quarta-feira, 22 de abril de 2009

Formação do Povo do Estado Brasileiro

Formação do Povo do Estado Brasileiro

Na introdução do livro “O Povo Brasileiro”, do professor Darcy Ribeiro, tem-se uma singularidade que torna clara idéia do contexto, determinante de cada raça torna-se possível compreender este novo elemento que já não é nem uma raça européia nem outra raça qualquer, mas uma nova estrutura amalgamada com anomalias próprias de toda deformação bárbara, uma Nova Roma.
Deu-se choque de latinização somada a um barbarismo pré-existente na formação da raça na Península Ibérica, formada por visigodos (godos nobres!), alanos e suevos misturados com autóctones da península, todos agentes transformadores.
A gênese fora, deste modo, interrompida por um hibridismo transformador, um novo elemento de uma complexa rede de intercâmbios, culminantes num novo modelo mestiço.

Mais tarde essa estrutura será novamente transformada com a penetração de nômades vindos em direção a península cruzando pelo continente d’África através do estreito de Gibraltar, porta de entrada do Atlântico para o Mediterrâneo,ou saída, e não somente constituídos de árabes numa expansão da doutrina do Islã, mas um grupo coeso de certa hegemonia econômica-político-militar, com unificação de idéias, num sincretismo, fundindo elementos culturais diferentes, com domínios bem definidos que se deslocavam do oriente médio pelo litoral africano.
Estes ismaelitas (Descendentes de Abraão, “Pai das Gentes”,com sua escrava Agar,egípcia, e que foi despedida por sua ama Sara, que mais tarde legitimou a descendência de Israel dando a luz a Isaac.GENESIS,capítulo 16), com preceitos definidos pela formação de descendência semita, antigo historicamente, expandia-se entrando em contato com povo berbere da África e nestes deslocamentos forjaram um novo modelo sócio cultural.

Estruturou-se deste modo nova linhagem, nesta complexa rede formadora, que destoa o modelo eugenista (Os progressistas perseguem o modelo da perfeição, adeptos incontestáveis da eugenia que teve seu apogeu de pesquisa na 2ª Guerra, que não se sabe por que segunda e não milésima, financiada pela organização FUNDAÇÃO ROCKEFELLER e controlados por sistemas de processamento de dados da IBM.) de pureza das raças depurante, fundidos num cadinho efervescente borbulhante de raças diversas com trocas, sujeições e acertos.

Darcy Ribeiro debruça neste imaginário, emaranhado de situações que já é um processo na Europa e as circunstâncias forneceram subsídios suficientes de continuísmo, redefinindo elementos novos, que misturados darão nova substância, diferente de suas matrizes originárias, nova estrutura, o americano amalgamado, detentor de nomes diversificados e pejorativos, referências da articulação de domínio.

“O tema que me propunha agora era reconstruir o processo de formação dos povos americanos, num esforço para explicar as causas de seu desenvolvimento desigual”.
(Darcy Ribeiro)

Deste resultado miscigenado do povo ibérico, fruto de uma amalgama preliminar, proveniente da relação em um determinado espaço geográfico, e um tempo definido, dará um grande passo para a expansão de domínios, jamais tentado por grandes povos navegantes da antiguidade: Atravessar mar aberto, navegar sem ilhas como era o costume do Mediterrâneo, para se aventurar num novo modelo de navegação, uma grande cabotagem continental pelos novos romanos, deslocando-se rumo ao desconhecido.
Deste continuísmo expansionista fizeram-se senhores dos mares, não mais o “Mare Nostrum” fechado do Mediterrâneo, mas um mar de possibilidades, aberto.

NATURAIS
Um novo elemento entrará nesta teia, e que tem na terra, seu sentido de vida, ele é auto- suficiente no processo no manejo de técnicas construtivas, resplandece de uma sabedoria que supera pela arquitetura geométrica a dos agressores europeus. Este encontro trágico para os autóctones criou novos matizes com este novo elemento desconhecido e que por um erro histórico do Ocidente convencionou-se denominá-los como habitantes das Índias.
Como fatores desta nova condição transformadora criam-se novas possibilidades que altera e deforma a gênese da Pindorama.

O negro da África nortista, já esta presente na cultura Ibérica, na transposição mourisca, de cor acobreada, proveniente da mestiçagem entre árabes e africanos, o mouro da Mauritânia com sarracenos dos desertos, vindos através de um nomadismo da Síria e Arábia.
Mouriscos eram todos aqueles que deslocavam em caravanas provenientes da Arábia, África e Península Ibérica. Uma nova caravana foi iniciada em direção ao “deserto do mar” e será responsável pelo “ACHAMENTO” de uma nova e surpreendente civilização, algo que não tinha nada haver com etnocêntrico, nem eurocêntrico de superioridade determinada.
Os primeiros europeus eram de castas que estavam nas fimbrias do poder dominante da Europa e eram uma mistura somada de recessivos genéticos e valores, não predominava a origem do sangue azul das imperiais dinastias continuístas. Disto resultou a imposição de uma latinidade mestiça, sem a pureza romana latina, impregnada em cada elemento rude que já havia sido deformado em variantes vernáculas, e de costumes (Videiras e oliveiras, únicas alternativas de intercâmbios de rotas comerciais forjaram costumes macerados nos lagares dos vinhos e azeites europeus, considerados primordiais na alimentação européia.) existentes ao longo deste domínio romanos e visíveis no hodierno. Estas etapas determinadas como evolução, estavam, além disso, impregnada de adaptações e ajustamentos às novas condições apresentadas, numa negação do vencido. Este é um campo fértil de análise e de possibilidades investigativas na busca da identidade formadora da América, como modelo distinto entre Castela e o reino de Portugal, mas ambos dominantes, prestadores de serviço ao exclusivo metropolitano europeu.

"Todos nós, brasileiros, somos carne da carne daqueles pretos e índios supliciados. Como descendentes de escravos e de senhores de escravos seremos sempre marcados pelo exercício da brutalidade sobre aqueles homens, mulheres e crianças. Esta é a mais terrível de nossas heranças. Mas nossa crescente indignação contra esta herança maldita nos dará forças para, amanhã, conter os possessos e criar aqui, neste país, uma sociedade solidária." Darcy Ribeiro

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