemãs em direção ao Brasil, compreendendo 926 indivíduos, incluindo 72 não casados. Na Colônia de Santo Amaro, foram localizadas 336 pessoas. Na vila de Conceição de Itanhaém ficaram 39 pessoas, e 57 em Cubatão de Santos e algumas foram para outras regiões ou permaneceram na cidade e dedicaram-se a diversos trabalhos e ofícios. Os colonos que foram localizados em Santo Amaro eram, na sua maioria, prussianos-renanos, da região de Hundsrueck. Parte deles aceitou as propostas do Governo, acordados entre os dois países para acolhimento inicial antes do embarque na Alemanha, que eram as seguintes:

1) Cada família receberia uma doação de 150 Morgen, medida de área tradicional alemã, onde um morgen era a área para trabalho de um homem em um dia. Um morgen correspondia a 400 braças quadradas, sendo uma braça quadrada correspondente a 4,84m2, logo um morgen seria equivalente a 1936 m2 que estava relacionado a medida agrária padrão que Portugal denominada jeira, medida antiga romana e representava uma jeira(iugerum) a quantidade de terra que um homem podia arar em um dia com uma junta de bois atrelados ao arado.
Do exposto podemos definir que o acerto contratual entre os governos da Alemanha e Brasil à época, foi definido em 150 morgen, ou seja 290.400 m2 o que representava 29 hectares de terra a cada qual disposto a vir arar terras virgens na região de Santo Amaro.
2) Cada pessoa adulta receberia ainda, durante um ano e meio,160 réis diários em moeda e cada criança receberia metade dessa quantia;
3) Bois, cavalos, ovelhas seriam fornecidos pelo Governo,devendo o valor desse gado, em moeda ou espécie, ser restituído dentro de quatro anos;
4) Os colonos que tivessem vindo por conta do Governo teriam isenção de impostos por oito anos e, os que tivessem pago suas passagens, por dez anos;
5) Os colonos ficavam na obrigação de tomar armas, quando em caso de perigo fossem convocados pelo Governo;
6) Recrutamento obrigatório para as crianças;
7) O governo ficava obrigado ao pagamento dos honorários de médicos e padres, durante ano e meio. Outros colonos, geralmente os protestantes, não aceitaram essas condições e preferiram adquirir terras para cultivá-las logo que se apresentasse a oportunidade.

Havia uma sesmaria que anteriormente pertencera aos jesuítas, a algumas léguas de distância de Santo Amaro, perto da Aldeia de Itapecerica. Estes colonos não receberam subvenção nenhuma do Governo, além das terras, ficando entregues à própria sorte, o que os levou a um desenvolvimento vagaroso, mas seguro da Colônia. Decorridos alguns anos, os colonos já tinham adquirido certa independência e bem-estar, cultivavam suas terras e continuavam a trabalhar na sua produção agrícola. Esses alemães vendiam seus produtos na redondeza ou na Vila de Santo Amaro ou no mercado de São Paulo, construído na atual Avenida João Dias. Esta foi a tentativa de colonização mais barata que se fez, no decorrer dos tempos, em todo Brasil.
Foram inúmeras as dificuldades, desde o aprendizado do idioma português e dos hábitos da terra que escolheram para viver. Os mais velhos conservaram suas tradições e seus trajes tradicionais da terra distante. Não havia escolas para as crianças e a referência da própria língua foi se perdendo ao longo do tempo. Para os luteranos, típico do protestantismo que se seguiu na Alemanha do século dezesseis, as dificuldades eram ainda maiores; sem templos e pastores para celebração de sua religião, batizavam os filhos em igrejas católicas. Somente em 1.840, criou-se na Colônia o primeiro cemitério protestante e templo próprio.

Justiniano de Melo Franco, que falava alemão, foi nomeado diretor da colônia. Era formado em Medicina pela Universidade de Goettingen na Alemanha. Por Provisão Régia de 5 de novembro de 1821, foi nomeado físico-mor ou seja médico de São Paulo. Na capital paulista foi ainda diretor do Hospital Militar, inspetor geral da Vacinação e Comandante da Companhia de Cavalaria da Guarda Cívica, denominada "Sustentáculo da Independência Brasileira", criada por Dom Pedro I pelo decreto de 9 de setembro de 1822 logo após a proclamação da Independência. Ele representava os imigrantes, recebia suas queixas e sugestões, pagava-lhes os subsídios. Ficou também encarregado de escolher com o Governo um local para a instalação definitiva da Colônia de Santo Amaro. Em 13 de dezembro de 1827, desembarcavam em Santos os primeiros imigrantes alemães. As localidades poderia ser em Juquiá, São Vicente, Itanhaém, Itapecerica, mas os alemães mostravam-se descontentes. Em 29 de junho de 1829, depois de acordos foram assentados no planalto de Santo Amaro, na então Província de São Paulo, os primeiros imigrantes alemães originários de Hundsrück, Estado da Renânia-Palatinado. O assentamento ocorreu nas áreas compreendidas entre a Serra do Mar, em terras a quatro léguas de Santo Amaro, ao sul da Freguesia, próximo ao Ribeirão Vermelho e a Serra do Mar. Um grupo de 129 colonos aceitou estabelecer-se na Freguesia de Santo Amaro, realizando-se uma cerimônia para sorteio das terras entre 94 famílias que desejavam estabelecer-se no lugar destinado à Colônia em Santo Amaro. A opção imediata dos moradores era às atividades agrícolas, aumentando consideravelmente a produção de gêneros alimentícios para abastecer os centros urbanos. Em 1837, Santo Amaro era responsável pela produção batatas no município de São Paulo, passando a ser considerado o "celeiro da capital", além de fornecer arroz, feijão, milho e mandioca entre outros gêneros alimentícios. Também comercializavam no Mercado de São Paulo gado, aves, madeira e carvão. Os alemães fundaram vilas como Cipó e Parelheiros, referência a parelhas de disputas entre cavaleiros alemães e caboclos brasileiros que já estavam nas proximidades, e que parece ter tido anteriormente o nome de Santa Cruz. Além disso, por ser localizada em matas naturais era de difícil acesso e por isso tiveram que abrir as primeiras estradas locais, como a antiga Estrada de Parelheiros. O economista Celso Furtado em seu livro “Formação Econômica do Brasil” cita que a causa dos problemas enfrentados nas colônias criadas pelo Governo Imperial, era não terem projeto de fundamentos econômicos, com subsídios parcos foram abandonadas e aos poucos foram perdendo seu caráter produtivo, evoluindo para simples economias de subsistência. Mesmo assim, a região apresentou um espírito empreendedor, provendo-se de luz elétrica, além de abertura de outras estradas, como a idealizada por Henrique Schunck no início do século dezenove, fundadores do Cipó ou a Estrada do Curucutu, ribeirão da mesma bacia hidrográfica, localizado a sudeste da área, feita por José Reimberg, a Estrada do Periquito, em homenagem a seu apelido. Também outros em comum acordo de acesso foram abrindo picadas para o município de Embú-Guaçú, possibilitando a ocupação do vasto Sertão de Santo Amaro, termo usado então para a localidade que tinha cursos d'água e proximidade com a imensa Mata Atlântica. Alguns, devido ao conhecimento adquirido e trazido da Europa, sapateiros, ferreiros, e alguns que praticavam o ofício de cirurgião que na Europa era profissão considerada inferior, pois se praticavam amputações e era trabalho de grande esforço físico, bastando adquirir a “carta de cirurgião” para exercer a prática, eram estes os “médicos” de grande valia no local onde não havia médicos legais locais que foram aos poucos se destacando em Santo Amaro devido ao descaso do poder público paulista para com a cultura da Colônia Alemã.
Estes imigrantes precisavam se adaptar a um novo modelo de estrutura social diferente daquela exercida na terra natal deveria reconstruir suas vidas com muito trabalho, havendo um conflito de identidade deste deslocamento, com obrigações de cumprir as exigências constitucionais do Brasil independente havia criado sua Carta Magna em 1824.
Resultou assim uma característica impressionante de relações inter-raciais levando alguns alemães a se miscigenarem com caboclos locais espalhados pela região, processando a perda das características comuns, sendo até chamados caboclos louros, mas por outro lado, havia a compensação da criação de um novo modelo cultural adquirida por relações outras que não aquela original.

Reconhecimento e tributo nestes 180 anos da criação da Colônia Paulista aos Bauermann, Becker, Belz, Conrad, Foster, Gilcher, Glasser, Gottsfritz, Grassmann, Guilger, Heinickel, Helfenstein, Hessel, Kaspers, Kirschner,Klein, Krammer, Krist, Kuntz, Lange, Max, Meimberg, Müller, Reimberg, Roschel, Roskembach, Rottner, Schafer, Schimidt, Schneider, Schuartz, Schunk, Sellig, Theissen, Vaders, Vouttke, Winifrid, Witner, Wolfgang, Wuttke, Zetler, e a outros tantos que se espalharam pelo interior e fazem parte da história!

“Monumento ao Início da Colonização do Estado de São Paulo”

Os enganos e as urdiduras políticas fazem com que caiam no esquecimento as lutas sociais, ou por pouco interesse ou por realmente querem apagar de uma vez o que é história:
Santo Amaro foi o primeiro sitio de ocupação de colonos em São Paulo em 12 de fevereiro de 1829 foram assentados os primeiros colonos na região, e este dia foi instituído como “Dia do Inicio da Colonização”. Em matéria da Gazeta de Santo Amaro, de 13 de janeiro de 1967, era anunciada a comissão em prol do “Monumento ao Inicio da Colonização do Estado de São Paulo” que não foi edificado por dificuldades jamais sabidas.

Parte deste texto foi pesquisada em obras dos professores Edmundo ZENHA e Maria Helena Petrillo BERARDI que estudaram em trabalhos acadêmicos a Colônia Alemã em Santo Amaro.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

EXÉRCITO DE RESERVA DO CULTIVO E O PÃO

EXÉRCITO DE RESERVA DO CULTIVO E O PÃO

Fim das Guerras Napoleônicas há um exército de reserva vagando pela Europa e que assusta as grandes coroas governantes. Terminaram as grandes disputas para definir aqueles que restaurariam seus interesses no continente com os campos produtivos destruídos por guerras infindáveis, nunca os castelos.
Estão desabrigados os servos que cozinhavam e plantavam, além de selar o belo corcel nos estábulos do rei, e que deles também tiravam o esterco para mantê-los limpos.
Essa era a realidade encontrada em qualquer estrada vacante do rei que cobrava pedágio de uso de transporte de mercadorias e que ligava reinados instituídos por interesses através de matrimônios arranjados por consorte ofertando dotes.
Se houvesse numerações anteriores de guerras que se confrontaram em grandes disputas das soberanias das potências os dígitos seriam elevados. Todas foram guerras mundiais e nos anos do século dezenove, da consolidação dos famigerados Estados, não fugiram à regra, aliás, criou-se a idéia do nacionalismo a xenofobia da maldição de uma pureza inexistente do sangue azul da coroa e sangue vermelho do subversivo trabalhador que mitigava a fome do rei e toda a nobreza e também o defendia inundando com seu sangue os campos de batalhas.
Os soldados que morriam nos campos de batalhas eram os mesmos que nos mesmos campos plantavam e colhiam o grão nascido da terra. As guerras arregimentaram estes servos do rei para formarem o corpo de infantaria, para tombarem em nome deste absurdo de defenderem os interesses dos soberanos. As fronteiras enchiam-se de cadáveres de agricultores, artesãos putrefazendo até o ambiente que se respirava. Aos combatentes, que muitas vezes nem sabiam o que se estava defendendo, restava de comida os restos dos banquetes das mesas em festas dos soberanos comemorando seus feitos.
Estes homens ao fim do conflito das coroas que mandavam em sua condição humana, podendo sentenciá-lo sempre que o desejasse, estavam sem domicílio fixo após o término dos combates, tornaram-se homens vagantes pela Europa, maltrapilhos, “vagabundos” deslocados pela deflagração dos conflitos que andam de um lado a outro a procura de saciar a fome, sua miséria de subsistência, homens embrutecidos pelos interesses dos colonizadores que comandavam as marchas através de seus castelos ou quartéis que reforçavam a segurança interna da coroa, mas nunca expostos na frente de batalha.
São estes os mesmos donos das terras que eram comunitárias e tornaram-se privadas por ordem régia. A mesma massa que morre de fome, frio e sede porque as monarquias tiraram-lhes direitos básicos de vida, é a mesma massa que morre em combate para defendê-la, ou seja, defendendo o ladrão que lhe rouba o direito ao cultivo do trigo para fazer o pão. Qual a diferença entre morrer de fome ou na guerra? Nenhuma, as duas são cruéis!
Estes servos da Europa, que possuem as técnicas da produção alimentar rumam da Velha Europa para serem colonos da Nova América.

A revolta por serem, por muito tempo, vilipendiados e extorquidos pela fidalguia reinante, escutava a tentativa de um ministro em persuadir aos colonos de não saírem para a América, em diálogo com o colono que responde:

“Que coisa entendeis por nação senhor ministro?
É a massa dos infelizes?
Plantamos e ceifamos o trigo, mas nunca provamos do pão branco.
Cultivamos a videira, mas não bebemos o vinho.
Criamos os animais, mas não comemos a carne...
Apesar disso, vós nos aconselheis a não abandonar a nossa pátria!
Mas é pátria a terra que não se consegue viver do próprio trabalho?

Deixaram em trovas suas indignações aos governantes que se achavam donos até da liberdade:

"Nós, italianos trabalhadores,
Alegres, partimos para o Brasil,
e vós que ficais, da Itália senhores
Trabalhai empunhando a enxada
Se quereis comer"

A trova cita um grupo mas reflete todos estes heróis que atravessaram o mar em busca de outro modo de vida em terras distantes para construir novos sonhos. Não pode dar errado novamente, não pode haver senhores de nosso destino, pois, não existirá nova América para se descobrir!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

NOBILIARQUIA DOS NOMES ALEMÃES NO BRASIL

NOBILIARQUIA DOS NOMES ALEMÃES NO BRASIL

História de um momento delicado na Europa

O Império Austríaco (em alemão Kaisertum Österreich) foi fundado em 1804 em reação à criação do Primeiro Império Francês por Napoleão I. O primeiro imperador da Áustria foi Francisco I, (Franz I) o qual detinha até então o título de Sacro-Imperador Romano, abdicado quando o Império foi absolvido na reorganização da Alemanha de 1806. No processo de manter o seu título imperial, ele elevou a Áustria de um arquiducado para um império e daí a Áustria tornou-se totalmente independente de qualquer vínculo com a Alemanha. Após tentativas falhadas de reforma constitucional, o Império Austríaco foi transformado no Império Austro-Húngaro em 1867 sob Francisco José I da Áustria, o qual concedeu estatuto igual aos territórios húngaros.
De 1814 a 1815, a Áustria estava entre os vitoriosos contra Napoleão e as pretenções da França no continente. O congresso de paz se reuniu em Viena, regido pelo príncipe Metternich, que dirigia sua diplomacia desde 1809. Matternich tentou efetivar um equilíbrio europeu durável e evitar o retorno das idéias revolucionárias: a Santa Aliança de 1815 entre a Áustria, a Rússia e a Prússia estava disso encarregada. O tratado de Viena restabeleceu o poder da Áustria na Alemanha e na Península Itálica, onde criou-se o Reino Lombardo-Vêneto, confiado aos Habsburgos. O Sacro Império não foi restabelecido, mas criou-se uma Confederação Germânica que reunia os Estados alemães presidida pela Austría.
Depois da revolução de 1848, a Áustria teve que enfrentar levantes na Itália e na Hungria. Outorgou-se uma Constituição em abril de 1848 aos países hereditários e um regime parlamentar foi instalado na Hungria. Os direitos senhoriais e a servidão foram abolidos pela Assembléia austríaca, que também elaborou um projeto de Constituição que dava os mesmos direitos a todas as nacionalidades.
A monarquia viu-se ameaçada. Em Frankfurt, o Parlamento falava em unificar os países de língua alemã, incluindo-se a Áustria, e a Hungria parecia caminhar rumo à independência. Mas a radicalização da revolução de Viena a partir de maio dividiu os partidários das mudanças. Em outubro, o exército restaurou a ordem antiga pela força mas o imperador, já Fernando I, se vê obrigado a abdicar em favor do sobrinho Francisco José I. Na Itália, o marechal Radetzky restabeleceu o domínio austríaco. O marechal Windischgrätz atacou a Boêmia, entrou em Viena em outubro de 1848 e depois, ajudado pela Rússia, submeteu a Hungria a uma feroz repressão e ali instalou um regime de ocupação militar até 1852.
No Sacro Império Romano-Germânico e territórios que estiveram sob a sua jurisdição e que formaram-se em estados nacionais, no futuro Império Austro-Húngaro, Império Alemão, utilizavam a seguinte relação de autoridade:
Imperador [Kaiser]
Rei [König]
Arquiduque [Erzherzog] (utilizado no Sacro Império Romano-Germânico e depois utilizado para titular os herdeiros do trono austríaco)
Grão-Duque [Großherzog/ Grossherzog]
Duque [Herzog]
Grão-Príncipe [Großfürst/ Grossfürst]
Príncipe-eleitor ou Eleitor [Kurfürst]
Príncipe (Monarca) [Fürst]
Margrave [Markgraf] correspondente a [Marquês]
Landgrave [Landgraf]
Burgrave [Burggraf]
Rhinegrave [Rhiengraf]
Vildgrave [Wildgraf]
Altgrave [Altgraf]
Raugrave [Raugraf]
Conde [Graf]
Barão [Freiherr]
Cavaleiro [Edler]
Para cada título existiam formas diferentes de tratar o herdeiro. Por exemplo, os filhos dos Imperadores eram chamados necessariamente de Príncipes (Prinz). Porém, os Imperadores da Áustria, em referência ao seu passado como Arquiduques, intitulavam os seus filhos por Arquiduques (Erzherzog). Alguns filhos de Reis eram chamados de Príncipes (Prinz), como na Prússia. Outros eram denominados Duques, como em Württemberg e na Baviera. Os filhos de Grão-Duques poderiam ser intitulados por Erb/groß/herzog (algo como Grão-Duque-Herdeiro), Erbprinz, ou simplesmente Prinz. Os filhos dos Príncipes (Monarcas), os Fürst, eram chamados de Erbprinz ou Prinz. Filhos de Margraves, Landgraves, Burgraves, Vildgraves, Altgraves e Raugraves poderiam ser chamados de Condes (Graf) ou Erb-+ o título (por ex.: Erblandgraf). Os filhos dos Condes eram também tratados por Condes, como os filhos dos Barões, que eram também denominados Barões.

Muitos nomes estrangeiros foram alterados no Brasil por falta de um processo alfandengário que interpretava conforme a locução ouvida, interferindo numa identidade imutável, onde os valores estão ligados as culturas dos respectivos direitos de cidadania e que a ninguém é referendado mudar.

IMIGRAÇÃO E AS CONSORTES EUROPÉIAS DE DOM PEDRO I

IMIGRAÇÃO E AS CONSORTES EUROPÉIAS DE DOM PEDRO I

Maria Leopoldina: Primeira esposa de Dom Pedro I era arquiduquesa da Áustria

Pedro de Alcântara aproximou-se dos impérios fortalecidos através do seu casamento em 1817 com Maria Leopoldina Josefa Carolina de Habsburgo, nascida em Viena a 22 de Janeiro de 1797 , falecendo no Rio de Janeiro em 11 de Dezembro de 1826. Era arquiduquesa da Áustria, primeira imperatriz-consorte do Brasil e rainha-consorte de Portugal durante oito dias,em 1826. Pertencia à casa de Habsburgo, que fortaleceu O Império Austro-Hungaro. Cresceu no castelo de Schönbrunn,O Palácio de Schönbrunn, em alemão, Schloss Schönbrunn, conhecido também como o Palácio de Versalhes de Viena, é um dos principais monumentos históricos e culturais da Áustria e ali permaneceu até a data de seu casamento com D. Pedro de Alcântara em 1817.
Seu pai era Francisco II , nascido em Florença, na Itália em1758, sendo coroado Imperador da Áustria em 1792, além de Imperador do Sacro Império Romano Germânico. Em 1806, quando Napoleão pôs fim ao Sacro Império Romano Germânico, passou a ser somente Francisco I da Áustria, acrescida da Hungria e Boêmia.
A mãe de Maria Leopoldina era Maria Teresa da Sicília ou de Bourbon-Nápoles, princesa das Duas Sicílias, de um ramo da Casa de Bourbon, pois era filha do rei Ferdinando I (1751-1825) e de sua esposa Maria Luísa (1745-1792).
Francisco II era sogro de Napoleão, após este se casar com sua filha Maria Luísa, irmã de Maria Leopoldina, em 1810 dando-lhe o neto François Charles Joseph Bonaparte, a quem por direito deveria caber o titulo de Napoleão II. Mesmo assim Francisco I da Áustria aliou-se à Inglaterra e à Rússia contra seu genro, que unidos, derrotaram Napoleão em 1814, recuperando grande parte dos territórios após o Congresso de Viena em 1815.
O nome completo da Arquiduquesa, que viria a ser a primeira imperatriz do Brasil, era Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda de Habsburgo-Lorena, como informa o seu biógrafo e grande estudioso de sua vida, Carlos H. Oberacker Jr, na obra "A Imperateriz Leopoldina: Sua Vida e Sua Época.". Vê-se a exclusão do nome Maria!

FRANCISCO II TORNOU-SE SOGRO TANTO DE NAPOLEÃO BONAPARTE IMPERADOR DA FRANÇA COMO DE DOM PEDRO I, IMPERADOR DO BRASIL!


Amélia de Leuchtenberg: Segunda esposa de Dom Pedro I era filha do enteado de Napoleão Bonaparte.

Após a morte de sua primeira esposa, a arquiduquesa austríaca Maria Leopoldina, em dezembro de 1826, D. Pedro I do Brasil mandou buscar na Europa uma segunda esposa. O marquês de Barbacena passou meses procurando uma princesa na Europa.A convenção matrimonial de 30 de maio de 1829 foi ratificada em 30 de junho, em Munique, pela mãe e tutora da noiva, a duquesa de Leuchtenberg. Em 30 de julho daquele ano, foi confirmado, no Brasil, o tratado do casamento de Sua Majestade e Amélia de Leuchtenberg.
Amélia Augusta Eugênia Napoleona de Beauharnais, nascida em Milão a 31 de julho de 1812 falecendo em Lisboa em 26 de janeiro de 1876, era princesa de Leuchtenberg, foi a segunda esposa de D. Pedro I.

Era a quarta filha do general Eugênio de Beauharnais, enteado de Napoleão Bonaparte, 1° duque de Leuchtenberg e sua esposa, a princesa Augusta da Baviera.
Era Eugênio filho da Viscondessa Marie Josephe Rose de Tascher de la Pagerie, ou simplesmente Josefina de Beauharnais e seu primeiro marido, o visconde Alexandre de Beauharnais, que tornou-se depois filho adotivo de Napoleão Bonaparte, que o fez vice-rei da Itália..
A mãe de Amélia, Augusta da Baviera era filha do rei Maximiliano I, José da Baviera e da princesa Augusta Guilhermina de Hesse-Darmstadt. Entre os irmãos de Amélia estavam Josefina de Leuchtenberg, rainha consorte de Óscar I da Suécia, e Augusto de Beauharnais, príncipe consorte de D. Maria II, a brasileira Maria da Glória, rainha de Portugal, filha de Dom Pedro I.
Amélia de Leuchtenberg passou a sua infância e parte de sua juventude em Munique. Ela foi oficialmente apresentada à corte da Baviera no Natal de 1828, aos dezesseis anos.

O GENERAL EUGÊNIO DE BEAUHARNAIS, ERA ENTEADO DE NAPOLEÃO BONAPARTE, E TORNOU-SE SOGRO DE DOM PEDRO I, IMPERADOR DO BRASIL!



IMPERANTES IMPÉRIOS IMPERAM!...

A interpretação fica na conta de quem pesquisar!

PRIMEIRAS COLÔNIAS ALEMÃS NO BRASIL E A MILITARIZAÇÃO DO SUL

PRIMEIRAS COLÔNIAS ALEMÃS NO BRASIL E A MILITARIZAÇÃO DO SUL

A conjuntura do início do século dezoito, quando a França Napoleônica com pretensões imperiais foram derrotadas na batalha de Waterloo, pela Santa Aliança em 1815, a Europa se reorganizava com os vencedores exigindo seu butim aos derrotados. A Espanha sentiu a grande derrota, estava esfacelada, sem exércitos regulares e sem esquadra destruída pela Batalha Naval de Trafalgar em 21 de outubro de em 1805 na costa espanhola, quando enfrentou os ingleses do Almirante Nelson. A América espanhola nesta época com seus vice-reinos tornam-se independentes da Espanha que não possuía mais o poder do passado.

Portugal exige por parte da "Junta Provisional do Supremo Governo do Reino" a volta de Dom João VI, pois pelo Levante Liberal do Porto em 1820, exige o fim do protetorado inglês que assumiu após a derrota da França de Napoleão; além disso, há a exigência de recolonização do Brasil. Contra vontade a Corte portuguesa instalada no Vice Reino, no Rio de Janeiro, é obrigada a retornar em 1821. Dom João deixa no Brasil seu filho natural de Queluz, Portugal, Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon; primeiro imperador Pedro I do Brasil e durante sete dias no ano de 1826, Pedro VI de Portugal. Tudo concorria para a independência da America Ibérica, e assim sucedeu em todas elas após a derrota de Napoleão. Alem disto outro fato concorria para haver este intercambio as consortes do Imperador eram integrantes da Casa de Áustria e Baviera, com ligações de laços ao Sacro Império Romano Germânico.
A imigração alemã para o Brasil foi quase toda voltada para o povoamento da região sul, com o objetivo de ocupar terras ameaçadas pelos vizinhos espanhóis, de equilibrar a economia no sul do país, além da intenção de conseguir soldados para o Corpo de Estrangeiros, pois com a proclamação da independência, o Brasil perdeu parte de sua força militar formada por portugueses que seguiram para Portugal, assim eram necessárias providências urgentes de segurança da nova Pátria.

As terras do sul da América, anteriormente pertencentes à Espanha, precisavam ser militarizadas rapidamente pois as fronteiras no Prata sempre foram tensas e de conflitos, exigindo estratégias de proteção militar da fronteira do país. José Bonifácio, ministro do Reino e dos Negócios Estrangeiros e do representante da Província de São Pedro do Rio Grande, José Feliciano Fernandes Pinheiro, Visconde de São Leopoldo, pretendiam organizar uma linha de colônias germânicas desde Porto Alegre, precisamente na Colônia Alemã de São Leopoldo (1824), seguindo para o litoral próximo a Desterro, na Ilha de Santa Catarina indo para fronteira com o Paraná sendo provável atingir a Província de São Paulo, por ser estratégico o porto de Santos, responsável pelas relações comerciais e navegação do incipiente país.
A imigração alemã no Brasil foi o movimento imigratório intensificado a partir do século 19 para várias regiões do Brasil. As causas deste processo podem ser encontradas nos freqüentes problemas sociais que ocorriam na Europa e a farta disponibilidade de terras no Brasil.

O Governo fixado no Reino do Brasil, aproximou-se dos alemães para a causa brasileira de conseguir colonos e uma força militar que havia ociosa após as Guerras Napoleônicas, devido a afinidade com a família da imperatriz e pelo fato de a Alemanha não ser um país unificado e, ainda, não possuir colônias ultramarinas, afastando a possibilidade de uma reivindicação de autonomia dos germânicos em território brasílico, o que deveriam tomar cuidados específicos com pretensões nítidas de interesses anteriores a separação de Portugal, tanto por parte da Inglaterra, como as antigas forças de França e aliada desta a Espanha que sempre tiveram pretensões pelo território, além de sempre tirarem proveito em momentos oportunos do Brasil.Georg Anton Alouysius Von Schäffer ou Jorge Antônio Schäffer era um militar alemão que tornou-se recrutador de militares e colonos para o Brasil que após viajar à Europa, retornou Brasil com quatro famílias, perfazendo vinte pessoas recebendo de Dom João VI uma concessão de terras de 4356 hectares para fazer uma pequena colônia na experimental em 1818, com o nome de Frankental, colônia fundada perto da Colônia de Leopoldina, na Bahia. Ainda com a presença de Dom João VI, prevendo reestruturação política e geográfica da Europa faz as primeiras tentativas de colonizar o Brasil, autorizando em 1818 a fixação de 165 famílias alemãs, em Ilhéus, Capitania da Bahia, para cultivar fumo, cacau e cereais, seguida de uma segunda leva em 1819 para São Jorge, cerca de 200 famílias alemãs são instaladas no norte da Capitania da Bahia. Parece ter havido um projeto inicial de colonização planejada.

Após a independência do Brasil, foi nomeado "Agent d'Affaires Politiques" por para angariar soldados e colonos na Europa. Recrutar mercenários na Europa era proibido pelos países da Santa Aliança lideradas pela Inglaterra, e o fato do Brasil ser denunciado por Portugal como um simples território rebelde tornou a missão do major Schäffer ainda mais difícil por deixar a impressão de militarização. No início, seu recrutamento buscava, principalmente, soldados e poucos colonos, mas, à medida que a situação do Brasil foi estabilizando-se, o número de soldados enviados foi diminuindo e o de colonos aumentando. Schäffer também buscava contratar pessoas de profissões que dessem uma base à comunidade, como médicos e pastores. Em quatro anos, de 1824 a 1828, o major Schäffer conseguiu trazer para o Brasil mais de seis mil pessoas, pelo menos metade eram rapazes solteiros e soldados.
Contratados do major Schaeffer mercenários eram trazidos da Alemanha, para formar o "Corpo de Tropas Estrangeiras", no Exército Brasileiro, imediatamente após a proclamação da Independência, através do médico Anton Von Schaeffer, chegado no Brasil em 1821 e nomeado major da Guarda Imperial, pelo imperador D. Pedro I. Formaram dois batalhões de caçadores e dois de granadeiros. Os contratados, dois tenentes engenheiros,foram incorporados ao Exército Brasileiro, por não haver uma unidade de engenharia no Corpo de Tropas Estrangeiras: os tenentes Halfeld e Koeler, que foram, respectivamente, fundadores de Juiz de Fora e de Petrópolis.
A segunda expedição de colonos trazida pelo major Schaeffer, foram enviados para o Rio Grande do Sul, instalados onde hoje são as cidades de São Leopoldo, Novo Hamburgo e outras, em 25 de julho de 1824, com 39 imigrantes alemães a então desativada Real Feitoria do Linho Cânhamo, localizada à margem esquerda do Rio dos Sinos, dando início à Colônia de São Leopoldo.
A imigração alemã de colonização e uso da terra no Brasil pode ser classificada em duas categorias de acordo com o método aplicado e objetivos propostos:

1- imigração de parceria e
2- imigração baseada na pequena propriedade.

A imigração de parceria utilizava-se do método do “endividamento” e era voltada para o Sudeste brasileiro, principalmente São Paulo, considerando a existência, naquela província, de grandes latifundiários; visava à resolução do problema decorrente da extinção paulatina da escravidão relacionado à falta de mão de obra no cultivo do café, que a partir de meados do século XIX passa a ser o principal produto de exportação do Brasil.
A imigração baseada na pequena propriedade era composta por colonos livres e foi dirigida principalmente ao Sul do Brasil; tinha entre seus objetivos, povoar e militarizar a região, além de desenvolver uma agricultura voltada ao abastecimento do mercado interno.

Estes desbravadores tiveram muitas dificuldades, pois enfrentaram o descaso das autoridades em relação a sua situação. As terras a eles cedidas não eram muito boas para o cultivo, lugares sem estrutura e situadas no interior de matas virgens.
O Governo Imperial para incentivar os imigrantes a virem para estas terras faziam promessas de que receberiam 50 hectares de terra, com vacas, bois e cavalos; auxílio de um franco por pessoa no primeiro ano; isenção de impostos e serviços nos primeiros dez anos; liberação do serviço militar; nacionalização imediata e liberdade de culto. De todas essas promessas, somente a liberação de terras foram cumpridas, deixando os colonos a mercê da sorte.

As pretensões do Império Brasileiro e a militarização do sul confirmaram-se com a guerra da Cisplatina ou como dizem os catelhanos, Guerra del Brasil. Localizada na entrada do estuário do Rio da Prata, a Província Oriental era uma área estratégica, pois quem a controlava tinha grande domínio sobre a navegação em todo o rio, acesso aos rios Paraná e Paraguai, e via de transporte da prata andina. Foi um conflito ocorrido entre o Império do Brasil e a Províncias Unidas do Rio da Prata, no período de 1825 a 1828, pela posse da Província Cisplatina, a região da atual República Oriental do Uruguai. Foi o primeiro de quatro conflitos armados internacionais que o Brasil lutou pela supremacia sul-americana. Tendo o segundo sido a Guerra do Prata, o terceiro a Questão Uruguaiana e o último a Guerra do Paraguai. Juntas, integram o conjunto das Questões Platinas, na História das Relações Internacionais do Brasil.

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“Ao Brasil interessava ambos: soldados para reforçar o Exército brasileiro e colonos para iniciar uma nova economia com base na mão de obra familiar livre.”, in Flores, Hilda Agnes Hübner, Imigração Alemã 180 anos, História e Cultura

“A conquista da terra nas colônias não foi como as da terra de trigo nos Estados Unidos e Argentina, no século XIX. Essa conquista, difícil e lenta, fez do colono alemão o pioneiro do desbravamento”, diz Jean Roche no livro A colonização Alemã e o Rio Grande do Sul I, cap. I, pág. 51.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

AS TRANSFORMAÇÕES DA EUROPA E DA AMÉRICA DEVERAM-SE AS GUERRAS NAPOLEÔNICAS.

AS TRANSFORMAÇÕES DA EUROPA E DA AMÉRICA DEVERAM-SE AS GUERRAS NAPOLEÔNICAS.

Depois da queda de Napoleão Bonaparte houve uma reorganização das monarquias européias dando origem à formação da Confederação Alemã. Tal confederação consistia em uma região formada por 38 Estados independentes comprometidos a defenderem a soberania das monarquias dos estados participantes. Dentro desse aglomerado de monarquias, Áustria e Prússia sobressaiam-se como as mais influentes nações da Confederação criada. O Tratado Secreto de Tilsit, 7 de Julho de 1807, entre a França de Napoleão e a Rússia estabelece abolir Dinastia de Bragança da Casa Real Portuguesa. Os representantes da França e de Espanha em Lisboa entregaram ao Príncipe-Regente de Portugal, em 12 de agosto de 1807, as determinações de Napoleão: Portugal teria que aderir ao bloqueio continental, fechar os seus portos à navegação britânica, declarar guerra aos ingleses, sequestrar os seus bens em Portugal e deter todos os cidadãos ingleses residentes no país. O Império português era intimado a dar resposta até ao dia 01 de setembro de 1807.
Dom Rodrigo de Sousa Coutinho defendia que se fizesse resistência a coligação contra a França e a Espanha, aquartelando de prontidão setenta mil homens com verbas custeadas de 40 milhões de cruzados, ou a favor de uma retirada estratégica caso Portugal não tivesse sorte nas armas, então "passasse a família Real para o Brasil".
As tropas francesas comandadas por Jean-Andoche Junot já estavam se aproximando de Lisboa quando D. João e a Corte portuguesa bateram-se em retirada rumo ao Brasil. Uma multidão de lisboetas acompanhou o carregamento da gigantesca carga da família real. Sob o comando de Napoleão Bonaparte, a França empreendia imensa campanha militar de expansão na Europa.
Assim foi colocado em prática com apoio inglês que promoveu a retirada enviando seu comandante Langsdorf para proteger a esquadra portuguesa, que saiu do porto de Lisboa em 29 de novembro de 1807, comandada pelo vice-almirante Manuel da Cunha Souto Maior.
As embarcações chegaram à costa da Bahia a 18 de janeiro de 1808 e, no dia 22, os habitantes de Salvador já puderam avistar os navios da esquadra. Às quatro horas da tarde do dia 22, após os navios estarem fundeados, o conde da Ponte, governador da capitania da Bahia à época, foi a bordo do navio Príncipe Real. No dia seguinte, fizeram o mesmo os membros da Câmara com comitiva real saindo às cinco horas da tarde do dia 24, em uma grande solenidade.A esquadra partiu de Salvador rumo ao Rio de Janeiro, onde chegou no dia 8 de março, desembarcando no cais do Largo do Paço, hoje, Praça XV de Novembro. Trazia entre 10 mil e 15 mil pessoas: fidalgos, funcionários públicos, militares e eclesiásticos, além da Rainha D. Maria I e do Príncipe-Regente D. João, com sua esposa, D. Carlota Joaquina, seus filhos, D. Pedro, então com nove anos de idade, D. Miguel e as cinco Princesas. Na fuga, trouxeram a metade do dinheiro circulante no Reino, algo como 22 milhões de libras, o que é um montante elevado mesmo para padrões atuais. D. Maria I havia sido declarada louca, razão pela qual D. João era o Príncipe-Regente – ele passaria a ser D. João VI após a morte da mãe.
A primeira medida tomada logo após a chegada da corte ao Brasil, foi declarar guerra à França, com a ocupação da Guiana Francesa em 1809, por influência inglesa, atacando também a região da Bacia do Rio da Prata, chamada de Banda Oriental, onde atualmente é o Uruguai, possessão espanhola. Os conflitos se sucederam e os gastos militares absorviam os recursos do Erário. Houve a abertura dos portos às “nações amigas”, a rigor, uma atitude forçada de legalização do imenso contrabando que havia entre a Colônia e a Inglaterra, com a conseqüente arrecadação de impostos. O País deixou de ser vice-reino e passou ser a sede da monarquia luso-brasileira, recebendo em curto espaço de tempo várias melhorias: Jardim Botânico, Biblioteca, tipografia e primeiro jornal, uma companhia de seguros, fábrica de pólvora e a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios.
Napoleão Bonaparte foi o general francês que mais obteve sucesso nas guerras da Revolução, tendo conquistado grandes porções da Itália e forçado os austríacos à paz. Em 1799, retornou do Egito e em 9 de Novembro (18 de Brumário) subjugou o governo, substituindo-o pelo seu Consulado, do qual tornou-se o primeiro Cônsul. Em 2 de Dezembro de 1804, depois duma tentativa de assassinato, ele coroou-se imperador. Em 1805, Napoleão planejou invadir a Grã-Bretanha, mas a recém-criada aliança entre britânicos, russos e austríacos, com a Terceira Coalizão forçou-o a direcionar a atenção para o continente, quando ao mesmo tempo ele tinha falhado em desviar a Armada Superior Britânica para longe do Canal da Mancha, ocasionando uma decisiva derrota francesa na batalha de Trafalgar em 21 de Outubro, e colocando um fim em suas esperanças de invadir a Grã-Bretanha. Em 2 de Dezembro de 1805, Napoleão derrotou o exército austro-russo, numericamente superior, em Austerlitz, forçando a Áustria desistir da coalizão e levando à fragmentação do Sacro Império Romano Germânico. A Confederação do Reno foi constituída por Napoleão Bonaparte em 12 de Julho de 1805, no contexto da Terceira Coligação contra a França, através do Tratado de Preesburg. Era integrada por dezesseis estados alemães, reunidos por Napoleão após este haver derrotado o Sacro Imperador Francisco II e Alexandre I da Rússia na Batalha de Austerlitz. Perdurou até 1813, logo após a fracassada campanha militar de Napoleão contra o Império Russo. A maioria de seus membros mudou de lado após a Batalha das Nações, quando ficou claro que Napoleão perderia a Sexta Coligação.
Em 1806, a Quarta coalizão foi formada; em 14 de Outubro Napoleão derrotou os prussianos na Batalha de Jena-Auerstedt, marchando através da Alemanha e derrotando os russos em 14 de Junho de 1807 em Friedland. Os Tratados de Tilsit dividiram a Europa entre França e Rússia e criaram o Ducado de Varsóvia.
Em 12 de junho de 1812, Napoleão invadiu a Rússia com sua Grande Armée de aproximadamente 700.000 soldados. Após as vitórias em Smolensk e Borodino, Napoleão ocupou Moscou, apenas para encontrá-la queimada pelo exército russo em retirada. Assim, ele foi forçado a bater com seu exército em retirada. Na volta seu exército foi arrasado pelos cossacos e sofreu de doenças, fome e com o rigoroso inverno russo. Apenas 20.000 soldados sobreviveram a essa campanha. Em 1813, começou o declínio de Napoleão, sendo derrotado pelo Exército das Sete Nações na Batalha de Leipzig em outubro de 1813. Ele foi forçado a abdicar depois da Campanha dos Seis Dias e a ocupação de Paris. Sob o Tratado de Fontainebleau ele foi exilado na Ilha de Elba. Retornou à França em 1° de março de 1815 e convocou um exército leal, mas foi compreensivelmente derrotado por forças britânicas e prussianas na Batalha de Waterloo em 18 de junho de 1815.

Desde então a Europa não poderia ser a mesma, no retalho de suas etnias começava a maior emigração de povos cansados de tantas guerras e injustiças, trouxeram suas esperanças para América de oportunidades e terras livres disponíveis, e deste modo recomeça os mesmos erros do cercamento.

Quem não revive a história está fadado em repetí-la!

CONSEQÜÊNCIA DAS LEVAS HUMANAS DA EUROPA PARA A AMÉRICA

CONSEQÜÊNCIA DAS LEVAS HUMANAS DA EUROPA PARA A AMÉRICA

A velha Europa já não possuía mais terras comunais, as quais todos usufruíam seu beneficio e que foram confiscadas pela soberania através dos “cercamentos” para pastagens com cercas de retenção, expulsando os agricultores que de repente vêem-se despojados de produção agrícola por falta de terras. Deste modo um excedente de trabalhadores estavam disponíveis e podiam a qualquer momento causar conturbações e malefícios que provocaria revoltas e incontroláveis explosões da massa oprimida em toda parte. Entre os anos de 1846 e 1848, uma seqüência de péssimas colheitas provocou uma crise econômica responsável pela elevação súbita do preço dos alimentos. Além disso, a queda no consumo dos produtos industrializados motivou a demissão de operários nos centros urbanos. A economia capitalista européia estagnava-se dando origem aos protestos e culminando com a chamada “Primavera dos Povos”.

Até 1914, de modo predominante, a Europa era agrícola, pré-industrial e pré-burguesa, com suas sociedades civis profundamente radicadas em economias de agricultura baseada no trabalho prolongado, pequena manufatura de bens de consumo com incipiente comércio. Reconhecidamente, o capitalismo industrial e suas formações de classe, em particular a burguesia e o proletariado fabril, começam com as precárias condições impostas pela revolução industrial, mas não estavam em condições de desafiar ou suplantar as tenazes estruturas econômicas e classistas do feroz sistema do capitalismo. Poucos controlavam o continente europeu e é desnecessário dizer, poucos eram pequenos proprietários. Havia legiões de camponeses que arrendavam a terra ou trabalhavam por parceria, ou ainda eram trabalhadores rurais sem terra. Dessa forma, estavam nas garras de grandes proprietários, que capitalizavam sobre o excedente do trabalho rural, proveniente do crescimento populacional e simultânea desestabilização do campo, para impor seu controle explorador sobre a economia agrária.
Além disso, ao ampliar a participação da nobreza de posse das terras produtivas há insurgências acentuavam não só a submissão resignada do camponês explorado na Europa, mas também a determinação e capacidade dos grandes latifundiários e seus aliados políticos em reprimir rebeliões populares. O quadro abaixo mostra a realidade da Europa na posse das terras (1 acre corresponde a 4046 m2):

1- Inglaterra, 1873: 2500 indivíduos, cada um com propriedades de pelo menos 2 mil acres, 40% da terra na Inglaterra e Gales;

2- 3500 indivíduos com propriedades de pelo menos10 mil acres cada, detinham 66% das terras na Escócia

3- sete mil pessoas monopolizavam 80% de todas as terras de propriedade particular no Reino Unido

4- 2,2 milhões de trabalhadores rurais masculinos forneciam à elite agrária inglesa um apoio eleitoral vital e seguro.

5- na Alemanha em 1907: 5,5 milhões de propriedades eram individuais entre 2,5 a 50 acres, cobrindo 39 milhões de acres aráveis, 286 mil propriedades estavam acima de 50 acres, com 3 mil indivíduos ainda detinham 15% de toda superfície cultivada da Alemanha

6- no Império Austro-Húngaro 24 famílias detinham 250 mil acres cada.

7- Itália, 60% da população se concentrava na agricultura, gerando 50% do PIB; 80% não possuíam terras e 54% eram diarista eventuais.


8- na Bohemia, 500 propriedades somavam 3,7 milhões de acres;

9- Na Silésia, (entre Polônia, rep. Checa e Alemanha)12 proprietários possuíam 20% das terras cultiváveis;

10- na Moravia, outros 12 possuíam 11%;

11-na Baixa Áustria 12 proprietários possuíam 9% das terras aráveis;

12- na Rússia, entre 1861 a 1914, 10% da nobreza possuía propriedades acima de 2700acres, ou 75% de todas as terras aráveis da Rússia européia, e 155 magnatas que possuíam 270 mil acres cada.

13- França em 1906: pequenas propriedades entre 2,5 25 acres constituíam 75% de todas as propriedades acima de 2700 acres, mas cobriam 23% do total de terras aráveis; propriedades entre 100 e 400 acres cobriam 40 a 50% de todas as terras aráveis e 17 mil proprietários acima de 500 acres ocupavam 15% de todas terras;

Por toda a Europa a grande maioria dos proprietários de terras era nobre ou fidalga. Totalmente à parte o fato de exercer uma influência gravitacional sobre proprietários rurais não-nobres, essa velha elite tinha muito a uni-la, além de um modo de produção e uma fonte de riqueza comum. Os proprietários titulados de cada país tinham criação, educação, estilo de vida, mentalidade, código de conduta e convicções políticas em comum.
No campo, mandavam não somente nos trabalhadores, rendeiros e camponeses, com também nos ferreiros, artesãos, lojistas, profissionais e clérigos. Local e regionalmente, ocupavam as principais posições sociais, culturais e filantrópicas e monopolizavam, controlavam ou tinham grande peso na sociedade política, também ou e especial nos centros urbanos.

Mas havia uma mudança nas estruturas destes reinos, burgos protegidos, com os movimentos revolucionários que exigiam isonomia e participação daquilo que fora criado por uma massa de infelizes que foram deixados as margens das decisões. Evidente que a formação das defesas destes poderosos, criou-se um aparato de defesa instituindo os estados nacionais, e maior diferença entre soberanos e vilões, os primeiros guetos de controle dos que detinham a força militarizada. As carnificinas dos desarmados mancharam o solo que estes agricultores tanto cultivaram para manter as regalias das fortalezas; eram os “pagani”, os afastados que viviam longe das paredes da muralha do reino, pagãos dos direitos de proteção e privilégios dos governantes. Mesmo assim a propriedade não pertencia a quem produzia o que deveria estar orientada para o bem comum tornaram-se propriedades privadas, ou do soberano ou dos nobres suseranos com uma relação de vassalagem entre um grupo que vivia em redor da nobreza.
Do outro lado do Atlântico havia uma terra imensa ainda a explorar, esperando ser habitada por quem houvesse interesse a vir para os “quinto dos infernos”, em alusão ao tributo da derrama promovido pela coroa dona destas terras devolutas que saquearam do que havia no solo como riqueza, enchendo cargueiros de riquezas além de ter promovido latifúndios de capitanias hereditárias. Ninguém queria deixar o legado de sua terra natal para se aventurar por uma terra desprovida da civilização européia, mesmo não sendo a ideal de civilização, era parte do legado romano, expulsando bárbaros visigodos, godos e suevos até as margens fora do Mediterrâneo, na Península Ibérica. Poucos aventureiros dotados do interesse em pesquisa, por um lúmen próprio do caráter cientifico se prontificaram a atravessar o impetuoso oceano aberto do Atlântico, diferente daquele mar aprisionado no meio da velha Europa conturbada, o Mediterrâneo, testemunha desta civilização de reinóis.


Parte deste texto foi extraído do “MANUAL DE CONTRA HISTÓRIA NA ANTI-MODERNIDADE” do professor Eduardo Antonio Bonzatto.