As transformações do espaço geográfico
Quando estava fazendo licenciatura e bacharelado em História pela PUC/SP,
tinha em mente a tese de defender a imagem fotográfica como um fator de
registro histórico. A orientadora do departamento, Dra. Mariza, de conhecimento
extraordinário em sua cátedra, em uma aula específica, disse que só o poder
poderia chancelar e validar um documento histórico, como exemplo, o Estado e a Igreja.
Além disso, depois de alguns questionamentos da
turma de bacharelado, fez a colocação expondo que tudo era história, ela como
doutora em história deixou-nos a seguinte reflexão:
“Tudo é história, mas nem tudo é histórico”!
Histórico seria toda somatória que altera o curso
de uma sociedade, uma revolução em determinado espaço, não somente um instante
familiar de meia dúzia de pessoas.
Aquilo foi um choque de entendimento momentâneo.
Eu queria expor-lhe alguma ideia a respeito, sobre
a imagem, no caso a fotografia, como documento de registro histórico, pois eu
já estava desenvolvendo o projeto identidade e pertencimento , pois refletiria
nossa condição dos bairros satélites de São Paulo e até hoje sigo com o nome elaborado:
“A Fotografia como Concepção Histórica”.
Fui a sala do departamento de história para
expor-lhe minha ideia e perguntar se a fotografia não era um método razoável de
tornar-se um documento histórico. Ela ficou surpresa e disse-me que havia
pessoas do meio acadêmico usando essa tese como válida de prova documental em
história. Ela me parabenizou, dizendo que havia alguns métodos do uso de
imagens e que iria me ajudar nessa ideia que persigo até a presente data. Esse
foi o momento decisivo em que aprendi e entendi a malha de relações que
chamamos história.
Meu primeiro campo de atuação em história foi
registrar toda a transformação do bairro Jardim São Luiz, com ênfase na
Paróquia São Luiz Gonzaga, pois o padre Edmundo da Mata fornecia motivos para registrar
a identidade e pertencimento dos que formaram a base das transformações que
deveriam acontecer no ambiente geográfico no sentido de crescimento urbano de São
Paulo, mesmo com todas as limitações do lugar, houve mudanças significativas no
espaço ao longo do tempo, hoje até maior que um bairro, tornou-se distrito.
Deste modelo derrubou-se a maior referência do bairro: a primeira paróquia do Jardim São Luiz, construindo sobre esses escombros outra maior e nova referência da Paróquia São Luiz Gonzaga.
Muito há do que fazer, e outros virão dando
continuidade nesse campo, onde a população tem importância significativa, pois registra
tudo ao seu redor com seus celulares, tendo o cuidado em respeitar a privacidade
alheia, ou usar o ego como fonte, pois mesmo sendo história de poucos, não é
histórico.
Focar “A Fotografia como Concepção Histórica” do
espaço em que se vive, um todo das transformações que ocorrem ao longo do
tempo.
Padre Edmundo partiu, a chama iniciada por seu
dinamismo, é o marco principal do que virá, nas transformações que deverão acontecer, num
tempo não muito distante, no bairro Jardim São Luiz, São Paulo.
“Arregaçar as mangas da camisa” e trabalhar fará
acontecer as mudanças que são necessárias ao jardim que queremos plantar!
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