sábado, 27 de abril de 2013

Recordações das Romarias e o Símbolo Salvatina Salles Cruz

Santo Amaro: Presente!

Hoje mais uma vez um cortejo que se repete há anos saiu da Praça São Sebastião, atual Praça Bonneville, uma “Boa Vila” denominada Santo Amaro. São abnegados que mantém a tradição e o folclore independente do progresso que se agiganta pelos arrabaldes de Santo Amaro. Lá estão eles todos os anos buscando algo que unem o santamarense: as romarias de Santo Amaro, juntas no ideal pelas bênçãos de Bom Jesus de Pirapora.
 Apesar das dificuldades de espaço engolido pelo desenvolvimento e dos interesses imobiliários, insistem sempre em nome da tradição santamarense. Eles cumprem sempre um ritual preciso, mesmo que existam interesses do sistema em desarticular as Romarias a Pirapora do Bom Jesus!!!
Antigos recortes jornalísticos demonstra que a realidade está sendo sempre passada a limpo, recordando um nome enaltecido sempre, Salvatina Salles Cruz.

Dizia ter feito de tudo um pouco: tocava em orquestras musicais, confeccionava quitutes saborosos, apreendidos com a mãe eximia cozinheira, dona Belarmina, que dava a receita do cuscuz paulista, com farinha de milho mandioca e camarão. Coisas do tropeirismo do “mais caipira dos caipiras”! Dona Salvatina não descuidava da lida diária e era dona da loja “Casa Salvatina”, na esquina de Rua Capitão Thiago Luz com o Largo da Matriz. Também não perdia as romarias a “São Bom Jesus de Pirapora”, como comentava.
Como é difícil relembrar, mas o mais ingrato é não lembrar!

Dona Salvatina era casada com o senhor Juvenal Mariano da Cruz, que era natural de São Sebastião da Estrela, Minas Gerais, e que muito contribuiu pelo desenvolvimento de Santo Amaro, senão “filho nativo” de Santo Amaro, era de coração, participando ativamente em festejos do Divino e das romarias de Bom Jesus de Pirapora além de ser atuante na Sociedade de São Vicente de Paulo em nome da filantropia local. 

Salvatina era filha do conhecido Chico Turco, o senhor Francisco José Salles, a quem Santo Amaro deve a introdução do cinema em Santo Amaro iniciado com o “Pindorama” e desenvolvido pelo mais conhecido de todos da sétima arte em Santo Amaro: o Cine São Francisco. Era ainda o tempo do cinema mudo, dona Salvatina tinha o dom de orquestrar tocando piano e às vezes violino. A fita era colocada na tela e era orquestrada até por riqueza musical de um bandolim, cordoamento dedilhado por Salvatina. Havia uma orquestra para estes “filmes mudos”, que era composto pelo gênero feminino e que mais tarde foi completada com a tonalidade masculina.

Sempre cavalgou com destreza, era uma normalidade ser figura integrante dos romeiros de Santo Amaro, sendo exímia “amazona”, com seu inseparável cavalo que muito lhe serviu de montaria, o Baião, inseparáveis por quase duas décadas. Quando se apresentava como “dama antiga” mostrava toda a graça sentada em seu “silhão”, sela feminina como era costume de montaria das damas do início do século 20. 

Era seu companheiro de jornada o seu irmão Ibraim Salles, que recebiam diante da Matriz de Santo Amaro as bênçãos do monsenhor Antonio Nigro Junior. 
Os preparativos deste grande evento começavam sempre com antecedência, como, aliás, após seis décadas de atividade cumpre o mesmo ritual desde os tempos de José Diniz e atualmente esta na regência da batuta o senhor Jairo, que tem todo o apoio de seus agremiados.
Hoje, 27 de abril de 2013, mais uma vez, a romaria partiu para Pirapora, logicamente sem dona Salvatina, que por muito tempo foi um símbolo local. O acompanhamento estava à altura dos festejos, abrilhantado por banda musical, cavaleiros da mais alta estirpe, seguidos de charretes, e ciclistas que vão ao encontro das bênçãos dos pedidos de graças em devoção ao Bom Jesus de Pirapora. 
 Os cavaleiros subiram a Ladeira Santo Amaro, orgulhosos com suas montarias bem tratadas, com porta-bandeiras desfilando estandartes de simbolismo nacional e com santos devotos, estando á frente os santos primordiais desta romaria a contar em caravana a Padroeira do Brasil, seguido de Bom Jesus e Santo Amaro, uma procissão de grande respeito e galhardia por parte dos integrantes rumo a Pirapora de Bom Jesus.
Recordações são bênçãos àqueles que precedem às glórias do passado!

3 comentários:

Unknown disse...

Como sempre nos eniquecendo com a históras de Santo Amaro.Isto faz um bem imenso. Ajuda a criar laços e a admirar onde moramos. Obrigado Fatoelli

Guaciara disse...

Sou sobrinha de Dna Salvatina, filha de Rubens Salles, que na época fazia os adereços os andores para as Romarias.Faleceu no dia 16/03/2014 o ultimo dos 11 filhos do Chico Turco.
Fiquei lisonjeada com essa reportagem, o que lamento é Sto Amaro não ter uma praça ou Av. com o nome de Francisco Salles um dos fundadores de Sto Amaro.

Cica Ribeiro disse...

Adorei essa matéria! Sou Romeira de Santo Amaro a Pirapora desde 1994. Nossa Romaria é oficializada pelo Calendário Turístico de São Paulo. Fiz parte das Comissões Organizadora por 13 anos e, tal qual informou a reportagem, é um trabalho de puro amor, voluntariado e dedicação para que as gerações conheçam e façam valer a maior Tradição de Santo Amaro, que é o nosso lema: AMIZADE, TRADIÇÃO e FÉ! As dificuldades aumentam a cada ano mas, graças ao Senhor Bom Jesus sempre encontramos pessoas que nos ajudam no que for necessário. Hoje temos quatro gerações da mesma família fazendo a Romaria, o que faz valer todo o esforço para realizarmos nossa Romaria todos os anos. E que venha a próxima: 65a. Romaria, em 2016!