segunda-feira, 15 de abril de 2024

Por que a maioria dos descendentes dos imigrantes, não possuem os passaportes de seus antepassados?

 Documento de Identidade: Do Império a República a Falta de Identificação

Temos esse mesmo problema, com os Fatorellis, simplesmente esse documento "passaporte" sumiu.

Entramos em contato com governo e comunas italianas e procuramos junto as autoridades brasileiras de buscas e nada existe.

Uma vez em uma festa havia um senhor quase centenário, muito lúcido que nos deu uma informação que jamais havia pensado no fato:

Ele nos disse que os fazendeiros prendiam os passaportes por dívida de consumo nas fazendas! Fiquei pensando nisso e não há nada de historiadores que entram nesse tema, mas tinha sentido o que esse senhor tinha dito!

Meu bisavô chegou em 1891, sendo transportado com a família toda, pois o “maquinário eram os braços segurando o cabo da enxada”, para as fazendas de São Carlos, que na época estava como uma região da Comarca de Campinas.

Eles vieram da região de Vêneto e eram pobres, e a sobrevivência vinha das terras arrendadas de pessoas abastadas na Itália. Quando vieram para o Brasil “com a roupa do corpo” o Brasil estava nas mãos dos coronéis do poder, e nessa data era recente a liberdade de africanos e esses controladores da produção do café tinham medo de os imigrantes abandonarem as terras. Como os imigrantes precisavam alimentarem-se havia  uma “caderneta de consumo” que registrava as despesas de cada família  e os deixavam presos aos fazendeiros como garantia para que sua mão de obra (que era considerada posse) não fosse embora “retinham os passaportes” dos imigrantes. Quando os imigrantes se viram “escravizados” se revoltaram e muitos saíram das fazendas a pé mesmo e rumaram para a cidade de São Paulo a procura de outras fontes de sobrevivência e abandonaram os passaportes nas mãos dos fazendeiros, que por certo destruíram esses documentos.

Isso é um fato que parece estranho, mas o Brasil teve seu primeiro censo em 1872 e quase ninguém tinha um documento oficial e isso demorou muito para resolverem as identificações tendo apenas registros de nome e local de moradia! Com o tempo o imigrante de tempos em tempos tinha que se apresentar em uma junta policial que os registravam seu endereço, que geralmente mudava com frequência.

Em 1º de agosto de 1872, as paróquias do Império mandaram aos “fogos” (casas) formulários de papel que deveriam ser preenchidos pelos chefes de família, de maioria analfabeta que eram alfabetizados funcionais com somente “desenhos do nome”, e depois devolvidos às repartições. O Censo de 1872 acusou precisamente, 9.930.478 “almas”.

(clique nas imagens para ampliá-las)

Somente em 1938, do governo de Getúlio Vargas instituiu o Registro Nacional de Estrangeiros (RNE) mediante o Decreto Nº 3.010, de 20 de agosto de 1938 obrigava todos que não tivessem nacionalidade brasileiro a se registrarem nos órgãos federais. Quem tinha mais de 60 anos estava isento dessa obrigatoriedade.

 

 

VIDE:

https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/arquivo-s/1o-censo-do-brasil-feito-ha-150-anos-contou-1-5-milhao-de-escravizados

t

Sem comentários: