Anchieta e a missa que não celebrou!
Santo Amaro (Paulistana) estava em uma região entre o litoral e a Boca
de Sertão e era a ponte ente o mar e aquela que viria a ser São Paulo de
Piratininga. Evidente que possa haver um elo de datas anteriores ao seu
“nascimento”, pois as expedições vinham com o intuito de reconhecimento das
terras de El Rey de Portugal. Datas são focos conflitantes quando não se
encontram documentos oficiais, ou do Estado ou da Igreja, que possuía toda
autoridade de exercer funções de registro. A primeira carta escrita sobre a
fundação de São Paulo está desaparecida, mas por algum motivo foi reescrita uma
segunda por Anchieta datada de setembro de 1554 que foi enviada a Roma onde
consta das Cartas de Anchieta, o seguinte:
“Por isso, alguns irmãos mandados para esta aldeia no ano do
Senhor de 1554, chegamos a 25 de janeiro e celebramos a primeira missa em uma
casa pobrezinha e muito pequena no dia da conversão de São Paulo, e por isso
dedicamos ao mesmo nome a esta Casa”.
Os superiores deveriam “escrever” ao provincial e este a hierarquia
maior em Roma, muitas delas escritas em duas línguas, no caso espanhol e latim,
de domínio do Irmão Joseph de Anchieta, que chegou ao Brasil em 1553, logo não
poderia estar em Santo Amaro celebrando missa, no Brasil, em 1552. Ele só foi ordenado
em 1566, e não tinha este “venerado irmão” os encargos atribuídos à função
de sacerdote até aquela data, ou seja: os ofícios litúrgicos eram professados por
sacerdote ordenado, talvez houvesse o direito de proclamar a
celebração. mas sem o direito da consagração litúrgica!
O primeiro registro de terras em Santo Amaro, talvez por força da
autoridade de documento de Ana
Pimentel, governadora da capitania de São Vicente, uma gleba que por
muito tempo foi de 640 Km2, data de 12 de agosto de 1560:
duas léguas de terras na margem esquerda do rio (atual Rio Pinheiros) então
chamado de Jeribatiba,(Jurubatuba) doadas aos padres jesuítas.
Em 1560 foi também usado, por ordem de Mem de Sá, um outro caminho
entre o planalto e o litoral, mais para oeste, a fim de evitar os ataques dos
tamoios.
Data-se desta época a denominação Santo Amaro, (que não se trata da
Capitânia de Santo Amaro, que deu origem ao Guarujá!) homenagem dos
jesuítas que trouxeram de Portugal uma imagem do Santo, embora se confira
segunda hipótese da doação da imagem por parte do casal João Paes e Suzana
Rodrigues, para a Capela Nossa Senhora da Assunção de Ibirapuera, também hipótese contestada pela própria igreja!
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