sexta-feira, 27 de maio de 2011

A PROLE IMPERIAL: A CONFORMAÇÃO DA ELITE

O INDEPENDENTE E SEUS DEPENDENTES

Dom Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon, mais conhecido entre nós como D. Pedro I,(Dom Pedro IV de Portugal) nasceu a 12 de outubro de 1798 no Palácio de Queluz, em Portugal. Era um dos nove filhos de Dom João VI e de Dona Carlota Joaquina de Bourbon. O destino quis que fosse ele o futuro autor de nossa emancipação política. Com a invasão de Portugal pelas tropas de Napoleão, veio para o Brasil em novembro de 1807, chegando no Rio de Janeiro em março de 1808, com nove anos. Aqui se fez homem. Quando do retorno de sua família a Portugal, em 1821, ficou no Brasil como Príncipe Regente. Influenciado por bons brasileiros, acabaria proclamando nossa Independência a 7 de setembro de 1822, sendo aclamado Imperador do Brasil a 12 de outubro seguinte. Apesar de nossa dívida de gratidão para com D. Pedro I, seu governo deixou muito a desejar, sendo obrigado a renunciar a 7 de abril de 1831, deixando aqui no Brasil seu filho D. Pedro II, então com cinco anos. De volta a Portugal, retomou, após longa campanha militar, o trono lusitano de seu irmão usurpador e morreu ainda muito jovem como Rei D. Pedro IV de Portugal, a 24 de setembro de 1834. Se foi um mau governante entre nós, deixou, entretanto, fama de bom amante. Com efeito, são lendárias as histórias e casos de D. Pedro I com as mais incríveis mulheres, compromissadas ou não. Ele próprio casou-se duas vezes, o que não o impediu de deixar uma  legião de filhos legítimos, legitimados ou não. Aqui tentamos apenas listar os mais bem documentados.


*Do casamento de D. Pedro com Da. Leopoldina, Arquiduquesa da Áustria, primeira Imperatriz do Brasil, houve sete filhos legítimos:

Da. Maria da Glória (1819);

D. Miguel (1820, morreu criança);

D. João Carlos (1821, morreu criança);

Da. Januária (1822);

Da. Paula Mariana (1823, morreu criança);

D. Francisco (1824, morreu criança);

D. Pedro de Alcântara (1825).

Houve ainda mais dois fetos abortados, o último deles em dezembro de 1826.

*Do segundo consórcio com Da. Amélia de Leuchtemberg,

Da. Maria Amélia, nascida em França a 1o. de dezembro de 1831.

*Dos que podem ser citados, com relativa segurança, como filhos naturais, teve D. Pedro I com: Marquesa de Santos, Da. Domitila de Castro Canto e Melo desquitada de Felício Pinto Coelho de Mendonça e já mãe de três filhos:

Isabel Maria (1824), Duquesa de Goiás;

Maria Isabel e Pedro, falecidos em criança;

Maria Isabel (1830), Condêssa de Iguaçu.

*Com a Baronesa de Sorocaba, irmã da anterior, Da. Maria Benedita Delfim Pereira, casada com Boaventura Delfim Pereira e já mãe de nove filhos:

Rodrigo Delfim Pereira (1830).

*Com Da. Joana Mosqueira:

José de Bragança e Bourbon.

*Com a austríaca Ana Steinhaussem Schüch, casada com o bibliotecário da Imperatriz:

Augusto Schüch (1817).

*Com a formosa mineira Da. Gertrudes Meireles:

Teotônio Meireles da Silva (1823).

*Com a poetisa mineira Luísa de Menezes (Luizinha):

Mariana Amélia de Albuquerque (1823).

*Com Da. Letícia Lacy, esposa de um violinista espanhol:

D. Luiz Pablo Rosquellas, nascido no Rio a 25 de abril de 1823.

*Com Da. Cleménce Saisset, casada com Pierre Felix Saisset e já mãe de dois filhos:

Pedro de Alcântara Brasileiro, nascido em Paris, a 23 de agosto de 1829.

*Com a bailarina do Teatro São João, Da. Noemi Valency:

um filho, nascido em Pernambuco e que viveu pouco tempo (1817).

*Com Da. Adozinda Carneiro Leão (Zindinha):

uma criança da qual não se teve mais notícias.

*Com Andreza dos Santos, preta quituteira do Palácio de São Cristóvão:

uma menina mulata, nascida em 1831.

*Com a esposa de um de seus ministros: (quem?)

Da. Urbana de tal.

*Era também filha de D. Pedro I, uma tal de Isabel de Bourbon e Bragança, nascida no Rio de Janeiro, de mãe desconhecida.

*Uma outra homônima, e morando na França, viúva de um tal Lafarge, afiançava também ser filha bastarda de nosso Imperador.

*Finalmente, com uma freira com abandono do hábito, na Ilha Terceira: um menino, nascido em 1832.

Somando tudo, podemos concluir que, de 1817 a 1832, num espaço de quinze anos, nosso primeiro Imperador foi pai de, pelo menos, umas 28 crianças, fora as de história duvidosa, que são muitas.

Um caso a parte: A Marquesa de Santos


Domitila de Castro Canto e Melo nascida em São Paulo em 27 de dezembro de 1797. Foi a mais famosa amante de Dom Pedro I, à qual concedeu os títulos nobiliárquicos de viscondessa e, depois, de marquesa de Santos. Filha do coronel João de Castro Canto e Melo primeiro visconde de Castro, e de Dona Escolástica Bonifácio de Toledo Ribas, casou-se em 1813 com o alferes Felício Pinto Coelho de Mendonça (1789-1833). Mudou-se para Vila Rica, onde nasceram seus dois primeiros filhos, Francisca e Felício. Deixou o marido retornando para a casa dos pais, após ser esfaqueada em 1815 e grávida de seu 3º filho. Deu a luz a uma criança batizada com o nome de João que veio a falecer logo depois. O casamento foi anulado por interferência real de Dom João VI, em 1819. Pouco antes da proclamação da independência, numa viagem a São Paulo, o príncipe regente conheceu e levou Domitila para a corte, onde viveria junto ao paço de São Cristóvão, de 1822 a 1829, no Palacete do Caminho Novo, que imperador lhe deu de presente, adaptado e decorado pelo artista Francisco Pedro do Amaral. Recebeu o título de viscondessa de Santos em 1825 e de Marquesa de Santos em 1826.

Dessa ligação com Dom Pedro I nasceram-lhes cinco filhos: um menino natimorto (1823) Isabel Maria de Alcântara Brasileira (1824–1898), duquesa de Goiás, Pedro de Alcântara Brasileiro (1825–1826), falecido antes de completar um ano Maria Isabel de Alcântara Brasileira (1827), duquesa do Ceará, que morreu com meses de idade, antes de lhe ser lavrado o título Maria Isabel II de Alcântara Brasileira (1830–1896)

Somente duas filhas chegaram à idade adulta. Isabel Maria Alcântara Brasileira, nascida no Rio de Janeiro RJ, em 23 de maio de 1824, sendo batizada na igreja do Engenho Velho como Isabel, filha de pais incógnitos a 31 de maio de 1824, sendo reconhecida como filha do imperador em 20 de maio de 1826, sendo registrada com o nome de Isabel Maria de Alcântara Brasileira, recomendada em testamento aos cuidados da imperatriz Maria Amélia. Recebeu o título de duquesa de Goiás e teve educação esmerada em colégios em Paris e Munique. Casou-se em 1843, com Ernesto Fichler, conde de Treuberg, deixando numerosa descendência.

A segunda filha, Maria Isabel II de Alcântara Brasileira (1830-1896) só teve o reconhecimento da paternidade às vésperas da morte do Imperador.

O relacionamento com Domitila foi rompido em 1829, que ao receber um grande patrimônio, voltou à São Paulo, passando a viver maritalmente com Raphael Tobias de Aguiar, um dos homens mais ricos da região e destacado político liberal, com quem se casou em 1842 e teve, deste relacionamento, mais seis filhos. Enviuvando em 1857 e dona de um grande patrimônio, dedicou-se na velhice a obras de beneficência. Faleceu vítima de enterocolite em 3 de novembro de 1867, sendo sepultada no Cemitério da Consolação, (inaugurado em 1857), em terras doadas por ela.

As amantes com as quais não teve filhos somam-se às dezenas... Numa carta datada de fins de 1831, Dom Pedro confessava a um amigo que “...não podia mais enrijecer certos músculos, o que o fazia com facilidade no passado”.

Usou tanto que gastou... Morreu corroído pela sífilis três anos depois, aos trinta e cinco anos e onze meses de idade.

 
BIBLIOGRAFIA:
 
SETÚBAL, Paulo. As Maluquices do Imperador. São Paulo: Clube do Livro, 1947


SETÚBAL, Paulo. A Marquesa de Santos. São Paulo: Clube do Livro, 1949


Curiosidades do Imperador: Créditos http://www.pdf4free.com


http://www.prodam.sp.gov.br/dph/museus/marquesa.htm

2 comentários:

Raymundo disse...

CARLOS FATORELLI,
CUMPRIMENTO PELO SEU TRABALHO DE PESQUISA E GOSTAREI DE RECEBER ESSAS AULAS DE HISTÓRIA DO NOSSO PAÍS.
MANTEREI SEMPRE EM CONTATO COM SEU BLOG.
ABRAÇO
RAYMUNDO AUGUSTO D'ALMEIDAaine

Isra Toledo Tov (professor) disse...

Parabéns!
Pesquiso há cerca de dez anos a fazenda de engenho da Mata da Paciência (1797 - 1840), a mais moderna do Brasil (segundo Maria Graham, em seu "Diário de uma viagem ao Brasil). Foco minha pesquisa numa das filhas de Brás Carneiro Leão, Dona Mariana Eugênia. Já até escrevi um livro sobre esse assunto, mas aguardo uma editora! Aquele abraço! Isra Toledo Tov (Rio de Janeiro, do bairro de Paciência, na periferia ocidental carioca).