quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O DESLOCAMENTO DE INDÚSTRIAS - A CIDADE E A MORADIA

TRABALHO E RENDA, NÃO ESMOLA! PATERNALISMO E A SUBMISSÃO ETERNA AO ESTADO
 
Uma das coisas que mais prosperam no país é o setor imobiliário. A expansão paulistana no campo imobiliário onde a expansão da cidade demandou prédios de luxo, tanto de condomínios quanto de uso comercial, e que foram edificadas em áreas nobres espoliando aqueles que tinham direito a estas áreas pela permanência de longevidade, foram desalojadas por despejo compulsório  e indenizados pelos valores venais dos impostos prediais. As favelas em pontos de interesse imobiliário para valorização estão sendo desalojadas num modelo de “arraste”, com demolições compulsórias ou por algum “acidente” no local, com no caso incêndios devastadores, que obrigam os antigos moradores a buscar outro local para continuar no mesmo sistema, mas longe do centro urbano paulistano. Não há política habitacional de Estado, mas uma demagogia de governos, com varias bolsas “miséria”!

SANTO AMARO-Laboratórios Lepetit S.A.(Rua Campos Sales nº 1.500-atual Rua Mário Lopes Leão)
 São Paulo é um vasto canteiro de obras de alto padrão, nunca edificações para a classe operária[1], proliferando aglomerados humanos nos morros e mananciais em favelas. São Paulo não possui redes de esgoto e tratamento suficiente e lança esgoto sem tratamento nos rios e represas da Região Metropolitana[2].

 SANTO AMARO- Plavinil do Brasil, Av. das Nações Unidas,20003 (Marginal do Rio Pinheiros)

O deslocamento de indústrias para o interior de São Paulo  proporcionou um desemprego em massa agravando ainda mais a situação da pobreza e miséria, onde o poder quer aplicar a “gentrificação”, uma higienização local na Metrópole de São Paulo, [3].

SANTO AMARO-BERA DO BRASIL METALURGIA E COMERCIO DE METAIS LTDA, Avenida das Nações Unidas, 17271(Marginal do Rio Pinheiros)

Sua “desindustrialização” sistemática pelo deslocamento para outras cidades, que oferecem incentivos fiscais para nelas serem fixadas. Assim o pólo industrial paulistano perdeu boa parte da produção industrial, sito com exemplo a região do extremo sul da capital, Santo Amaro: Rolamentos Scheffers, FAG, Metal Leve, Caterpillar, Bera, Chocolates Lacta, Baterias Durex, Kibon, Fundição Eletro Alloy, Kodak, Hartmann & Braun, Eletromar, Inbel S.A., Laboratório Le Petit, Bicicletas Caloi, Monark, Pial, Plavinil, Rubber Art, SQUIBB Farmacêutica, Laborterápica e todas subsidiárias de suas matrizes estrangeiras, ou de controle acionário como a rede paulista de gás, responsabilidade da COMGÁS, empresa controlada pela BRITISH  GAZ e pela Shell.[4]

 

SANTO AMARO - Metalúrgica Técnica Erwal Ltda / Fornos Industriais Pyro Ltda, Rua Amador Bueno, nº. 219



Outras já estão em vias de se retirarem definitivamente da região no caso da SEMP Toshiba. A lista é enorme desta desativação produtiva de São Paulo, em outras localidades, o sistema usou o modelo "DOSES HOMEOPÁTICAS" para fazer da cidade de São Paulo unicamente centro de serviços, desarticulando todo o setor primário,sendo ainda um grande polo comercial provindo de mercadorias de várias partes do país e do mundo, que mantém até um mercado negro incontrolável e nocivo a produção nacional estagnada.

Os sindicatos, preocupados com o poder de hierarquia de comando da “massa de reserva” dentro do poder sindical, jamais colocou em debate a condição de uso desta mão de obra preparada no processo de aproveitamento em outros segmentos, ou talvez até no deslocamento desta capacidade produtiva juntamente com a empresa. Claro que acarretaria um deslocamento maior de contingente, contando o familiar, mas isso seria um modelo a ser computado, evitando-se que de repente fosse abortada a renda de sustentação do proletariado que foi obrigado a se sujeitar a informalidade. O interesse do sindicato foi maior do que do sindicalizado, que ficou sem fundo de reserva enquanto o sindicato dispõe ainda do imposto sindical de cada trabalhador, estabelecida pela lei nº 11.648, e que regulamenta as centrais sindicais que ainda detém uma boa parcela de recursos provenientes  do governo federal, sem necessidade de prestações de conta deste recurso público, além do Fundo do Amparo ao Trabalhador, liberado através do CONDEFAT, e usado em adequação de mão de obra de cursos imediatos. A tutela do Estado permanece para manter a submissão do trabalhador![5]

O direito de cada homem é conservar sua vida, e ter a propriedade de si mesmo. O trabalho sendo propriedade, pois o corpo é que executa, ao homem é dado o direito de usufruir e de usar seu corpo como lhe convir dispondo-o de modo a lhe proporcionar a conservação da vida, trocar, alienar (vender a si mesmo em troca de salário, não é prostituição!).

“Não existe atividade mais imediatamente ligada à vida do que o trabalho” (HANNAH ARENTH)

Vitor Hugo alerta que as massas sociais, bases da civilização, têm uma solidez que lhe garante a permanência através das convulsões dos sistemas e que pode proporcionar a erupção da revolução[6], que ao eclodir transborda o que era latente, a submissão, pois quem não tem o que perder não tem nenhum valor a defender do que sua própria vida que ofertará em sacrifício.

Interpreta que a sociedade não enxerga a sua condição concreta e assim, fomenta sua única arma a violência que aprendeu recebendo da própria sociedade. Não se dá o que nunca recebeu, e seu mundo é paralelo ao estruturalismo do poder que não lhe forneceu instrução, nem moradia digna, nem trabalho e sempre esteve à margem do processo de desenvolvimento. [7] Em tantas reivindicações não requereu nada além do que lhe é direito: liberdade, igualdade, fraternidade, cidadão pleno, trabalhador, e fazer parte das decisões onde o homem é o agente, tanto no campo quanto na cidade.











[1] Deste modelo apressado de formação resultou uma mão de obra braçal deslocada há décadas de várias regiões do Brasil para expandir o pólo industrial de São Paulo, mas sem planejamento e preocupação pela baixa qualificação desta mão de obra de reserva. Sem políticas de planejamento sustentável, perdeu-se nestes últimos anos quase todo seu parque industrial, mas a mão de obra que sustentou o giro das máquinas permaneceu incontinenti em regiões que foram altamente industrializadas e não foi remanejada nem aproveitada. São agora forçosamente empurradas por empreendimentos imobiliários, não para cobrir déficit de casas populares, mas para padrão de alto nível que nunca estão em crise pois possuem financiamentos generosos para “expansão do progresso”

[2] O Estado de São Paulo 12 de outubro de 2012: MP pede R$ 11,5 bi da Sabesp por poluição de rios

[3]“massa engaiola da empoleirados, antros sem luz e ar, em casas sujas que são habitadas por uma população operaria misturada a ladrões, prostitutas e que se cruzam em ruelas sujas lotadas de crianças doentias e mulheres em andrajos todos semimortos pela fome A ração e proveniente da caridade instituída em casas de amparo legalizadas” (Engel observando Londres).

[4] O Brasil possui fontes alternativas energéticas que foram desenvolvidas por abnegados cientistas que conseguiram provar a eficiência de fontes renováveis provenientes de cultura vegetal, onde o álcool é o mais difundido e até financiou equipe automobilística com o Pró-Álcool, mas que sucumbiu a outros interesses que não aos do país. Ficamos na década de setenta, a mercê dos maiores fornecedores de petróleo do Oriente Médio, possuidores de terras estéreis, bancos de areia escaldante, (já exportamos água potável para os países árabes) não cultivável, mas que no fundo escondem-se reservas incalculáveis de petróleo oriundas de fosseis depositados em milhões de anos onde devastaram florestas pelo único agente responsável disso tudo: o homem. Agora devastam nossas florestas a procura de novas riquezas onde os desmandos de fronteiras são portas abertas á pirataria de terras a perder de vista, adquiridas por testas de ferro brasileiros. Grandes plantações de soja para abastecer o mercado externo compradas por capital externo nos 24% de cerrado existente no território nacional para abastecer a fome de quem tem dinheiro para pagar, mas nada disso pertence ao Brasil (e dele tirar a fome). Calcula-se,dados de 2008, que 5 milhões de hectares de terras brasileiras estão em mãos de capital estrangeiro.A produção de milho atingira a casa dos 100 milhões de toneladas para produção de combustível a um preço atual de US$ 82,00 a tonelada(abril de 2008).O  governo americano não quer o etanol produzido da cana de açúcar brasileiro,ele quer o controle das usinas detentoras da produção.

[5] O Estado de São Paulo, 28 de setembro de 2008, profª Suely Caldas: Sindicatos ricos e fracos

[6] “Quando a vida nos degrada e a esperança foge dos corações dos homens, só a revolução” – Oscar Niemeyer

[7] Tudo isto resultou na Comuna de Paris que espantou o 2º império (1852-1870).

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